Diagnóstico Socioterritorial pertinente ao CRAS – Centro de Referência da Assistência Social do Jardim Novo Ângulo em Hortolândia/SP

 

Elaboração técnica:

Dr. Cristiano Monteiro da Silva – Docente Extensionista da PUC-Campinas

Alunos extensionistas:

Ana Laura Basílio

Beatriz Malavasi Baccan

Gabriela leal Paes 

Heloisa Borella Zamboim

Luana Bueno Ortolan

Luana Nicole Gulicz Vial

Pedro Henrique de Carolis Sodre

Rozelelpane Eliazama Bernardo Silva

Vitória Santos Bertouza

SUMÁRIO

Lista de gráficos……………………………………………………………………………………………..3

Lista de tabelas………………………………………………………………………………………………6

INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………………………….7

1. NOÇÕES TEÓRICAS………………………………………………………………………………..11

2. NOTAS METODOLÓGICAS……………………………………………………………………….17

3. ANÁLISE DE DADOS………………………………………………………………………………..21

3.1 Características gerais da população……………………………………………………….21

3.1.1 População domiciliada no território………………………………………………………….31

3.1.2 Organizações da sociedade civil em Hortolândia………………………………………40

3.2. As dimensões do produto, emprego e renda………………………………………….41

3.2.1 Ocupações profissionais empregadas em sistemas produtivos…………………..49

3.2.2 Segmentos ativos e estabelecimentos empresariais ativos…………………………50

3.2.3 Investimentos confirmados em Hortolândia………………………………………………52

3.2.4 Comércio exterior………………………………………………………………………………….54

3.3 Níveis de serviços públicos……………………………………………………………………56

3.3.1 Sistema de saúde………………………………………………………………………………….56

3.3.2 Sistema educacional……………………………………………………………………………..61

3.3.3 Habitação…………………………………………………………………………………………….69

3.3.4 Segurança pública…………………………………………………………………………………71

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO…………………………………………………………………..73

4.1 Aspectos de vulnerabilidade social………………………………………………………..73

4.1.1 Emprego e renda…………………………………………………………………………………..73

4.1.2 Sistema público de educação……………………………………………………………….. 73

4.1.3 Assistência social para famílias com idosos……………………………………………..75

4.2 Potencialidades de famílias e pessoas……………………………………………………75

4.2.1 Estratégia baseada em Economia política de serviços……………………………….76

4.2.2 Ciclo de formação profissional………………………………………………………………..78

4.2.3 Centro analítico da Seguridade Social……………………………………………………..78

4.2.4 Rede de serviços de cuidadores de idosos……………………………………………….79

CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………………………80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………………………………..82

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – População da Região Metropolitana de Campinas – por faixa etária (2020)………………………………………………………………………………………………………….22

Gráfico 2 – População da cidade de Hortolândia – por faixa etária (2020)………………………………………………………………………………………………………….23

Gráfico 3 – População da Região Metropolitana de Campinas (Masculino-Feminina)…………………………………………………………………………………………………….24

Gráfico 4 – População da cidade de Hortolândia (Masculino-Feminina)……………………………………………………………………………………………………24

Gráfico 5 – Participação de jovens e idosos frente à população total da Região Metropolitana de Campinas (%)……………………………………………………………………..25

Gráfico 6 – Participação de jovens e idosos frente à população total da cidade de Hortolândia (%)…………………………………………………………………………………………….26

Gráfico 7 – População em idade escolar na Região Metropolitana de Campinas (2020)………………………………………………………………………………………………………….27

Gráfico 8 – População em idade escolar cidade de Hortolândia (2020)………………………………………………………………………………………………………….28

Gráfico 9 – Nascidos vivos de Mães com menos de 18 anos (%)……………………………………………………………………………………………………………..30

Gráfico 10 – Distribuição da faixa etária da população domiciliada no território……………………………………………………………………………………………………….32 

Gráfico 11 – Faixa etária da pessoa que se assume como responsável da unidade familiar ……………………………………………………………………………………………………….33

Gráfico 12 – População domiciliada no território (sexo por pessoa)………………………………………………………………………………………………………..34

Gráfico 13 – População domiciliada no território (Cor/Raça – sexo por pessoa)………………………………………………………………………………………………………..35

Gráfico 14 – População domiciliada no território (Cor/Raça – faixa etária)………………………………………………………………………………………………………….35

Gráfico 15 – Renda familiar per capita de pessoas domiciliadas no território……………………………………………………………………………………………………….36

Gráfico 16 – Grau de instrução da população domiciliada no território……………………………………………………………………………………………………….37

Gráfico 17 – Organizações da sociedade civil em Hortolândia (2018)………………………………………………………………………………………………………….40

Gráfico 18 – Participação de setores no total de empregos formais em Hortolândia…………………………………………………………………………………………………..42

Gráfico 19 – Número de empregos envolvendo faixas etárias e níveis de renda nos principais setores produtivos da cidade de Hortolândia (2018)………………………………………………………………………………………………………….45

Gráfico 20 – Número de investimentos confirmados na cidade de Hortolândia (2012-2019)…………………………………………………………………………………………………………..52

Gráfico 21 – Valor dos investimentos confirmados na cidade de Hortolândia (em milhões)……………………………………………………………………………………………………….53

Gráfico 22 – Distribuição de projetos de investimentos por setores econômicos na cidade de Hortolândia (2012-2019)………………………………………………………………….53

Gráfico 23 – Distribuição de tipos projetos de investimentos confirmados na cidade de Hortolândia (2012-2019)……………………………………………………………………………54

Gráfico 24 – Evolução das trocas comerciais da Região Metropolitana de Campinas (Valor US$ FOB)………………………………………………………………………………………….55

Gráfico 25 – Evolução das trocas comerciais da cidade de Hortolândia (Valor US$ FOB)……………………………………………………………………………………………………………55

Gráfico 26  – A estrutura de leitos na Região Metropolitana de Campinas (coeficientes por mil habitantes)………………………………………………………………………57

Gráfico 27 – A estrutura de leitos na cidade de Hortolândia (coeficientes por mil habitantes)……………………………………………………………………………………………………58

Gráfico 28 – A estrutura funcional profissional do sistema de saúde na Região Metropolitana de Campinas (coeficientes por mil habitantes)………………………………60

Gráfico 29  – A estrutura funcional profissional do sistema de saúde na cidade de Hortolândia (coeficientes por mil habitantes)…………………………………………………….60

Gráfico 30 – Matrículas na Creche na cidade de Hortolândia………………………………61

Gráfico 31 – Matrículas na Pré-escola na cidade de Hortolândia………………………….62

Gráfico  32 – Matrículas na Educação Infantil na cidade de Hortolândia……………….63

Gráfico  33 – Matrículas no Ensino Fundamental na cidade de Hortolândia………. …64

Gráfico  34 – Matrículas no Ensino Médio na cidade de Hortolândia…………………….66

Gráfico 35-Distorção Idade Série no Ensino Fundamental em Hortolândia (%)………………………………………………………………………………………………………………66

Gráfico 36 – Distorção Idade Série no Ensino Médio em Hortolândia ( %)…………….67

Gráfico 37 – Matrículas no Ensino Médio na Região Metropolitana de Campinas…..67

Gráfico  38 – Taxa de abandono escolar na cidade de Hortolândia (%)………………..68

Gráfico  39 – Número de matrícula na Educação Especial………………………………….69

Gráfico 40 – Número de domicílios particulares permanentes na Região Metropolitana de Campinas……………………………………………………………………………70

Gráfico 41 – Número de domicílios particulares permanentes na cidade de Hortolândia…………………………………………………………………………………………………..70

Gráfico 42 – Número de ocorrências de crimes na Região Metropolitana de Campinas…………………………………………………………………………………………………….71

Gráfico 43 – Número de ocorrências de crimes em Hortolândia…………………………………………………………………………………………………..72

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – População idosa na cidade de Hortolândia (2020)…………………………….29

Tabela 2– Projeção da população idosa na cidade de Hortolândia (2030)…………….29

Tabela 3– Número de famílias e pessoas domiciliadas no território pertinente ao CRAS do Jardim Novo Ângulo em Hortolândia (2020)……………………………………….31

Tabela 4 – Local de nascimento das pessoas domiciliadas no território pertinente ao CRAS do Jardim Novo Ângulo em Hortolândia………………………………………………….38

Tabela 5 – Composição de famílias dos idosos no território do CRAS do Jardim Novo Ângulo…………………………………………………………………………………………………39

Tabela 6 – Distribuição de empregos pelos setores econômicos na cidade de Hortolândia (2018)…………………………………………………………………………………………43

Tabela 7 – Empregos por faixas etárias em setores produtivos de Hortolândia (2018)………………………………………………………………………………………………………….44

Tabela 8 – Número de empregos por nível de escolaridade nos principais setores produtivos de empregabilidade da cidade de Hortolândia (2018)…………………………46

Tabela 9  – Número de empregos por nível de escolaridade nos principais setores produtivos de empregabilidade da cidade de Hortolândia (2018)…………………………47

Tabela 10  – Número de empregos por nível de escolaridade nos principais setores produtivos de empregabilidade da cidade de Hortolândia (2018)…………………………48

Tabela 11 – Estabelecimentos empresariais e segmentos ativos em Hortolândia….51

INTRODUÇÃO

Este relatório apresenta uma proposta de diagnóstico socioterritorial relacionado ao território assistido pelo CRAS – Centro de Referência da Assistência Social do Jardim Novo Ângulo, que fica na cidade de Hortolândia, sendo este um município componente da Região Metropolitana de Campinas. Ademais, este relatório expõe uma análise complexa que incorpora olhares preocupados com os aspectos de vulnerabilidade social condicional à vida de famílias e pessoas, sem perder de vista, as potencialidades da vida social no mencionado território. Assim, o sentido deste trabalho analítico é apoiar as decisões preventivas e proativas das equipes de assistência social.  

O contexto em que se insere a vida social de famílias e pessoas, que norteia o reflexivo contido neste relatório, está marcado pelo processo agravante da pandemia de Covid-19. Embora, agora seja o momento em que as pessoas estão sendo vacinadas, o contexto ainda aflige o viver do ser humano, provocando instabilidades para filiações de pessoas ao trabalho, além de muitos outros fatores de agravos sociais. No Brasil, este contexto da pandemia estimula o debate entre as forças sociais sobre a construção de estratégias dedicadas à reprodução de famílias e pessoas.

Por um lado, vê-se uma força social que levanta o argumento central de que a sociedade brasileira está enfrentando os efeitos do envelhecimento humano, junto a isso uma situação de vulnerabilidade de jovens e adultos. Nesse sentido, essa força social defende a tese de que a sociedade brasileira está com baixa capacidade de geração de excedentes econômicos. Deste ponto de vista, o caminho estratégico passa por um processo de diminuição de dispêndios relacionados ao sistema de seguridade social, ou seja, a redução processual de gastos e investimentos associados às ações e políticas públicas que possibilitam a proteção baseada em direitos sociais e serviços públicos. Diga-se de passagem, essa posição estratégica que busca o abandono de posições na seguridade social, cedendo lugar para a crença de que seria suficiente a eficiência marginal de nossos sistemas produtivos para se alcançar a forma distributiva mais adequada e viável à reprodução social, parece exagerar na dose da abstração, na medida em que não considera os atrasos sociais e históricos envoltos a esses sistemas produtivos.

Por outro lado, nota-se que há outra força social, que assume uma posição estratégica, segundo a qual há urgências em soluções baseadas em políticas públicas, tendo em vista o enfretamento de agravos sociais derivados de flutuações econômicas, junto à construção de um novo padrão distributivo, que assegure transferências de excedentes de grandes grupos econômicos, na direção da população mais necessitada em vida social. Sem dúvida, esta medida faz-se necessária para a realidade brasileira, porém, compreende-se que se trata de uma mediação perante os problemas estruturais que condicionam a reprodução social no país.  

Diante desse contexto, sucintamente descrito nos parágrafos anteriores, a autoria deste relatório assume um posicionamento que recupera alguns dos aspectos das mencionadas posições estratégicas. Todavia, adota uma leitura diferente no tocante aos acontecimentos ligados à pandemia de Covid-19, assumindo a tese de que a vida social brasileira está convivendo com a emergência de uma nova economia política, que pode ser interpretada como economia política de serviços. Desta forma, essa autoria aponta uma posição estratégica que explora potencialidades do processo de valoração da seguridade social no país. Convém o registro de que, ao se dizer economia política de serviços, não se está considerando apenas a dimensão econômica, o proposto categorial envolve vários outros elementos que compõem a vida social complexa brasileira.  

