ESTUDO TEMÁTICO Área: Sustentabilidade

Evolução da Frota de Veículos na Região Metropolitana de Campinas no período de 2001 a 2018

Docente Extensionista: Prof. Dr. Izaias de Carvalho Borges

Aluna Extensionista: Victtoria Belmonte de Campos

Sumário

1        Introdução

2        A Evolução da Frota de Veículos no Brasil

2.1        Perfil da Frota de Veículos em 2018

2.2        A Evolução da Frota de 2001 a 2018

2.3        Considerações Finais

3        Frota de Veículos no Estado de São Paulo

3.1        O Perfil da Frota de Veículos em 2018

3.2        A Evolução da Frota de Veículos de 2001 a 2018

3.2.1        A Evolução da Frota Total

3.2.2        A Evolução da Taxa de Motorização

4        Frota de Veículos na Região Metropolitana de Campinas

4.1        Perfil da Frota de Veículos em 2018

4.2        A Evolução da Frota de Veículos nos Municípios da RMC, de 2001 a 2018

4.2.1        Evolução da Frota Total

4.2.2        Evolução da Frota Per Capita de Veículos

4.3        A Evolução da Frota de Veículos na RMC em comparação a outras Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo

5        Considerações Finais         

6 Referências Bibliográficas e Fontes de Dados 


Índice de Tabelas

Tabela 1. Frota de veículos no Brasil em 2018: por tipos de veículos e por Unidades da Federação 

Tabela 2.  Frota de veículos no Brasil, de 2000 a 2018, por tipos de veículos

Tabela 3.Variação acumulada da frota de veículos no Brasil, de 2001 a 2018, por tipos de veículos 

Tabela 4. Variação acumulada na frota de veículos no Brasil, de 2001 a 2018, por Grandes Regiões e Unidades da Federação

Tabela 5. Crescimento da frota de veículos per capita no Brasil, entre 2001 e 2018, por tipos de veículos 

Tabela 6. Evolução da taxa de motorização no Brasil, de 2001 a 2018, por Unidades da Federação 

Tabela 7. Frota de veículos no Estado de São Paulo em 2018, por tipos de veículos.

Tabela 8. Os 50 municípios com a maior e os 50 com a menor frota de veículos no Estado de São Paulo em 2018 (em número de veículos)

Tabela 9. Os 50 municípios com a maior e os 50 com a menor frota de automóveis no Estado de São Paulo em 2018 (em número de automóveis)

Tabela 10. Os 50 municípios com a maior e os 50 com a menor frota per capita de automóveis no Estado de São Paulo em 2018 (número de automóveis para cada 1.000 pessoas)

Tabela 11. Frota de Veículos no Estado de São Paulo, de 2001 a 2018, por tipos de veículos 

Tabela 12. Crescimento da frota de veículos no Estado de São Paulo, de 2001 a 2018, por tipos de veículos 

Tabela 13. Variação acumulada na frota total de veículos no Estado de São Paulo, de 2001 a 2018, por Regiões Administrativas.

Tabela 14. Variação acumulada na frota de veículos de passageiros no Estado de São Paulo, de 2001 a 2018, por Regiões Administrativas

Tabela 15. Variação acumulada na frota de veículos de duas rodas no Estado de São Paulo, de 2001 a 2018, por Regiões Administrativas

Tabela 16. Variação acumulada na frota de veículos de carga no Estado de São Paulo, de 2001 a 2018, por Regiões Administrativas

Tabela 17. Variação acumulada na frota de veículos de transporte coletivo no Estado de São Paulo, de 2001 a 2018, por Regiões Administrativas

Tabela 18. Variação na frota per capita de veículos no Estado de São Paulo, entre 2001 e 2018, por tipos de veículos

Tabela 19. Variação na taxa de motorização, entre 2001 e 2018, por Regiões Administrativas 

Tabela 20. Variação na frota de veículos de passageiros per capita, entre 2001 e 2018, por Regiões Administrativas

