COVID-19 na Região de Campinas

Informativo Covid-19 Campinas  – V2|N17|Semana 17 (25/04 a 01/05) 

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Felipe Pedroso de Lima [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4] Beatriz Panciera [5] Giuliano Polli [6] 

Até o dia 01/05, o Brasil notificou 14,7 milhões de casos e 406,4 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa absoluta média de 59,6 mil novos casos e 2,4 mil novas mortes por dia 7.  

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 25/04 e encerrada em 01/05 – semana epidemiológica de número 17, no calendário das autoridades de saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.  

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana) 

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo.   

O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, da Grande São Paulo. Até 01/05, foram notificados 315,2 mil casos e 9,1 mil mortes, no DRS-Campinas – letalidade de 2,90%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC8), foram 223,1 mil casos e 6,8 mil óbitos até o momento – letalidade de 3,05%. Por fim, o município de Campinas registrou 77,1 mil casos até o momento, com 3 mil óbitos – letalidade de 3,93% — ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.  

Nesta semana, apenas 5 dos 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos, evidenciando que a redução de novos casos no estado de São Paulo, por data de notificação, desacelerou. Alguns departamentos regionais de saúde chegaram a apresentar um aumento de 30% em novos casos, em relação à semana passada. As novas mortes, ainda em níveis elevados, apresentaram taxas descrentes em somente 6 dos 17 departamentos do estado. Em relação à semana anterior, quando o ritmo de avanço da pandemia estava em queda no DRS-Campinas, os novos casos tiveram uma pequena redução e o número de novos óbitos teve um pequeno aumento, como mostram a Tabela 1 e as Figuras 1 e 2.   

Figura 1. Curva Epidemiológica Casos Região de Campinas 

Figura 2. Curva Epidemiológica Óbitos Região de Campinas 

Foram registrados, nesta semana, 9,45 mil casos no DRS-Campinas (variação de -1,37%, em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes, 6,05 mil foram registrados na RMC (var. -0,56%) e 1,95 mil em Campinas (var. -5,79%). Foram 414 mortes no DRS-Campinas (var. 1,22%, em relação às mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 300 ocorreram na RMC (var. -7,69%) e 114 em Campinas (var. 11,76%). 

As Figuras 2 e 3 mostram os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes por municípios. 

Figura 3. Mapa de Casos da Covid-19 nos Municípios do DRS-Campinas e Engenheiro Coelho  

Neste momento, os municípios com maior incidência são Paulínia, Holambra e Piracaia, com 10.843,8, 9.480,4 e 9.050,1 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. É válido lembrar que a incidência é fortemente influenciada pela amplitude da testagem em cada município. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de incidência, no estado de São Paulo, com corte em 7.996 casos por 100 mil habitantes. 

Figura 4.  Mapa da Mortalidade pela Covid-19 no DRS-Campinas e Engenheiro Coelho

Além disso, Campinas, Jundiaí e Santa Bárbara continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 258,1, 256,2 e 251,1 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 225 mortes por 100 mil habitantes.  

Análise dos especialistas 

Dando continuidade ao que foi decretado pelo Governo do Estado no dia 09/04/2021, todos os departamentos regionais de saúde estão em fase de transição, da fase vermelha para a laranja do Plano São Paulo, desde o dia 18/04/2021. Até então, era permitido a realização de atividades religiosas com restrições e atividades comerciais das 11h às 19h. Serviços gerais, que incluem restaurantes e similares, salão de beleza e barbearia, atividades culturais e academias também respeitavam o mesmo horário, com exceção das academias que atendiam durante apenas 8 horas diárias. A partir do dia 01/05, todas as atividades listadas acima tiveram seus horários expandidos. Até o dia 09/05, o horário de atendimento será das 6h às 20h, com exceção dos parques estaduais e municipais que funcionarão apenas entre 6h e 18h. O toque de recolher permanece entre as 20h e as 5h, assim como a obrigação de teletrabalho para todas as atividades administrativas e recomendação de escalonamento na entrada e saída da indústria, serviços e comércio, na maior parte do estado. Porém, em Campinas, o toque de recolher foi alterado para funcionar apenas nos fins de semana, das 21h de sexta feira até as 5h de segunda-feira.

Da perspectiva da saúde, a impressão atual é que a velocidade de desaceleração da epidemia está diminuindo. Ou seja, aparentemente estamos caminhando para um cenário de estabilização dos números em patamares elevados. O número de novas internações no DRS-Campinas apresentou queda de cerca de 6% em relação à última semana9, contra uma média de queda de 15% por semana nas últimas três semanas. Foram 1.295 novas internações em UTI, número superior ao pico da primeira onda em julho de 2020, de 1.220 internações. Os dados da semana 17 ainda não estão finalizados, mas os números de atendimentos presenciais de sintomáticos respiratórios nos serviços de Pronto Atendimento e Centros de Saúde de Campinas parecem também caminhar para uma estabilização10. O índice de isolamento em Campinas¹, cujos valores médios vinham permanecendo na faixa dos 40 a 42% há quase dois meses, desde a instituição da fase vermelha na cidade, passou a ficar consistentemente abaixo dos 40% nesta última semana.  