A valoração do sistema de seguridade social engloba as perspectivas de investimentos e inovação em serviços públicos, especialmente, os serviços especializados prestados à sociedade, o que, por sua vez, assegura a proteção aos direitos de famílias e pessoas.Cabe ainda dizer que o decisório de ações e políticas públicas será mais qualificado se for mediado por saberes que dizem respeito à dinâmica complexa e contraditória da vida social, especialmente, a leitura inferencial das especificidades do que advém da população em situação de vulnerabilidade social. Sem dúvida, essa combinação de fatores não é capaz de resolver todos os problemas da vida social, no entanto, essa é uma base dotada de saberes, que muito serve ao poder decisório das dimensões sociais, políticas e econômicas, no sentido da consolidação de estratégias favoráveis ao desenvolvimento social preocupado com princípios e valores envoltos ao processo da construção integral do ser humano.

O objetivo central deste trabalho é apoiar o desenvolvimento da capacidade analítica sobre a situação social de famílias e pessoas domiciliadas no território assistido pelo CRAS do Jardim Novo Ângulo, localizado na cidade de Hortolândia, incorporando neste esforço analítico uma concepção de vida social complexa, a construção de indicadores sociais e a capacidade de simulação de problemas sociais, neste caso, de forma mediada por recursos digitais, no sentido de contribuir com ações e políticas públicas.  

O método analítico contido neste relatório não se limita ao plano dedutivo e lógico da complexa realidade social, mais do que isso, pois envolve um método que serve de apoio ao nível de abstração que enxerga os nexos entre o que se considera como sistêmico da reprodução social e os fatores específicos da população vivente no território. A dimensão técnica engloba uma pesquisa bibliográfica baseada em livros e artigos científicos que tratam do conjunto temático do desenvolvimento social. Os saberes são constituídos por meio da interação dinâmica envolvendo equipes do Observatório da PUC-Campinas e do CRAS do Jardim Novo Ângulo, bem como as famílias e pessoas viventes no território. A construção analítica incorpora o trabalho de coleta de dados adequado a uma leitura de fatores objetivos ligados ao território. Cabe antecipar que este relatório expõe o ponto de vista de que a vida social possui uma dinâmica complexa e contraditória, sendo assim, o empenho técnico coerente está na simulação de sistemas complexos, porém, neste tempo, não se alcançou a capacidade da produção de dados, embora este caminho esteja sendo considerado para ações futuras. Por ora, a análise está baseada em exploratório de dados.

A estrutura deste relatório contempla a discussão de um conjunto temático que está distribuído em quatro partes. No primeiro momento, a mostra das noções teóricas que sustentam o pensar sobre a dinâmica social complexa e contraditória, associado às apreensões sobre os agravos sociais, tendo a categoria de vulnerabilidade social como ponto de apoio da leitura madura contida neste relatório. Na sequência do texto, as notas metodológicas que sustentam este trabalho analítico. A terceira parte engloba a caracterização da população vivente na Região Metropolitana de Campinas e no município de Hortolândia, mais o analítico da população domiciliada no território pertinente ao CRAS do Jardim Novo ângulo, e esta parte é encerrada como uma discussão sobre o que sustenta as relações entre esses agrupamentos de pessoas, as filiações ao trabalho e os níveis de serviços públicos. Na quarta parte, o texto é totalmente dedicado à discussão sobre aspectos de vulnerabilidade social, bem como às potencialidades da população vivente no território pertinente ao CRAS do Jardim Novo Ângulo. As considerações finais encerram o esforço analítico contigo neste relatório socioterritorial.

  1. NOÇÕES TEÓRICAS

O contexto pandêmico de Covid-19 agrava os processos contraditórios prevalentes na reprodução social, na medida em que atenta contra as formas de vida, a interação social, as filiações ao trabalho, entre outros fatores contraditórios ligados às relações sociais. Portanto, a leitura coerente deste contexto caracteriza-se como um elemento fundamental para as discussões sobre os sentidos estratégicos de ações e políticas públicas voltadas ao fortalecimento de laços de solidariedade e sociabilidade humana. Do ponto de vista desta autoria, diante da crise envolta à pandemia de Covid-19, a valoração do sistema de seguridade social apresenta-se como uma solução estratégica, que é capaz de enfrentar os agravos que estão sendo vistos em várias dimensões da vida social.

As relações sociais são constituídas por uma multiplicidade de fatores que influenciam ações de grupos, famílias e pessoas, bem como a capacidade decisória associada ao papel do Estado. Dito de outro modo, as relações sociais são o que se pode atribuir como um sistema complexo, que, de tempos em tempos, expõe os seus fatores emergentes, e sempre é deste modo, seja qual for o processo social que sirva como objeto de análise.

O pensar analítico tem que assumir uma concepção teórica de complexidade, além da capacidade de descoberta das questões essenciais da realidade complexa, até mesmo seus aspectos contraditórios, neste último caso, leiam-se como agravos sociais, econômicos e políticos. De novo, diz-se que o pensar analítico sobre a reprodução sistêmica pode explorar caminhos constituídos pelas relações sociais de produção, desde as classificações da dimensão do trabalho social, até mesmo os aspectos relacionados ao comportamento individual, considerando a espacialidade e o tempo histórico, deste modo seguindo combinações de fatores que dão sentidos teóricos e práticos à construção analítica. Convém o registro de que essa forma não impossibilita o analítico de uma realidade específica, por exemplo, o processo social de um território, o que está sendo considerado é apenas a necessidade de a construção analítica levar em conta as reciprocidades envoltas as relações sociais que estão constituídas em uma espacialidade e seus eventos aleatórios de natureza mais específica.  

A dinâmica complexa e contraditória da vida social põe a olho nu formas de desigualdades, desde o desigual estabelecido na dimensão do trabalho, chegando aos padrões de apropriação e distribuição da riqueza, e muito mais do que isso ligado ao ambiente desigual pode ser enxergado. Dito isso, não significa se apropriar apenas da pobreza material como a única fonte explicativa de desigualdades em situação social, longe disso, o que foi dito serve mais para se compreender que a dinâmica social, em função do afastamento de famílias e pessoas a filiação ao trabalho social, pode passar a ser caracterizada pelas ações desprovidas de sociabilidades, abrindo espaços para as consequentes manifestações de vulnerabilidades derivadas das ausências de interação coletiva, até mesmo para os aspectos de vulnerabilidade que se vê no comportamento individual.

O conceito de vulnerabilidade aparece como uma noção coerente que apoia a apreensão sobre a vida social complexa e contraditória. A priori, para se ter o contexto, diz-se que a discussão da temática da vulnerabilidade social assumiu novos sentidos, a partir da década de 1990, inclusive que essa compreensão vem sendo discutida no plano mundial, muitas vezes em fóruns dos organismos internacionais, mais forte em eventos dirigidos pela ONU – Organização das Nações Unidas (MONTEIRO, 2011). Diante de tal contexto, o conceito de vulnerabilidade social vem sendo muito apropriado por diversas autorias, o que, por sua vez, permite a compreensão de que se trata de uma ideia polissêmica, não somente por conta das diversas formas de apreensão, mas, sobretudo, pelo seu caráter multifacetado que alude a distintos aspectos da vida social.

No Brasil, o PNAS (2004) promove uma leitura sobre a vulnerabilidade que assume o significado de exclusão de sujeitos sociais, sendo que essas situações se originam no processo de produção e reprodução de desigualdades sociais, nos processos discriminatórios e segregacionistas engendrados nas construções sócio-históricas que privilegiam alguns pertencimentos em relação a outros. Vê-se que o IPEA (2018) assume papel destacado nesta construção conceitual, particularmente, no que consiste a produção de conhecimentos e indicadores que apoiam as ações alinhadas com os sentidos do bem-estar social.

Este relatório trabalha com a ideia de vulnerabilidade como polissêmica, ou seja, a situação de vulnerabilidade depende de múltiplos fatores da vida social, peculiarmente, as dimensões da moradia, educação, segurança, entre outros recursos materiais, inclusive a dimensão política, na medida em que os sujeitos políticos inferem sobre os caminhos da reprodução social.

            O sistema de proteção social aparece como fator essencial que influi na sociabilidade capaz de mitigar aspectos críticos de riscos e segurança envolvendo famílias e pessoas. Essa noção teórica é incorporada pelo poder decisório das mediações sociais e políticas em várias sociedades. No Brasil, por exemplo, de tempos em tempos, vê-se uma disputa entre as forças sociais e políticas pela constituição de um sistema de proteção que serve à construção da sociabilidade pautada por um conjunto de princípios, regras e instituições alinhadas com as necessidades de famílias e pessoas, especialmente, os grupos em situação de vulnerabilidade social. Tal sistema de proteção social se manifesta em distintas localidades do país. Pode-se dizer que há muitas instituições que atuam na defesa de direitos sociais dos Idosos, Crianças e Adolescentes. Somam-se a isso os papéis desempenhados pelas instituições pertencentes aos sistemas da educação, saúde, segurança, emprego e renda, lazer, cultura etc. Sem dúvida, esta é uma base adequada à consolidação de uma estratégia de desenvolvimento social referenciada pela fraternidade e pela solidariedade humana.

O trabalho de proteção social pode se tornar mais efetivo se for bem apoiado por um processo de construção de diagnósticos coerentes da reprodução social, a partir de questões da reprodução sistêmica, passando pelos seus nexos com realidades específicas de territórios. Este é um desafio estratégico de alto valor para o desempenho de projetos dedicados ao desenvolvimento social, seja no Brasil ou em qualquer outra localidade do mundo.

A noção de intersetorialidade aparece como um elemento fundamental ao processo decisório de ações e políticas públicas. A leitura é que instituições componentes do sistema de proteção social precisam se valer de saberes múltiplos que dizem respeito às questões sociais de uma população vivente no território.

A proteção social também se apresenta como um fator programático que interessa aos setores sociais e políticos, e pode servir à construção de sentidos à sociabilidade pautada pela solidariedade humana. Os sentidos alternativos do programa da economia solidária parte do princípio de que o poder decisório tem que ser mais influenciado pelos grupos, famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Na dimensão econômica, por exemplo, o desafio marcado pelo desenvolvimento de atividades produtivas comandadas por práticas de cooperativas, associações, clubes de troca, redes de cooperação, entre outras maneiras de promover a produção e a distribuição, recupera o mencionado princípio da solidariedade humana.

Tudo que foi dito nesta parte do texto configura-se como categorias fundamentais ao nível de abstração que muito serve para apreensões sobre os problemas da vida social, bem como para a construção analítica das formas de proteção de grupos, famílias e pessoas domiciliadas em um território. Todavia, muitos são os fatores contemporâneos novos que pertencem ao nível sistêmico.  

A construção neoliberal, além da forma teórica, também se configura como uma força social que sistematicamente busca a consolidação de uma nova lógica à interação social. Em outras palavras, a sociabilidade é pautada por uma suposta razão individual que deriva mais da cognição do ser humano, por suposto, capaz de poder explicativo e decisório pautado pela sua razão ilimitada da vida social complexa. Essa lógica tenta colocar o lugar central das forças de mercado, antes da construção solidária baseada em proteção social, via a defesa de direitos sociais e provisão de serviços públicos. Cabe observar que essa visão sobre os sentidos da vida social, desde as últimas décadas, aumentou a sua audiência, o que, por sua vez, obriga a leitura madura dos seus nexos e desconexos, sendo talvez mais forte a relação com esse último caminho. Enfim, esta é uma realidade prevalente, que tanto disputa o foco da análise da dinâmica complexa e contraditória da vida social.

Sabe-se que este relatório socioterritorial busca o analítico que incorpora aspectos da Região Metropolitana de Campinas. Sabe-se que essa localidade regional, desde os últimos anos, segue enfrentando a emergência de fenômenos de natureza econômica, social, política e cultural que impactam o processo decisório vinculado ao desenvolvimento social de suas cidades. A noção teórica que se coloca neste relatório é que a capacidade dinâmica regional das atividades produtivas da Indústria de Alto Valor, à primeira vista, está perdendo o status de ser responsável pelas relações sociais de produção com maior inferência sobre a dinâmica regional econômica, promotora de excedentes que se vinculam ao sistema de proteção social das famílias e pessoas.

