COVID-19 na Região de Campinas

Informativo Covid-19 Campinas  – V2|N32|Semana 32 (08/08 a 14/08) 

Equipe:

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Jacqueline dos Santos Oliveira [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4] Beatriz Panciera [5] Giuliano Polli [6]

Até o dia 14/08, o Brasil notificou 20,3 milhões de casos e 568,7 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa absoluta média de 28,3 mil novos casos e 0,8 mil novas mortes por dia 7.

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 08/08 e encerrada em 14/08 – semana epidemiológica de número 32, no calendário das autoridades de saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana) 

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo.   

O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, da Grande São Paulo.  Até 14/08, foram notificados 470,6 mil casos e 13,6 mil mortes, no DRS-Campinas – letalidade de 2,91%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC8), foram 327,7 mil casos e 9,9 mil óbitos, até o momento – letalidade de 3,04%. Por fim, o município de Campinas registrou 106,5 mil casos até o momento, com 4,2 mil óbitos – letalidade de 3,96% — ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.  

Nesta semana, 12 dos 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos em relação ao número de novos casos no Estado de São Paulo da semana passada. As novas mortes apresentaram taxas decrescentes em 12 dos 17 departamentos do Estado. Em relação à semana anterior, o ritmo de avanço da pandemia continua desacelerando no DRS-Campinas, o número de novos casos continua diminuindo e o número de novas mortes permanece relativamente estável, como mostram a Tabela 1 e as Figuras 1 e 2.

Figura 1. Curva Epidemiológica Casos Região de Campinas 

Figura 2. Curva Epidemiológica Óbitos Região de Campinas 

Foram registrados, nesta semana, 7,9 mil casos no DRS-Campinas (variação de -8,76%, em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes casos, 5,1 mil foram registrados na RMC (var. -8,93%) e 1,6 mil em Campinas (var. -12,59%). Foram 211 mortes no DRS-Campinas (var. 2,43%, em relação às mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 137 ocorreram na RMC (var. -10,12%) e 65 em Campinas (var. 14,04%).

As Figuras 2 e 3 mostram os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes por municípios. 

Figura 3. Mapa de Casos da Covid-19 nos Municípios do DRS-Campinas e Engenheiro Coelho  

Neste momento, os municípios com maior incidência são Paulínia, Holambra e Santo Antônio de Posse, com 14.564,3, 13.779,0 e 13.703,0 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. É válido lembrar que a incidência é fortemente influenciada pela amplitude da testagem em cada município. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de incidência, no estado de São Paulo, com corte em 12.817 casos por 100 mil habitantes. 

Figura 4.  Mapa da Mortalidade pela Covid-19 no DRS-Campinas e Engenheiro Coelho 

Além disso, Santa Bárbara d’Oeste, Jundiaí e Campinas continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 407,4, 372,4 e 358,9 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 362 mortes por 100 mil habitantes.  

Análise dos especialistas

Dando continuidade ao que foi decretado pelo Governo do Estado no dia 07/07/2021, todos os departamentos regionais de saúde, que estavam em fase de transição do Plano São Paulo, passam a não ter mais restrições de horários e capacidade a partir do dia 17/08. No mês de julho, as regras de combate à pandemia já haviam sofrido consideráveis flexibilizações e, após seis semanas com tendências de queda nos números de casos e mortes por COVID-19, o mês de agosto dá seguimento às flexibilizações. Do dia 1o até 16/08, os estabelecimentos comerciais podem operar com 80% da capacidade máxima, entre as 6h e 24h, sendo que, a partir das 23h, a entrada de novos clientes já não é permitida. O toque de recolher, antes determinado entre as 23h e 5h, foi revogado. A partir do dia 17/08, portanto, não haverá mais restrições por parte do Governo do Estado, restando apenas utilização de álcool em gel e máscaras em ambientes públicos. Cabem às prefeituras dos municípios determinar qualquer regra ou restrição de acordo com as necessidades da região.

Do ponto de vista da saúde, dados da fundação SEADEdas últimas semanas apontam a estabilidade nos números do DRS-Campinas. As internações que vinham caindo de forma expressiva nas últimas semanas, agora permanecem estáveis. Foram 837 internações contra as mesmas 837 na semana anterior. Felizmente, a pressão sobre o sistema diminuiu em relação à semana anterior. No dia 13/08, a ocupação dos leitos públicos de UTI-COVID era de 72%, enquanto nos leitos privados era de 76%, com média geral de 73% de ocupação no município, valor mais baixo desde o fim do mês de novembro/202010.   

Em relação à campanha de vacinação, no dia 14/08, após um dia D direcionado para aplicação de 2ª dose, o município chegou a 62% da população imunizada com primeira dose e 27,3% da população completamente imunizada (2 doses ou dose única) 11. Cerca de 18% dos indivíduos acima de 18 anos ainda não receberam nenhuma dose de vacina. 

