Panorama da desigualdade global

 

Dr. Cristiano Monteiro da Silva

Docente extensionista

Julho 2022

 

Lista de gráficos

  

Gráfico 1 – Taxa de dependência de Jovens (2020)……………………………………11

Gráfico 2 – Taxa de dependência de Idosos (2020)…………………………………..12

Gráfico 3 – FBCF (% PIB ) – 2020……………………………………………………………15

Gráfico 4  – Renda nacional bruta (US$ atual) – 2020………………………………..16

Gráfico  5 –  PIB per capita (US$ atuais) – 2020………………………………………..17

Gráfico 6 – Concessão de crédito ao setor privado pelos bancos (% PIB)……..18

Gráfico 7 – Desemprego total (% da força de trabalho) – 2020…………………….19

Gráfico 8 – Emprego vulnerável (% do emprego total) -2020……………………….20

Gráfico 9 –   Investimento direto estrangeiro, líquido (US$ atual) – 2020……….21

Gráfico 10 – Exportações de alta tecnologia como % das exportações de manufaturados 2020 …………………………22

Gráfico 11 – Prevalência de desnutrição (% da população) – 2020………………24

Gráfico 12 – Pessoas que moram em favelas (% população urbana) – 2020 …………………25

Gráfico 13 – Causa morte por lesão (% total) – 2020………………………………….26

Gráfico 14 – Taxa de mortalidade menores de 5 anos (1000 nascidos vivos) -2020 ……………………………………..27

Gráfico 15 – Pessoas que usam saneamento (% população total) – 2020 ………………………………….28

Gráfico 16 – Acesso a eletricidade (% população) – 2020……………………………29

Gráfico 17 – Indivíduos que usam internet (% população) – 2020…………………30

Gráfico 18 – Crianças fora da escola (% idade em escola primária) –2020 ………………………………..31

Gráfico 19 – Adolescentes fora escola (% idade escolar) – 2020………………….31

Gráfico 20 –  Despesas do governo em educação, total (% do PIB), (2019)…..33

Gráfico 21- Despesas com saúde (%PIB) – 2019………………………………………34

Gráfico 22 – Despesas domésticas com saúde do governo geral per capita (US$ atuais) – 2020 ………….34

Gráfico 23 – Área florestal (% área terrestre) – 2020…………………………………..36

Gráfico 24 – Quantidade de espécies de peixes ameaçadas (2018)…………….37

Gráfico 25 – Quantidade de espécies de plantas ameaçadas (2018)……………38

Gráfico 26 – Retiradas anuais de água doce, agricultura (% de retirada total de água doce) – 2017 …………….38

Gráfico 27 – Retiradas anuais de água doce, indústria (% de retirada total de água doce) – 2017 …………40

Gráfico 28 – Retiradas anuais de água doce, fins domésticos (% de retirada total de água doce) – 2017 ……………..41

 

 

Introdução

 

A etapa da Globalização provocou mudanças substanciais nos processos estratégicos pertinentes das formas de internalização dos países. Este trabalho destaca os aspectos da centralidade de poder envolta das cadeias produtivas e o crescimento significativo das transações econômicas internacionais, neste caso, por meio da elevação dos fluxos internacionais de capitais e relações comerciais externas, bem como as transferências internacionais de tecnologias, sobretudo, os eventos associados ao mundo asiático. Sem dúvida, esta nova condição sistêmica alterou relações sociais, políticas, econômicas e ambientais no plano mundial. O esforço analítico que se distancia dos nexos aparentes, logo chega à apreensão que essas mencionadas alterações qualitativas mexeram nas formas da desigualdade global.

A leitura panorâmica da desigualdade global, tal como se pretende mostrar neste trabalho, adverte que as emergentes formas agravadas da vida social não se explicam apenas pela condição cíclica sistêmica. O mundo vivencia alterações substanciais nos distintos aspectos da sociabilidade humana, peculiarmente, os problemas sociais da produção e distribuição da riqueza, a redução dos investimentos destinados à proteção social, o desemprego e o emprego vulnerável, ademais que a condição climática expõe os agravos decorrentes do aumento da temperatura global, a escassez hídrica, a desertificação do solo, entre outros elementos da crise climática. A estrutura desigual e dinâmica do sistema mundial se faz sentir no plano do viver social dos países.

O fluxo internacional de capitais intercedeu a expansão das relações de produção e consumo para os países localizados na periferia do sistema mundial. A fenomenologia deste processo é constatada nos fatores das capacidades produtiva, comercial, monetária e geopolítica que o mundo asiático, especialmente, a liderança da China, passou a ocupar nesses novos tempos. Entretanto, por conta desta nova condição sistêmica mundial, os processos estratégicos pertinentes as formas de internacionalização dos países assumiram a construção de produtividades do trabalho social que se fundamentam no uso descontrolado de recursos naturais, novas formas de fornecimento e circulação de bens e serviços, empregabilidade precária, enfim, diversas formas de produtividade do trabalho que viabilizam a competividade internacional dos produtos e os padrões de consumo ofertados pelo que se reconhece na centralidade das cadeias produtivas.

As relações comerciais externas também refletem a centralidade das atividades produtivas. À primeira vista, por conta desta nova realidade sistêmica mundial, o crescimento significativo do comércio exterior se conecta com um nível relativamente baixo de elasticidades do emprego e da renda. A economia política dos países comprova uma dinâmica social cada vez mais agravante para a empregabilidade e o poder aquisitivo das famílias e pessoas. Em suma, diz-se que os nexos entre o processo complexo da internacionalização baseada em trocas comerciais e o desempenho macroeconômico dos países, desde as últimas décadas, aparecem com novos parâmetros para a agenda do desenvolvimento social.