A literatura dedicada aos assuntos do desenvolvimento econômico está construindo novos conhecimentos sobre a dinâmica econômica mais influenciada pelas atividades de trabalho de sistemas de serviços. O debate não deixa de ser controverso. O estado da arte reúne muitos pontos de vista. Diante desta realidade, este relatório apresenta algumas notas sobre elaborações preocupadas com a nova economia política de serviços (KON, 2015). A nova economia política de serviços desvela um processo criativo muito conectado às questões sociais, de modo que a sua oferta vem sendo valorizada pelas famílias e empresas. Cabe destacar que a dinâmica inovadora de serviços, ainda mais pelo fato de o contexto ser marcado pela revolução digital, não se limita à incorporação de conhecimentos técnicos tangíveis, em outras palavras, a expressão dos ativos imobilizados. Tal como se via na Indústria, agora se vê na dinâmica da economia política de serviços um processo mais associado à intensidade de conhecimentos substanciais que assumem valor às famílias e empresas. Em suma, “não é possível conceber que a inovação ocorra apenas quando for incorporado em sistemas técnicos tangíveis, o que significa subestimar a capacidade de inovação de serviços, que tem sido empiricamente provada” (KON, 2015, p. 258). Finalmente, a dinâmica inovadora de serviços precisa ser vista como um sistema complexo, que inclui o valioso analytics do processo de geração de valor na sociedade, sendo assim, melhor ainda se for planejado para se permitir o acesso de famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Diante do exposto, fácil se torna a percepção de oportunidades em torno de um processo de valoração de serviços públicos, obviamente, que não seja limitado ao aspecto tecnológico, e que mais do que isso, possa ser construído um plano de inovação de serviços públicos, que permita a filiação de pessoas em situação de vulnerabilidade social, além de se alcançar a capacidade da oferta de serviços de saúde, educação, segurança, lazer, cultura, em conformidade com as necessidades reais dos agrupamentos da população. Trata-se de uma economia política orientada pela valoração de serviços especializados, inclusive a valoração de níveis de serviços públicos, tanto na dimensão que engloba a construção de conexões produtivas entre os segmentos de serviços especializados, quanto na construção de uma sociabilidade de emprego e poder aquisitivo que pode se voltar ao consumo desses serviços, enfim, sendo o caminho para a recuperação da capacidade dinâmica sistêmica regional.

Em síntese, este relatório socioterritorial apropria-se de noções teóricas essenciais ao estudo coerente sobre a dinâmica complexa e contraditória do desenvolvimento social. A leitura madura incorporada nesta parte do texto revela a apreensão da ideia de vulnerabilidade como polissêmica, a intersetorialidade e seus nexos com as ações e políticas públicas, o quão relevante é a proteção social para a reprodução de famílias e pessoas, e ainda discute sobre aspectos correlatos da realidade contemporânea.

A posição central é que o princípio da solidariedade humana, bem como as ações e políticas públicas que dão sentidos ao bem-estar social, devem ser assumidas por uma estratégia de desenvolvimento social que se preocupa com as famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade, e o momento que é marcado pela economia política de serviços é oportuno para a construção dessa estratégia.  

  1. NOTAS METODOLÓGICAS 

O principal desafio analítico para a construção de saberes coerentes da vida social encontra-se na construção de uma visão sistêmica. O método analítico não fica limitado ao dedutivo e lógico da realidade complexa. Ele envolve a construção de saberes que possibilitam a visão sistêmica, que para o caso em consideração neste relatório, isto é, a dimensão do desenvolvimento social, é construída pelo analítico das relações sociais que mais impactam a capacidade dinâmica regional, bem como os aspectos do desenvolvimento social. A descoberta e o processo reflexivo de seus fatores essenciais possibilitam a construção de categorias analíticas que são realmente expressivas da vida social. 

Ressalta-se que a construção analítica se preocupa com a competência inferencial que chega à vista de relações sociais com capacidade dinâmica regional, inclusive a captura de suas implicações aos posicionamentos de grupos, famílias e pessoas, dentro e fora da espacialidade de um território que se está levando em conta. Muito embora não seja ainda o momento deste texto que fala sobre o processo da coleta de dados, convém antecipar a nota que essa mencionada capacidade inferencial se faz por meio da mineração de dados estruturados e não estruturados. Ademais, tal capacidade alcança olhares de relações entre agrupamentos de pessoas e questões sociais, por exemplo, os aspectos do sistema educacional, serviços de saúde, segurança pública, entre tantos outros fatores da vida em sociedade. Assim, o saber é a síntese que vai permitindo a apreensão coerente do modo social, sem perder de vista a espacialidade e o tempo que substancia essa construção analítica.

A razão científica que se apoia na essencialidade não se distancia de uma leitura coerente e madura da objetividade de relações sociais e de seus nexos com as múltiplas faces do desenvolvimento social, em outras palavras, a memória e o presente em torno de fenômenos sociais.

Afora essas notas metodológicas que ressaltam maneiras de se levar em conta a reprodução sistêmica, inclusive em sua dimensão regional, cabe acrescentar que este relatório incorpora procedimentos técnicos que sustentam a sua coerência científica. A pesquisa bibliográfica permitiu a construção de noções teóricas sobre a complexidade da vida social, sobre a ideia de vulnerabilidade associada às famílias e pessoas, e sobre o sistema proteção social como fator limitante dos agravos na sociedade, além de trazer a leitura madura da fenomenologia recente em torno da economia política de serviços.

A pesquisa bibliográfica foi baseada em livros, artigos científicos, trabalhos acadêmicos, relatórios técnicos promovidos por instituições públicas e o setor privado, enfim, construindo um conjunto de formulações teóricas e práticas que sustentam a construção analítica deste relatório. Acrescenta-se a informação que as obras lidas também possibilitaram apreensões sobre a montagem de indicadores sociais e sobre os limites da modelagem de dados, pois se tratam de um objeto de estudo complexo, dando, até mesmo, conhecimentos sobre a dimensão instrumental digital que favorece a construção analítica de dados.  

Este relatório também está apoiado em ampla pesquisa quantitativa caracterizada por um processo de coleta de dados e pela construção de indicadores sociais. A terceira parte deste relatório é expressão máxima disso. No primeiro momento, o esforço para a classificação da população, sob a ótica de um olhar condizente com a complexidade, tendo esse propósito, os agrupamentos de grupos, famílias e pessoas viventes nas espacialidades regional, municipal e local do território. A atenção focada deste trabalho está para a população do território pertinente ao CRAS do Jardim Novo Ângulo da cidade de Hortolândia. Porém, o primeiro passo envolveu a coleta de dados e a construção de indicadores relacionados à vida social da Região Metropolitana de Campinas, e, mais tarde, esse mesmo processo serviu para os aspectos da cidade de Hortolândia.

Em relação à caracterização da população vivente no território pertinente ao CRAS do Jardim Novo Ângulo, agora que se está no textual das notas metodológicas, cabe o registro de que se trata da população que está cadastrada na base do CADÚNICO. A informação vai ser recuperada na próxima parte do relatório que será dedicada à discussão dos indicadores sociais. No entanto, antecipa-se o registro de que o procedimento metodológico promove a vista de aspectos da população vivente no território, por meio do analítico de dados e indicadores da cidade de Hortolândia, na medida em que há relações entre a vida social da cidade, as famílias e as pessoas domiciliadas no Jardim Novo Ângulo, e, somado a isso, há construção analítica de indicadores extraídos do CADÚNICO.

Convém dizer, por um lado, que o trabalho estatístico não fica preso à lógica de um ordenamento simples, supondo a igualdade de condições para famílias e pessoas, ou seja, a preocupação única com o exploratório descritivo de tendência central que mostra o comportamento médio frente às questões da vida social. Por outro lado, a construção analítica enseja um processo de mineração de dados da própria objetividade da população, no sentido de constituir novos subconjuntos de dados que dão informações coerentes para a montagem do que se reconhece como visão sistêmica.  Nota-se que essa preocupação aparece com o trabalho inferencial feito para se capturar saberes específicos das famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade social.

A terceira parte do texto também mostra indicadores que desvelam as relações entre a população, vista em torno de grupos, famílias e pessoas, e o nível de serviços públicos que está sendo ofertado na localidade em pauta neste relatório. A visualização dos indicadores é promovida por meio de gráficos e tabelas. O número de ilustrações é bem alto e versa sobre um amplo conjunto temático, como, por exemplo, a situação da segurança pública, a estrutura e o corpo social técnico do sistema de saúde pública, os aspectos qualitativos e quantitativos do sistema educacional, inclusive o ocorrido em contexto de pandemia de Covid-19. Enfim, muitos são os indicadores que estão construídos e publicados nesta parte do trabalho.

A parte do texto dedicada à discussão de resultados oferece uma abordagem qualitativa. O nível de abstração foi constituído a partir de vivências com os atores locais, mais as leituras de referências teóricas consolidadas nesta área, e se colocou nesta parte do texto, a proposição de ações e políticas públicas. Contudo, bom é saber que esse procedimento não obriga lideranças e autoridades públicas envolvidas neste projeto em assumir o decisório dessas medidas. Nesta parte, dedicada à discussão e resultados, lê-se as menções sobre aspectos de vulnerabilidade social da população vivente no território, especialmente, a população contida no CADÚNICO, peculiarmente, os riscos das baixas conexões dessas famílias com os sistemas produtivos locais, a estrutura das famílias sob a liderança de idosos, entre outros fatores de relevo. Enfim, o texto incorpora ainda a discussão sobre as potencialidades das famílias e pessoas lá residentes, em especial, as potencialidades envoltas ao que se considerou como economia política de serviços.

Por último, sabe-se que a atualidade está revestida pela revolução digital. Pode-se afirmar que os recursos digitais favorecem os processos envoltos à coleta, ao armazenamento e à ciência dos dados que se aplica para o analítico dos problemas sociais. As novas formas de coleta de dados, incluindo recursos de BIG DATA, também podem ser incorporadas a esse tipo de trabalho para se obterem alcances ainda maiores ao processo de classificação e construção de atributos representativos de grupos, famílias e pessoas. De tudo isso, chama-se a atenção para as possibilidades de simulação de sistemas complexos, de forma amparada pelos recursos digitais.

Cabe a ênfase de que o exploratório analítico de dados foi usado para se chegar às noções da realidade social que influi na vida de famílias e pessoas domiciliadas no território, e não se fez uso de modelagens desses sistemas complexos. Contudo, esta autoria assume o ponto de vista de que esse nível reflexivo poderá ser usado para a construção de modelos dedicados a análise de problemas sociais pertinentes à população vivente no território, inclusive a mediação de recursos digitais que favorecem a captação e o processo de dados dotados de fatores específicos desta última mencionada população.

  1. ANÁLISE DE DADOS

Esta parte do relatório apresenta uma análise exploratória de dados que sustenta a construção de atributos sobre aspectos do desenvolvimento social, sendo que nível de informação relacionado à espacialidade regional de Campinas, à cidade de Hortolândia e às famílias e pessoas que estão consideradas no CADÚNICO pertinente ao território do CRAS do Jardim Ângulo[1]. O conjunto temático é composto por uma análise classificatória da população, abordando, na sequência, a dimensão de filiações de pessoas ao trabalho social. Neste ínterim, os olhares se voltam mais para o estrutural em torno de relações sociais de produção que assumem a maior densidade de produto, emprego e renda, tanto para a situação regional como para o que se nota no município, e, finalmente, o nível inferencial que relaciona as grandezas de grupos sociais e o nível de serviços públicos, especialmente, os sistemas de educação e saúde.

  • Características gerais da população

A população domiciliada na Região Metropolitana de Campinas, sendo vista por meio da sua distribuição baseada em faixas etárias, mostra que há expressividade de faixas etárias variantes entre 20 e 49 anos. O conjunto de pessoas agrupadas em torno da descrita faixa etária representa algo perto de 48% da população total, tendo a referência do ano de 2020. Ademais, o conjunto da população, incluindo jovens e idosos, aparece distribuído em 1.565.965 de homens e 1.627.367 de mulheres. O crescimento médio anual desta população ficou em torno de 1,36%, considerando o período de 2010 a 2020.  

Gráfico 1 – População da Região Metropolitana de Campinas – por faixa etária (2020)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

Mantendo essa mesma linha de raciocínio para a compreensão da população residente na cidade de Hortolândia, de tal modo vê-se que a população deste município se encontra agrupada em 115.703 homens e 114.565 mulheres. O crescimento médio anual da população total ficou perto de 1,8%. As faixas etárias que se distribuem entre 20 e 44 anos são mais expressivas com um percentual perto de 44% da população total.

Gráfico 2 – População da cidade de Hortolândia – por faixa etária (2020)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

A Região Metropolitana de Campinas mostra a presença maior de mulheres em relação aos homens, com aumento da participação de mulheres em torno de 11%, no período de 2012 a 2020. A cidade de Hortolândia contém o número de homens um pouco acima do de mulheres. O crescimento expressa algo perto de 15%, no período em pauta. Os dois seguintes gráficos desvelam muito bem essa situação social.

Gráfico 3 – População da Região Metropolitana de Campinas (Masculino-Feminina)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

Gráfico 4 – População da cidade de Hortolândia (Masculino-Feminina)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

A análise que compara a participação de jovens, ou seja, as pessoas agrupadas pela faixa etária de até 15 anos e, por outro lado, os idosos, isto é, as pessoas que se encontram em faixas etárias de 60 e mais, aparece no gráfico 5. Nota-se um crescimento mais forte da população idosa, porque antes esse agrupamento representava o percentual em torno de 11,6% da população total, em 2012, e agora representa algo perto de 14,9%. Por outro lado, em menor medida, a população de até 15 anos era de 19,72%, no primeiro ano desta série, sendo agora em 17,89% da população total. Cabe acrescentar que a maior participação de idosos se conecta com a representatividade da população de adultos, ou seja, as pessoas agrupadas na faixa etária que varia de 20 a 59 anos, sendo assim, pode se deduzir que a estrutura da sociedade da Região Metropolitana de Campinas caminha a passos largos para uma expressividade maior de pessoas idosas. 