Tabela 21. Variação na frota de veículos de duas rodas per capita, entre 2001 e 2018, por Regiões Administrativas

Tabela 22. Frota de veículos na Região Metropolitana de Campinas em 2018, por tipos de veículos 

Tabela 23. Frota total de veículos na Região Metropolitana de Campinas em 2018, por Municípios 

Tabela 24. Frota de veículos nas Regiões Metropolitanas e nos Aglomerados Urbanos do Estado de São Paulo em 2018

Tabela 25. Crescimento na frota de veículos na RMC, entre 2001 e 2018, por tipo de veículo 

Tabela 26. Crescimento da frota total de veículos na RMC, entre 2001 e 2018, por Municípios 

Tabela 27. Crescimento da frota de veículos de passageiros na RMC, de 2001 a 2018, por Municípios 

Tabela 28. Crescimento da frota de veículos de duas rodas na RMC, de 2001 a 2018, por Municípios 

Tabela 29. Crescimento da frota de veículos de transporte coletivo na RMC, de 2001 a 2018, por Município 

Tabela 30. Crescimento da frota de veículos de carga na RMC, de 2001 a 2018, por Município 

Tabela 31. Frota de veículos para cada 1.000 pessoas na RMC, por tipos de veículos, em 2001 e 2018 

Tabela 32. Frota total de veículos para cada 1.000 pessoas nos municípios da RMC, 2001 e 2018 

Tabela 33. Frota de veículos de passageiros para cada 1.000 pessoas nos municípios da RMC, 2001 e 2018 

Tabela 34. Frota de veículos de duas rodas para cada 1.000 pessoas nos municípios da RMC, 2001 e 2018 

Tabela 35. Frota de veículos de transporte coletivo nos municípios da RMC, 2001 e 2018.

Tabela 36. Frota total de veículos nas Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo, 2001 e 2018 

Tabela 37. Frota de veículos para cada 1.000 pessoas nas Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo 

Índice de Gráficos

Gráfico 1. Frota de veículos no Brasil em 2018, por tipos de veículos (valor em %)

Gráfico 2. Participação dos automóveis e das motocicletas no total de veículos em 2018, por Grande Região 

Gráfico 3. Participação das Unidades da Federação na frota total de veículos no Brasil em 2018 

Gráfico 4. Frota total de veículos para cada 1.000 pessoas em 2018, por Unidades da Federação 

Gráfico 5. Frota de veículos de transporte individual de passageiros para cada 1.000 habitantes em 2018, por Unidades da Federação

Gráfico 6. Frota de veículos de duas rodas para cada 1.000 pessoas em 2018, por Unidades da Federação 

Gráfico 7. Variação anual da frota de veículos no Brasil, em quantidade de veículos, de 2001 a 2018 

Gráfico 8. Variação anual da frota de veículos no Brasil, em percentual, de 2001 a 2018

Gráfico 9. Crescimento acumulado da população total e da frota total de veículos no Brasil, entre 2001 e 2018, por Unidades da Federação

Gráfico 10. Participação dos veículos de passageiros e dos veículos de duas rodas no total de veículos em 2018, no Estado de São Paulo e demais Estados

Gráfico 11. Frota de Veículos de 2018 no Estado de São Paulo, por Regiões Administrativas (em %)

Gráfico 12. Variação anual da frota de veículos no Estado de São Paulo (em unidades)

Gráfico 13. Variação anual da frota de veículos no Estado de São Paulo (em %)

Gráfico 14. Participação do Estado de São Paulo na frota total de veículos no Brasil, de 2001 a 2018 

Gráfico 15. Variação acumulada (em %) da população total e da frota de veículos no Estado de São Paulo, entre 2001 e 2018

Gráfico 16. Variação acumulada da população total e da frota de veículos, de 2001 a 2018, por Regiões Administrativas

Gráfico 17. Veículos para cada 1.000 pessoas nas Regiões Metropolitanas de São Paulo, em 2018 

Gráfico 18. Veículos para cada 1.000 pessoas nos Municípios da Região Metropolitana de Campinas, em 2018 