Os novos traços desta etapa do sistema mundial, que se manifestam como baixo desempenho macroeconômico do produto, emprego e renda no plano dos países, sobretudo, nos países que consolidaram uma dinâmica sistêmica sustentada pelos setores produtivos intensivos em capitais, acabam se associando aos outros elementos agravantes do viver social. Por exemplo, a estrutura etária da população de muitos países está caminhando para a fase típica do envelhecimento humano, em outras palavras, a situação social que combina declínios das taxas de natalidade, fecundidade e crescimento populacional com aumentos da expectativa de vida das pessoas e a alta da razão de dependência dos idosos. Sendo assim, a análise preditiva proporciona a compreensão que o processo social desses países anuncia dificuldades para que os jovens se apropriem daquilo que o excedente econômico, se for bem distribuído, pode assegurar a pessoa que enfrenta os desafios da vida social, concomitante, aponta para o crescimento dos agravos das condições viventes da população idosa, neste caso, pelo fato de não estar assistida socialmente.

Cabe acrescentar que essa nova realidade mundial, ou seja, os nexos entre as formas de internacionalização dos países e o desempenho fraco da macroeconomia do produto, emprego e renda no plano dos países, os tipos de produtividade do trabalho e sociabilidade humana que são influenciadas por este modelo de internacionalização, enfim, esses e outros fatores sistêmicos aparecem correlacionados com os saltos qualitativos agravantes das condições climáticas no mundo. As sociedades estão vivenciando os problemas decorrentes da elevação das emissões de CO2, destruição das florestas, uso descontrolado dos recursos hídricos, aumento da temperatura média global, enfim, os muitos agravos da situação climática que impacta as distintas formas de vida.

A Globalização também potencializou a concentração financeira, em poder dos países estabelecidos na liderança do sistema mundial. Convém observar que este quadro de forças promove um fluxo monetário internacional que se constitui por uma lógica curto prazista, atentada para os lucros rápidos. Diga-se de passagem, este processo social, atribuído como a “financeirização”, também se relaciona com o excedente econômico derivado das atividades produtivas de alto valor.

Em síntese, as novas relações constitutivas do sistema mundial, sobretudo, os elos entre o atual quadro de forças do poder e as formas assumidas para o conduto das transações econômicas internacionais, exponenciam fenômenos críticos para a sociabilidade humana. Nota-se que este processo sistêmico incorpora uma centralidade de poder que alimenta um ordenamento moral marcado pelo “individualismo egoísta”, deste modo, impulsiona um sistema social desigual, que potencializa a “injustiça distributiva”, o que, por sua vez, implica em tipos específicos de interações sociais, políticas, econômicas, culturais e jurídicas que funcionam a semelhança dos agrupamentos que compõem a estrutura dominante deste sistema mundial.

A temporalidade da Globalização ensina que este quadro de forças do poder decisório das relações internacionais precisaria elevar os seus olhares conscientes, caminhando para soluções estratégicas que possam reconfigurar a estrutura desigual e dinâmica deste sistema mundial, que tanto concentra as mediações tecnológicas, recursos naturais, interações humanas e formas de geração do valor para as sociedades.

O poder decisório envolta dos caminhos estratégicos para a sociabilidade humana tem que assumir soluções inovativas que possam ser aplicadas no âmbito dos países, especialmente, em países localizados na periferia do sistema mundial, assegurando o desenvolvimento de projetos alinhados com a ecologia integral, desta maneira, viabilizando as transformações sociais, políticas, econômicas, tecnológicas, ambientais, culturais e jurídicas que o mundo tanto precisa.

Contudo, este plano estratégico não pode se valer apenas da construção de estruturas sociais que sejam compatíveis com aquilo que se pretende para a próxima etapa da acumulação individual. O processo complexo das soluções inovativas não pode ser unicamente substanciado pelos fatores da centralidade do atual quadro de forças do sistema mundial. A estratégia tem que levar em conta as novas formas de valor surgidas nesta temporalidade da Globalização, por exemplo, o que se nota em torno do crescimento das inúmeras formas de serviços intensivos em conhecimentos e tecnologias de informação, pois essas são capacidades de serviços que mostram o alto valor para a seguridade das famílias e pessoas, assegurando a interação humana baseada na exponenciação da subsidiariedade social, a ser constituída pelas novas formas tecnológicas, sociais, políticas, econômicas e ambientais, em pleno respeito a solidariedade e o bem comum.

O objetivo central deste trabalho é promover uma leitura panorâmica da situação mundial que evidencia as marcas das desigualdades características da injustiça distributiva, no sentido de contribuir com os esforços reflexivo e crítico preocupados com questões sociais, políticas, econômicas, ambientais, culturais e jurídicas desta temporalidade histórica, bem como promover uma leitura dos significados e sentidos da sociabilidade pautada pela solidariedade e o bem comum.

A abordagem metodológica se preocupa com a principal tarefa que abarca a escolha dos parâmetros adequados para a finalidade exposta neste trabalho analítico, em outros termos, os parâmetros que são acertados para a arquitetura de dados, perfeitamente correlacionada com os problemas complexos derivados do conceitual de injustiça distributiva que se apoia em fatores sociais, políticos, econômicos, tecnológicos, ambientais, culturais e jurídicos.