Gráfico 5 – Participação de jovens e idosos frente à população total da Região Metropolitana de Campinas (%)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

            A estrutura da população da cidade de Hortolândia apresenta trajetórias desses indicadores muito próximas ao que se vê na Região Metropolitana de Campinas. A população de idosos, em 2012, equivalia a 7,89% da população total, alcançando posteriormente o percentual de 11,35%. Enquanto isso, o agrupamento de jovens representava em torno de 22,83% da população total nesse mesmo período, e, atualmente, o equivalente a 18,98%. Deduz-se que o aumento da participação relativa de idosos é menos expressivo na cidade de Hortolândia, comparando-se com a Região Metropolitana de Campinas. Porém, a estrutura da população também manifesta a tendência de aumento da participação dos idosos.

Gráfico 6 – Participação de jovens e idosos frente à população total na cidade de Hortolândia (%)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

A análise da população em idade escolar também se apresenta como um indicador relevante desta caracterização da população que está sendo empenhada nesta parte do relatório, na medida em que possibilita olhares sobre a relação entre esse agrupamento de pessoas e níveis de serviços públicos que estão sendo ofertados nas localidades em pauta. Ademais, abre a visão sobre as potencialidades que se manifestam na dimensão de filiações ao trabalho social. 

O gráfico 7 elucida que a população de 18 a 19 anos se apresenta com o número de 84.139 pessoas, que é o menor deste grupo social, por outro lado, a faixa etária que varia entre 07 e 10 anos destaca-se por ser a mais expressiva desta série, tendo o número total de 153.754 pessoas.

Gráfico 7 – População em idade escolar na Região Metropolitana de Campinas (2020)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

O próximo gráfico contribui com a análise de dados de pessoas em idade escolar na cidade de Hortolândia. Convém se notar as similaridades desta realidade com a situação vista relacionada a Região Metropolitana de Campinas. Neste caso, as pessoas envolvidas na faixa etária que varia entre 18 e 19 anos possui uma menor expressividade, tendo o número de 6.991 pessoas, e o número maior com as crianças de até 03 anos, o total de 11.885 pessoas.

Gráfico 8 – População em idade escolar na cidade de Hortolândia (2020)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

Urge conhecer as especificidades da população idosa, diante das tendências do seu crescimento de participação relativa na estrutura social. A primeira tabela deste relatório mostra a situação dessa população na cidade de Hortolândia, por meio da qual se vê que o número de mulheres idosas é maior se comparado ao número de homens. A faixa etária de 60 a 64 anos é a mais expressiva desta série, o que, por sua vez, agrega nesta análise a tendência de alta da participação da população idosa nessa estrutura social.   

Tabela 1– População idosa na cidade de Hortolândia (2020)

  Homem Mulher Total
60-64 anos 4.669 5.100 9.769
65-69 anos 3.321 3.687 7.008
70-74 anos 2.008 2.388 4.396
75 anos e Mais 2.009 2.947 4.956
Total 12.007 14.122 26.129

Fonte: SEADE (2020)

            A próxima tabela preocupa-se com a análise projetada da participação da população idosa na cidade de Hortolândia, tendo como referência o ano de 2030. Logo, nota-se a projeção de uma variação no número total da população idosa perto de 62%. O outro aspecto relevante é que a faixa etária de 60 a 64 anos continuará sendo a mais expressiva. À primeira vista, este é o reflexo de uma base piramidal mais concentrada na população adulta, tal como se vê no gráfico 2 desta série.

Tabela 2 – Projeção da população idosa na cidade de Hortolândia (2030)

  Homem Mulher Total
60-64 anos 6.390 7.085 13.475
65-69 anos 5.024 6.032 11.056
70-74 anos 3.814 4.606 8.420
75 anos e Mais 3.910 5.469 9.379
Total 19.138 23.192 42.330

Fonte: SEADE (2020)

            O próximo gráfico examina o percentual de mulheres com até 18 anos que tiveram pelo menos um filho no ano de referência, em relação ao total de mulheres que tiveram filhos nesse período. Nota-se o declínio desse indicador de estatísticas vitais, no período em pauta, tanto na Região Metropolitana de Campinas como na cidade de Hortolândia.

Gráfico 9 – Nascidos vivos de Mães com menos de 18 anos (%)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

Em linhas gerais, diz-se que as estruturas sociais correspondentes à localidade regional e ao município de Hortolândia mostram uma situação dinâmica que está composta pela alta expressividade da população idosa, tendo a tendência de crescimento para o médio prazo. Associado a isso, há participação relativa de mulheres que é superior à participação dos homens, mais a compreensão de que as pessoas se assumem como brancas e pardas.

  • Caracterização da população domiciliada no território

Esta parte do relatório expõe a análise de aspectos da população vivente no território pertinente ao CRAS do Jardim Novo Ângulo em Hortolândia[2]. A iniciativa vem depois de olhares sobre as situações regional e municipal, que asseguraram a construção de valiosas noções, e agora essas noções, sendo agora incorporadas ao nível de abstração sobre as particularidades da população domiciliada no mencionado território.

Inicialmente, por meio da tabela 3, apresenta-se a distribuição de famílias domiciliadas no território do Jardim Novo Ângulo, e adiciona-se na mesma tabela a informação sobre a estrutura dessas famílias, ou seja, o número de pessoas domiciliadas no interior dessas famílias. Logo apreende-se que é mais forte a participação de famílias que possuem entre 2 e 3 pessoas, porém, não se pode perder de vista o número expressivo de famílias compostas por mais de 4 pessoas. Nesse sentido, mais à frente deste texto, vai ser interessante se notar que essas mencionadas famílias com mais de 4 pessoas domiciliadas reúnem idosos, crianças e jovens.

Tabela 3 – Número de famílias e pessoas domiciliadas no território pertinente ao CRAS do Jardim Novo Ângulo em Hortolândia (2020)

Número de Famílias Número de pessoas domiciliadas na família
736 1
1121 2
1024 3
672 4
262 5
79 6
25 7
6 8
1 9

Fonte: CADÚNICO (2020)

A distribuição desta população residente no referido território pode ser observada via o atributo da faixa etária. Diga-se de passagem, o número muito expressivo de pessoas na faixa etária que varia entre 7 e 15 anos se explica pela amplitude considerada nesta faixa etária perante os demais atributos. Deste modo, reforça-se que o grupo de idosos representa em torno de 11% da população considerada no CADÚNICO ligado ao território. Convém acrescentar a informação de que o número total de pessoas na faixa etária entre 18 e 34 anos é de 2.502, e o número de crianças com até 04 anos expressa o número de 1.109 pessoas.

Gráfico 10 – Distribuição de faixa etária da população domiciliada no território do CRAS Jardim Novo Ângulo de Hortolândia 

Fonte: CADÚNICO (2020         

A caracterização da população via o atributo da faixa etária também possibilita o analítico sobre o posicionamento de pessoas que estão assumindo a posição de liderança da família, ou seja, a pessoa responsável pelos cuidados dos familiares, em sentido amplo, desde as questões econômicas e financeiras, até os aspectos diversos da vida social. Nota-se o número mais alto de pessoas na faixa etária que varia entre 25 e 34 anos. Convém realçar que há famílias lideradas por pessoas com idade superior a 35 anos, inclusive a expressividade de pessoas idosas com mais de 65 anos. Este é um indicador muito importante para se compreender as potencialidades de filiações dessas famílias no processo social.  

Gráfico 11 – Faixa etária da pessoa que se assume como responsável da unidade familiar

Fonte: CADÚNICO (2020)

A caracterização da população mostra o número mais alto para a participação de mulheres frente ao número total. As mulheres representam em torno de 59% de pessoas domiciliadas no território, enquanto os homens em torno de 41%, no que diz respeito ao ano de 2020.

Gráfico 12 – População domiciliada no território (sexo da pessoa)

Fonte: CADÚNICO (2020)

            A maior parte da população, que nos termos do CADÚNICO se declara como preta, domiciliada no território assistido pelo CRAS do Jardim Novo Ângulo, está composta por homens, em torno de 61% da população total, tal como se vê no gráfico 13.   

Gráfico 13 – População domiciliada no território (Cor/Raça – Sexo)

Fonte: CADÚNICO (2020)

            O gráfico 14põe à vista a distribuição da população, que nos termos do CADÚNICO se declara como preta, levando-se em conta o atributo da faixa etária. O número mais alto para os jovens de 25 a 34 anos. Convém realçar que o número expressivo é de pessoas jovens, isto é, as pessoas agrupadas na faixa etária que varia até 24 anos, alem da participação expressiva de pessoas idosas, neste caso, com a idade superior a 60 anos.

Gráfico  14– População domiciliada no território (Cor/Raça – Faixa etária)

Fonte: CADÚNICO (2020)

            Na sequência do texto, mostra-se o inferencial que leva à leitura dos aspectos da dimensão financeira. O próximo gráfico revela o indicador da renda familiar per capita. Obviamente, por se tratar de pessoas contidas no CADÚNICO, o poder aquisitivo respeita os critérios deste programa, todavia, o interessante é notar que as pessoas com renda até R$ 89, 00 per capita representam o percentual de 54%, sucedida pela faixa que vai de R$ 179,00 até meio salário mínimo, tendo o percentual de 22%.  

Gráfico 15 – Renda familiar per capita de pessoas domiciliadas no território

Fonte: CADÚNICO (2020)

No que diz respeito ao grau de instrução de pessoas que compõem essa amostra populacional do território do CRAS do Jardim Novo Ângulo, observa-se que as pessoas estão com um nível baixo de instrução escolar. O percentual de pessoas com ensino médio complexo está de perto de 24%.

Gráfico 16 – Grau de instrução de pessoas domiciliadas no Território do CRAS do Jardim Novo Ângulo em Hortolândia

Fonte: CADÚNICO (2020)

A próxima tabela dá conta dos locais de nascimento de pessoas domiciliadas no território. Em suma, nota-se que a maior parte de pessoas nasceu em municípios do estado de São Paulo, seguido pela Bahia e Minas Gerais.

Tabela 4 –  Local de nascimento da pessoa domiciliada no território pertinente ao  CRAS do Jardim Novo Ângulo em Hortolândia.

UF de nascimento da pessoa Número de pessoas
Alagoas 264
Amazonas 9
Bahia 679
Ceara 177
Distrito Federal 13
Espírito Santo 27
Goiás 25
Maranhão 191
Minas gerais 634
Mato grosso do Sul 56
Mato grosso do Norte 42
Para 30
Paraíba 78
Pernambuco 281
Piauí 61
Paraná 547
Rio de Janeiro 44
Rio Grande do Norte 52
Rondônia 28
São Paulo 7399
Rio Grande do Sul 10
Santa Catarina 11

Fonte: CADÚNICO (2020)

A próxima tabela evidencia a situação dos idosos. Como se nota, a composição de famílias que contam com a participação de idosos é bem expressiva, inclusive o fato de que há muitos idosos que moram sozinhos, além do número expressivo de idosos que residem com jovens e adultos na mesma casa.

Tabela 5 – Composição de famílias dos Idosos no Território do CRAS do Jardim Novo Ângulo

Número de famílias com Idosos Número de pessoas domiciliadas
415 1
319 2
120 3
47 4
19 5
7 6
1 8
2 9

Fonte: CADÚNICO (2020)

            Em síntese, a população contida no CADÚNICO e domiciliada no território pertinente ao CRAS do Jardim Novo Ângulo possui famílias cuja composição expressa um número de pessoas acima da média da Região Metropolitana de Campinas e da própria cidade de Hortolândia. Ademais, que há um número expressivo de famílias sob a liderança de idosos e jovens. Na mesma linha de raciocínio, diz-se que a maior parte das famílias possui idosos residentes, que a população domiciliada se assume com a cor da pele branca, parda e preta, e que, enfim, nesta respectiva ordem de expressão percentual do indicador, o nível de instrução escolar da população domiciliada está bem baixo.

3.3 Organizações da Sociedade Civil

            Nesta parte do relatório, focam-se os aspectos relacionados à organização civil envolta à população analisada neste relatório. Em 2018, a cidade de Hortolândia tinha o total de 484 organizações da sociedade civil, das quais em torno de 70% eram expressivas de associações privadas. Por meio do gráfico 21, posto logo abaixo, vê-se que organizações da sociedade civil atuam em diversas frentes do processo social, e a mais expressiva organização da sociedade civil envolta à população considerada neste relatório é a de natureza religiosa, tendo o percentual perto de 44%, em segundo lugar, está a atuação de organizações da sociedade civil dedicadas com o desenvolvimento e a defesa de direitos sociais.  

Gráfico 17 – Organizações da Sociedade Civil na cidade de Hortolândia (2018)

Fonte: Fonte: Censo SUAS (08/2019), RAIS/MTE, CNEAS/MDS (2017), CNPJ/SRF/MF (2016), OSCIP/MJ, CADSOL/MTE.