No dia 02/05, completamos exatamente duas semanas desde o início da flexibilização no estado com a criação da fase de transição (18/04). Neste último fim de semana também passaram já a valer novas regras desta fase, com aumento do tempo de funcionamento de estabelecimentos comerciais. O que chama bastante a atenção neste momento é o fato de não haver informações claras sobre o exato funcionamento desta fase, não estando disponíveis os critérios utilizados para alterar as suas recomendações iniciais, bem como critérios para frear eventuais novas flexibilizações. A impressão é que o Governo do Estado opta por “deixar no ar” tais critérios justamente para não ter que passar pelo desgaste de ter que descumpri-los, cedendo, possivelmente, a pressões de setores comerciais. Seria muito interessante que fossem tornadas públicas as recomendações “puras” do centro de contingência, sem passar pelo “crivo” de outras instâncias governamentais.  

A Campanha de Vacinação caminha em velocidade muito inferior à que seria desejável para termos condições de conter um novo aumento de casos. Ainda dependemos, portanto, exclusivamente do comportamento individual das pessoas e de medidas restritivas por parte de governos estaduais e municipais. O Governo Federal segue alheio a todo esse processo. Seguimos sem ver uma estratégia de comunicação ampla que ajude a conscientizar as pessoas sobre o que fazer para frear as transmissões. Pior do que isso, o governo segue ventilando desinformação e promovendo ações que deveriam ser combatidas, como as aglomerações que ocorreram neste último fim de semana.  

Do ponto de vista econômico e social, uma taxa de desemprego alta e crescente (14,4%), combinada com a drástica redução e atrasos na liberação dos auxílios federais para atenuar os impactos negativos da crise sanitária, deve tornar a queda da demanda agregada (falta de demanda no sistema econômico) o principal problema a ser enfrentado para economia brasileira em 2021. Os dados de emprego e do setor externo regional, no entanto, mostram sinais de recuperação da economia regional no 1T/2021.   

As pesquisas de atividade do IBGE apontam para queda de -0,7% na produção industrial, crescimento de 0,6% na atividade do comércio e 3,7% na atividade de serviço em fevereiro de 2021. O crescimento nas atividades de serviço no âmbito nacional reflete-se no crescimento do emprego regional do setor. Segundo a Carta de Conjuntura do IPEA 1, no entanto, o PIB brasileiro deve sofrer queda de -0,5% no 1T/2021 e  crescer 3% no ano, o que significa decrescimento dinâmico, descontando-se a herança estatística de 2020, desafiando a sustentabilidade da retomada regional.  

A reativação do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) devem ter algum impacto positivo para o 2T/2021, apesar do atraso e da redução significativa nos montantes previstos para a manutenção dos programas.  

É preciso ressaltar que o BEm, apesar do forte impacto negativo na manutenção da renda de indivíduos com salários mais elevados, mostrou-se eficaz na sustentação do nível de emprego em 2020. Para salários mais baixos, próximos ao salário mínimo, o impacto na renda individual é pequeno ou nulo, mas para salários maiores, os impactos negativos nos rendimentos são consideráveis. No ano passado, estima-se que o BEm (MP 936) tenha causado, isoladamente, queda de 6,6% na massa salarial, e atingido 228,7 mil trabalhadores na RMC, isto é, 25% da força de trabalho formal regional.  

Em relação ao emprego, os últimos dados da PNAD-Contínua, para os meses entre dez/2020 e fev/2021, estimam uma taxa de desocupação recorde no Brasil de 14,4% (alta de 0.3 pontos percentuais), patamar que era de 10,5% na primeira semana de maio/2020. No entanto, na RMC, de acordo com dados do Observatório PUC-Campinas, a criação de novos postos de trabalho segue em alta – foram 5,3 mil vagas em março/2021, com saldo positivo de 23,7 mil postos no 1T/2021. Também os dados do setor externo, aumentos de 18,1% nas exportações e 25,8% nas importações, mostram que até fevereiro/2021 a região dava fortes sinais de retomada.  

Em relação aos preços, O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, atingiu 31,1% em 12 meses, em março/2021.  Esse índice captura, também, aumentos nos custos de insumos que podem ser repassados para o consumidor final em algum momento. O IPCA acumulado de 12 meses atingiu 6,10% em março, puxado, sobretudo, pelo aumento continuado do preço da gasolina.   

Por fim, a solução definitiva para a retomada econômica recai sobre o sucesso da vacinação, para boa parte dos analistas. Até o momento, no DRS-Campinas, aproximadamente 15,5% da população recebeu a primeira dose da vacina, enquanto 8,9% recebeu a segunda dose. Seguimos afirmando que, sem medidas realmente efetivas de proteção da renda e do emprego e sem a aceleração na taxa de vacinação, a retomada da atividade econômica nacional e regional vai ser lenta. E, flexibilizações precoces, que exijam novas restrições em prazos muito curtos, não contribuem para retomada sustentada das atividades econômicas.  

ANEXOS

Covid-19 nos DRS-São Paulo

[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro

[3] Graduando em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Graduanda em Administração pela PUC-Campinas e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[6] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[7] Dados do Ministério da Saúde

[8] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[9] – https://www.seade.gov.br/coronavirus/# 

[10] – https://covid-19.campinas.sp.gov.br/boletim-epidemiologico


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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