Convém-se notar que muitas autorias se distanciam do problema social da injustiça distributiva em si, devido ao erro metodológico que esquece de apreciar as particularidades das distintas dimensões deste processo social complexo, ou seja, os limites dessas pretensas análises estão na proposição lógica que se apoia em atributos abstratos, ficando longe do que realmente se vê na composição dos problemas sociais.

A literatura exponencia inventos metodológicos que asseguram apreensões das particularidades das formas da desigualdade global. Por exemplo, os adventos dos bancos de dados promovidos pelas instituições nacionais e internacionais. Diante deste contexto, o desafio analítico passa por esforços reflexivos e críticos que capturam corretamente as formas originárias e o processo contraditório do problema da desigualdade global.

O procedimento metodológico, admitido neste trabalho analítico, baseia-se na mineração de dados preocupada com uma população que gira em torno de 180 países participantes do sistema mundial. Sendo assim, o procedimento metodológico assume o parâmetro da proporcionalidade que abrange 27 atributos marcantes do atual padrão distributivo. Desta maneira, este esforço analítico vai alcançando a leitura de cada variável, por exemplo, as dimensões da distribuição que se manifestam no processo econômico, novos traços do viver social de agrupamentos, famílias e pessoas, formas de apropriação dos recursos ambientais, decisões do processo distributivo comandado pelo Estado, construindo noções da injustiça distributiva no plano do sistema mundial. Por último, convém-se destacar que este nível de inferência abre possibilidades para a construção de saberes prescritivos do processo aleatório envolta das questões da injustiça distributiva no plano mundial.

A primeira parte deste trabalho cuida do analítico de indicadores demográficos, considerando o temático da estrutura etária da população dos países, por meio do exploratório dos indicadores conhecidos como razão de dependência de jovens e idosos, assim, promove-se noções dos sentidos da sociabilidade dos países. A segunda parte é dedicada a leitura do parâmetro das proporções das distintivas formas de agravos do viver social, peculiarmente, os indicadores do processo distributivo associado aos investimentos, renda, empregos, saúde, segurança, tecnologias etc. Sequencialmente, a leitura dos fatores expostos na reconfiguração da centralidade do Estado envolta da seguridade social. A leitura das questões ambientais é alcançada por indiciadores que permitem reflexões sobre as necessárias alianças entre a sociabilidade humana e as distintas formas de vida. As considerações finais são substanciadas por leituras sobre este nível de aprendizado das injustiças distributivas prevalentes no plano do sistema mundial, bem como a apreensão das noções fundamentais dos possíveis sentidos de uma sociabilidade humana pautada pela justiça distributiva e a valoração da seguridade social.

 

 

 

  1. Indicadores da desigualdade global

 

Este trabalho promove uma leitura panorâmica baseada em alguns indicadores da desigualdade no plano dos países. Os olhares são direcionados para os indicadores que apoiam a apreensão da categoria analítica da injustiça distributiva. O caminho analítico da injustiça distributiva leva em conta os aspectos contraditórios da economia política, os nexos entre o viver social e os recursos naturais, as condições de vulnerabilidade das famílias e pessoas, enfim, a visão sistêmica deste enorme problema da contemporaneidade das relações internacionais.

 

1.1 Estrutura etária da população 

 

Os países vivenciam uma estrutura etária da população marcada pelo envelhecimento humano. Esta estrutura pode ser reconhecida por meio de um plano analítico dos indicadores demográficos, por exemplo, a queda nas taxas de natalidade e fecundidade, sendo associadas ao aumento da expectativa de vida das pessoas e a razão de dependência dos agrupamentos sociais, neste último caso, os jovens e os idosos, entre outros indicadores expressivos do viver social.

O primeiro gráfico elucida a mencionada condição da estrutura etária da população dos países, por meio do indicador razão de dependência de jovens. O eixo horizontal enquadra a faixa do número de pessoas jovens. Por exemplo, a primeira coluna mostra que por volta de 62 países assumem a faixa entre 16 e 29 pessoas jovens perante a população adulta, depois, a segunda faixa, que reúne 44 países, mostra a faixa entre 29 e 42 jovens. Portanto, a maior parte dos países do sistema mundial vivencia uma participação baixa de jovens na estrutura etária da população.

Diga-se de passagem, muitos países economicamente desenvolvidos estão posicionados na relação entre 30 jovens para cada 100 pessoas adultas. Por outro lado, os países com menor nível de desenvolvimento econômico vivenciam uma razão de dependência dos jovens que ultrapassa esta medida, sendo que, em alguns casos, este indicador situa-se acima de 50 jovens. À primeira vista, o viver social dos países economicamente desenvolvidos parece exercer uma situação minimamente confusa com a sociabilidade que se preocupa com os nascimentos e a participação expressiva dos jovens.

 

Gráfico 1 – Taxa de dependência de Jovens (2020)

Fonte: World Bank (2022)

 

A baixa participação de jovens na estrutura etária implica em elevação da razão de dependência dos idosos. O gráfico 2 mostra que muitos países vivenciam o social com expressiva participação dos idosos. Este fato permite a construção de duas noções relevantes. A primeira noção é que este indicador da razão de dependência dos idosos, no ano de 2020, já se manifesta alto, sendo assim, possivelmente, o envelhecimento será a marca da estrutura etária da população dos países no próximo período. Além disso, a noção de que a nova condição etária da população, caso se sustente a alta da razão de dependência dos idosos, exigirá novas demandas da vida social urbana, isto é, as demandas associadas a cultura, educação, saúde, lazer, esporte, segurança, emprego, renda etc. Sem dúvida, muitos países conhecerão esses novos desafios do viver social urbano.

