COVID-19 na Região de Campinas

Informativo Covid-19 Campinas  V2|N36|Semana 36 (05/09 a 11/09) 

Equipe:

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Jacqueline dos Santos Oliveira [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4] Beatriz Panciera [5] Giuliano Polli [6]

Até o dia 11/09, o Brasil notificou 20,9 milhões de casos e 586,5 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa absoluta média de 15,9 mil novos casos e 0,4 mil novas mortes por dia 7.

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 05/09 e encerrada em 11/09 – semana epidemiológica de número 36, no calendário das autoridades de saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana) 

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo.   

O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, da Grande São Paulo. Até 11/09, foram notificados 488,5 mil casos e 14,1 mil mortes, no DRS-Campinas – letalidade de 2,91%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC8), foram 339,7 mil casos e 10,3 mil óbitos, até o momento – letalidade de 3,06%. Por fim, o município de Campinas registrou 111,1 mil casos até o momento, com 4,4 mil óbitos – letalidade de 3,97% — ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.  

Nestas duas semanas, 17 dos 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos em relação ao número de novos casos no Estado de São Paulo da quinzena passada. As novas mortes apresentaram taxas decrescentes em 13 dos 17 departamentos do Estado. Em relação à semana anterior, o ritmo de avanço da pandemia continua desacelerando no DRS-Campinas, o número de novos casos e de novas mortes seguem diminuindo, como mostram a Tabela 1 e as Figuras 1 e 2.

Figura 1. Curva Epidemiológica Casos Região de Campinas 

Figura 2. Curva Epidemiológica Óbitos Região de Campinas 

Foram registrados, nesta semana, 1,5 mil casos no DRS-Campinas (variação de -69,60%, em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes casos, 1,2 mil foram registrados na RMC (var. -62,81%) e 0,5 mil em Campinas (var. -55,85%). Foram 100 mortes no DRS-Campinas (var. -15,97%, em relação às mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 83 ocorreram na RMC (var. -8,79%) e 35 em Campinas (var. -32,69%).

As Figuras 2 e 3 mostram os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes por municípios. 

Figura 3. Mapa de Casos da Covid-19 nos Municípios do DRS-Campinas e Engenheiro Coelho  

Neste momento, os municípios com maior incidência são Paulínia, Holambra e Santo Antônio de Posse, com 14.856,6, 14.220,6 e 13.891,1 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. É válido lembrar que a incidência é fortemente influenciada pela amplitude da testagem em cada município. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de incidência, no estado de São Paulo, com corte em 13.199 casos por 100 mil habitantes.

Figura 4.  Mapa da Mortalidade pela Covid-19 no DRS-Campinas e Engenheiro Coelho 

Além disso, Santa Bárbara d’Oeste, Jundiaí e Campinas continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 418,0, 380,3 e 375,4 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 376 mortes por 100 mil habitantes.  

Análise dos especialistas

Dando continuidade ao que foi decretado pelo Governo do Estado no dia 07/07/2021, todos os departamentos regionais de saúde não têm mais restrições de horários e capacidade desde o dia 17/08. É a quinta semana em que, por parte do Governo do Estado, restam apenas as regras do protocolo de higienização, utilização de máscaras e distanciamento de, no mínimo, 1 metro em ambientes públicos. Eventos com público em pé, como shows e torcidas em estádios, estão previstos para retorno no mês de novembro. Cabem às prefeituras dos municípios determinar qualquer regra ou restrição de acordo com as necessidades da região, como 6 das 7 cidades que compõem o ABC paulista9, que não flexibilizaram totalmente, adiando novamente para o dia 30/09.

Do ponto de vista da saúde, dados da fundação SEADE10 evidenciaram queda de 5,9% nas novas internações em UTI-COVID no DRS-Campinas na última semana. Foram 448 internações contra 476 na semana anterior. Felizmente, a pressão sobre o sistema de saúde de Campinas segue em diminuição. No dia 03/09, a ocupação dos leitos de UTI-COVID na cidade era de 59,2%11.   

Em relação à campanha de vacinação, no dia 08/09, o município chegou a 67,4% da população imunizada com primeira dose e 41,9% da população completamente imunizada (2 doses ou dose única). Cerca de 11% dos indivíduos acima de 18 anos ainda não receberam nenhuma dose de vacina12

Apesar do cenário favorável desenhado pelos números da evolução da pandemia na região, a variante segue se espalhando por todo o Brasil. De acordo com a Rede Genômica Fiocruz13, dados atualizados em 08/09 apontam que 62% das últimas amostras sequenciadas no Brasil correspondem à variante delta. No estado de São Paulo, 79% das amostras sequenciadas no mês de agosto correspondem a essa variante. No mês de julho, esse número foi de 37%. 