Em suma, este é um vetor relevante e favorável ao desenvolvimento de uma estratégia de valoração do sistema de seguridade social no município de Hortolândia, evidentemente, com possíveis impactos positivos às famílias e pessoas domiciliadas no território.

3.4 As dimensões do produto, emprego e renda

Esta parte do relatório é basilar à apreensão do que se atribuiu como relações sociais de produção expressando a dimensão sistêmica. O corpo temático envolve a discussão sobre relações entre a população, devidamente classificada na primeira parte deste relatório, e os fatores múltiplos do trabalho social. O esforço analítico captura setores produtivos com maior densidade de empregos e renda em atividades da Indústria, Serviços e Comércio residentes na localidade em pauta. Em outras palavras, a busca de um polo dinâmico das dimensões de produto, emprego e renda na situação da economia política.

            O gráfico 18 revela um indicador que diz respeito à dinâmica de empregos em setores econômicos instalados na cidade de Hortolândia. Diga-se de passagem, este indicador evidencia uma situação muito diferente do que se vê em outros municípios componentes da Região Metropolitana de Campinas. No caso de Hortolândia, é interessante se notar que o setor de serviços não se distancia tanto de atividades da Indústria. Para se ter uma ideia melhor deste exposto, em outras cidades da Região Metropolitana de Campinas, a participação relativa do setor de serviços situa-se em torno de 60% do produto, ao passo que na cidade de Hortolândia, tal posicionamento de serviços é visto em torno de 37% versus 33% da Indústria. Grosso modo, essa situação econômica desvela que há muitas potencialidades para o desenvolvimento do setor de serviços no município, evidentemente, respeitando as devidas conexões com os fatores sistêmicos.

Gráfico 18 – Participação de setores no total de empregos formais em Hortolândia (%)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

A próxima tabela cumpre o papel de uma caracterização da estrutura produtiva e suas densidades em relação aos empregos na cidade de Hortolândia. Nota-se que o Comércio Varejista de Equipamentos de Informática, a Administração Pública e a Fabricação de Medicamentos aparecem com resultados destoantes da média, que se situa em 890 empregos, considerando apenas os segmentos apontados nesta tabela.

Cabe observar ainda que as demais atividades de comércio e serviços de menor valor aparecem com o desvio abaixo da média apontada no parágrafo anterior. O recorte analítico de atividades produtivas com o número acima de 500 empregos permite a compreensão de que os empregos estão situados em setores da Indústria intensiva em valor e tecnologias, por exemplo, a atividade de Autoveículos, a Farmacêutica e a Fabricação de Equipamentos de Informática, mais os Serviços de Transportes e Serviços de Alimentação, que se associam a essas atividades de produção, e o Comércio Varejista que também se vincula a essas atividades. Em síntese, o conjunto dessas atividades de trabalho representa o polo dinâmico de empregos e renda na cidade de Hortolândia.

Tabela 6 – Distribuição de empregos em setores econômicos na cidade de Hortolândia (2018)

   
Comércio varejista equipamentos e suprimentos de informática 5339
Administração pública em geral 5011
Fabricação de medicamentos para uso humano 4755
Transporte rodoviário de carga 1358
Fabricação de locomotivas, vagões e outros materiais rodantes 1226
Comércio varejista de mercadorias em geral 1198
Fabricação de peças e acessórios para o sistema motor de veículos automotores 905
Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas 868
Fabricação de produtos de panificação 797
Fabricação de equipamentos de informática 680
Comércio varejista de ferragens, madeira e materiais de construção 680
Transporte rodoviário coletivo 651
Ensino médio 625
Atividades de atendimento hospitalar 571
Fabricação de peças e acessórios para veículos 507
Serviços de engenharia 475
Atividades de limpeza não especificadas anteriormente 471
Comércio varejista de outros produtos novos não especificados anteriormente 325
Comércio varejista de combustíveis para veículos automotores 314
Comércio varejista de produtos de padaria, laticínio, doces, balas e semelhantes 313
Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios 310
Comércio de peças e acessórios para veículos automotores 294
Fabricação de produtos de metal não especificados anteriormente 292
Coleta de resíduos não-perigosos 280
Fabricação de produtos alimentícios não especificados anteriormente 276
Serviços de catering, bufê e outros serviços de comida preparada 273
Construção de edifícios 271
Comércio atacadista de mercadorias em geral 266
Serviços combinados de escritório e apoio administrativo 265
Fabricação de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e materiais semelhantes 260
Comércio varejista de produtos farmacêuticos para uso humano e veterinário 258
Telecomunicações por fio 245
Fabricação de máquinas e equipamentos para uso industrial 241
Serviços de assistência social sem alojamento 222
Fabricação de calçados de couro 220

Fonte: RAIS (2020)

A tabela 7 captura o indicador de alta empregabilidade por faixa etária, em setores econômicos do município de Hortolândia. Os dados são relativos ao ano de 2018. Embora seja relativo ao tempo pretérito, o analítico desses dados permite a visão da estrutura de empregos determinados pelos setores econômicos. Nota-se que cada setor carrega uma noção particular de níveis de empregos. A Administração Pública concentra a empregabilidade para as idades acima de 30 anos, os Serviços de Alimentação e o Comércio Varejista envolvem pessoas jovens. Cabe notar ainda que a população idosa está com baixo nível de empregabilidade. A faixa etária de 30 a 39 anos possui o número mais alto, no que diz respeito aos empregos em setores abarcados nesta amostra.

Tabela 7 – Empregos por faixas etárias em setores produtivos na cidade de Hortolândia (2018)

  18 A 24 25 A 29 30 A 39 40 A 49 50 A 64 65 OU MAIS
Comércio varejista equipamentos e suprimentos de informática 531 1015 2426 935 382 32
Administração pública em geral 76 242 1308 1780 1472 133
Fabricação de medicamentos para uso humano 212 865 2336 998 334 10
Transporte rodoviário de carga 238 224 447 279 158 5
Fabricação de locomotivas, vagões e outros materiais rodantes 74 161 597 257 121 12
Comércio varejista de mercadorias em geral 342 202 355 155 108 9
Fabricação de peças e acessórios para o sistema motor de veículos automotores 74 116 347 241 125 2
Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas 340 142 188 110 71 3
Fabricação de produtos de panificação 81 131 358 181 44 2
Fabricação de equipamentos de informática 45 104 333 164 33 1
Comércio varejista de ferragens, madeira e materiais de construção 125 112 174 125 123 11
Transporte rodoviário coletivo 27 46 168 201 195 13
Ensino médio 85 91 193 152 88 6
Atividades de atendimento hospitalar 52 77 231 150 60 1
Fabricação de peças e acessórios para veículos 48 61 193 141 58 2

Fonte: RAIS 

O próximo gráfico merece ser destacado na medida em que expõe os principais setores produtivos da cidade sob a ótica do quesito da empregabilidade, que mistura a classificação da distribuição de empregos em função da faixa salarial e da faixa etária. Nota-se que o padrão sistêmico da dimensão do trabalho social está na faixa salarial de menor poder aquisitivo para os jovens de até 29 anos, e a distribuição maior dos empregos e renda para as pessoas da faixa etária que varia entre 30 e 39 anos. Esse atributo abre as possibilidades de análises sobre as dinâmicas de setores produtivos e seus nexos com as estruturas de famílias viventes na localidade em pauta.

Gráfico 19 – Número de empregos envolvendo faixas etárias e níveis de renda nos principais setores produtivos da cidade de Hortolândia (2018)

Fonte: RAIS

Nas próximas tabelas, há a construção analítica que discute o número de empregos em setores produtivos, por conta do nível de escolaridade das pessoas. Em linhas gerais, há a percepção de que os níveis de escolaridade que vão do quinto ano incompleto até o ensino fundamental completo incorporam o menor número de empregos.

Tabela 8 – Número de empregos por nível de escolaridade nos principais setores produtivos de empregabilidade da cidade de Hortolândia (2018)

  Até 5ª Incompleto 5ª Completo Fundamental 6ª a 9ª Fundamental Fundamental Completo
Comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de informática 0 0 1 9
Administração pública em geral 119 22 28 360
Fabricação de medicamentos para uso humano 2 2 7 11
Transporte rodoviário de carga 37 16 48 127
Fabricação de locomotivas, vagões e outros materiais rodantes 3 7 1 18
Comércio varejista de mercadorias em geral 5 10 67 124
Fabricação de peças e acessórios para o sistema motor de veículos automotores 0 1 0 2
Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas 7 6 35 101
Fabricação de produtos de panificação 8 9 13 34
Fabricação de equipamentos de informática 0 0 0 0
Comércio varejista de ferragens, madeira e materiais de construção 11 9 34 78
Transporte rodoviário coletivo de passageiros, 9 120 54 108
Ensino médio 16 12 10 21
Atividades de atendimento hospitalar 2 0 5 12
Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 0 1 6 19

Fonte: RAIS

A próxima tabela revela que o grau de instrução classificado como ensino médio completo é o dono de maior número de empregos em setores produtivos pautados nesta parte do trabalho.

Tabela 9 – Número de empregos por nível de escolaridade nos principais setores produtivos de empregabilidade da cidade de Hortolândia (2018)

  Médio Incompleto Médio Completo
Comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de informática 33 499
Administração pública em geral 20 1980
Fabricação de medicamentos para uso humano 7 1557
Transporte rodoviário de carga 77 880
Fabricação de locomotivas, vagões e outros materiais rodantes 6 950
Comércio varejista de mercadorias em geral, 115 834
Fabricação de peças e acessórios para o sistema motor de veículos automotores 3 177
Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas 102 588
Fabricação de produtos de panificação 62 559
Fabricação de equipamentos de informática 0 324
Comércio varejista de ferragens, madeira e materiais de construção 54 464
Transporte rodoviário coletivo de passageiros, 32 310
Ensino médio 21 153
Atividades de atendimento hospitalar 6 301
Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 9 104

Fonte: RAIS

Finalmente, há a compreensão de que esses setores também empregam um número alto de pessoas com nível superior completo, inclusive os profissionais com pós-graduação, muito embora esse último volume seja menor que o primeiro indicador em pauta neste parágrafo. O Comércio Varejista de Equipamentos de Informática destaca-se frente aos demais setores, seja pela quantidade de empregos e o nível de formação das pessoas empregadas.

Tabela 10 – Número de empregos por nível de escolaridade nos principais setores produtivos de empregabilidade da cidade de Hortolândia (2018)

  Superior Incompleto Superior Completo Mestrado Doutorado
Comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de informática 786 3663 346 2
Administração pública em geral 12 1945 7 518
Fabricação de medicamentos para uso humano 481 2659 18 11
Transporte rodoviário de carga 31 141 0 0
Fabricação de locomotivas, vagões e outros materiais rodantes 59 178 1 2
Comércio varejista de mercadorias em geral, 16 25 0 0
Fabricação de peças e acessórios para o sistema motor de veículos automotores 5 716 1 0
Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas 12 15 0 0
Fabricação de produtos de panificação 45 64 1 0
Fabricação de equipamentos de informática 111 227 17 1
Comércio varejista de ferragens, madeira e materiais de construção 9 19 0 0
Transporte rodoviário coletivo de passageiros, 5 12 0 0
Ensino médio 74 307 8 1
Atividades de atendimento hospitalar 12 170 63 0
Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 2 366 0 0

Fonte: RAIS

3.2.1 Ocupações profissionais empregadas em sistemas produtivos da cidade de Hortolândia

            Esta parte do relatório somente descreve ocupações profissionais em setores produtivos com maior densidade de empregos na cidade de Hortolândia. Evidentemente, o conteúdo é de anos atrás, de 2015, mas é salutar a vista desses dados para se ter as noções sobre as funções profissionais em sistemas produtivos. Por exemplo, na cidade de Hortolândia, o Comércio Varejista de Equipamentos de Informática, que atualmente figura como o setor de maior densidade de empregos, lá atrás, no ano de 2015, manifestava a incorporação de ocupações profissionais de Analistas de Tecnologia de Informação, seguidas de trabalhadores em funções administrativas. Portanto, esta é a dimensão técnica e tecnológica de competências profissionais associadas a esse setor econômico.

Fonte: Data Viva (2015)

            Seguindo a mesma linha de raciocínio posta no parágrafo anterior, diz-se que a atividade de trabalho dedicada à fabricação de medicamentos incorpora a ocupação profissional especializada na operação e nas vendas com mais densidade de empregos.

Fonte: Data Viva (2015)

Convém observar que esses dados desvelam as potencialidades de conexões entre as atividades de trabalho de tecnologias de informação e o comércio varejista da cidade.

3.2.3 Segmentos ativos e estabelecimentos empresariais em Hortolândia

Finalmente, por meio da tabela 11, torna-se possível a leitura sobre conexões envoltas aos diversos segmentos de atividades produtivas na cidade de Hortolândia. A relação entre os segmentos ativos e o total de segmentos promove noções sobre os segmentos de atividades produtivas que ainda não estão plenamente constituídos na cidade, o que por sua vez cria conhecimentos para o poder decisório de investimentos privados e públicos, por exemplo, além de outras questões ligadas a este poder decisório.