 

Gráfico 2 – Taxa de dependência dos Idosos (2020)

Fonte: World Bank (2022)

A leitura panorâmica desses aspectos da estrutura etária da população dos países, sendo constrastada com o nível de centralidade do poder sobre o padrão distributivo do sistema mundial, abre espaços para uma terceira noção analítica, segundo a qual o próximo período vai estar marcado por novas dispustas pelos excedentes econômicos dos países localizados na periferia do sistema mundial, como forma de sustentar as novas demandas do viver social urbano, especialmente, no plano dos países centrais, ou seja, o caminho que provavelmente acentuará a estrutura desigual e dinãmica do sistema mundial.

Este trabalho analítico é provocativo para o desafio estratégico de um novo padrão distributivo mundial, que seja constituído por relações justas nas dimensões sociais, econômicas, ambientais, culturais, jurídicas, enfim, a essencialidade da justiça distributiva, capaz de alcances viáveis para o conjunto do viver social urbano no plano dos países. Os sentidos do que seria o novo padrão distributivo, nos termos levantado neste trabalho, poderia ser prescritivo de relações internacionais dignas do aperfeiçoamento do viver social, ou seja, o construtivo da sociabilidade pautada pela solidariedade e o bem comum.

 

1.2 Economia política  

 

Os novos traços da economia política internacional são observáveis nas formas originárias da situação do baixo desempenho macroeconômico do produto, emprego e renda no plano dos países. O crescimento econômico médio mundial encontra-se em patamares muito baixos. O debate teórico sobre as relações originárias deste problema complexo é assumido por muitas autorias do conhecimento científico. Este trabalho posiciona-se com a ideia principal que este problema está relacionado com a centralidade do quadro de forças do sistema mundial, implicando no processo estratégico que se distancia cada vez mais das atividades produtivas que são constitutivas das relações sociais com potenciais distributivos da riqueza.

O gráfico 3 expõe um indicador muito importante da dinâmica macroeconômica dos países participantes do sistema mundial, que apoia a leitura do que foi exposto no parágrafo anterior. O que se lê na parte de cima das colunas é o número de países. O eixo x mostra a faixa das taxas de investimentos desses países. A densidade deste indicador aparece na faixa percentual que se distribui entre 15 e 25%. Os países da América Latina e da África situam-se com taxa de investimentos abaixo de 20%. Diga-se de passagem, este é um comportamento que segue desde os anos 2000. O patamar de 20 a 30% aglutina os países da Europa e da Ásia. O patamar mais alto, acima de 30%, aparece em poucos países, por exemplo, a China, a Coreia do Sul e outros países asiáticos. Enfim, o processo dos investimentos sustentam taxas desfavoráveis ao bom desempenho da macroeconomia do produto, emprego e renda.

 

Gráfico 3 – Formação Bruta de Capital Fixo (% PIB ) – 2020

 

Fonte: World Bank (2022)

 

As discrepâncias entre a alta circulação monetária internacional e o fluxo destinado aos ativos produtivos cresce a cada tempo. O destino do valor expressivo  monetário internacional tem sido o processo da acumulação financeira, baseada em lucros rápidos, a lógica curto prazista.

A estrutura desigual e dinâmica do sistema mundial aparece no indicador da renda nacional bruta dos países. A maior parte dos países, quase a totalidade do sistema mundial, manifesta a renda nacional por volta de 200 bilhões de dólares. O desvio desta métrica aparece em poucos países, que alcançaram a expressão da riqueza na proporção de trilhões de dólares. Como se nota, apenas três países situaram-se com a capacidade de renda nacional acima de 5 trilhões de dólares.

 

Gráfico 4  – Renda nacional bruta (US$ atual) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

 

Sequencialmente, o gráfico 5 amplia os olhares sobre o problema da distribuição da renda, pondo a vista o indicador PIB percapita. Nota-se que a maior parte, envolta de 150 países, situaram-se na posição de PIB percapita perto de 20.000 dólares. O patamar acima de 20.000 dólares fica restrito aos países da Europa, Estados Unidos e alguns países da Ásia que assumiram protagonismos nesta etapa da Globalização.

 

Gráfico  5 –  PIB per capita (US$ atuais) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

 

De novo, pode-se argumentar sobre a contradição que repousa nas relações entre o baixo dinâmismo macroeconômico do produto, emprego e renda e os níveis bem altos da circulação monetária internacional, pois este problema aparece no indicador demonstrado no gráfico 06, por meio do qual se vê que apenas os países lideres do sistema mundial estão se favorecendo de uma dinâmica sistêmica impulsionada pela força da expansão creditícia. A concessão do crédito ao setor privado, sendo vista como percentutal do PIB, ficou acima de 50% apenas nesses poucos países. A maior parte dos países esta posicionada com valores situados abaixo desta métrica. Portanto, mais uma vez nota-se que a alta circulação monetária internacional está se distanciando das decisões que poderaim melhorar o desempenho macroeconômico do produto, emprego e renda no plano dos países.

 

Gráfico 6 – Concessão de crédito ao setor privado pelos bancos (% PIB)

Fonte: World Bank (2022)

 

A discussão sobre a injustiça distributiva é continuada com os indicadores da empregabilidade. O gráfico 07 expõe a taxa de desemprego no plano dos países. A coluna y do gráfico mostra a quantidade de países. A coluna x expõe a faixa percentual do desemprego. O primeiro ponto é que quase 90 países manifestam uma taxa de desempregos acima de 7%. O segundo apontamento é que as altas taxas de desemprego estão prevalecendo em países que figuram como líderes do sistema mundial, incluindo os países economicamente desenvolvidos. Sem dúvida, este indicador levanta preocupações com a reprodução socioeconômica dos países, principalmente, pelo fato de que este problema social se relaciona com a estrutura etária da população que mostra sinais de envelhecimento.