A despeito do avanço nas identificações da variante delta, inclusive com amostras positivas na região de Campinas12, o governo estadual segue avançando com as flexibilizações. Em anúncio oficial no dia 16/08, a Prefeitura de Campinas comunicou que seguirá as recomendações do estado13. Como bem reforçado na nota, aumenta a responsabilidade individual, uma vez que os estabelecimentos poderão operar com 100% de capacidade e sem limite de horário, o que muito possivelmente fará com que o risco de infecção nestes ambientes aumente, uma vez que permanecerá impossível haver ações mais contundentes de fiscalização.  

Em levantamento da Fundação Oswaldo Cruz, 39% das amostras sequenciadas do estado de São Paulo no mês de julho correspondem à variante delta14. São dados muito preocupantes, pois podemos vir a enfrentar situação semelhante à de outros países em algumas semanas.  

Portanto, o momento exige muita cautela. É inegável a sensação de normalidade que tais medidas trazem. Entretanto, a percepção de risco de nossa população em geral segue muito ruim e é necessária uma melhor compreensão das atividades de maior ou menor risco. Por exemplo, frequentar restaurante que possua um ambiente fechado e com pouca ventilação, neste momento, não é seguro, apesar da liberação oficial para essa atividade, uma vez que muitas pessoas (vacinadas, não vacinadas, com ou sem sintomas, contactantes ou não de casos suspeitos/confirmados) compartilharão o mesmo ar – que pode estar “contaminado” com o vírus, visto que todas sentadas às mesas estarão sem máscaras. Em ambientes fechados com pouca ventilação, o ideal é utilizar uma máscara N95/PFF2, pois é a única com capacidade de filtração para aerossóis, e permanecer no local pelo menor tempo possível. 

Do ponto de vista econômico e social, apesar de ainda positivos, os indicadores de atividade e de emprego dão sinais de desaceleração para economia regional e nacional. Preocupa o aumento dos preços num contexto ainda de elevada taxa de desemprego, e a ameaça da disseminação do variante delta no Brasil. No momento, a confiança e o desempenho das pequenas indústrias continuam positivos, ao mesmo tempo que o número de vacinados tem atingido patamares mais elevados.  

 O IBC-Br, uma prévia do PIB, teve alta de 0,12%, enquanto a alta do primeiro trimestre foi de 1,63%. Para os serviços, setor de atividade mais importante na RMC, os indicadores de atividade do IBGE apontam para alta de 1,7% em julho/2021, em comparação com o mês anterior. Porém, houve estagnação na atividade industrial – segundo setor mais importante para região – e queda de 1,7% na atividade do comércio. Apesar da desaceleração, o saldo do emprego ainda é bastante positivo na região, com 38,06 mil vagas até junho/2021, de acordo com os dados do novo Caged. O Índice de Desempenho das Pequenas Indústrias (IDPI – CNI) exibiu melhora tanto em relação ao primeiro como em relação ao segundo trimestre de 2021 – o índice atingiu 46,5 pontos no 2T/21, 43,9 no 1T/21 e 34,1 no 2T/20, quando os efeitos da crise sanitária se mostraram mais graves.  No entanto, o alto custo das matérias-primas prejudica a retomada deste segmento.  

Em relação aos preços, O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, continua em alta, atingindo 35,75% em 12 meses, em junho/2021. Esse índice captura, também, aumentos nos custos de insumos que podem ser repassados para o consumidor final em algum momento. O IPCA, acumulado de 12 meses, atingiu 8,35% em junho/21, quando o centro da meta de inflação para o ano é de 3,75%.  A subida do IPCA foi puxada, sobretudo, pelo aumento da energia elétrica, mas os alimentos, gás de cozinha e combustíveis continuam em alta, comprometendo a renda, sobretudo, dos mais pobres. O aumento recente da taxa básica de juros, para 5,25%, buscando conter o aumento dos preços, deve segurar ainda mais a recuperação da atividade econômica.  

Atualmente, no DRS-Campinas, aproximadamente 67,5% da população recebeu a primeira dose da vacina, enquanto 27,2% recebeu a segunda dose ou a vacina de dose única. A ameaça do variante delta, no entanto, já tem causado preocupações visíveis nos mercados financeiros, piorando as expectativas de crescimento da demanda por bens e serviços no mundo. 

ANEXOS

Covid-19 nos DRS-São Paulo


[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro

[3] Graduanda em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Graduanda em Administração pela PUC-Campinas e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[6] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[7] Dados do Ministério da Saúde

[8] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[9] – https://www.seade.gov.br/coronavirus/#

[10] – https://covid-19.campinas.sp.gov.br/epidemiologico/diario 

[11] – https://novo.campinas.sp.gov.br/noticia/41529

[12] –  https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2021/08/13/mogi-guacu-confirma-1o-caso-da-variante-delta-e-total-sobe-para-tres-na-regiao-de-campinas.ghtml

[13] –  https://novo.campinas.sp.gov.br/noticia/41537

[14] – http://www.genomahcov.fiocruz.br/dashboard/ 


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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