COVID-19 na Região de Campinas

Informativo Covid-19 Campinas  V2|N38|Semana 38 (19/09 a 25/09) 

Equipe:

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Jacqueline dos Santos Oliveira [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4] Beatriz Panciera [5] Giuliano Polli [6]

Até o dia 25/09, o Brasil notificou 21,3 milhões de casos e 594,4 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa absoluta média de 16,1 mil novos casos e 0,5 mil novas mortes por dia 7.

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 19/09 e encerrada em 25/09 – semana epidemiológica de número 38, no calendário das autoridades de saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana)

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo.   

O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, da Grande São Paulo.  Até 25/09, foram notificados 496,1 mil casos e 14,4 mil mortes, no DRS-Campinas – letalidade de 2,91%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC8), foram 344,8 mil casos e 10,5 mil óbitos, até o momento – letalidade de 3,06%. Por fim, o município de Campinas registrou 112,8 mil casos até o momento, com 4,4 mil óbitos – letalidade de 3,96% — ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.  

Nestas duas semanas, todos os 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos em relação ao número de novos casos no Estado de São Paulo da quinzena passada. As novas mortes apresentaram taxas decrescentes em 9 dos 17 departamentos do Estado. Em relação à semana anterior, o ritmo de avanço da pandemia continua desacelerando no DRS-Campinas, de modo que o número de novos casos e de novas mortes segue diminuindo, como mostram a Tabela 1 e as Figuras 1 e 2.

Figura 1. Curva Epidemiológica Casos Região de Campinas 

Figura 2. Curva Epidemiológica Óbitos Região de Campinas 

Foram registrados, nesta semana, 1,7 mil casos no DRS-Campinas (variação de -73,75%, em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes, 1,3 mil casos foram registrados na RMC (var. -65,37%) e 0,5 mil casos em Campinas (var. -48,99%). Foram 100 mortes no DRS-Campinas (var. -15,25%, em relação às mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 68 ocorreram na RMC (var. -38,85%) e 25 em Campinas (var. -24,24%).

Os resultados das variações no número de casos da semana 37 para 38 podem ser imprecisos devido a um possível represamento de dados. Na Figura 1, é possível observar uma queda abrupta no número de casos e um comportamento anormal nas semanas 36, 37 e 38.

As Figuras 2 e 3 mostram os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes por municípios. 

Figura 3. Mapa de Casos da Covid-19 nos Municípios do DRS-Campinas e Engenheiro Coelho  

Neste momento, os municípios com maior incidência são Paulínia, Holambra e Piracaia, com 14.906,1, 14.344,8 e 13.839,5 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. É válido lembrar que a incidência é fortemente influenciada pela amplitude da testagem em cada município. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de incidência, no estado de São Paulo, com corte em 13.412 casos por 100 mil habitantes. 

Figura 4.  Mapa da Mortalidade pela Covid-19 no DRS-Campinas e Engenheiro Coelho 

Além disso, Santa Bárbara d’Oeste, Jundiaí e Campinas continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 423,3, 384,2 e 380,3 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 381 mortes por 100 mil habitantes.  

Análise dos especialistas

Dando continuidade ao que foi decretado pelo Governo do Estado no dia 07/07/2021, todos os departamentos regionais de saúde não têm mais restrições de horários e capacidade desde o dia 17/08. É a sétima semana em que, por parte do Governo do Estado, restam apenas as regras do protocolo de higienização, utilização de máscaras e distanciamento de, no mínimo, 1 metro em ambientes públicos. Eventos com público em pé, como shows e torcidas em estádios, estão previstos para retorno no mês de novembro. Cabem às prefeituras dos municípios determinar qualquer regra ou restrição de acordo com as necessidades da região.

Do ponto de vista da saúde, os dados da fundação SEADE9 evidenciaram queda de 9,6% nas novas internações em UTI COVID no DRS-Campinas na última semana. Foram 414 internações contra 458 na semana anterior. Felizmente, a pressão sobre o sistema de saúde de Campinas segue em diminuição. O número total de pacientes internados em UTI segue em queda, ainda que tenha havido aumento de ocupação devido à desmobilização de leitos-COVID10.   