 

Gráfico 7 – Desemprego total (% da força de trabalho) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

O gráfico 08 reforça essa leitura dos aspectos críticos associados a empregabilidade e o poder aquisitivo das pessoas. A categoria analítica do emprego vulnerável, ou seja, a condição precária das relações de trabalho, passou a ser expressiva nesta temporalidade da globalização. O crescimento dos empregos precários aparece na realidade social de muitos países. As formas da precariedade do trabalho estão se manifestando em países economicamente desenvolvidos, bem como nos países localizados na periferia do sistema mundial. Em síntese, o problema da injustiça distributiva se manifesta via a dimensão do emprego e renda, na medida em que reproduz as condições precárias do emprego aos jovens e adultos de vários países.

 

Gráfico 8 – Emprego vulnerável (% do emprego total) -2020

Fonte: World Bank (2022)

 

O sistema mundial alimenta um processo de economia política que serve apenas ao quadro de forças estabelecido nesta temporalidade da Globalização. A injustiça distributiva aparece envolta dos investimentos, emprego e renda, crédito, enfim, em diversos fatores do dinâmismo sistêmico econômico dos países.

À primeira vista, o sistema mundial não expõe sinais de uma provável reversão deste mencionado processo contraditório da economia política internacional, que tanto agrava o viver social no plano dos países. O gráfico 9 confirma que há poucos países posicionados como superavitários do alto valor em investimentos internacionais, por meio da forma do investimento direto estrangeiro. Sabidamente, Estados Unidos, Japão, França, Itália, enfim, poucos países centrais do sistema mundial.

 

Gráfico 9 –   Investimento direto estrangeiro, líquido (US$ atual) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

A mesma linha de raciocínio aplica-se para a análise da internacionalização baseada em trocas comerciais, em especial, as trocas comerciais externas de bens e serviços de alta intensidade tecnológica. O gráfico 10 mostra que a maior parte dos países estão com o percentual das exportações de alta tecnologia envolta de 6% das exportações totais de manufaturados. Portanto, são poucos países que alcançam a capacidade de extração do alto valor derivado das trocas de bens e serviços intensivos em tecnologias.

Gráfico 10 – Exportações de alta tecnologia como % das exportações de manufaturados – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

 

Convém-se acrescentar dois apontamentos sobre este temático da internacionalização dos países. O primeiro é que essa realidade comercial externa dos países centrais não afasta o contraditório socioeconômico que se manifesta na dimensão dos empregos e poder aquisitivo dos salários, nem mesmo na condição dinâmica inovativa no plano das economias. O segundo comentário é que o excedente econômico derivado dessas formas de internacionalização não está sendo transformado em fatores construtivos do bem comum, por exemplo, a valoraçaõ da seguridade social e os cuidados com o meio ambiente.

 

1.3 Indicadores sociais

 

A reprodução social dos países participantes do sistema mundial está marcada pela situação de vulnerabilidade das famílias e pessoas. O gráfico 11 inaugura esta parte deste trabalho analítico, demonstrando o problema da insegurança alimentar. O sistema mundial mostra que mais de 100 países estão situados na faixa percentual que varia entre 2,5 e 9,4% da população com prevalência de desnutrição. Contudo, se levado em conta os percentuais acima desta faixa, logo se vê que um número expressivo de países está com essa situação de insegurança alimentar influenciando a vida de muitas famílias e pessoas. Deduz-se que essa realidade social potencializa os problemas da saúde pública, entre outros aspectos da vulnerabilidade social no plano dos países.

 

Gráfico 11 – Prevalência de desnutrição (% da população) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

O indicador da moradia pode ser observado por meio do gráfico 12. Muitos países aparecem com parcelas expressivas da população enfrentando condições precárias de moradia. Na primeira coluna, a informação de que perto de 35 países possuem até 14% da sua população urbana domiciliada em favelas. As demais colunas expressam um percentual maior do que este, portanto, cabe frisar, a maior parte dos países não está assegurando condições dignas de moradia para suas famílias e pessoas. Sem dúvida, uma situação social que reflete bem a injustiça distributiva.

 

 

Gráfico 12 – Pessoas que moram em favelas (% população urbana) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

O problema da segurança pública é apontado no gráfico 13. A maior parte dos países expõe uma realidade social, na qual até 10% das mortes das pessoas são decorrentes de agressões. Convém-se observar que os percentuais acima de 10% também afugentam muitos países do sistema mundial. A violência aparece como questão social nessas sociedades.

 

Gráfico 13 – Causa morte por lesão (% total) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

A taxa de mortalidade das crianças é mais um indicador que precisa ser pautado. O gráfico 14 revela uma taxa alta de mortes das crianças menores de 5 anos para cada 1000 crianças nascidas vivas. O quadro é preocupante. Esta é uma questão social complexa, que abrange aspectos da segurança, saúde, sociais e econômicos, enfim, múltiplos olhares, porém, uma questão social que precisa ser considerada nas formas de reprodução dos países.