Gráfico 19. Evolução da frota total de veículos na RMC, de 2001 a 2018

Gráfico 20. Variação anual na frota de veículos (em unidades) na RMC, de 2002 a 2018

Gráfico 21. Variação anual na frota de veículos (em %) na RMC, de 2002 a 2018

Gráfico 22. Crescimento acumulado na frota total de veículos, entre 2001 e 2018, na RMC, em comparação a Brasil e Estado de São Paulo

Gráfico 23. Crescimento acumulado, de 2001 a 2018, da população total e da frota total de veículos nos municípios da RMC

Gráfico 24. Veículos e automóveis para cada 1.000 pessoas na RMC, 2001 e 2018

Gráfico 25. Crescimento acumulado de veículos selecionados, de 2001 a 2018, para Brasil, Estado de São Paulo e Região Metropolitana de Campinas

Gráfico 26. Taxa de motorização no Brasil, no Estado de São Paulo e na Região Metropolitana de Campinas, 2001 e 2018

Gráfico 27. Participação da frota de automóvel na frota total de veículos em 2018: Brasil, Estado de São Paulo e RMC  

1      Introdução 

O objetivo deste estudo é analisar a evolução da frota de veículos automotores na Região Metropolitana de Campinas no período de 2001 a 2018. O crescimento da frota de veículos automotores, se, por um lado, pode ser visto como um indicador de crescimento econômico, uma vez que o aumento do número de veículos per capita está associado tanto ao crescimento da renda per capita quanto à expansão do acesso ao crédito; por outro, está associado a três problemas enfrentados pelos grandes centros urbanos brasileiros: a poluição, tanto a sonora quanto a atmosférica, os congestionamentos e os acidentes de trânsito. Assim, os impactos do aumento da frota de veículos sobre o bem-estar social precisam ser avaliados com muita cautela, pois trazem, ao mesmo tempo, benefícios, como emprego, renda e conforto, e custos socais, como poluição e mortes no trânsito.

Um estudo da evolução da frota de veículos é importante no contexto de alinhamento das políticas públicas, principalmente as municipais, aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 e às metas do Acordo de Paris. Dentre as metas estabelecidas pelos ODS, estão a redução do número de mortes no trânsito e a redução da emissão dos gases de efeito estufa, dentre eles o monóxido de carbono (CO), gás emitido pelos veículos automotores. A meta 3.6 do ODS 3 propõe “até 2020, reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por acidentes nas estradas”.  A meta 11.2 do ODS 11 propõe “até 2030, proporcionar o acesso a sistemas de transportes seguros, acessíveis, sustentáveis e a preço acessível para todos, melhorando a segurança rodoviária por meio da expansão dos transportes públicos”. Assim, a mobilidade urbana pode ser vista como um tema transversal nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável e se relaciona com as quatro dimensões da sustentabilidade: a econômica, a social, a ambiental e a institucional.

Além da Agenda 2030, a mobilidade urbana e as características do modelo de transporte têm relação direta com as metas do Acordo de Paris, ratificado pelo governo brasileiro em dezembro de 2016. Ao ratificar o acordo, o Brasil se comprometeu a reduzir, até 2025, a emissão de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005 e, até 2030, em 43% abaixo dos níveis de 2005. Considerando que os automóveis têm uma grande contribuição na emissão dos gases de efeito estufa[1], a evolução da frota de veículos pode ser um indicador dos desafios do país em atingir as metas, tanto as da Agenda 2030 quanto as do Acordo de Paris.


[1] De acordo com estudo realizado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), na Grande São Paulo, os automóveis são responsáveis por 72,6% das emissões de gases de efeito estufa.


Além das metas e dos acordos multilaterais, a Lei Federal nº 12.587, de 2012, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana, estabelece, dentre os seus princípios e diretrizes, a “prioridade dos modos de transporte não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado” (MMA, 2019).

