TEXTO BOLETIM de 11 a 19 de junho

Informativo Mensal Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas Junho/2019 N.11 – Edição 2/2019


PROFESSOR EXTENSIONISTA (PUC-Campinas) Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira Equipe: Pedro Henrique Fidelis Pedro Batista de Sousa

Sumário Executivo

O Observatório PUC-Campinas tem como missão compartilhar com a comunidade interna e externa conhecimentos gerados a partir do acompanhamento de dados e indicadores que refletem a realidade socioeconômica da Região de Campinas. Esta ação é importante, pois os primeiros passos para discussão e formulação de políticas de desenvolvimento regional passam, necessariamente, pela compreensão da realidade socioeconômica regional por parte dos diversos atores da sociedade.

Neste sentido, este informativo, fruto de uma parceria entre o CIESP Campinas e o Observatório PUC-Campinas, apresenta e discute os principais dados da balança comercial dos 19 municípios. Atendimentos pelo CIESP Campinas, para o mês de maio/2019. Os dados utilizados nas análises são do Ministério da Economia. Além da apresentação dos dados da balança comercial agregados e desagregados por município, apresenta-se a qualificação da pauta de exportação e importação a partir de cruzamentos com os Índices de Complexidade Econômica de Produtos, calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Média Lab. Dentre as informações analisadas, destacam-se:

i. Em relação a maio de 2018, houve aumento de 26,18% nas exportações, enquanto as importações cresceram 21,73%, resultando no crescimento de 20,06% do déficit comercial regional.

ii. Houve aumento da exportação de medicamentos (média-alta complexidade), papel não revestido para escrever (média-alta complexidade) e inseticidas, fungicidas, herbicidas (média-média).

iii. Houve queda na exportação de polímeros de propileno (média-média) e peças de tratores e veículos especiais (média-alta).

iv. Houve crescimento das compras externas de agroquímicos (média-média), heterocíclicos de heteroátomo de nitrogênio e ácido nucleico (média-média).

v. Houve queda nas importações de circuitos eletrônicos integrados (média-alta), aparelhos telefônicos e partes (média-alta) e peças de tratores e veículos especiais (médiaalta).

vi. No acumulado do ano, os municípios do CIESP Campinas importaram 4,30 bilhões de dólares, enquanto exportaram pouco menos de um terço deste valor, 1,37 bilhão de dólares. Como resultado, acumularam déficits comerciais no montante de 2,93 bilhão de dólares.

Em suma, o déficit comercial regional, embora seja uma característica de regiões industrializadas no Brasil, está em expansão. O aumento das importações de agroquímicos pode representar tanto o aumento na produção agrícola regional e nacional, bem como a reorganização produtiva das empresas do setor que estão exportando mais a partir de suas plantas instaladas na região. O aumento das importações de heterocíclicos de nitrogênio e ácidos nucleicos também indica, sobretudo, aumento de atividade da indústria química e farmoquímica. Já a queda nas importações de circuitos eletrônicos e aparelhos telefônicos indicam queda na atividade industrial destes setores. Para o desenvolvimento econômico sustentado, é desejável a redução da dependência externa quando possível, e aumento da competitividade externa (exportações), sobretudo em produtos de maior complexidade econômica.

Balança Comercial e Complexidade em maio/2019

A Tabela 1 traz os dados da balança comercial dos municípios do CIESP Campinas para os meses de maio entre 2009 e 2019.

Tabela 1 – Balança Comercial dos municípios do CIESP Campinas para o mês de maio entre 2009 e 2019, valores em milhões de USD/FOB.

A partir dos dados da Tabela 1, é possível verificar que as exportações de maio/2019 – 280,76 milhões de dólares – tiveram aumento de 26,18% em relação ao mesmo período de 2018 – com a observação de que maio/2018 teve o volume de exportação mais baixo da série. As importações totalizaram 993,39 milhões de dólares − 18,73% das importações do estado de São Paulo, a maior da série. Portanto, houve crescimento de 21,73% nas importações. Por fim, o déficit da balança comercial regional teve crescimento de 20,06% no período. É preciso destacar que enquanto o déficit regional chegou a 712,63 milhões de dólares, o déficit do estado de São Paulo foi de 91,74 milhões de dólares.