 

 

Gráfico 14 – Taxa de mortalidade menores de 5 anos (1000 nascidos vivos) -2020

Fonte: World Bank (2022)

 

O gráfico 15 expõe a situação de famílias e pessoas que acessam os serviços de saneamento básico. A maior parte dos países oscila dentro da faixa de 80 a 100% da população. No entanto, cabe observar que muitos paises não alcançaram a capacidade da distribuição desse serviço público. Por exemplo, o número de 26 países vivenciam uma condição na qual menos de 20% das pessoas acessam o serviço de saneamento básico. Sabe-se das implicações que a falta de saneamento acarreta ao viver social, a saúde pública, assim sendo, urge-se a aplicação de subsidiariedade voltada as famílias e pessoas nessa situação social.

 

 

Gráfico 15 – Pessoas que usam saneamento (% população total) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

Seguindo esta linha de raciocínio, na sequência aparece o indicador que considera o acesso da população aos serviços de eletricidade. No plano mundial, o percentual médio está em 85% da população tendo acesso a este serviço público. Contudo, logo se vê que em alguns países os serviços de eletricidade estão restritos a uma parcela pequena da população. Esta situação agravante se manifesta em países mais pobres da África, Ásia e América Central.

 

Gráfico 16 – Acesso a eletricidade (% população) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

A denominada “Revolução Digital” passou a fazer parte das estratégias comerciais dos grandes grupos econômicos. O gráfico 17 permite a vista sobre o percentual das pessoas que acessam a internet frente a população total. O indicador revela que há muitos países situados na faixa percentual abaixo de 50% da população, ou seja, muitas famílias e pessoas estão sem o devido acesso aos serviços da rede digital. Diga-se de passagem, sabe-se que algumas sociedades são influenciadas por regimes políticos que limitam a sua população a esta fonte de informação e comunicação. Entretanto, tendo por base a leitura que este trabalho analítico assegurou até aqui, pode-se afirmar que a maior parte dos países enfrentam os agravos socioeconômicos como fatores influentes desta distância da população diante da oferta dos serviços da rede digital mundial.

 

Gráfico 17 – Indivíduos que usam internet (% população) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

Os dois próximos gráficos se preocupam com os aspectos do campo da educação, a partir de olhares atentos a situação das crianças e jovens. Reitera-se que muitos países estão com baixa razão de dependência de jovens, tal como se viu na primeira parte deste trabalho. Esta situação social é agravada pelo fato de que são muitos os países que  estão com percentuais expressivos de suas crianças e adolescentes fora da escola. Sabe-se que esta realidade agrava o viver social das famílias e pessoas, pois, cedo ou tarde, este problema poderá se somar a outros problemas, manifestando-se em condições de vulnerabilidade social.

 

 

Gráfico 18 – Crianças fora da escola (% idade em escola primária) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

Gráfico 19 – Adolescentes fora escola (% idade escolar) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

 

O problema complexo da injustiça distributiva, tal como está sendo discutido neste trabalho analítico, espraia-se para a capacidade das instituições públicas promoverem a seguridade social. A centralidade de um quadro de forças sobre o processo socioeconômico, típico desta temporalidade da Globalização, atua para mudar os sentidos dos dispêndios voltados para a seguridade social das famílias e pessoas.

O quadro de forças que sustenta essa centralidade da geração e captação do valor influi sobre o poder decisório das instituições públicas. Por um lado, afasta a participação ativa do ser humano, solidário e vivente social, por outro lado, impulsiona uma situação pautada pelo deliberativo mais preocupado em tornar lucrativas as dimensões antes qualificadas como o sistema de seguridade social, provocando fortes alterações nas estruturas operacionais compostas por domínios técnicos, tecnológicos e humanos envoltos aos serviços públicos, até se veem decisões de vendas dos ativos. Enfim, este quadro de forças, em cada momento, promove o deslocamento da seguridade social para a institucionalidade constituída em torno de mercados financeiros.

O gráfico 20 mostra o indicador das despesas dos governos em educação. Nota-se que há distâncias entre as despesas com educação promovidas pelos governos dos países. Diz-se que  os governos poderiam se atentar para este problema social, reduzindo as assimetrias dos dispêndios em educação.

 

 

Gráfico 20 –  Despesas do governo em educação, total (% do PIB), (2019)

Fonte: World Bank (2022)

 

Os gráficos 21 e 22 expõem os dispêndios com saúde promovidos pelos governos dos países. Sabidamente, os países economicamente desenvolvidos exercem a relação mais alta entre dispêndios com saúde e PIB. Muito fácil se torna este dedutivo lógico. Contudo, o indicador também permite a leitura de que muitos países enfrentam diversos agravos sociais, por exemplo, a questão da mortalidade das crianças, tal como apontado na parte anterior deste trabalho, sendo assim, monta-se a compreensão que esses países não estão assumindo o valor adequado para seus investimentos públicos e privados, na direção da seguridade social da saúde. Além disso, convém-se notar que muitos países estão distantes desta métrica central do sistema mundial.

 

 

Gráfico 21- Despesas com saúde (%PIB) – 2019

Fonte: World Bank (2022)

 

Gráfico 22 – Despesas domésticas com saúde do governo geral per capita (US$ atuais) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

Esta segunda parte do trabalho possibilita a apreensão de que o crescimento das transações econômicas internacionais, sendo mediada pela centralidade do atual quadro de forças do sistema mundial, está conduzindo a injustiça distributiva que afasta o ser humano das condições dignas do viver social. Convém-se a observância que este processo contraditório também se manifesta nas dimensões do cuidado com as condições climáticas no mundo.