A dimensão dos custos resultantes do aumento da frota de veículos depende do tipo de veículo, da tecnologia e do combustível utilizado, da qualidade das vias urbanas de trânsito e das políticas públicas de segurança no trânsito.

O trabalho tem como fonte principal de dados as Estatísticas de Frotas de Veículos do Denatran, que é uma pesquisa mensal, com dados para municípios e estados sobre o número de veículos automotores com placas, distribuídos conforme o Quadro 1. As estatísticas do Denatran fornecem os dados brutos das frotas de veículos. Neste trabalho, os tipos de veículos foram agregados em quatro grupos, conforme o Quadro 2.

Fonte: Elaboração própria.

Além das estatísticas do Denatran, foram utilizadas também as estimativas da população municipal do IBGE para o cálculo da quantidade de veículos por população. Normalmente a relação entre as duas variáveis – frotas de veículos e população total – é também definida como taxa de motorização e pode ser representada pela seguinte equação:

Nessa equação, TMit representa a taxa de motorização da região i no ano t; Fit representa a frota total de veículos na região i no ano t; e Pit, a população total da região i no ano t. A taxa de motorização será, então, a quantidade de veículos para cada 1.000 pessoas em determinada localidade.

Assim, este estudo tem por objetivo analisar a evolução da frota total de veículos e a taxa de motorização no Brasil, no Estado de São Paulo e na Região Metropolitana de Campinas. Na seção 2, será feita a análise da evolução da frota de veículos e da taxa de motorização no Brasil, por unidades da Federação. Na Seção 3, será analisada a evolução no Estado de São Paulo, por Regiões Administrativas. E, na seção 4, será feita a análise da evolução da frota de veículos na Região Metropolitana de Campinas, por município da região.

1      A Evolução da Frota de Veículos no Brasil

2.1        Perfil da Frota de Veículos em 2018

A   Tabela 1 apresenta os dados da frota total de veículos no Brasil em 2018, por tipos de veículos e por Unidades da Federação. Em 2018,  a frota total de veículos no país era de 100,7 milhões de unidades. Do total de veículos,  os automóveis constituíam mais da metade da frota, com  54,7 milhões de unidades.  As motocicletas constituíam o segundo tipo com maior participação na frota total de veículos, com 22,3 milhões de unidades, representando 22,17% da frota total (Gráfico 1). Assim, as frotas de automóveis e de motocicletas juntas representavam 76% da frota total de veículos. 

É importante destacar que existem diferenças regionais quanto à  participação dos automóveis e das motocicletas na frota total de veículos, como se observa no Gráfico 2. Nas Regiões Norte e Nordeste, os veículos de duas rodas (motocicletas e motonetas) são os tipos de veículos com maior participação na frota total. Em 2018, os veículos de duas rodas representavam, respectivamente, 48% e 43% da frota total de veículos, na Região Norte e na Região Nordeste. Nas demais Regiões, os veículos de passageiros (automóveis e camionetas) têm a maior participação na frota total de veículos, com destaque para a Região Sudeste, onde (automóveis e camionetas) representavam 65% da frota total, enquanto os veículos de duas rodas representavam apenas 20% da frota total.

Em termos regionais, o Estado de São Paulo possui a maior frota de veículos do país, com 29 milhões de unidades (28,84%), seguido de Minas Gerais, com 11,19 milhões de unidades (11%), e Paraná, com 7,5 milhões de unidades (7,5%) (Gráfico 3). As menores frotas do país estão em três estados da Região Norte, Acre, Roraima e Amapá, com, respectivamente, 227 mil, 219 mil e 195 mil veículos.

A taxa de motorização no Brasil em 2018 era de 483 veículos para cada 1.000 pessoas, ou seja, quase um veículo para cada duas pessoas (Gráfico 4). O Estado de Santa Catarina tinha a maior taxa de motorização, com 728 veículos para cada 1.000 pessoas. O Estado de São Paulo era o terceiro Estado com maior taxa, com 638 veículos para cada 1.000 pessoas. E Amazonas foi o Estado com a menor taxa, com 216 veículos para cada 1.000 pessoas.