Tabela 11 – Estrutura de atividades econômicas de Hortolândia (2015)

Setor Segmentos ativos Total  segmentos Estabelecimentos
Máquinas e equipamentos 3 26 16
Produtos eletrônicos 3 11 7
Veículos automotores 2 10 12
Produtos e materiais elétricos 3 10 10
Produtos farmacêuticos 1 4 5
Produtos de metal 2 16 43
Produtos alimentícios 5 31 43
Produtos químicos 2 25 14
Serviços de arquitetura e engenharia 1 4 10
Atividades jurídicas e contabilidade 1 3 32
Publicidade e pesquisa de mercado 1 4 4
Construção 2 21 202
Comércio 11 94 1120
Informação e comunicação 2 32 26
Saúde e serviços sociais 1 1 82
Transporte 3 34 134

Fonte: DATA VIVA (2015)

Convém destacar que o apreendido até aqui é que o Comércio Varejista de Equipamentos de Informática, a Fabricação de Medicamentos e a Fabricação de Equipamentos de Informática figuram como o polo dinâmico do emprego e da renda na cidade de Hortolândia. Contudo, de acordo com os dados posicionados na tabela 11, os segmentos que podem ser conectados a esse polo dinâmico de empregos e de renda ainda não estão plenamente desenvolvidos na cidade. Por exemplo, nota-se facilmente que as atividades ligadas aos sistemas de informação e comunicação estão no polo dinâmico do emprego e renda, porém, os serviços especializados de informação e comunicação mostram apenas dois segmentos ativos de um total possível de 32 segmentos, além de que o número de estabelecimentos é muito baixo para o potencial da cidade. À primeira vista, essa dinâmica alcança uma potencialidade muito alta de atividades econômicas, o que, consequentemente, faz-se como geradora de empregos e renda na situação econômica municipal.

3.2.4 Investimentos confirmados em Hortolândia

A mostra da evolução de investimentos confirmados na cidade de Hortolândia aparece no gráfico 24. Este indicador justifica-se pelo fato de que é muito importante ver se persistiu a condição de valores altos de investimentos em setores do polo dinâmico de empregos e renda considerados para o caso do município, tal como descritos nas últimas partes deste texto.

O gráfico 24 desvela que vêem declinando os dispêndios produtivos, desde o ano de 2012, pois no início da década, de acordo com os dados do SEADE (2020), o número de 8 investimentos confirmados, porém, no período recente, em 2019, apenas 1, portanto, o período recente marcado por forte retração de investimentos, abaixo da média de 4 investimentos.

Gráfico 20 – Número de investimentos confirmados na cidade de Hortolândia (2012-2019)

Fonte: SEADE (2020)

            Na sequência, apresenta-se a ilustração de um somatório de investimentos confirmados em cada período. O valor mais alto da série está com o ano de 2012, momento no qual o valor chegou perto de R$ 560 milhões. A média anual é em torno de R$ 200 milhões. Os últimos anos ficaram abaixo desta referência de medida central.

Gráfico 21 – Valor dos investimentos confirmados na cidade de Hortolândia (em milhões)

Fonte: SEADE (2020). Obs: valores estimados.

            A análise da distribuição de investimentos confirmados em setores econômicos aponta a relevância do setor de serviços para esse tipo de gasto produtivo, sucedido pela Indústria.

Gráfico 22 – Distribuição dos projetos de investimentos por setores econômicos na cidade de Hortolândia (2012-2019)

Fonte: SEADE (2020)

Enfim, a dinâmica de investimentos confirmados tem sido mais forte para o tipo de projetos de implantação de unidades produtoras, e menos intensivos em projetos de ampliação e modernização, como se vê por meio do seguinte gráfico.

Gráfico 23 – Distribuição dos tipos projetos de investimentos confirmados na cidade de Hortolândia (2012-2019)

Fonte: SEADE (2020)

            Em suma, a dinâmica dos investimentos não está intimamente relacionada com a emergência de setores de serviços especializados, especialmente, os setores com potencialidades de novos estabelecimentos e com dinâmica econômica municipal mais densa em empregos e renda. Tal questão social precisa ser mais bem explorada.

  • Comércio exterior  

Os dados de comércio exterior apoiam a compreensão sobre o nível de internacionalização de setores econômicos instalados na cidade de Hortolândia. A primeira conclusão é que a cidade segue perdendo espaços das trocas comerciais internacionais. O indicador do saldo da balança comercial foi bem deficitário ao longo do período de 2010 a 2019, tanto para o caso da Região Metropolitana de Campinas como para a cidade de Hortolândia.

Gráfico 24 – Evolução das trocas comerciais da Região Metropolitana de Campinas (Valor US$ FOB)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP

Gráfico 25 – Evolução das trocas comerciais da cidade de Hortolândia (Valor US$ FOB)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP

            Grosso modo, tal questão está relacionada ao padrão sistêmico mais apoiado em serviços de consumo das famílias e comércio varejista.

  • Níveis de serviços públicos prestados à população

Esta parte do relatório promove a leitura sobre a estrutura de sistemas de serviços públicos instalados na localidade da Região Metropolitana de Campinas e na municipalidade de Hortolândia. Cabe acrescentar que a construção analítica considera relações entre a composição de grupos sociais e famílias e os níveis de serviços considerados nesta parte do trabalho. Essa é a tônica da construção de indicadores sociais que podem ser visualizados por meio dos gráficos e tabelas. Os sentidos do texto revelam questões muito ligadas à vulnerabilidade social.

3.3.1 Sistemas de Saúde

            Inicialmente, o Gráfico 30 mostra a relação entre o número de leitos e a população vista por mil habitantes. Diga-se de passagem, o indicador Leitos de Internação inclui dados de leitos gerais ou especializados situados em estabelecimentos hospitalares públicos ou privados, de acordo com o CNES. O outro indicador de Leitos do SUS diz respeito aos conveniados ou contratados pelo Sistema Único de Saúde – SUS. Cabe observar que ambos não incluem os Leitos de UTI.  Voltando ao ponto da análise de indicadores, o mencionado gráfico revela a queda nessa relação que engloba o número de leitos e a fração da população local. O indicador de Leitos de Internação saiu de 1,8 para 1,49, enquanto o indicador de leitos do SUS foi de 0,99 para 0,84. Em outros termos, observou-se a variabilidade negativa em torno de 17% para o primeiro caso, e o segundo caso com a diminuição em torno de 15,15%.

Gráfico 26 – A estrutura de leitos na Região Metropolitana de Campinas (coeficientes por mil habitantes)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

A realidade de Hortolândia permite a observância sobre esses dois indicadores ligados ao sistema de saúde. A primeira leitura se vincula ao fato de que o indicador fica abaixo de 1, tanto para o caso do Leito de Internação como para Leitos do SUS. Em segundo lugar, destaca-se a variabilidade muito positiva no biênio de 2018/2019, por exemplo, para o caso de leitos de internação com o percentual em torno de 15% e o crescimento percentual em torno de 21% dos leitos do SUS. À primeira vista, trata-se do retorno derivado de ações do setor público no sentido de ampliar a capacidade de serviços de saúde no município.

Gráfico 27 – A estrutura de leitos na cidade de Hortolândia (coeficientes por mil habitantes)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

            No tocante à condição do corpo social de profissionais em sistema de saúde, nas localidades em pauta, o gráfico 28 mostra a situação de enfermeiros, dentistas e médicos perante o coeficiente que mede a proporção de mil habitantes. Na Região Metropolitana de Campinas, neste caso, vê-se uma variabilidade média anual em torno de 3% para os profissionais enfermeiros, seguida da variabilidade média anual em torno de 2% para o caso dos médicos e, finalmente, para os dentistas apresenta-se o resultado perto de 1%. Em suma, a estrutura funcional do sistema de saúde revela-se mais intensiva em profissionais enfermeiros.

Gráfico 28 – A estrutura funcional profissional do sistema de saúde na Região Metropolitana de Campinas (coeficientes por mil habitantes)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

A cidade de Hortolândia mostra o número bem alto de técnicos de enfermagem na funcionalidade do sistema de saúde, a variabilidade positiva acima do padrão observado na Região Metropolitana de Campinas, por exemplo, o crescimento na situação de enfermeiros em torno de 8%, e os médicos e dentistas um pouco a mais do que 5%. Contudo, o número de médicos fica baixo, levando-se em conta a proporção de mil habitantes.

Gráfico 29 – A estrutura de profissionais da saúde na cidade de Hortolândia (coeficientes por mil habitantes)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

Em suma, a Região Metropolitana de Campinas convive com o declínio do número de leitos perante a proporção de mil habitantes. A cidade de Hortolândia mostra uma inflexão positiva no biênio recente de 2018/2019. Em relação à composição do quadro funcional, as estruturas dos sistemas de saúde são mais fortes para a presença de profissionais enfermeiros, especialmente na cidade de Hortolândia, que viu o aumento mais substancial se comparada à totalidade da Região Metropolitana de Campinas.

3.3.2 Sistema educacional

            A primeira iniciativa desta parte do texto elucida questões da estrutura do sistema educacional na cidade de Hortolândia. O seguinte gráfico desvela que a rede municipal pública domina o número de matrículas na creche. O período que engloba de 2010 a 2019 mostra quase a duplicação do número dessas matrículas. Vê-se que esse crescimento do número de matrículas se relaciona com as demandas das famílias, e menos com o crescimento tão significativo da população desta idade escolar, que, por sua vez, cresceu pouco em torno de 1%, no período em pauta.

Este processo pede uma leitura mais profunda envolvendo relações entre o grupo social diretamente beneficiado com esses níveis de serviços públicos. À primeira vista, a condição propícia para os estudos sobre as relações deste processo com o padrão sistêmico de empregos e renda aos jovens, inclusive a situação da composição de famílias lideradas por jovens.

Gráfico 30  – Matrículas na creche na cidade de Hortolândia

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

O gráfico da pré-escola também revela a concentração do número de matrículas no sistema educacional público do município, muito embora a variabilidade tenha sido menor do que a observada na situação da creche, aqui em torno de 46%. A rede particular também obteve crescimento do número de matrículas, perto de 73%.

Gráfico 31 – Matrículas na Pré-escola na cidade de Hortolândia

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

            A Educação Infantil também se desenvolve por meio dos serviços educacionais da Rede Pública Municipal, em maior medida que a Rede Particular. Para se ter uma ideia desta realidade, no período em pauta, a relação entre o número de matrículas no setor público versus o setor privado, no início da série histórica, foi de 12 por 1 matrícula, respectivamente. No final do período, ficou bem perto disso, algo em torno de 11 matrículas, ou seja, pouca alteração neste quesito, demonstrando que o sistema educacional público é mais ligado a essa demanda de serviços públicos. Entretanto, cabe observar que o número de matrículas cresceu em torno de 67% na Rede Pública Municipal.

Gráfico 32 – Matrículas na Educação Infantil na cidade de Hortolândia

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

O próximo gráfico cuida do número de matrículas do ensino fundamental, apresentando sinais díspares se comparado com os indicadores da rede que engloba até a educação infantil. Isso tudo se comprova porque o número de matrículas no ensino fundamental caiu em torno de 5%, no período em pauta. Ademais, a relação entre matrículas no setor público versus a rede privada saiu de 8,86, em 2010, para a proporção de 3,54, em 2019. Cabe ainda observar que o período foi marcado por um declínio em torno de 15% da população nesta idade escolar.

Gráfico 33  – Matrículas no ensino fundamental na cidade de Hortolândia

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

O ensino médio que diz respeito à cidade de Hortolândia também está mostrando alterações substanciais relacionadas à estrutura do sistema educacional. O número de matrículas no ensino médio ficou bem perto de 9721, em outras palavras, houve pouco desvio frente a esse número. O número de matrículas da rede pública se concentra muito na rede estadual, quase nada para o sistema municipal. A relação entre o número de matrículas da rede pública e do setor privado sofreu forte queda, pois passou de 13 matrículas, no início da série, para aproximadamente 6 matrículas, no momento atual. A rede privada está aumentando a sua participação neste segmento da educação, de modo que esse crescimento se situa em torno de 93%.

Gráfico 34 – Matrículas no ensino médio na cidade de Hortolândia

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

Daqui para frente, o foco da análise incide em aspectos qualitativos das sobreditas dimensões do sistema educacional da cidade de Hortolândia. O próximo gráfico revela a distorção entre idade e série dos jovens matriculados no ensino fundamental. Convém notar que o sistema educacional na dimensão do ensino fundamental mostra uma alteração que se expressa na redução de matrículas na rede pública, em favor do crescimento do setor privado. Diante deste contexto, cabe observar que o seguinte gráfico mostra o ligeiro aumento da distorção entre idade e série para a rede pública municipal. Em outro sentido, no caso do ensino médio, vê-se a trajetória declinante da distorção entre idade e série. Todas essas questões podem ser observadas nos seguintes gráficos.

