COVID-19 na Região de Campinas

Informativo Covid-19 Campinas  – V2|N18|Semana 18 (02/05 a 08/05) 

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Felipe Pedroso de Lima [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4] Beatriz Panciera [5] Giuliano Polli [6] 

Até o dia 08/05, o Brasil notificou 15,1 milhões de casos e 421,3 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa absoluta média de 59,9 mil novos casos e 2,12 mil novas mortes por dia 7.  

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 02/05 e encerrada em 08/05 – semana epidemiológica de número 18, no calendário das autoridades de saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.  

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana) 

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo.   

O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, da Grande São Paulo. Até 08/05, foram notificados 323,9 mil casos e 9,5 mil mortes, no DRS-Campinas – letalidade de 2,94%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC8), foram 228,8 mil casos e 7,0 mil óbitos até o momento – letalidade de 3,06%. Por fim, o município de Campinas registrou 3,1 mil casos até o momento, com 3,1 mil óbitos [PGADF1] – letalidade de 3,96% — ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.  

Nesta semana, 12 dos 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos, dando continuidade à tendência de queda no número de novos casos apresentada nas últimas semanas. As novas mortes apresentaram taxas decrescentes em 14 dos 17 departamentos do estado.  Em relação à semana anterior, quando o ritmo de avanço da pandemia estava em queda no DRS-Campinas, os novos casos continuaram reduzindo e o número de novos óbitos teve uma redução significativa, como mostram a Tabela 1 e as Figuras 1 e 2.   


 Figura 1. Curva Epidemiológica Casos Região de Campinas 

Figura 2. Curva Epidemiológica Óbitos Região de Campinas 

Foram registrados, nesta semana, 8,74 mil casos no DRS-Campinas (variação de -7,54%, em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes, 5,75 mil foram registrados na RMC (var. -5,04%) e 1,94 mil em Campinas (var. -0,67%). Foram 380 mortes no DRS-Campinas (var. -8,21%, em relação às mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 190 ocorreram na RMC (var. -36,67%) e 95 em Campinas (var. -16,67%). 

As Figuras 2 e 3 mostram os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes por municípios. 

Figura 3. Mapa de Casos da Covid-19 nos Municípios do DRS-Campinas e Engenheiro Coelho  

Neste momento, os municípios com maior incidência são Paulínia, Holambra e Piracaia, com 11.055,15, 9.756,4 e 9.247,9 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. É válido lembrar que a incidência é fortemente influenciada pela amplitude da testagem em cada município. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de incidência, no estado de São Paulo, com corte em 8.297 casos por 100 mil habitantes. 

Figura 4.  Mapa da Mortalidade pela Covid-19 no DRS-Campinas e Engenheiro Coelho.

Além disso, Campinas, Jundiaí e Santa Bárbara continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 266,1, 263,6 e 259,6 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 236 mortes por 100 mil habitantes.  

Análise dos especialistas 

Dando continuidade ao que foi decretado pelo Governo do Estado no dia 09/04/2021, todos os departamentos regionais de saúde estão em fase de transição, da fase vermelha para a laranja do Plano São Paulo, desde o dia 18/04/2021. Na semana do dia 08/05, o Plano SP passou a ter flexibilizações nas regras na fase de transição, permitindo o funcionamento de restaurantes entre 6h e 21h, com capacidade máxima de 30% do local; igualmente de comércios, centros religiosos e igrejas, teatros, academia e salões de beleza, com o mesmo horário de funcionamento e também com capacidade máxima de 30% do ambiente. Parques estaduais e municipais podem funcionar das 6h às 18h, com 25% da capacidade do local. O toque de recolher foi redefinido das 21h às 5h, com manutenção da obrigação de teletrabalho para todas as atividades administrativas e recomendação de escalonamento na entrada e saída da indústria, serviços e comércio, na maior parte do estado.

Da perspectiva da saúde, pela primeira vez, nas últimas quatro semanas, houve um aumento no número de novas internações tanto no estado, como um todo, como no DRS-Campinas. Apesar de, na última coletiva de imprensa9 do Governo Estadual, do dia 07/05, esse fato ter sido minimizado (com os dados até 07/05, os números apontavam queda de 0,4% no número de internações), com os dados da semana 18 finalizados, foi possível identificar um discreto aumento nas novas internações de 0,27%, ou seja, houve uma estabilização, “parou de cair”. No DRS-Campinas, houve aumento de 1,39% no número de novas internações, após quatro semanas de queda nesses números. A velocidade de queda já vinha diminuindo progressivamente nas últimas semanas e os números atuais confirmam essa tendência de estabilização em patamares muito altos. Esse cenário reflete, certamente, o aumento de circulação de pessoas após as seguidas flexibilizações ainda dentro da fase de transição. 

