COVID-19 na Região de Campinas

Informativo Covid-19 Campinas  – V2|N26|Semana 26 (27/06 a 03/07)

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Jacqueline dos Santos Oliveira [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4] Beatriz Panciera [5] Giuliano Polli [6]

Até o dia 03/07, o Brasil notificou 18,74 milhões de casos e 523,58 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa absoluta média de 50,7 mil novos casos e 1,5 mil novas mortes por dia 7.

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 27/06 e encerrada em 03/07 – semana epidemiológica de número 26, no calendário das autoridades de saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana)

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do Estado de São Paulo.

O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, da Grande São Paulo. Até 03/07, foram notificados 414,3 mil casos e 12,0 mil mortes, no DRS-Campinas – letalidade de 2,91%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC8), foram 290,1 mil casos e 8,7 mil óbitos até o momento – letalidade de 3,02%. Por fim, o município de Campinas registrou 95,6 mil casos até o momento, com 3,7 mil óbitos – letalidade de 3,96% – ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.

Nesta semana, todos os 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos, indicando uma redução no número de novos casos no Estado de São Paulo em relação à semana passada. As novas mortes apresentaram taxas decrescentes em 10 dos 17 departamentos do Estado. Em relação à semana anterior, quando o ritmo de avanço da pandemia estava acelerando no DRS-Campinas, os novos casos apresentaram uma redução, enquanto o número de novos óbitos permanece estável, mas em alto patamar, como mostram a Tabela 1 e as Figuras 1 e 2.

Tabela 1 – Casos e Óbitos nos Departamentos Regionais de Saúde do Estado de São Paulo

Figura 1. Curva Epidemiológica Casos Região de Campinas

Figura 2. Curva Epidemiológica Óbitos Região de Campinas

Foram registrados, nesta semana, 12,7 mil casos no DRS-Campinas (variação de -10,68%, em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes casos, 9,22 mil foram registrados na RMC (var. -9,39%) e 2,39 mil em Campinas (var. –14,96%). Foram 426 mortes no DRS-Campinas (var. 0,24%, em relação às mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 343 ocorreram na RMC (var. 13,20%) e 100 em Campinas (var. -0,99%).

As Figuras 2 e 3 mostram os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes por municípios.

Figura 3. Mapa de Casos da Covid-19 nos Municípios do DRS-Campinas e Engenheiro Coelho

Neste momento, os municípios com maior incidência são Paulínia, Santo Antônio de Posse e Holambra, com 13.165,83, 12.521,33 e 12.357,68 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. É válido lembrar que a incidência é fortemente influenciada pela amplitude da testagem em cada município. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% daqueles com maiores taxas de incidência, no Estado de São Paulo, com corte em 11.505 casos por 100 mil habitantes.

Figura 4. Mapa da Mortalidade pela Covid-19 no DRS-Campinas e Engenheiro Coelho

Além disso, Santa Bárbara d’Oeste, Jundiaí e Campinas continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 352,32, 341,01 e 322,24 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% daqueles com maiores taxas de mortalidade, no Estado de São Paulo, com corte em 317 mortes por 100 mil habitantes.

Análise dos especialistas

Dando continuidade ao que foi decretado pelo Governo do Estado no dia 09/06/2021, todos os departamentos regionais de saúde estão em fase de retomada consciente do Plano São Paulo, desde o dia 01/06/2021. O Governo, que está pressionado pelo mercado, de um lado, e pela situação da saúde, do outro, tem prorrogado a fase emergencial, que no momento se estende até o dia 15 de julho. O Governo pretende manter as mesmas regras de combate à pandemia até que a situação se acalme de alguma forma. Deixando para os municípios a autonomia de decidir se é necessária a intensificação das normas de distanciamento social para evitar aglomerações. Como são os casos das cidades de Campinas e Ribeirão Preto, que adotaram horários diferentes para funcionamento dos estabelecimentos. As regras estabelecidas pelo Governo do Estado preveem que os estabelecimentos continuam podendo operar com ocupação máxima de 40% entre as 6h e 21h, com toque de recolher entre as 21h e 5h, com manutenção da obrigação de teletrabalho para todas as atividades administrativas e com recomendação de escalonamento na entrada e saída da indústria, serviços e comércio, na maior parte do Estado.

Do ponto de vista da saúde, pela primeira vez, depois de 5 semanas, a taxa de ocupação de UTI-COVID do município permanece abaixo dos 90%9. O indicador é “puxado” pela menor taxa de ocupação nos leitos privados, mas, ainda assim, o número total de pacientes internados em leitos públicos também diminuiu e a fila por leitos intensivos foi zerada. A pressão sobre o sistema de saúde ainda é grande, visto que esta taxa de ocupação é altíssima e, no “antigo” Plano São Paulo, determinaria a implantação de fase vermelha, mas o conjunto de dados aponta para a melhora da situação nas próximas semanas. O número de internações no DRS-Campinas apresenta queda pela terceira semana seguida, com 1.568 internações na última semana contra 1.783 na anterior10.