O Gráfico 5 apresenta a frota per capita de veículos de transporte individual de passageiros (automóvel e camioneta) em 2018 no Brasil, por Unidades da Federação. A média nacional era de 283 veículos para cada 1.000 pessoas, ou seja, aproximadamente um veículo para cada 4 pessoas. O Distrito Federal tinha a maior frota per capita, com 470 veículos para cada 1.000 pessoas, seguido de Santa Catarina e São Paulo, com, respectivamente, 450 e 433 veículos para cada 1.000 pessoas. Já Maranhão era o Estado com a menor frota per capita de veículos de passageiros, com apenas 66 veículos para cada 1.000 pessoas.

O Gráfico 6 apresenta a frota per capita de veículos de duas rodas (motocicletas e motonetas) em 2018 no Brasil, por Unidades da Federação. A média nacional era de 128 veículos para cada 1.000 pessoas, ou seja, aproximadamente um veículo para cada 8 pessoas. Observa-se que os Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste são os que tinham a maior frota per capita de motocicletas e motonetas. O Estado de Rondônia tinha a maior frota per capita, com 293 veículos para cada 1.000 pessoas, seguido por Mato Grosso e Tocantins, com, respectivamente, 246 e 210 veículos para cada 1.000 pessoas. Já o Distrito Federal e Rio de Janeiro eram as Unidades da Federação com as menores frotas per capita de veículos de duas rodas, com, respectivamente, 70 e 65 veículos para cada 1.000 pessoas.

2.2        A Evolução da Frota de 2001 a 2018

O período de 2001 a 2018 se caracterizou por forte expansão da frota nacional de veículos. Como mostra a Tabela 2, a frota total de veículos no Brasil aumentou de 31,9 milhões, em 2001, para 110,7 milhões, em 2018. No mesmo período, a frota de automóveis aumentou de 21 para 54 milhões, e a frota de motocicleta de 4 para 22 milhões de unidades.

O Gráficos 7 e 8 apresentam, respectivamente, o crescimento anual absoluto e relativo da frota total de veículos no Brasil, de 2001 a 2018. Observa-se que as taxas de crescimento são crescentes de 2003 a 2010 e decrescentes de 2010 a 2017. Em 2018, a taxa de crescimento da frota total de veículos foi de 3,8%, uma taxa superior à apresentada em 2017, que foi de 3,4%.

A Tabela 3 apresenta a variação acumulada da frota total de veículos no Brasil, entre 2001 e 2018, por tipos de veículos. A frota total de veículos no país em 2018 era 215% maior do que em 2001. Os veículos de duas rodas apresentaram o maior crescimento acumulado, com crescimento de 488% entre 2001 e 2018. O segundo grupo com maior crescimento acumulado foi o de veículos de cargas (caminhões, caminhonetes e utilitários), que teve um crescimento acumulado de 471%. Os automóveis tiveram um crescimento de 157,7%, e os veículos de transporte coletivo de passageiros foi o grupo com menor crescimento acumulado, com 147,7% entre 2001 e 2018.  Assim, no período de 2001 a 2018, a frota de veículos de transporte individual (automóveis, motocicletas e motonetas) apresentou um crescimento maior do que a frota de veículos de transporte coletivo (ônibus e micro-ônibus).

A Tabela 4 mostra a variação acumulada na frota de veículos no Brasil, de 2000 a 2018, por unidades da Federação. Nas regiões Norte e Nordeste, ocorreram as maiores taxas de crescimento de frota de veículos no período analisado. A frota da região Norte apresentou um crescimento acumulado de 529% entre 2000 e 2018, enquanto a frota da região Nordeste apresentou um crescimento acumulado de 414% no mesmo período. A região Sudeste, que tem a maior frota de veículos dentre as cinco grandes regiões, foi a que apresentou o menor crescimento em termos percentuais, pois de 2001 a 2018 a frota de veículos aumentou 191%. Quanto às unidades federativas, o Estado do Maranhão foi o que apresentou o maior crescimento, pois de 2000 a 2018, a frota de veículos nesse estado teve um aumento acumulado de 730%. Já o Estado de São Paulo apresentou o menor crescimento percentual, pois a frota de veículos no estado teve um crescimento acumulado de 172% no período.