Gráfico 35 – Distorção Idade-Série no Ensino Fundamental em Hortolândia (%)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

Gráfico 36 – Distorção Idade-Série no Ensino Médio em Hortolândia ( %)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

Podem ser notados alguns aspectos qualitativos no nível de serviços da educação prestada na municipalidade, especialmente, nos níveis do ensino fundamental e o médio. Em linhas gerais, observa-se o aumento da participação da rede particular no número de matrículas, além dos indicadores de qualidade associados à oferta do setor público. Para se realçar essa vista sobre o sistema educacional instalado no município, nessa próxima parte do texto, serão feitos os apontamentos sobre o estado de coisas na Região Metropolitana de Campinas, dando conta dos dois indicadores em pauta, a título de quadro de referência para o nível de reflexão deste trabalho, apenas isso.

            O seguinte gráfico mostra a trajetória dos matriculados no ensino médio no sistema educacional da Região Metropolitana de Campinas, por meio do qual logo se nota um declínio das matrículas no ensino médio da rede pública. Cabe realçar que os anos mais recentes tiveram um número de matrículas bem abaixo da média anual de 98.352 matrículas. No caso da rede particular, a redução é relativamente menor que o primeiro caso, pois o resultado de 2018 é mais próximo da média de 19.144 matrículas. Certo é que esse declínio se explica pela redução do número de pessoas nesta idade escolar. Porém, cabe notar que a relação entre as matrículas na rede pública versus a rede privada saiu de 5,8, em 2011, para 4,5 no final da série histórica, sendo que esse movimento também acompanha a estabilidade do número de matrículas na rede particular, ou seja, está mais ligado aos aspectos de menor estrutura social nesta idade escolar.

Gráfico 37 – Matrículas no Ensino Médio na Região Metropolitana de Campinas

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

            Sem dúvida, muito preocupa saber que as matrículas no ensino médio declinaram no período em pauta, os aspectos qualitativos deste nível de serviços. Neste sentido, o seguinte gráfico cuida do indicador que mostra a taxa de abandono nos ensinos fundamental e médio na cidade de Hortolândia. Por taxa de abandono,  lê-se os alunos que abandonaram a escola antes da avaliação final ou que não preencheram os requisitos mínimos em frequência previstos em legislação, em relação ao total de alunos matriculados no final do ano letivo.

Gráfico 38  – Taxa de abandono escolar na cidade de Hortolândia (%)

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

O último gráfico desta parte do relatório põe em evidência as matrículas no ensino especial, via a mostra da Região Metropolitana de Campinas e a cidade de Hortolândia. O ensino especial é dedicado a pessoas com necessidades educacionais especiais, ou seja, portadoras de deficiências visuais, auditivas, físicas, mentais e múltiplas, e portadoras de altas habilidades/superdotadas, de condutas típicas e outras necessidades educativas especiais. Em suma, a variabilidade do número de matrículas na Educação Especial é muito alta, nas duas localidades em pauta, conforme indicado no seguinte gráfico.

Gráfico 39 – Número de matrícula na Educação Especial

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

            Em suma, por um lado, observam-se os aspectos positivos relacionados ao aumento de matrículas nos diferentes níveis do sistema público de educação, somados às melhoras em indicadores qualitativos. Por outro lado, cabe a observância mais apurada sobre a distorção idade série no ensino fundamental II e sobre o declínio de matrículas do ensino médio, sendo esses indicadores do sistema público educacional.

3.3.2. Habitação

O primeiro gráfico desta série dá sentidos para a análise da situação de moradia, tanto para o caso da Região Metropolitana de Campinas como para a cidade de Hortolândia. A situação regional mostra o número médio em torno de 988 mil residências, no período de 2010 a 2020, com variação positiva do número de domicílios em torno de 26%. Cabe observar que a população da referida região cresceu mais, deduzindo-se, assim, que a razão entre essas grandezas mostra a maior necessidade de investimentos em moradia.

Gráfico 40 – Número de domicílios particulares permanentes na Região Metropolitana de Campinas

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

            O caso de Hortolândia mostra o número médio em torno de 65 mil casas, no período em pauta.  A variabilidade positiva ficou acima do indicador da Região Metropolitana de Campinas, algo em torno de 36%.

Gráfico 41 – Número de domicílios particulares permanentes na cidade de Hortolândia

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

3.3.3 Segurança pública  

Esta parte é dedicada ao analítico sobre ocorrências na dimensão da segurança que envolve a vida social. Os gráficos posicionam os dados de diversos atributos vinculados a esta área. Na Região Metropolitana de Campinas, a maior parte de ocorrências de crimes chegou ao final da série, em 2018, com um número abaixo da média, à exceção das ocorrências de roubos a carga, pois o número no final da série ficou em 579, portanto, acima da média anual de 524 roubos.

Gráfico 42 – Ocorrências de crime na Região Metropolitana de Campinas 

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

A cidade de Hortolândia destoa da realidade da Região Metropolitana de Campinas na medida em que os números do final da série ficaram bem próximos do número médio, por exemplo, o número de estupros em 2018, que foi de 63 casos, foi igual a média anual, o que, por sua vez, denota pouca alteração no quadro das ocorrências elencadas no seguinte gráfico. Cabe observar que as ocorrências de furtos de veículos e roubos de cargas manifestaram um número no final da série que é maior do que a média anual da série. Por exemplo, enquanto o número de roubos de cargas totalizou 66 casos em 2018, a média foi torno de 56 casos. Para se ter uma visão mais apurada deste mencionado processo envolvendo as ocorrências da segurança pública, cabe observar o período recente.

Gráfico 43 – Ocorrências de crimes na cidade de Hortolândia

Fonte: SEADE/AGEMCAMP (2020)

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta parte do relatório evidencia o que se pode caracterizar como um trabalho de síntese dos pontos relevantes levados em conta neste diagnóstico socioterritorial. O conjunto temático desta parte fala sobre os aspectos de vulnerabilidade social e sobre as potencialidades da população vivente no território associado ao CRAS do Jardim Novo Ângulo em Hortolândia.  

  • Aspectos de vulnerabilidade social

Este relatório de diagnóstico socioterritorial oferece algumas percepções sobre questões sociais e, consequentemente, aponta a possibilidade de estudos mais aprofundados sobre essas questões, inclusive valendo-se de recursos de coleta, armazenamento e analítico de dados, tudo isso para apoiar a atenção do trabalho assistencial no território.

  • Emprego e renda

A análise que este relatório põe à vista permite a ciência de que as relações sociais de Hortolândia convivem com alguns setores produtivos de alta densidade de emprego e renda. Sabe-se agora que essas atividades de trabalho são ligadas ao Comércio Varejista de Equipamentos de Informática, a Fabricação de Medicamentos, a Fabricação de Equipamentos de Informática e a Fabricação e Peças e Acessórios para Autoveículos.  Esses setores, em algumas partes deste relatório, foram caracterizados como uma espécie de polo dinâmico econômico da municipalidade, na medida em que agrupam mais pessoas empregadas, cuja a faixa etária situa-se acima de 30 anos, com o salário que varia entre 02 e 07 salários mínimos, ou seja, são condições socioeconômicas que estão acima das outras atividades de trabalho instaladas no município que agrupam pessoas empregadas.   

Cabe observar que muitas famílias, consideradas no CADÚNICO, estão sendo lideradas por pessoas que estão nas faixas etárias de até 30 anos, com ensino médio incompleto, inclusive com a formação técnica profissional distante do padrão exercido nos setores em pauta. Por conta dessas razões, neste tempo, essas pessoas estão distantes de possibilidades de filiações a este nível de emprego e renda mais alta. Evidentemente, essa situação aflige a autonomia das famílias e pessoas, enfim, são fatores que aparecem como aspectos de vulnerabilidade social.

Esta questão social pode ser mais bem explorada via estudos amostrais da população vivente no território, especialmente, a situação social das famílias que estão afastadas do mencionado polo dinâmico, ou seja, enfrentando dificuldades de autonomia econômica e financeira. Este proposital de estudos, certamente, poderá levar à produção de dados que possibilitem a captura da esperança matemática associada a essa população, diante dos parâmetros estabelecidos para a leitura dos setores produtivos.

  • Sistema público de educação

O nível de formação escolar das pessoas domiciliadas no território do CRAS do Jardim Novo Ângulo e, como se sabe, posicionadas no CADÚNICO, é outro ponto que estimula cuidados por iniciativa da assistência social, especialmente, o que está envolta do posicionamento de jovens com idade escolar condizente com os níveis de ensino fundamental II e ensino médio. Em linhas gerais, a formação escolar da população está relativamente baixa, pois a maior parte das pessoas estudaram até o ensino fundamental.

            Essa questão social fica ainda mais preocupante se levado em conta indicadores qualitativos do sistema educacional público estatal. A esse respeito, dois indicadores foram apontados neste relatório. O primeiro é que cresce a distorção idade série no ensino fundamental II e, no caso do ensino médio, a situação está marcada por evasões e indicadores qualitativos de resultados que não estão muito bons. Enfim, essa situação social inspira cuidados.

  • Assistência social para famílias cuidadoras de idosos

A participação da população idosa está crescendo muito no município de Hortolândia e na localidade regional. Sem dúvida, a vida social terá que ser permeada por ações e políticas públicas de proteção social aos Idosos, e isso serve muito mais para a população assimilada via o CADÚNICO.

O contexto da pandemia de Covid-19 processa um nível alto de riscos às pessoas idosas, principalmente, na dimensão da saúde humana, sem deixar de lado o fato de que esse contexto pandêmico também impulsiona muitos outros fatores de riscos aos idosos. Convém notar que a população domiciliada no território ligado ao CRAS do Jardim Novo Ângulo possui um número alto de famílias compostas por pessoas idosas, que residem juntas com jovens e adultos, além de que o número de idosos morando sozinho também é expressivo.

            Em síntese, a situação social de famílias e, especificamente, a situação social de idosos, que estão domiciliados no território, é uma questão que requer olhares diferenciados do trabalho assistencial.

Esta é mais uma questão social que pode ser analisada de forma mais aprofundada, como proposta de um estudo que concentre esforços no desvelar de assuntos que dizem respeito à determinação social da saúde dos idosos.

  • Potencialidades de famílias e pessoas domiciliadas no território

Este relatório é ensejado pela leitura coerente de que a população domiciliada no território possui altas potencialidades para a vida social que se nota no município e localidade regional. Logo abaixo, a autoria deste relatório põe à vista algumas proposições alinhadas com esse entendimento de potencialidades da população vivente do território.

  • Estratégia baseada na economia política de serviços  

Este relatório evidenciou que o município de Hortolândia carrega especificidades se comparado à realidade social regional. Não poderia ser diferente, mas a especificidade de maior relevo, que se conecta com as observâncias contidas neste relatório, é a situação na qual a dinâmica do setor de serviços, mais forte é a situação de serviços especializados, que, por ora, não assume alta expressividade na produção da riqueza no município, em outras palavras, os subsetores de serviços não estão plenamente constituídos na economia da cidade. Deduz-se, facilmente, que tal situação tem o significado de oportunidades à constituição de novas relações sociais de trabalho nesta localidade.

O processo criativo de atividades de trabalho envolto aos subsetores de serviços precisa ser pensado estrategicamente, o que implica se pensar a construção de conexões desses subsetores de serviços com os sistemas produtivos de maior densidade de emprego e renda que estão sendo conduzidos na economia local.

Sabe-se que os sentidos estratégicos são compostos por múltiplos fatores, porém, a dimensão do processo da transformação digital em sistemas produtivos caracteriza-se como um elemento de alto valor. Em termos específicos, pode-se mostrar que tem sido feito pelas vias da incorporação do nível técnico mediado por recursos digital, ademais a construção da competência analítica baseada em dados que visa ao fortalecimento do poder decisório estratégico de organizações.

Este relatório trouxe o saber que as atividades de trabalho do Comércio Varejista de Equipamentos de Informática, a Fabricação de Medicamentos e a Fabricação de Equipamentos de Informática, na cidade de Hortolândia, funcionam como uma espécie de polo dinâmico do emprego e renda no município de Hortolândia. O valor desta ideia já foi demonstrado na terceira parte deste texto. Nesta parte, a conclusão foi de que o plano estratégico que visa à construção do que se conhece como economia política de serviços passaria pelas conexões fortes entre esse mencionado polo dinâmico local e os subsetores de serviços especializados. É lógico que essa mencionada construção do plano estratégico ligado à economia política de serviços também se conectaria com as demais atividades de trabalho, porém, as suas ligações com o polo dinâmico, certamente, levariam ao nível superior da capacidade de geração de valor e desenvolvimento social.

