PROFESSOR EXTENSIONISTA
Profa. Dra. Eliane Navarro Rosandiski
Introdução:
Seguindo a sequência, neste mês de setembro, estão sendo divulgadas as informações que permitem acompanhar a evolução do emprego na RMC. As bases de dados utilizadas neste informativo são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência (MTP), e da PNAD-Contínua/IBGE, que ajudam a contextualizar a evolução do mercado de trabalho local.
Como vem sendo apresentado nos informativos anteriores, é importante sublinhar que o Novo CAGED, desde 2020, por ter como base primária de informação o e-Social, pode ser considerada uma nova base de registro de contratos formais. Esse aspecto dificulta muito a comparação com dados dos anos anteriores, visto que um conjunto de trabalhadores, antes não captados nas bases como emprego formal, agora passam a ser considerados, visto que possuem vínculo tributário. Diante disso, é seguro afirmar que a atual base primária abarca um conjunto mais amplo e heterogêneo de trabalhos formais, associado aos formatos mais flexíveis, temporários de uso do trabalho (agora definido pelo vínculo tributário).
I. Destaques
- Mantendo a sequência de saldos positivos, com a geração de 9.669 contratos, a RMC já acumula 56.056 novos postos. Agosto, desde então, apresenta a segunda maior alta de 2021. O mês de fevereiro, até então, foi o que apresentou melhor desempenho.
- O município de Campinas segue mantendo a liderança da geração de postos de trabalho (3.229 postos) na RMC, seguido pelos municípios de Indaiatuba (965 postos) e Americana (909 postos).
- Por sexo, cerca de 53% do saldo de vagas foi preenchido por mulheres.
- Por escolaridade, a RMC segue o comportamento padrão, já destacado nos demais informativos divulgados ao longo deste ano: o ensino médio continua sendo o perfil mais demandado. Neste mês, 71% dos trabalhadores selecionados tinham esse nível de escolaridade.
- Por fim, por faixa etária, mantém-se o padrão: há preferência por jovens de 18 a 24 anos (44% do saldo de contratados). Neste mês, saldo negativo foi observado apenas na faixa acima de 65 anos.
- Por setor de atividade, a geração de emprego em agosto apresentou algumas especificidades:
- Chamou atenção a persistência do dinamismo dos serviços de informação, comunicação e atividades financeiras: responsáveis por 23% das vagas geradas ou 2.209 postos. Também as atividades de comércio exerceram impacto positivo: 2.209 novos contratos.
- O setor industrial perdeu um pouco de dinamismo se comparado ao mês anterior: 1,209 vagas geradas representam 13% dos novos postos.
- As atividades de alojamento e alimentação contribuíram com 11% dos contratos gerados na RMC.
Comentários
- Considerando que alguns indicadores seguros e confiáveis mostram que a pandemia está mais controlada, a recuperação do emprego formal na RMC vem sendo compatível com esse cenário de retorno à normalidade de funcionamento das atividades terciárias. Serviços de alojamento e de alimentação e de Comércio, desde então, vêm apresentando uma recuperação consistente, visto que tais atividades demandam aglomeração.
- Além disso, dentre as atividades de serviços, vem sendo destacada a geração de contratos de trabalho nos serviços de tecnologia de informação, típico para atendimento às novas demandas associadas às estratégias de atuação remota.
- Trabalhadores mais jovens e trabalhadores com níveis de escolaridade medianos é o perfil mais encontrado nesse movimento de recuperação. Como destacado nos informativos anteriores, esse padrão de trabalho por, historicamente, ter menor valor-hora, sua contratação é compatível com estratégias de redução de custos. Dados preliminares apontam inclusive para participação de trabalho contratos intermitentes e aprendizes: cerca de 7,4% dos contratos em agosto de 2021.
- Os dados gerais apontam para uma ligeira redução de 1 ponto percentual do desemprego aberto, agora 13,7% da força de trabalho. Apesar disso, no Brasil, ainda há mais de 14 milhões de desempregados. Além disso, a despeito do crescimento do volume de trabalhadores com carteira de trabalho assinado, a recuperação mais intensa do mercado de trabalho nacional vem ocorrendo por meio dos conta-próprias, trabalhadores domésticos e trabalhadores sem contrato de trabalho. Diante disso, há uma ampliação da informalidade na economia.
- Esse padrão de recuperação do emprego, infelizmente, aponta para uma queda na renda média, que diante de um quadro inflacionário, implicam perda de poder de compra e comprometem a virtuosidade da recuperação econômica do ponto vista da demanda doméstica.
- Por fim, a economia brasileira ainda passa por um conjunto de incertezas quanto à disponibilidade energética, preços de combustíveis e quanto à trajetória de demanda dos nossos principais parceiros comerciais externos.
- A combinação desses elementos revela a grande incerteza e vulnerabilidade, tanto do ponto de vista doméstico como internacional, tornado desafiador qualquer prognóstico quanto à sustentação da recuperação. Seguimos acompanhando.
II. Quadros, gráficos e tabelas de desempenho do mercado de trabalho