O Gráfico 9 apresenta o crescimento acumulado da população total e da frota total de veículos entre 2001 e 2018, por unidades da Federação. Observa-se que o crescimento acumulado da frota de veículos foi muito maior do que o crescimento acumulado da população total em todas as Unidades da Federação. Enquanto a população total brasileira teve um crescimento acumulado de 21%, a frota total de veículos cresceu 215%.

O crescimento da frota maior que o crescimento populacional implicou o crescimento da frota per capita de veículos, como mostra a Tabela 5, de 185 para 483 veículos para cada 1.000 pessoas, representando um aumento de 161% entre 2001 e 2018. Os veículos de duas rodas apresentaram o maior crescimento da frota per capita. Entre 2001 e 2018, a frota per capita de motocicletas e motonetas aumentou de 26 para 128 veículos para cada 1.000 pessoas, o que representou um crescimento de 386%.

A Tabela 6 mostra a evolução da taxa de motorização no Brasil, medida pela quantidade de veículos para 1.000 pessoas, em 2001 e em 2018. Das Grandes Regiões, Norte e Nordeste apresentaram os maiores crescimentos na taxa de motorização. No Nordeste, ela teve um crescimento acumulado de 299% e, na Região Norte, um crescimento acumulado de 310%. A Região Sudeste foi a que apresentou o menor crescimento da taxa de motorização.

Dentre as Unidades da Federação, os Estados do Maranhão e do Piauí apresentaram os maiores crescimentos percentuais na taxa de motorização, um crescimento acumulado de 508% e 468%, respectivamente.

2.3        Considerações Finais

A análise da evolução da frota de veículos no Brasil mostra um crescimento da frota total de veículos  superior ao crescimento populacional no período de 2001 a 2018, resultanto, portanto, em um forte crescimento da frota per capita de veículos no país. É importante ressaltar três tendências observadas no período analisado. Na primeira, observa-se um crescimento da frota de veículos de transporte individual (automóveis, motocicletas e motonetas)  superior ao crescimento da frota de veículos de transporte coletivo. Na segunda, dentre os veículos de transporte individual, um  forte crescimento da frota de motocicletas e de motonetas. Já na terceira, tem-se a redução da desigualdade regional em termos de frota per capita, uma vez que as regiões com menores frotas per capita, caso das Regiões Norte e Nordeste, apresentaram entre 2001 e 2018 as maiores taxas de crescimento.

Assim, o crescimento da frota nacional de veículos no período analisado é preocupante, porque a forma como ocorreu – concentrada em automóveis e motocicletas – pode agravar ainda mais os problemas de circulação e de mobilidade urbana, de segurança no trânsito, de qualidade do ar nos grandes centros urbanos e, principalmente, poderá se constituir um obstáculo para que o Brasil atinja metas estabelecidas tanto na Agenda 2030 quanto no Acordo de Paris.

3. Frota de Veículos no Estado de São Paulo

3.1        O Perfil da Frota de Veículos em 2018

Em 2018, o Estado de  São Paulo era a Unidade da Federação com a maior frota de veículos do país, com 29 milhões de unidades, o que representava cerca de 29% da frota nacional. Como se observa na Tabela 7, 62,74% dos 29 milhões de veículos no Estado de São Paulo eram constituídos por automóveis, seguidos pelas motocicletas, com 16% da frota estadual. Como visto na seção 3, a grande participação dos automóveis na frota de veículos é uma característica da frota nacional de veículos, mas no Estado de São Paulo esta participação é maior do que a média nacional, como mostra o Gráfico 10. Enquanto na frota nacional os automóveis tinham uma participação de 54%, na frota estadual os automóveis representavam 67% do total de veículos.