Como iniciar esse plano estratégico de desenvolvimento da economia política de serviços no município de Hortolândia? Neste relatório, coube o lançar desta ideia de valor ao desenvolvimento social local, por outro lado, as questões específicas da construção do plano de trabalho estratégico ficam condicionadas ao aprofundamento de estudos de efeitos multiplicadores, bem como ao poder decisório de ações e políticas públicas.

A noção que se coloca aqui é a de que a compreensão de fatores determinantes do plano de trabalho estratégico da economia política de serviços passa pela vista de que o vetor dinâmico desse processo de iniciativas de novos segmentos de serviços especializados passa pelo aumento de investimentos de valoração de serviços públicos. Todavia, diz-se que a dinâmica de investimentos relacionada à oferta de serviços públicos deve ser desenhada em total conformidade com as reais necessidades de famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Esse conceitual impulsionaria o já existente dinamismo das atividades de trabalho conectadas com tecnologias de informação e comunicação, dando sustentação a macroeconomia do emprego e renda.

A questão tecnológica assume papel relevante nesse campo analítico relativo à economia política de serviços. À primeira vista, a nova economia política de serviços incorpora um padrão tecnológico intensivo em conhecimentos, e este padrão tecnológico está sendo operacionalizado por meio do que se costuma chamar de códigos abertos, portanto, essa base tecnológica assegura o acesso de famílias e pessoas em situação de afastamento do trabalho social. 

No que toca à população vivente no território assistido pelo CRAS do Jardim Novo Ângulo de Hortolândia, cabe ver que esse plano estratégico abriria espaços para filiações sociais de jovens que estão na faixa etária que varia até 29 anos, sendo que muito deles em posição de liderança de famílias, com instrução de ensino médio completo, evidentemente, sem perder de vista as oportunidades que seriam abertas a outros grupos sociais também domiciliados no território.

  • Ciclo de formação profissional

            A apreensão do que se considera como potencialidade da economia política de serviços, no caso da população vivente no território assistido pelo CRAS do Jardim Novo Ângulo, pode ser ampliada com o decisório de ações e políticas púbicas complementares pertinentes à dimensão educacional.  

            A liderança deste plano de trabalho pode assumir o compromisso de uma inflexão na formação profissional circunscrita ao grupo social de jovens de até 29 anos, que possa ser extensivo a outros grupos sociais, mas a prioridade para o referido grupo de jovens, tendo em vista o salto qualitativo na construção de saberes e competências profissionais associadas aos setores dinâmicos da economia política de serviços, discutida nesta parte do relatório.

4.2.3Criação de Centro Analítico da Seguridade Social

Este relatório contribui para o saber de que a vida social possui dinâmica complexa e contraditória, porém, difícil é o desvendar de suas questões essenciais. Além disso, sabe-se que seus aspectos contraditórios dependem mais de fatores objetivos advindos de relações sociais de produção, sem falar das condicionantes do poder decisório social e político. Portanto, o poder decisório sobre questões do desenvolvimento social pode e deve ser apoiado por diversas competências analíticas sobre a complexa vida social.

O advento das tecnologias de informação e comunicação trouxe consigo inúmeras novas possibilidades de métodos numéricos e o inferencial implícito de dados, em que a dimensão expoente se vê na mineração de dados complexos. Portanto, abre-se uma nova etapa favorável ao desvendar de aspectos dos problemas sociais, o que, por sua vez, favorece a construção de ações e políticas públicas.

A dinâmica de investimentos ligados à economia política de serviços tem que ser associada ao processo criativo de serviços que se vincula à realidade de famílias e pessoas, especialmente, aquelas que estão enfrentando a vulnerabilidade social. A construção de saberes dotados de fatores específicos da realidade de famílias em situação de vulnerabilidade social, certamente, monta-se como um recurso de alto valor para iniciativas de investimentos em serviços públicos. Grosso modo, o efeito multiplicador a inovação de serviços públicos intensivos em conhecimentos. A título de exemplo, o contexto pandêmico trouxe os agravantes à vida social do ser humano. A expressão dessa situação marcada por agravos está na dimensão da saúde humana. O sistema de saúde consolidou uma situação exponencial de diagnósticos e tratamentos, em diversas localidades do país. Sendo assim, grosso modo, diz-se que o Centro Analítico da Seguridade Social poderia construir saberes do determinismo social das pessoas diagnosticadas com covid-19, inclusive na situação de pós covid-19, como apenas um exemplo relacionado a essa proposta.

  • Rede de Serviços de Cuidadores de Idosos

Este relatório trouxe o saber de que a população vivente no território assistido pelo CRAS do Jardim Novo Ângulo em Hortolândia possui muitas famílias constituídas por idosos, além da realidade de idosos que moram sozinhos. Soma-se a isso uma situação de vulnerabilidades marcadas pelas dificuldades da saúde humana, do poder aquisitivo, do acesso a serviços de cultura, lazer, esporte etc., enfim, a vida social dessas famílias precisa ser protegida por ações e políticas públicas.

A proposta da Rede de Serviços de Cuidadores de Idosos contempla a constituição de sistemas profissionais, de forma regulamentada e organizada pelo poder público, que assume a assistência social às famílias compostas por idosos, sob várias perspectivas do trabalho assistencial.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Este relatório apresenta resultados que realmente podem auxiliar nas decisões preventivas e proativas do poder decisório da assistência social junto ao território pertinente ao CRAS do Jardim Novo Ângulo em Hortolândia. Talvez a principal consideração deva ser direcionada ao propósito cumprido de se analisarem as potencialidades, em sentido amplo, que representa a inclusão dos setores sociais, por ora em situação de vulnerabilidade, junto ao processo de construção estratégica de uma economia política de serviços na municipalidade de Hortolândia.

A conclusão é que a dinâmica sistêmica econômica associada a esta mencionada estratégia seria capaz de apoiar o desenvolvimento social inclusivo para essas famílias e pessoas. Reitera-se que isso seria assim possível porque a situação econômica pede novas conexões envolvendo a Indústria e os Serviços, mais a conexão desses setores com o Comércio. Pode-se dizer ainda as conexões entre os diversos segmentos de Serviços, sem falar da dinâmica inovadora que poderia ser impulsionada por meio de investimentos públicos. Enfim, cabe perceber que toda esta descrição textual, até certo ponto carregada de emoções positivas, foi bem discutida ao longo do texto, de forma coerente, baseada em analítico de fatores objetivos.

            Este relatório, em termos específicos, apresentou a construção analítica iniciada pela observância de grupos, famílias e pessoas, ou seja, o analítico da dimensão de relações sociais que estão montadas na localidade regional e municipal. É certo que a compreensão sobre essas relações sociais poderá ser aumentada, pondo em vista, o analítico de dados primários, diga-se de passagem, pela via de recursos digitais. Todavia, esse resultado que envolve a caracterização da população serve para muitos outros estudos relacionados ao desenvolvimento social.

            O nível de abstração que se dedicou a leitura das relações sociais aproximou-se da dimensão do emprego e renda na municipalidade. Este processo analítico levou ao conhecimento do que se atribuiu como padrão do polo dinâmico municipal. Cabe realçar que este padrão mostra que os jovens estão sendo empregado em atividades de baixo valor, o que, por sua vez, limita a distribuição na forma salário. A formação em ensino de nível superior aparece mais em serviços especializados, especialmente, os serviços vinculados as tecnologias de informação e comunicação. O contexto das últimas décadas foi marcado por declínio dos investimentos, especialmente, os investimentos destinados aos setores que se vinculam aqueles de maior densidade de emprego e renda. Foi possível se notar que muitos segmentos de serviços, diga-se de passagem, que já estão muito desenvolvidos em outras localidades do país, no município de Hortolândia, ainda não estão plenamente ativos. Em suma, esses mencionados fatores apóiam o conceitual de estratégia pautada pela valoração da seguridade social, tão discutida neste relatório, como maneira de apoiar o desenvolvimento social.  

            A discussão sobre o nível de serviços públicos permitiu a compreensão de que algumas questões precisam ser mais bem exploradas em pesquisas. Por exemplo, a hipótese de que há relações entre crescimento de matrículas em creches do sistema educacional público com os aspectos associados à liderança de jovens em unidade familiar, junto com isso a situação de emprego que norteia a vida dessas famílias. Os indicadores qualitativos ligados ao ensino médio público pedem maior atenção das lideranças, esta é outra questão social pertinente que precisa ser aprofundada. A discussão sobre o sistema de saúde demonstrou a predominância de estruturas rígidas, mais dependentes da funcionalidade profissional baseada em profissionais da saúde, sendo essa uma estrutura que depende de enormes volumes de investimentos e soluções de longo prazo, porém, o relatório também abordou as possibilidades de inovação desses serviços públicos apoiados pelo processo que assegura conexões com setores da tecnologia de informação e comunicação. Convém reiterar que a estratégia baseada na valoração de serviços públicos encontra capacidade sistêmica dinâmica, permitindo o acesso de famílias e pessoas em situação de vulnerabilidades aos serviços públicos.

            Este trabalho de diagnóstico socioterritorial, tendo a certeza de que muitos saberes aqui divulgados, no próximo período, se somarão aos saberes ainda mais valiosos advindos das equipes de trabalho assistencial junto ao território, mais as apreensões reunidas em torno das famílias e pessoas domiciliadas, e essa capacidade de razão permearão as soluções estratégicas, no sentido de um desenvolvimento social pautado pela solidariedade e a fraternidade humana. 

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGEMCAMP. Observatório Metropolitano de Indicadores da RMC. Disponível em: http://www.agemcamp.sp.gov.br. Acesso em: 10 de maio de 2021.  

DATA VIVA. Oportunidades econômicas. Disponível em: http://www.dataviva.info. Acesso em: 10 de fevereiro de 2021.

COSTA, Fernando N. Et al. Economia brasileira como sistema complexo: dimensões da economia política da complexidade. Texto para Discussão. Campinas: IE UNICAMP, 2017.

COSTA, Marco A. Et al. Vulnerabilidade social no Brasil: conceitos, método e primeiros resultados para municípios e regiões metropolitanas. Texto para discussão. Instituto de pesquisa econômica aplicada. Rio de Janeiro, IPEA, 2018.

FURTADO, Bernardo Alves; SAKOWSKI, Patrícia A. M.; TÓVOLLI, Marina H. Modelagem de sistemas complexos para políticas públicas. Brasília: IPEA, 2015. 436 p.

JANNUZZI, Paulo Martinho. Indicadores Sociais no Brasil. São Paulo: Editora Alínea. 2009.

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MONTEIRO, Simone R. P. O marco conceitual da vulnerabilidade social. Rio de Janeiro: Sociedade em debate, 17(2), 29-40, 2012.

MOPS – Mapas estratégicos para políticas de cidadania. Disponível em: https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/mops/. Acesso em: 31/05/2020.

PRADO, Eleutério F. S. Economia, complexidade e dialética. São Paulo: Plêiade, 2009.

___________________. Complexidade e práxis. São Paulo: Plêiade, 2011.

SEADE. Boletins diversos. Disponível em: https://www.seade.gov.br. Acesso em: 31/05/2020.  

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO. Indicadores da saúde. Disponível em: http://www.saude.sp.gov.br/ses/perfil/profissional-da-saude/informacoes-de-saude-/tabnet-ses-indicadores-de-saude. Acesso em: 20/06/2021.

RAIS & CAGED. Sistemas de emprego e renda. Disponível em: https://bi.mte.gov.br/bgcaged/. Acesso em: 11/07/2021. 


[1] Este relatório analisa dados de dimensões da vida social de famílias e pessoas domiciliadas na Região Metropolitana de Campinas, por conseguinte, os seus nexos com o viver na cidade de Hortolândia, e caminha com um analítico de dados que expressa a população cadastrada no CADÚNICO que diz respeito ao CRAS do Jardim Novo Ângulo da cidade de Hortolândia. Portanto, na parte que diz respeito à classificação da população vivente no Território ligado ao CRAS do Jardim Novo Ângulo, não se discute os dados do conjunto desta população, apenas da população que está registrada no CADÚNICO.  

[2] Reitera-se que esta parte do relatório é inteiramente dedicada ao analítico de dados que expressa a população contida no CADÚNICO associado ao CRAS do Jardim Novo Ângulo na cidade de Hortolândia.


Prof. Dr. Cristiano Monteiro da Silva

Pós Doutorado em Economia (2013,UNICAMP). Doutorado em Ciências Sociais (2010/PUC-SP), áreas de concentração: relações internacionais e ciência política. Mestrado em Economia (2002/PUC-SP). Graduação em Economia (2000/USF). Pós-graduação em Ciências de Dados. Pós-graduação em Marketing. Pós-graduação em Políticas Publicas. Inúmeros cursos de curta duração: linguagem R, gestão de vendas, marketing digital, finanças corporativas, gestão de custos, contabilidade básica e econometria aplicada, matemática, educação, gestão de negócios. Docente Extensionista da PUC/Campinas; Faculdades de Direito e Ciências Econômicas. (Fonte: Currículo Lattes).


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