 

1.4. Indicadores ambientais  

 

Sabe-se que o analítico das condiçoes climáticas não pode ser limitado pela vista de poucos indicadores, pois a questão é por demasiado complexa. Contudo, a autoria deste trabalho chama a atenção que o corpo deste texto aponta vários indicadores correlacionados a questão ambiental, isto é, a discussão que se promoveu sobre os fatores da economia política, que dão centralidade a um quadro de forças, o que, por sua vez, acarreta em injustiça distributiva, ademais se apresentou os agravos da reprodução social dos países, formando assim um ponto analítico da desigualdade global, e agora se expõe indicadores peculiares da situação climática. Desta maneira, alcança-se um visão integral do problema das desigualdades, tendo o foco narrativo na injustiça distributiva que prevalece no sistema mundial.

O indicador que o próximo gráfico ilustra é a composiçao da área florestal perante o tamanho da área terrestre de cada país. A atenção explode para o fato de que muitos países, sobretudo, os países mais desenvolvidos economicamente, não estão cuidando adequadamente da questão estratégica da conservação das áreas florestais. Como se vê, por volta de 70 países possuem apenas até 14% da sua área terretre total preservada na condição de área florestal.

 

 

Gráfico 23 – Área florestal (% área terrestre) – 2020

Fonte: World Bank (2022)

 

Este problema social, que envolve o cuidado com as distintas formas de vida deste planeta, também pode ser observado via os indicadores da preservação das espécies de plantas e peixes no âmbito dos países. No caso dos peixes, o gráfico 24 demonstra que muitos países vivenciam a situação de algo perto de 60 espécies de peixes que estão ameaçadas. Salienta-se que essa questão social não pode ser vista apenas em sua dimensão da empregabilidade e sustento das famílias e pessoas, embora este seja um elemento fundamental, porém, a questão vai além disso, aparece como um problema de uma sociabilidade humana que precisa se despertar para o cuidado com as distintas formas de vida, o cuidado com a perfeição herdada neste mundo, que é tão representativa para a conscientização do bem comum.

 

 

Gráfico 24 – Quantidade de espécies de peixes ameaçadas (2018)

Fonte: World Bank (2022)

 

Nesta mesma linha de raciocínio, sequencialmente, o gráfico 25 cuida das espécies das plantas ameaçadas. O número de mais de 140 países que vivencia até 48 tipos de plantas que estão ameaças pelas ações predatórias. Contudo, o restante dos países assume um número bem mais alto de plantas ameaçadas, chegando a 528 plantas. O intervalo é bem amplo. O analítico desses dados promove a compreensão de que essa situação de destruição das formas de vida assume correlação com o desempenho do ordenamento material dos países. Contudo, a questão essencial aparece no agir moral envolta do poder decisório do quadro de forças deste sistema mundial. Urge-se o construtivo de novos caminhos alternativos em prol do bem comum.

 

Gráfico 25 – Quantidade de espécies de plantas ameaçadas (2018)

Fonte: World Bank (2022)

 

O gráfico 26 mostra a situação de retirada de água doce para os fins das atividades produtivas da Agricultura, em outros termos, a pegada hídrica associada a este setor econômico. A situação mundial revela que prevalece a retirada por volta de 70% de água doce para esta finalidade. Como se nota, um conjunto de 52 países estão acima desta medida de tendência central. Por outro lado, levando-se em consideração a situação crítica de dificuldades do acesso a água potável que vive o mundo, muito importante se torna a percepção de que essa posição dos países tem que assumir uma estratégia capaz de alterar substancialmente as relações de produção e consumo, bem como a conscientização sobre os desperdícios que se observa em diversas esferas da vida social.

 

Gráfico 26 – Retiradas anuais de água doce, agricultura (% de retirada total de água doce) – 2017

Fonte: World Bank (2022)

 

O próximo gráfico se preocupa com as retiradas da água doce para fins de atividades da Indústria. A média mundial foi de 16% no ano de 2017. O número envolta de 102 países fica abaixo desta média. Convém-se notar que os países que alcançaram a produção e o comércio exterior de segmentos específicos da Indústria que são mais demandantes do recurso da água mostram o percentual bem acima da média mundial. Deduz-se que a força da demanda mundial desses produtos é um fator que condiciona o uso da água doce para fins dessas atividades industriais. Portanto, fica a prescrição que a sociabilidade humana carece de soluções inovativas sustentáveis.

 

 

Gráfico 27 – Retiradas anuais de água doce, indústria (% de retirada total de água doce) – 2017

Fonte: World Bank (2022)

 

O analítico sobre o uso da água doce no plano mundial também se vale do indicador de retirada para os fins domésticos. Este indicador reflete o consumo das famílias, inclusive a dimensão dos desperdícios da água doce. Neste caso, a situação mundial perto de 12% frente ao total de retirada da água doce.

 

 

Gráfico 28 – Retiradas anuais de água doce, fins domésticos (% de retirada total de água doce) – 2017

Fonte: World Bank (2022)

 

Finalmente, a leitura deste trabalho remete a apreensão de que o processo complexo da desigualdade global abarca múltiplas dimensões do viver social, sendo que cada uma delas reúne fatores diversos, peculiarmente, a dimensão social, econômica e política, a partir de suas complementariedades com a dinâmica própria e inferida sobre o meio ambiente, enfim, as múltiplas relações desse sistema que se manifesta globalmente. O foco analítico é que a centralidade de um quadro de forças monta uma estrutura desigual e dinâmica do sistema mundial, cada vez mais impulsionadora da injustiça distributiva.