Em relação à campanha de vacinação, no dia 21/0911, o município chegou a 91,5% da população adulta imunizada com pelo menos uma dose e 68,5% da população adulta completamente imunizada (2 doses ou dose única). Na contagem total, 50,4% da população está imunizada, o que coloca a cidade em uma posição de destaque no cenário nacional12

Apesar do cenário favorável desenhado pelos números da evolução da pandemia na região, a variante segue se espalhando por todo o Brasil. De acordo com a Rede Genômica Fiocruz13, dados atualizados em 21/09 apontam que 74% das últimas amostras sequenciadas no Brasil correspondem à variante delta. No estado de São Paulo, 99% das amostras sequenciadas em setembro, até 21/09, correspondem a essa variante. No mês de agosto, esse número foi de 79% e em julho 37%. 

Na semana 37, os números haviam indicado até um pequeno aumento no número de novas internações, mas nesta última semana os dados voltaram a apontar quedas significativas. É possível que o avanço da vacinação nos últimos meses e o grande número de indivíduos com pelo menos uma infecção prévia amenize o impacto da variante Delta no Brasil, mas até que ocorra uma redução expressiva da circulação do vírus, ainda é necessária a manutenção de todas as medidas não farmacológicas. 

Do ponto de vista econômico e social, os indicadores de atividade, de emprego e de inflação dão sinais de estagnação para a economia nacional, o que deve afetar a economia regional. O Índice de Confiança da Indústria (Icei/CNI) caiu em setembro/2021, mas continua acima da média histórica. Preocupa, no entanto, o aumento dos preços num contexto ainda de elevada taxa de desemprego, e a ameaça da disseminação de novas variantes no Brasil e nos principais parceiros comerciais regionais – Argentina, Estados Unidos e China, esta última especialmente importante como fornecedora de insumos industriais.  

No Departamento Regional de Saúde de Campinas, 79,8% da população recebeu a primeira dose e 56,1% completou o processo de vacinação. Esses dados trazem alguma esperança para o mercado, embora especialistas da área de saúde mantenham o alerta em relação ao controle da crise sanitária.  

O PIB paulista cresceu 0,5% no 2T/2021, na comparação com o PIB do 1T/2021, de acordo com o Seade. O PIB industrial cresceu 20% e o PIB de serviços 13,3%, em relação ao 2T/2020. É esperado que a economia da RMC tenha tido resultados também positivos. Apesar da desaceleração, o saldo do emprego ainda é bastante positivo na região, com 46.725 mil postos criados até julho/2021, de acordo com os dados do novo Caged. No entanto, movimentos de substituição de mão de obra mais cara por mais barata, com viés para empregados mais jovens e com menor nível de escolaridade, têm tido efeitos negativos na massa salarial, afetando ainda mais o poder de compra das famílias.  

Com o PIB nacional em queda de -0,1% no segundo trimestre de 2021, a economia brasileira dá sinais para uma situação de estagflação, isto é, estagnação econômica ao mesmo tempo em que se verifica altos índices de inflação. Destaca-se a formação bruta de capital fixo, uma medida para o investimento das empresas em capacidade produtiva, que caiu -3,6% em relação ao primeiro trimestre.  

O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) continua em alta, apesar de ter desacelerado, atingindo 31,12% em 12 meses, em agosto/2021.  O IPCA, acumulado de 12 meses, atingiu 9,68% em agosto/21, quando o centro da meta de inflação para o ano é de 3,75%.  A subida do IPCA foi puxada, sobretudo, pelo aumento da energia elétrica, mas os alimentos, gás de cozinha e combustíveis continuam em alta, comprometendo o consumo, sobretudo, dos mais pobres. Trata-se de uma inflação típica de oferta, causada pela alta do dólar, escassez de insumos industriais e crise hídrica no Brasil. Infelizmente, o cenário não deve melhorar até o final deste ano, com previsão de fechamento do IPCA em 8,0% para 2021. O aumento recente da taxa básica de juros, para 6,25%, buscando conter o aumento dos preços, deve segurar ainda mais a recuperação da atividade econômica nacional e regional.

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[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro

[3] Graduanda em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Graduanda em Administração pela PUC-Campinas e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[6] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[7] Dados do Ministério da Saúde

[8] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[9] – https://www.seade.gov.br/coronavirus/# 

[10] – https://covid-19.campinas.sp.gov.br/epidemiologico/diario

[11] – https://vacina.campinas.sp.gov.br/vacinas/covid-19

[12] – https://novo.campinas.sp.gov.br/noticia/41924

[13] – http://www.genomahcov.fiocruz.br/dashboard/


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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