A Tabela 2 mostra as exportações regionais do mês de maio/2019, desagregadas pelo grau de complexidade econômica dos produtos. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países com maior grau de sofisticação tecnológica das estruturas produtivas, portanto com maiores níveis de produtividade e renda. Esses produtos demandam mais conhecimento para serem produzidos, e estão associados a demanda por mão de obra mais qualificada e maiores salários.

Tabela 1 – Grau de Complexidade das Exportações – comparação entre maio/2019 e maio/2018, valores em milhões de USD.

Nota-se que o aumento do valor exportado esteve ligado ao aumento das exportações de produtos de todas as categorias de complexidade, exceto a categoria de média-média complexidade (-0,13%). Os principais produtos relacionados à queda dos valores exportados nesta categoria, que representa fatia relevante das exportações da região, foram polímeros de etileno (-17,03%), polímeros de propileno ou outras olefinas (-36,64%) e pneus novos (-9,37%). Por outro lado, a queda no valor exportado da categoria de média-média complexidade foi amortecida pelo aumento das exportações de preparação de carne, miudezas ou sangue (+14,64%) e inseticidas, fungicidas e herbicidas (+9,85%).

Considerando-se as categorias de maior participação na composição da pauta de exportação regional, destaca-se, também, a alta nas exportações da categoria de médiaalta complexidade. Os principais produtos relacionados à alta dos valores exportados nesta categoria foram papel não revestido para escrever (+51,31%), medicamentos (+59,21%), e peças e acessórios de veículos (+5,72%).

A alta significativa na categoria de média-baixa complexidade (268,62%) deu-se, sobretudo, pela alta nas vendas externas do complexo de óleos de petróleo (+4491%), sucos de frutas e vegetais (+928%) e óleos essenciais (+2433%).

A alta na categoria de alta complexidade deu-se pelo aumento das exportações de equipamentos para análises físicas e químicas (+4,76%), e foi contrabalanceada pela queda nas exportações de plaquetas, varetas pontas e similares para ferramentas, feitos de carbonetos metálicos ou ceramais (+71,33%). Por fim, a categoria de baixa complexidade teve aumento, exclusivamente, pelas exportações de algodão − no montante de 1,7 milhão de dólares – que não ocorreram em maio/2018.

A Tabela 2 mostra as importações regionais para o mês de maio/2019, agregadas pelo grau de complexidade econômica dos produtos importados.

Tabela 2 – Grau de Complexidade das Importações – comparação entre maio/2019 e maio/2018, valores em milhões de USD.

Nota-se que o crescimento das importações, em maio/2019, deu-se para todas as categorias de complexidade, exceto a categoria de baixa complexidade (-58,65%). Esta queda foi causada pela redução das importações de sementes e frutos oleaginosos (10,51%) e ouro (-70,67%).

Destaca-se o crescimento de 102,54% no valor importado da categoria médiamédia complexidade. O crescimento está ligado ao aumento das importações de agroquímicos, mais especificamente de inseticidas, fungicidas e herbicidas (+267,38%), misturas de fertilizantes em embalagens <10kg (+23,12%) e fertilizantes minerais ou químicos, potássicos (+948,78%).

A categoria de média-alta complexidade, a de maior peso nas importações, cresceu 8,01%, sobretudo pelo aumento da importação de circuitos eletrônicos integrados (+5,99%), sangue, antissoros, vacinas, toxinas e culturas (+64,51%), e heterocíclicos (apenas heteroátomo de nitrogênio) (+3,77%). Ainda nesta categoria, houve queda de 0,5% nas importações de aparelhos telefônicos e partes.

O crescimento de média-baixa complexidade (+14,82%) deu-se pelo aumento nas importações de semente (+73,13%), sucos e extratos vegetais (+13,61%), e enxofre (+68,80%).

