COVID-19 na Região de Campinas

Informativo Covid-19 Campinas V2|N29|Semana 29 (18/07 a 24/07)

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Jacqueline dos Santos Oliveira [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4] Beatriz Panciera [5] Giuliano Polli [6]

Até o dia 24/07, o Brasil notificou 19,6 milhões de casos e 549,4 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa absoluta média de 46,8 mil novos casos e 1,1 mil novas mortes por dia 7.

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 18/07 e encerrada em 24/07 – semana epidemiológica de número 29, no calendário das autoridades de saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana) 

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo.   

O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, da Grande São Paulo.  Até 24/07, foram notificados 445,4 mil casos e 13,0 mil mortes, no DRS Campinas – letalidade de 2,93%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC8) foram 311,1 mil casos e 9,5 mil óbitos, até o momento – letalidade de 3,05%. Por fim, o município de Campinas registrou 101,2 mil casos até o momento, com 4,0 mil óbitos – letalidade de 3,99% — ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.  

Nesta semana, 15 dos 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos em relação ao número de novos casos no Estado de São Paulo da semana passada. As novas mortes apresentaram taxas decrescentes em 13 dos 17 Departamentos do Estado. Em relação à semana anterior, o ritmo de avanço da pandemia continua desacelerando no DRS-Campinas ,o número de novos casos  segue diminuindo pela 5a semana seguida e o número de novas mortes diminui pela terceira semana consecutiva, como mostram a Tabela 1 e as Figuras 1 e 2.

Tabela 1 – Casos e Óbitos nos Departamentos Regionais de Saúde do Estado de São Paulo 

Figura 1. Curva Epidemiológica Casos Região de Campinas 

Figura 2. Curva Epidemiológica Óbitos Região de Campinas 

Foram registrados, nesta semana, 8,7 mil casos no DRS-Campinas (variação de -19,4%, em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes, 5,7 mil casos foram registrados na RMC (var. -18,8%) e 1,7 mil casos em Campinas (var. -16,8%). Foram 290 mortes no DRS-Campinas (var. -11,8%, em relação as mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 232 ocorreram na RMC (var. -3,7%) e 78 em Campinas (var. -17,9%).

As Figuras 2 e 3 mostram os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes por municípios. 

Figura 3. Mapa de Casos da Covid-19 nos Municípios do DRS-Campinas e Engenheiro Coelho  

Neste momento, os municípios com maior incidência são Paulínia, Holambra e Santo Antônio de Posse, com 14.112,16, 13.337,47 e 13.335,37 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. É válido lembrar que a incidência é fortemente influenciada pela amplitude da testagem em cada município. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de incidência, no estado de São Paulo, com corte em 12.275 casos por 100 mil habitantes. 

Figura 4.  Mapa da Mortalidade pela Covid-19 no DRS-Campinas e Engenheiro Coelho 

Além disso, Santa Bárbara d’Oeste, Jundiaí e Campinas continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 388,35, 363,37 e 343,85 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 343 mortes por 100 mil habitantes.  

Análise dos especialistas 

Dando continuidade ao que foi decretado pelo Governo do Estado no dia 07/07/2021, todos os Departamentos Regionais de Saúde continuam em fase de transição do Plano São Paulo que, segundo o Governo, deve garantir a retomada consciente e segura. As medidas atuais devem durar até o dia 31/07, quando será feita uma reavaliação por parte do Governo. A queda consecutiva do número de casos e mortes, em consequência da aceleração do Programa de Vacinação, permite expectativas positivas para a economia. O governador João Doria declarou que, no da 28/07, anunciará um novo pacote de flexibilizações9. Por enquanto, os estabelecimentos comerciais podem operar com 60% da capacidade máxima, entre 6h e 23h, não sendo permitida, a partir das 22h, a entrada de novos clientes. O toque de recolher está determinado entre 23h e 5h. É recomendado teletrabalho para atividades administrativas não essenciais e escalonamento de horários de entrada e saída dos funcionários.

Do ponto de vista da saúde, os dados da fundação SEADE10 revelam nova queda expressiva no número de novas internações no DRS-Campinas. Foram 1015 internações contra 1211 na semana anterior, uma queda de mais de 16%. Apesar de ainda em patamares elevados, os números seguem diminuindo, agora já próximos aos valores das primeiras semanas do ano de 2021. A pressão sobre o Sistema de Saúde começa a se aliviar. Mesmo com desmobilização de alguns leitos, houve redução nas taxas de ocupação. No dia 23/07 a ocupação dos leitos públicos de UTI-COVID era de 86%, enquanto nos leitos privados era de 78%, com média geral de 81,2% de ocupação no município, valor mais baixo desde o mês de fevereiro11.   

