PROFESSOR EXTENSIONISTA (PUC-Campinas):
Prof. Dr. Cristiano Monteiro da Silva
ELABORAÇÃO TÉCNICA:
Mauricio Ruzene – Aluno bolsista do Projeto de Extensão
José Paulo Restani Alcaraz – Aluno voluntário do Projeto de Extensão
Ludmila Carvalho Fernandes – Aluna voluntária do Projeto de Extensão
Introdução
O processo decisório dos investimentos públicos e privados se caracteriza como um fator de causalidade da dinâmica social e econômica do país. Este é o fator capaz de influenciar os saltos qualitativos da produção e da distribuição da riqueza. Evidente, há outras fontes do crescimento econômico, porém, os investimentos preparam aquilo que é de longo prazo, duradouro, mais forte, por sua vez dono dos melhores resultados.
Os novos tempos estão constituindo fatores díspares da realidade que era operacionalizada até a segunda metade do século XX, inclusive em muitas regiões metropolitanas que assumem o adjetivo de centros econômicos, tal é o caso da Região Metropolitana de Campinas (RMC). A forma inusitada é que os investimentos estão sendo destinados a constituição de ativos em segmentos do Setor de Serviços. Sem dúvida, a inteligência sobre as partículas deste fenômeno se constitui como uma ação estratégica para o desenvolvimento do país.
Este estudo oferece um poder analítico das questões marcantes do processo dos investimentos em setores econômicos da Região Metropolitana de Campinas. De tal modo, um nível de abstração que assume valor para a construção de uma visão sistêmica que tanto pode servir ao processo decisório das instituições públicas e privadas.
O feito da análise exploratória descritiva dos dados apoia-se na “Pesquisa de Investimentos Anunciados” do SEADE (2018). Convém observar que os dados são referentes aos “investimentos confirmados” que estão publicados na referida pesquisa. O período levado em consideração envolve uma série de 2014 a 2017. Enfim, a análise leva em conta os setores da Indústria, Serviços e Comércio.
A estrutura do texto encontra-se dividida em duas partes. De início, o quadro geral da evolução dos investimentos confirmados na Região Metropolitana de Campinas, no período de 2014 a 2017. Na segunda parte, a discussão sobre as especificidades dos investimentos em cidades da sobredita região. Enfim, as considerações sobre os melhores aprendizados deste estudo.
1 – Evolução dos investimentos confirmados na RMC
O seguinte gráfico mostra uma série dos investimentos confirmados em diferentes trimestres, de 2014 até 2017, na Região Metropolitana de Campinas, que daqui em diante será posta como RMC. Como se nota, os momentos mais expressivos foram o segundo trimestre de 2015 e o último trimestre de 2017, momentos nos quais os números de dispêndios produtivos estiveram acima da média do período em pauta.
O gráfico 2 evidencia as modalidades de investimentos que foram confirmados na RMC, no período de 2014 a 2017. A modalidade de implantação foi a mais usada pelos investidores, em outras palavras, os gastos foram destinados à criação de novas unidades produtoras. De novo fica evidenciado que o ano de 2015 foi o que teve o maior número de gastos produtivos desta natureza, o total de 84, seguido pelo ano de 2017, neste caso, o número de 63.
Os dados sobre o volume financeiro dos investimentos confirmados aparecem no seguinte gráfico. Como se vê, na mesma direção dos indicadores tratados até este momento, o ano de 2015 possui um resultado bem acima da média do período.
O panorama dos investimentos confirmados evidencia que a maior parte dos dispêndios foram destinados ao Setor de Serviços, seguido pelas atividades do Comércio, como se nota por meio do gráfico 4, logo abaixo. Diga-se de passagem, a Indústria, que na RMC representa boa parte do valor adicional local, no período em pauta, teve um número menor de investimentos confirmados. Esta é uma realidade que pode ser explorada por meio de questionamentos sobre as relações entre a Indústria e a dinâmica econômica regional, bem como o analítico que busca a estrutura do Setor de Serviços e seus efeitos multiplicadores ao desenvolvimento regional.
Dada a importância de uma análise exploratória da estrutura dos setores econômicos, logo à frente põe-se a vista as informações dos subsetores da Indústria, dos Serviços e do Comércio que mais receberam os investimentos confirmados, inclusive os detalhes sobre as cidades da RMC.
O gráfico 5 mostra que o grande número de
investimentos confirmados aplicado no Setor de Serviços foi dividido para
muitos subsetores. O maior número para o que aqui se caracterizou como Serviços
Diversos[1], acompanhado pelos
subsetores de Serviços de Alimentação e a área de Saúde. De tudo isso,
apreende-se que o grosso dos investimentos destinam-se tanto para os “Serviços
de Consumo” como para os “Serviços de Empresas”, neste último caso, mais forte
em atividades de pesquisa e desenvolvimento.