Por fim, o aumento das importações na categoria de alta complexidade deu-se pelo aumento das compras externas de equipamentos para análises físicas e químicas (+2,4%).

Balança Comercial e Complexidade no Acumulado do ano de 2019

A Tabela 3 apresenta os dados da balança comercial dos municípios do CIESP Campinas, desagregados para os quatro primeiros meses (janeiro a maio) do ano de 2019.

Tabela 3 – Balança Comercial Regional (CIESP Campinas) 2019 – valores em milhões de USD/FOB.

Em 2019, a região já importou 4,30 bilhões de dólares, enquanto exportou 1,37 bilhão, o que representa aproximadamente pouco menos de 1/3 do valor importado. O déficit regional acumulado é de 2,93 bilhões de dólares, superando o déficit comercial do estado de São Paulo, que foi de 1,24 bilhão.

A Tabela 5 apresenta os principais produtos exportados em 2019.

Tabela 4 – Principais produtos exportados pelos municípios do CIESP Campinas em 2019 – Valores em milhões de USD/FOB

Os produtos listados na Tabela 4 totalizam mais de 54% das exportações totais do ano. De modo geral, houve aumento das exportações de 10 dos 15 produtos mais exportados pela região.

Dentre as altas, destaca-se o crescimento das exportações de papel (+11,09%), que ocupa, até então, a segunda posição no rank de principais produtos exportados pela região. Sucos de frutas e vegetais (+374,28%) e petróleo (+1678%) também se destacam. Na indústria automobilística, é interessante o aumento da exportação de automóveis (+39,10%) e a queda na exportação de autopeças (8409) e partes de motores (8409). Dentre as quedas, destacam-se o setor de plásticos e suas obras − polímeros de propileno (-13,11%) e etileno (-13,17%).

A Tabela 5 apresenta os principais produtos importados, em 2019, pelos municípios do CIESP Campinas.

Tabela 5 – Principais produtos importados pelos municípios do CIESP Campinas em 2019 – valores em milhões de USD/FOB

Os produtos listados na Tabela 5 totalizam mais de 62% das importações realizadas pela região, em 2019. Houve aumento nas importações de 10 dos 15 principais produtos importados.

Como vem ocorrendo com os dados agregados para o Brasil, nota-se o aumento expressivo (+299%) na importação de agroquímicos (inseticidas, fungicidas e herbicidas), que assumiram a primeira posição no rank dos produtos mais importados. Os produtos do setor químico e farmoquímico (Capítulos 29 e 30) apresentaram alta consistente, indicando o crescimento das atividades nesses setores.

Apesar de pequena, destaca-se a queda na importação de aparelhos telefônicos e partes, circuitos eletrônicos integrados e peças de tratores e veículos especiais, indicando desaquecimento das atividades nestes setores.

Por fim, a Tabela 6 traz os dados da balança comercial para os municípios do CIESP Campinas, para o ano de 2019.

Tabela 6 – Balança Comercial dos Municípios do CIESP Campinas – 2019, valores em milhões de USD/FOB.

Campinas, Paulínia, Sumaré e Mogi Guaçu respondem por aproximadamente 80,7% das exportações da região. No mais, destaca-se o desempenho exportador de Mogi Guaçu, que tem balança comercial superavitária, contribuindo para a diminuição do déficit regional.

Águas de Lindoia, Amparo, Artur Nogueira, Campinas, Conchal, Estiva Gerbi, Holambra, Hortolândia, Itapira, Jaguariúna, Lindoia, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Morungaba, Paulínia, Pedreira, Santo Antônio de Posse, Serra Negra, Sumaré e Valinhos.

http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior

Mais detalhes sobre o Índice de Complexidade de Produtos (PCI, em inglês) podem se encontrados em: http://atlas.media.mit.edu/en/resources/about/

Mais detalhes sobre o Índice de Complexidade de Produtos (PCI, em inglês) podem se encontrados em Nossa classificação em 5 categorias (Baixa, Média-baixa, Média, Média-alta e Alta complexidade) é resultado de aplicação metodológica original, a ser apresentada em estudo temático do Observatório da PUC-Campinas.


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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