São três semanas desde o início da flexibilização no Estado, com a criação da fase de transição (18/04). Neste último fim de semana, também passaram já a valer novas regras desta fase, com novo aumento do tempo de funcionamento de estabelecimentos comerciais. O que chama bastante a atenção neste momento é o fato de não haver informações claras sobre o exato funcionamento desta fase, não estando disponíveis os critérios utilizados para alterar as suas recomendações iniciais, bem como critérios para frear eventuais novas flexibilizações. A impressão é que o Governo do Estado opta por “deixar no ar” tais critérios justamente para não ter que passar pelo desgaste de ter que descumpri-los, cedendo, possivelmente, a pressões de setores comerciais. Seria muito interessante que fossem tornadas públicas as recomendações “puras” do Centro de Contingência, sem passar pelo “crivo” de outras instâncias governamentais.   A Campanha de Vacinação caminha em velocidade muito inferior à que seria desejável para termos condições de conter um novo aumento de casos. Ainda dependemos, portanto, exclusivamente do comportamento individual das pessoas e de medidas restritivas por parte de governos estaduais e municipais. O Governo Federal segue alheio a todo esse processo. Seguimos sem ver uma estratégia de comunicação ampla que ajude a conscientizar as pessoas sobre o que fazer para frear as transmissões. Pior do que isso, o Governo segue ventilando desinformação e promovendo ações que deveriam ser combatidas, como as aglomerações que ocorreram neste último fim de semana.  

Figura 5.  Gráfico da variação semanal de novas internações no DRS-Campinas.

Do ponto de vista econômico e social, a taxa de desemprego alta e crescente (14,4%), combinada com a drástica redução e atrasos na liberação dos auxílios federais para atenuar os impactos negativos da crise sanitária, preocupa pelos possíveis impactos na queda da demanda agregada nacional (falta de demanda no sistema econômico). No entanto, os indicadores de atividade nacional (IBGE) e os dados de emprego e do setor externo da RMC dão sinais de impacto negativo menor do que o esperado na economia nacional, e sinais de recuperação da economia regional no 1T/2021.   

Nesta semana, foi divulgado o índice de volume de vendas do comércio (PMC/IBGE), que aponta para queda de -0,6% na atividade nacional do setor. Apesar de queda, o número é positivo, uma vez que se esperava que o grave cenário sanitário e as necessárias medidas de contenção da pandemia causassem impactos mais substanciais na atividade do comércio. De todo modo, segundo a Carta de Conjuntura do IPEA 1, o PIB brasileiro deve ter sofrido queda de -0,5% no 1T/2021, e deve crescer 3% no ano, o que significa decrescimento dinâmico, descontando-se a herança estatística de 2020, desafiando a sustentabilidade da retomada regional.  

A reativação do Programa de Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) deve ter algum impacto positivo para o 2T/2021, apesar do atraso e da redução significativa nos montantes previstos para manutenção dos programas.  

É preciso ressaltar que o BEm, apesar de forte impacto negativo na manutenção dos níveis de renda, mostrou-se eficaz na estabilização da taxa de desemprego – em níveis altos, é fato – no ano passado. Para salários mais baixos, próximos ao salário mínimo, o impacto na renda individual é pequeno ou nulo, mas para salários maiores, os impactos negativos nos rendimentos são consideráveis. No ano passado, estima-se que o BEm (MP936) tenha causado, isoladamente, queda de 6,6% na massa salarial regional, atingido 228,7 mil trabalhadores na RMC, isto é, 25% da força de trabalho formal regional.  

Em relação ao emprego, os últimos dados da PNAD-Contínua, para os meses entre dez/2020 e fev/2021, estimam uma taxa de desocupação recorde no Brasil de 14,4% (alta de 0.3 pontos percentuais), patamar que era de 10,5% na primeira semana de maio/2020. No entanto, na RMC, de acordo com dados do Observatório PUC-Campinas, a criação de novos postos de trabalho segue em alta – foram 5,3 mil vagas em março/2021, com saldo positivo de 23,7 mil postos no 1T/2021. Também os dados do setor externo, com aumentos de 18,1% nas exportações e 25,8% nas importações, mostram que até março/2021 a região deu fortes sinais de retomada.  

Em relação aos preços, O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, atingiu 31,1% em 12 meses, em março/2021. Esse índice captura, também, aumentos nos custos de insumos que podem ser repassados para o consumidor final em algum momento. O IPCA acumulado de 12 meses atingiu 6,10% em março, puxado, sobretudo pelo aumento continuado do preço da gasolina, quando o centro da meta de inflação para o ano de 2021 é de 3,75%.   

Por fim, as expectativas de retomada para boa parte dos analistas ainda estão muito alinhadas ao avanço e eficácia da vacinação. Neste sentido, até o momento, no DRS-Campinas, aproximadamente 15,5% (var. semanal de +2.2 p.p.) da população recebeu a primeira dose da vacina, enquanto 9,7% (var. semanal de +0.8 p.p.) recebeu a segunda dose. Seguimos afirmando que, sem medidas realmente efetivas de proteção da renda e do emprego e sem a aceleração na taxa de vacinação, a retomada da atividade econômica nacional e regional vai ser desnecessariamente lenta.   

ANEXOS

Covid-19 nos DRS-São Paulo

[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro

[3] Graduando em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Graduanda em Administração pela PUC-Campinas e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[6] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[7] Dados do Ministério da Saúde

[8] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[9] – https://www.youtube.com/watch?v=mClcXYHPsnE 


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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