 

Considerações finais

           

A estrutura desigual e dinâmica do sistema mundial nunca é suficiente para esconder aquilo que se configura como posicionamento do ser humano, constituído por sua riqueza de valores prescritos pela verdade, amor e justiça, que se manifestam favoráveis à vida e ao bem comum. Convém realçar que este é o essencial para o construtivo de equilíbrios externos duradouros no plano do sistema mundial, ou seja, algo bem diferente dos sucessivos e desgastados esforços de equilíbrios externos de curto prazo, que são mediados pelos ajustamentos técnicos do ordenamento material, que o atual quadro de forças tenta, aos muitos custos, imprimir como a verdade para a sociabilidade humana.

A crítica a injustiça distributiva, demonstrada por meio deste trabalho analítico, humildemente, apresenta uma proposição que passa pelas apreensões do agir moral que resgata os princípios da subsidiariedade, do bem comum e da solidariedade universal, no plano das relações entre famílias e pessoas em vida comunitária e social, até mesmo nos planos das relações de interdependências entre os países.

Convém-se o registro de dois pontos marcantes. O resgaste do princípio da subsidiariedade social, diante do contexto da Globalização, assume papel destacado. Além disso, o fato de que este comportamento belo, em prol da justiça distributiva, já se manifesta no plano mundial, pondo a vista iniciativas que são pequenas, quando expostas frente a escala mundial, porém, são muitos valiosas, na medida em que registram a preocupação mais alta com a solidariedade e o bem comum.

O salto qualitativo das transações econômicas internacionais, marcante desta temporalidade da Globalização, por um lado, alimentou ainda mais a concentração monetária sob os países líderes do sistema mundial, de outro lado, impulsionou atividades de trabalho social que precarizaram a dignidade do viver humano, ademais que impactam os recursos ambientais e as distintas formas de vida.

A estrutura social dos países está manifestando muitos agravos aos viver das famílias e pessoas. O desempenho da economia poítica, nesta etapa, parece se valer desta condição agravantes para ampliar as suas oportunidades de acumulação financeira, deixando de lado os anseios dos agrupamentos sociais, especialmente, as famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade social. O princípio da subsidirariedade social é desrespeitado. Sem dúvida, no próximo período, mantidas essas condiçoes estruturais, a sociabilidade se deparará com mais dificuldades para assegurar as condições viventes da razão de dependência dos jovens e idosos.

A leitura do panorama mundial estimula o debate crítico e reflexivo de que as relações sociais, de tempos em tempos, expõem suas formas de agravos, muitos padecem com o viver em situação de vulnerabilidade social, em suas diferentes formas. Contudo, fato é que a cada temporalidade histórica, essas relações sociais também explicitam as oportunidades, seja uma oportunidade que emerge da dimensão das tecnologias, talvez da dimensão da interação humana, por vezes, do acesso a determinados recursos naturais, enfim, novas fenomenologias, novas oportunidades. A questão essencial é que essas oportunidades históricas não podem ser aproveitadas apenas pelo quadro de forças dominante, pelo passado que agora é presente…

A maior apreensão deste trabalho é que o novo, o novo capaz de gerar valor, há de ser assumido pelo ser humano, que é o ator social capaz de olhares transcendentais sobre as coisas constituídas neste mundo, sendo que esses olhares podem se manifestar por meio do amor próprio e amor pelas diversas formas do bem comum. A solidariedade humana é sempre o amor recebido e dado, assim sendo, influi sobre as relações entre as pessoas, as famílias, os agrupamentos sociais, até mesmo sobre a institucionalidade constituída, e ainda alcança a capacidade de uma força contagiante sobre as relações formadas em dimensões do econômico, social, político, jurídico e cultural, no sentido da construção da sociabilidade solidária, o desenvolvimento humano integral.

 

Referências bibliográficas

 

GILPIN, Robert. A Economia Política das Relações Internacionais. Brasília: UNB, 2002.

GONÇALVES, Reinaldo. Economia Política Internacional. Rio de Janeiro: Campus, 2005.

PAPA FRANCISCO. Carta Encíclica “Laudato Si”. Sobre o cuidado com a Casa Comum. Coleção Documentos Pontifícios. n. 22. Edições CNBB: Brasília, 2015. 148p.

WORLD BANK. 2020. World Bank Open Data. Disponível em: www.data.worlsbank.org. Acesso em: 20/04/2022.

 

 

Aluno Bolsista de Extensão

Matheus Augusto de Souza Alexandre

 

Alunos Voluntários de Extensão

 

Ana Clara Brilha da Silva

Ana Luiza Serrano rocha

Analis Rossi Marlon

André Tarini Domingos

Beatriz de Araujo Moz

Breno Coelho da Costa

Bruna Debatim Furquim

Caio Gottardi Costa

Clara Batista de Souza

Daniel Felipe Burbano Ramires

Diego Garcia Maxwell

Fernando de Facio Rossetti

Georgia Estrela Grande

Giovanna Hitomi Shimada Rigo

Giovana Silva

Guilherme do Prado Valpassos Viana

Henrique Franco Costa

Julia Carvalho Silva

Julia Possebom

Karin Priscila Coelho Araujo

Katheleen Alves da Silva

Laysla Rodrigues Oliveira

Letícia Alves dos Santos

Livia Maria L Bulherman

Lorena Cartocci Bazanelli

Luis Henrique Crepaldi M.

Luiza Roma Martins

Marcela Jasinski Contreras

Maria Fernanda A. Singh

Nathalia Souza da Costa Yasmin Moscato

Pedro Villa Bassitt

Samuel Marchi Gonzalez

Yasmin Moscato Jorge

 



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