Informativo Mensal: Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas

Volume. 4| N.01 | Janeiro-2021 

Responsável:

Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Assistente:

Pedro Henrique Fidelis

Sumário Executivo

Este informativo apresenta e discute os principais dados da balança comercial da RMC para o mês de dezembro/2020. Os dados utilizados nas análises são da base do Ministério da Economia. Além dos dados quantitativos, agregados e desagregados por município, apresenta-se a qualificação da pauta de exportação e importação da RMC a partir de cruzamentos dos dados de comércio com os Índices de Complexidade de Produtos, calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Media Lab[1].

Dentre as informações analisadas, destacam-se:

  1. queda de -6,5% nas exportações e aumento de 11,3% nas importações da RMC, resultando em aumento de 23,5% no déficit regional, para o mês de dezembro;
  2. queda da participação nas exportações do Estado, que atingiram o patamar de 7,3%, o pior em 10 anos para o mês de dezembro;
  3. quedas generalizadas nas exportações, com destaque para bombas e compressores de ar e gás e ventiladores, agroquímicos e pneus;
  4. aumento de 117% nas exportações de automóveis no mês de dezembro, que vem, nos últimos cinco meses seguidos, apresentando recuperação;
  5. aumento das transações comerciais de produtos de mais baixa complexidade (ex. algodão);
  6.  em 2020, as importações somaram 12,1 bilhões de dólares, enquanto as exportações representaram aproximadamente um terço desse valor, 3,4 bilhões de dólares;
  7. no acumulado do ano, há sinais de queda de atividade para a maioria dos segmentos da indústria, com destaque para a indústria de aparelhos telefônicos, eletrônicos e automobilística;
  8. queda drástica das exportações e importações em relação a praticamente todos os parceiros comerciais, exceto China (exportação) e Índia (importação).

Em suma, para além dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência da importação de insumos externos industriais, a conjuntura evidencia que a RMC passa pela pior crise externa da história recente. No acumulado do ano de 2020, o estado de São Paulo registrou queda de 13,2% nas exportações e 13,4% nas importações. No Brasil, houve queda de 6,9% nas exportações e queda de 10,4% nas importações.

Balança Comercial Dezembro

A Tabela 1 traz os dados da balança comercial da RMC para os meses de novembro entre 2010 e 2020.


A partir dos dados daTabela 1, é possível verificar que as exportações de dezembro/2020, 339,34 milhões de dólares, apresentaram decrescimento de -6,5% em relação ao mesmo período de 2019. Esse valor corresponde ao pior desempenho das exportações para o mês de dezembro em 10 anos. Além disso, a participação nas exportações do estado de São Paulo, 7,3%, corresponde ao pior nos patamares históricos, indicando que a RMC perdeu participação relativa nas exportações do estado.

As importações totalizaram 993,94 milhões de dólares, no mesmo período, um crescimento de 11,3% em comparação a dezembro de 2019. A participação da RMC nas importações do estado, 21,9%, foi a maior da década. O saldo negativo da balança comercial, -654,61 milhões de dólares, teve aumento de 23,5%. É preciso destacar que, com os movimentos de queda relativa das exportações e aumento da participação nas importações estaduais, a RMC impediu que o superávit estadual fosse maior no período.

As principais quedas nas exportações foram de bombas de ar e de vácuo, compressores de ar e ventiladores (-67,8%), defensivos agrícolas (-53,3%), polímeros de propileno e outras olefinas, dentre outros. A queda nas exportações só não foi maior devido ao aumento das exportações de automóveis (+117,4%), medicamentos (33,0%) e peças para motores (+20,0%).

Nas importações, as principais altas deram-se para agroquímicos (+22,0%), circuitos eletrônicos integrados (+14,1%), partes e peças de máquinas de escritório (+31,1%), partes e acessórios de veículos (+23,72%), compostos heterocíclicos de nitrogênio (10,7%), dentre outros. Destaca-se, porém, forte queda no valor importado de aparelhos telefônicos e partes (26,03%).

A Tabela 2 mostra as exportações da RMC para o mês de dezembro, agregadas de acordo com o grau de complexidade dos produtos. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países com maior grau de sofisticação tecnológica das estruturas produtivas[2], portanto com maiores níveis de produtividade e renda. 


Houve queda das exportações em todas as categorias de complexidade, exceto a de média-baixa complexidade, a qual teve aumento de 51,4%. Porém, mais de 86% das exportações da região se concentram em produtos de média-alta e alta complexidade. Destaca-se a queda de -22,1% nas exportações de alta complexidade no mês de dezembro/2020, sempre em relação a dezembro de 2019.

A Tabela 3 mostra as importações da RMC para o mês dezembro de 2020, agregadas de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos importados.

Houve aumento das importações em todas as categorias de complexidade. As importações de bens de média-alta e alta complexidade representam mais de 95% de todos os produtos importados. Essas categorias tiveram alta de 11,6% e 11,8%, respectivamente.

Balança Comercial 2020

A Tabela 4 traz os dados da balança comercial da RMC para o ano de 2020.

Em 2020, as importações atingiram a marca dos 12,1 bilhões de dólares, enquanto as exportações somaram 3,46 bilhões. O desequilíbrio entre importações e exportações rendeu um déficit comercial regional de 8,67 bilhões de dólares maior que o déficit estadual, de 4,70 bilhões de dólares. O estado de São Paulo teria logrado um superávit se não fosse pelo déficit da RMC. A Tabela 5 traz os principais produtos exportados em 2020.

Os produtos da Tabela 5 totalizam aproximadamente 40% das exportações totais do acumulado do ano. Nota-se que, em 2020, houve queda significativa das exportações de todos os principais produtos da pauta regional, exceto algodão, em comparação com o ano de 2019. A Tabela 6 traz os principais produtos importados em 2020.

Os produtos listados na Tabela 6 totalizam aproximadamente 51% das importações realizadas pela RMC em 2020. Houve queda nas importações em praticamente todos os principais produtos, exceto agroquímicos, peças e acessórios para máquinas de escritório e antissoros e vacinas. Isso indica que algumas das principais atividades industriais da RMC seguem em baixa, com menor importação de insumos em relação a 2019. Isso porque a queda nas importações desses insumos representa desaquecimento das atividades à frente na cadeia produtiva, assim como o aumento das importações representa aquecimento. 

A Tabela 7 traz as exportações para os 10 principais destinos da RMC, acumulado para 2020, bem como a variação das exportações por destino em relação a 2019.

O valor das exportações caiu expressivamente para todos os principais parceiros, exceto a China. Tais quedas resultam, claramente, do desaquecimento da economia global, diante da crise do coronavírus. Indicam também um viés para exportação de produtos menos complexos, demandados pela economia chinesa.

A Tabela 8 traz os dados para as 10 principais origens das importações da RMC, acumulado para 2020, bem como a variação das importações por origem em relação a 2019.

A queda das importações em quase todos os principais parceiros também indica, sobretudo, efeitos de desaceleração da economia nacional diante da crise econômica atual. No entanto, houve aumento das importações provenientes da Índia.

Por fim, a Tabela 9 traz os dados da balança comercial para os municípios da RMC, para o ano de 2020.

[1] https://atlas.media.mit.edu/en/resources/about/

[2] Mais detalhes sobre o Índice de Complexidade de Produtos (PCI, em inglês) podem ser encontrados em https://atlas.media.mit.edu/en/. Nossa classificação em 5 categorias (Baixa, Média-baixa, Média, Média-alta e Alta complexidade) é resultado de aplicação metodológica original .


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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