Os dados do Estado de São Paulo e, sobretudo, da Grande São Paulo apontam para uma tendência de estabilidade ou até de aumento nas internações, uma vez que registraram aumentos de 0,4 e 10,1%, respectivamente, nas novas internações nesta última semana. É importante observar a direção dos números nesta semana atual para verificar se esta tendência será mantida. 

Veremos, portanto, se eventualmente houver uma piora nos indicadores, qual será a postura do governo estadual. Se continuará fazendo uma aposta quase total no avanço da vacinação (sob o risco constante de desabastecimento pelo Ministério da Saúde14) ou se fará algum movimento no sentido de retomar alguma medida restritiva para tentar informar à população que a pandemia não acabou. O cálculo deve sempre levar em conta que erros de estratégia podem, em último caso, resultar em internações e mortes evitáveis. 

Do ponto de vista econômico e social, os indicadores de atividade e de emprego dão sinais de desaceleração para economia regional e nacional, embora o Índice de Confiança da Indústria (ICEI/CNI), até agosto, mostre que a confiança dos empresários da indústria se mantém em alta para a maioria dos segmentos industriais. Preocupa, no entanto, o aumento dos preços num contexto ainda de elevada taxa de desemprego e a ameaça da disseminação da variante delta no Brasil e nos principais parceiros comerciais regionais – Argentina, Estados Unidos e China. Este último é especialmente importante como fornecedor de insumos industriais. Por fim, a crise política e institucional ameaça a recuperação econômica, mesmo num contexto sanitário menos desfavorável.  

No Departamento Regional de Saúde de Campinas, 76,2% da população recebeu a primeira dose e 45,2% completou o processo de vacinação. Esses dados trazem alguma esperança para o mercado, embora especialistas da saúde mantenham o alerta em relação ao controle da crise sanitária.

 O PIB paulista cresceu 0,5% no 2 T/2021, na comparação como PIB do 1 T/2021, de acordo com o Seade. O PIB industrial cresceu 20% e o PIB de serviços 13,3%, em relação ao 2T/2020. É esperado que a economia da RMC tenha tido resultados também positivos.  Apesar da desaceleração, o saldo do emprego ainda é bastante positivo na região, com 46 725 mil postos criados até julho/2021, de acordo com os dados do novo Caged. No entanto, movimentos de substituição de mão de obra mais cara por mais barata, com viés para empregados mais jovens e com menor nível de escolaridade, tem tido efeitos negativos nos salários, afetando ainda mais o poder de compra das famílias.  

Com o PIB em queda de -0,1% no primeiro trimestre, a economia brasileira dá sinais para uma situação de estagflação, isto é, estagnação econômica, ao mesmo tempo que se verificam altos índices de inflação. Os dados mais recentes do Índice de Confiança da Indústria (ICEI/CNI) mostram que, até agosto, os empresários da indústria mantinham índices elevados de positividade em relação à economia nacional. No entanto, a formação bruta de capital fixo, uma medida para o investimento das empresas em capacidade produtiva, caiu -3,6% em relação ao primeiro trimestre.  

Em relação aos preços, O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, continua em alta, apesar de ter desacelerado, atingindo 31,12% em 12 meses, em agosto/2021.  O IPCA, acumulado de 12 meses, atingiu 8,99% em julho/21, quando o centro da meta de inflação para o ano é de 3,75%.  A subida do IPCA foi puxada, sobretudo, pelo aumento da energia elétrica, mas os alimentos, gás de cozinha e combustíveis continuam em alta, comprometendo a renda, sobretudo, dos mais pobres. Trata-se de uma inflação típica de oferta, causada pela alta do dólar, escassez de insumos industriais e crise hídrica no Brasil. Infelizmente, o cenário não deve melhorar até o final deste ano, com previsão de IPCA em 8,0% para 2021. O aumento recente da taxa básica de juros, para 5,25%, buscando conter o aumento dos preços, deve segurar ainda mais a recuperação da atividade econômica.  

[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro

[3] Graduanda em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Graduanda em Administração pela PUC-Campinas e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[6] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[7] Dados do Ministério da Saúde

[8] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[9] – https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/09/10/cidades-do-abc-prorrogam-restricoes-ao-comercio-ate-30-de-setembro-e-decidem-usar-vacina-que-estiver-disponivel-para-dose-de-reforco.ghtml

[10] – https://www.seade.gov.br/coronavirus/#

[11] – https://covid-19.campinas.sp.gov.br/epidemiologico/diario 

[12] – https://vacina.campinas.sp.gov.br/vacinas/covid-19 

[13] – http://www.genomahcov.fiocruz.br/dashboard/

[14] – https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-09/sao-paulo-tem-falta-de-vacinas-da-astrazeneca-para-segunda-dose


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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