Em relação à campanha de vacinação, no dia 22/07, o município chegou a 51,13% da população imunizada com primeira dose e 17,9% da população completamente imunizada (2 doses ou dose única)12. Se a previsão de chegada de imunizantes se mantiver conforme cronograma divulgado pelo estado, muito provavelmente será possível contemplar com pelo menos uma dose todas as pessoas acima de 18 anos na data prevista de 20/08/2021. 

Notícias dos vizinhos Uruguai e Chile são bastante animadoras13. Ambos os países enfrentaram uma grande elevação de casos nos últimos meses, durante o andamento da campanha de imunização, sendo a Coronavac a principal vacina administrada nos dois países. Muita desinformação foi propagada no sentido de desmerecer tanto a vacinação de forma geral como essa vacina especificamente. Entretanto, agora, com os dois países chegando a mais de 60% da população totalmente imunizada, os casos diminuíram de forma bastante acentuada, indicando que a vacinação é, de fato, efetiva. A expectativa é que o mesmo ocorra por aqui, a despeito dos atrasos para aquisição e das atitudes absolutamente contraproducentes do governo federal com relação à imunização. Se o andamento da campanha fosse pelo menos próxima desses dois países sul-americanos, certamente muitas vidas teriam sido poupadas no Brasil. No dia 24/06, o Professor Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, afirmara que “entre 95 mil e 145 mil mortes foram causadas pela demora em comprar as vacinas”14

Do ponto de vista econômico e social, a taxa de desemprego brasileira do segundo trimestre ainda não foi divulgada – o último dado contabilizou uma taxa de desemprego recorde de 14,7% para o primeiro trimestre.  O saldo de empregos do CAGED, no entanto, tem-se mantido positivo (25,84 mil postos no acumulado do ano), na RMC, até abril/2021.  

 Os índices de atividade do IBGE mostram, para maio/2021, alta na indústria e no comércio de 1,4% para ambos os setores. Já para o comércio, houve crescimento de 1,2% no mesmo período. Os dados do setor externo da RMC continuam indicando que a economia regional segue recuperando-se, com crescimento de 60,9% das exportações e 15,8% das importações, em junho/2021.  Em relação ao emprego, os últimos dados da PNAD-Contínua, para os meses entre jan/2020 a mar/2021, estimam uma taxa de desocupação recorde no Brasil de 14,7% (alta de 0.3 pontos percentuais no trimestre), patamar que era de 10,5% na primeira semana de maio/2020. Na RMC, de acordo com dados do Observatório PUC-Campinas, a criação de novos postos de trabalho tem desacelerado desde abril, mas continua em alta. Destaca-se que há aumento significativo no pedido de seguros-desemprego na região. Isso se dá, porque, apesar dos saldos positivos, o número de desligados no município de Campinas cresceu 27,13% na comparação entre maio/2020 e maio/2021.  

Em relação aos preços, O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, continua em alta, atingindo 35,75% em 12 meses, em junho/2021.  Esse índice captura, também, aumentos nos custos de insumos que podem ser repassados para o consumidor final em algum momento. O IPCA acumulado de 12 meses atingiu 8,35% em junho/21, quando o centro da meta de inflação para o ano é de 3,75%.  A subida do IPCA foi puxada, sobretudo, pelo aumento da energia elétrica.  

Por fim, o avanço na vacinação, e a aparente melhora na capacidade de controle da crise sanitária, tem melhorado as expectativas de retomada para boa parte dos analistas. Atualmente, no DRS-Campinas, aproximadamente 54,5% da população receberam a primeira dose da vacina, enquanto 17,3% receberam a segunda dose ou a vacina de dose única. Reafirmamos, no entanto, que qualquer crescimento sustentado e de longo prazo, precisa ser acompanhando pelo crescimento efetivo do emprego e da renda.   

ANEXOS

[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro

[3] Graduanda em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Graduanda em Administração pela PUC-Campinas e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[6] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[7] Dados do Ministério da Saúde

[8] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[9] https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2021/07/26/doria-confirma-novas-flexibilizacoes-no-plano-sp-e-possibilidade-de-antecipar-segundas-doses-de-vacinas.ghtml

[10]  https://www.seade.gov.br/coronavirus/#

[11]  https://covid-19.campinas.sp.gov.br/epidemiologico/diario 

[12]  https://vacina.campinas.sp.gov.br/vacinas/covid-19 

[13] https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/chile-e-uruguai-comprovam-os-erros-dos-sommeliers-de-vacina.html 

[14] https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/06/29/brasil-covid-19-mortes-pedro-hallal.htm?cmpid=copiaecola


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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