É esperada também uma aceleração na campanha de imunização diante da expectativa de aportes maiores e mais constantes de imunizantes nas cidades. Pelas previsões do Governo do Estado (que, por sua vez, estão baseadas nas “promessas” de doses do Ministério da Saúde), todos os indivíduos acima de 18 anos deverão receber a primeira (ou única no caso da vacina da Janssen) dose de vacina até o dia 15 de setembro, prevendo, portanto, que até o fim deste ano todos os adultos do Estado estejam completamente imunizados.

É possível que flexibilizações ocorram nas próximas semanas, caso os indicadores permaneçam com as atuais tendências de queda. É sempre um cenário perigoso, uma vez que, junto com as flexibilizações, o natural é que a adesão às medidas preventivas pela população diminua também, o que pode contribuir para possíveis novos aumentos de casos. Outra preocupação que deve permanecer no radar é o risco de disseminação da variante delta, que tem provocado aumento de casos em países com cobertura vacinal mais avançada que no Brasil e determinado a necessidade de retorno a medidas drásticas de circulação de pessoas em diversos países11,12,13. Como nossa capacidade de detecção de variantes ainda é extremamente limitada e lenta, bem como a “vontade” e força política para a implantação de medidas mais restritivas é pequena, este cenário gera grande preocupação.

Do ponto de vista econômico e social, a taxa de desemprego alta e crescente (14,7%, 1T/2021), combinada com o recrudescimento dos casos e mortes, preocupa pela provável necessidade da implementação de novas medidas de distanciamento físico. O aumento de casos e mortes pode reverter a relativa positividade dos indicadores econômicos regionais e nacionais no segundo trimestre.

Houve crescimento do PIB brasileiro no 1T/2021, de 1,2%. No entanto, a taxa de desemprego alta reforça a tese de ilusão contábil, causada pela reposição de estoques das empresas. Em outras palavras, as empresas não “investiram” na produção e, sim, na reposição de estoques, levando ao crescimento acima do esperado. Sem crescimento na demanda, o crescimento do 1T/2021 não deve se repetir no 2T/2021.

Os índices de atividade do IBGE mostram, para maio/2021, alta na indústria em maio (+1,4%) e alta do comércio (+1,8%). Porém, os dados do setor externo da RMC continuam indicando que a economia regional segue se recuperando, com crescimento de 102,51% das exportações e 45,9% das importações, em abril/2021. Em relação ao emprego, os últimos dados da PNAD-Contínua, para os meses entre jan/2020 e mar/2021, estimam uma taxa de desocupação recorde no Brasil de 14,7% (alta de 0.3 pontos percentuais), patamar que era de 10,5% na primeira semana de maio/2020. Na RMC, de acordo com dados do Observatório PUC-Campinas, a criação de novos postos de trabalho tem desacelerado desde abril – saldo de 2,2 mil vagas em abril/2021.

Em relação aos preços, O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, atingiu 37,04% em 12 meses, em maio/2021. Esse índice captura, também, aumentos nos custos de insumos que podem ser repassados para o consumidor final em algum momento. O IPCA acumulado de 12 meses atingiu 8,06% em maio/21, quando o centro da meta de inflação para o ano de 2021 é de 3,75%. A subida do IPCA foi puxada, sobretudo, pelo aumento da energia elétrica.

Por fim, as expectativas de retomada para boa parte dos analistas estão bastante ancoradas no avanço e eficácia da vacinação. Até o momento, no DRS-Campinas, aproximadamente 42,03% (var. semanal de +3,3 p.p.) da população recebeu a primeira dose da vacina, enquanto 12,9 (var. semanal de +0,3 p.p.) recebeu a segunda dose. Seguimos afirmando que, sem medidas realmente efetivas de proteção da renda e do emprego e sem a aceleração na taxa de vacinação, a retomada da atividade econômica nacional e regional pode ser desnecessariamente lenta, apesar dos resultados positivos do Caged e do PIB.

ANEXOS

[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro

[3] Graduanda em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Graduanda em Administração pela PUC-Campinas e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[6] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[7] Dados do Ministério da Saúde

[8] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[9] https://covid-19.campinas.sp.gov.br/epidemiologico/diario

[10] https://www.seade.gov.br/coronavirus/#

[11] https://veja.abril.com.br/mundo/variante-delta-se-espalha-e-australia-poe-mais-regioes-em-lockdown/

[12] https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/06/29/variante-delta-faz-russia-ter-recorde-de-mortes-por-covid-e-australia-confinar-10-milhoes-de-pessoas.ghtml

[13] https://www.rtp.pt/noticias/mundo/covid-19-variante-delta-continua-a-aumentar-casos-no-reino-unido_n1332613


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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