O comércio varejista se destaca por conta de um número de 80 investimentos confirmados. As atividades do trabalho de vendas assumem a amplitude de vestuários até o comércio de bens de maior complexidade. À primeira vista, este é o setor com muita contribuição a dinâmica dos empregos, nesta localidade.
Sabe-se que o setor industrial, desde a segunda metade do século XX, figura como atividade produtiva estratégica ao desenvolvimento do país. O gráfico 7 possibilita a visão da distribuição dos subsetores que mais receberam os gastos produtivos, no período de 2014 a 2017.
2 – Investimentos confirmados em cidades da RMC
Nesta parte do trabalho cuida-se do analítico sobre a distribuição dos investimentos confirmados em cidades da RMC que foram as mais representativas deste indicador, no período em pauta.
A cidade de Campinas recebeu a maior parte dos investimentos confirmados. O número e o volume financeiro bem altos. O setor do Comércio liderou o número de investimentos, seguido pelo Setor de Serviços, em termos específicos, o Comércio Varejista, logo depois os Serviços de Alimentação, Serviços Diversos e a Saúde.
Para se manter esta linha de raciocínio, o fato que chama a atenção é que ocorreram poucos gastos destinados aos “Serviços de Empresas” que são sinérgicos com as atividades da Indústria, principalmente, da Indústria mais intensiva em tecnologias, por exemplo, os complexos de Autoveículos e de Aparelhos Elétricos e Eletrônicos.
O gráfico 9 evidencia os dados de Americana. Nota-se que há investimentos confirmados em todos os setores econômicos. A expressão maior é para os Serviços da Saúde, depois os Serviços de Alimentação e o Comércio Varejista. No primeiro caso, mais relacionados com a abertura de clínicas médicas e laboratórios; na segunda mostra, a construção de restaurantes. Isto posto, vê-se a demasia dos investimentos confirmados para as atividades que são categorizadas como “Serviços de Consumo” destinados as famílias.
Sem dúvida, ponto a ser destacado, na cidade de Paulínia há maior expressividade da Indústria e dos Serviços de Empresas. No caso da Indústria, o tipo de investimentos é voltado à ampliação da capacidade produtiva, no que toca aos serviços de empresas, os tipos são de ampliação e modernização.
Na cidade de Indaiatuba, no período em pauta, o número de investimentos confirmados é pequeno e espalhado para os setores econômicos. Muito embora seja um centro dinâmico da Indústria, inclusive da Indústria de Máquinas e Equipamentos, não se vê os gastos produtivos para as atividades de densidade industrial.
3 – Considerações finais
Optou-se por colocar nesta parte da conclusão uma ideia abstrata que se distancia um pouco dos conteúdos deste trabalho, sim, fica mais longe, porém, guarda relações inequívocas, e de tal maneira para se tentar contribuir com o pensar mais ocupado com os prognósticos e as soluções estratégicas para a RMC.
O maior aprendizado é que o grosso dos investimentos confirmados, na RMC, no período em pauta, foi alocado para o Setor de Serviços, em particular, o que se considera como Serviços de Consumo, convém realçar, por exemplo, os Serviços de Alimentação, os Serviços de Lazer e Recreação, entre outros que são criados para serem vendidos ao mercado de Famílias. Tão lógico é que esses gastos produtivos ajudam e muito o desenvolvimento regional. Contudo, ao se pensar o desafio estratégico de se levar adiante o desenvolvimento industrial que vem de lá da segunda metade do século XX, que se materializou na RMC de maneira tão pujante, então outras questões se colocam para o processo decisório das instituições locais, sobretudo, para o Setor Público, e é por isso que se põe-se aqui a pergunta sobre os desafios estratégicos de possibilitar a agregação de valor a Indústria, por meio de relações fortes com o Setor de Serviços, em particular, com as atividades conhecidas como Serviços de Empresas, por exemplo, a Pesquisa e o Desenvolvimento, os Serviços de Tecnologias de Informação e Comunicação e suas relações com as diversas funcionalidades das empresas, o Marketing Estratégico, entre tantos outros serviços de natureza técnica e profissional que poderiam alimentar o valor da Indústria e a dinâmica macroeconômica regional. Diante do exposto, muitos são os desafios de políticas públicas e ações privadas.
Referências
DATA VIVA. Oportunidades econômicas. Disponível em: http://www.dataviva.info. Acesso em: 03/09//2018.
IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 30/08//2018.
SEADE. Pesquisa de investimentos anunciados no Estado de São Paulo. Disponível em: http://www.piesp.seade.gov.br/. Acesso em: 14/07/2018.
[1] Atribui-se a categoria de Serviços Diversos aos gastos destinados as atividades que envolvem mais de uma cidade, por exemplo, a recuperação de rodovias, a distribuição de sistemas de reservas de água e esgoto, de energia elétrica etc.