O Gráfico 11 apresenta a distribuição regional da frota de veículos no Estado de São Paulo, por regiões administrativas. A Região Administrativa da Capital de São Paulo tem quase a metade da frota total de veículos do Estado, com 46%, seguida pela Região Administrativa de Campinas, com 17,2%. Assim, 63% da frota de veículos do Estado se concentra nestas duas regiões administrativas.

As Tabelas 8 e 9 apresentam as 50 maiores e as 50 menores frotas municipais de veículos no Estado de São Paulo. A Tabela 8 apresenta o ranking municipal da frota total de veículos em 2018. A Capital de São Paulo lidera com 8,3 milhões de veículos, seguida por Campinas, com quase 900 mil veículos, Guarulhos, com 678 mil, e São Bernardo do Campo, com 594 mil.

A Tabela 9 apresenta o ranking dos municípios por frota de automóveis. A Capital de São Paulo lidera com 5,7 milhões de automóveis, seguida por Campinas, com 607,8 mil automóveis, Guarulhos, com 455 mil, e São Bernardo do Campo, com 403 mil. No outro extremo, os municípios de Borá, Nova Castilho e Ribeira são os com as menores frotas de automóveis do Estado, ambos com menos de 500 automóveis cada.

Fonte: Elaboração própria, a partir de DENATRAN (2019)
Fonte: Elaboração própria, a partir de DENATRAN (2019)

A Tabela 10 apresenta os municípios com maior e os com a menor frota per capita de automóveis, medida em automóveis para cada 1.000 pessoas. O Município de São Caetano do Sul é o que tinha em 2018 a maior frota por pessoas, com 643 automóveis para cada 1.000 pessoas, seguida por Santo André, com 519 automóveis para cada 1.000 pessoas, Vinhedo, com 513, Jundiaí, com 510, e Campinas, com 509 automóveis para cada 1.000 pessoas. O município de Balbinos, em 2018, tinha a menor frota de automóveis por pessoas, com apenas 87 automóveis para cada 1.000 pessoas.

3.2        A Evolução da Frota de Veículos de 2001 a 2018

3.2.1    A Evolução da Frota Total

A Tabela 11 apresenta a evolução da frota de veículos no Estado de São Paulo, de 2001 a 2018, por tipos de veículos. A frota total de veículos no Estado de São Paulo aumentou de 11,3 milhões para 29 milhões de veículos de 2001 a 2018. Isso significou um crescimento acumulado de 17 milhões de veículos de 2001 a 2018, o que representou um crescimento relativo de 156%.

Os Gráficos 12 e 13 apresentam, respectivamente, o crescimento anual absoluto e relativo da frota total de veículos no Estado de São Paulo, de 2001 a 2018. O comportamento das taxas de crescimento é bastante próximo daquele observado para as taxas de crescimento da frota nacional, ou seja, observa-se que as taxas de crescimento são crescentes de 2003 a 2010 e decrescentes de 2010 a 2017. Entretanto, em 2018, a taxa de crescimento da frota total de veículos foi de 3,27%, uma taxa superior a apresentada em 2017, que foi de 2,95%.

Como visto na seção anterior, de 2001 a 2018, o Estado de São Paulo apresentou a menor taxa de crescimento em comparação às demais Unidades da Federação. O crescimento inferior ao dos demais estados resultou na queda da participação da frota de São Paulo na frota nacional. Como mostra o Gráfico 14, a participação de São Paulo na frota nacional de veículos caiu de 36% em 2001 para 29% em 2018.

Assim como ocorreu com o crescimento da frota nacional, no Estado de São Paulo, os grupos com maior crescimento acumulado foram o de veículos com duas rodas (motocicletas e motonetas) e o de veículos de carga (caminhões, caminhonetes e utilitários), como se observa na Tabela 12. Os veículos de carga tiveram um crescimento de 410 %, seguidos pelos veículos de duas rodas, com 348%, e dos veículos de passageiros (automóveis e camionetas), com 113,5%. A frota de veículos de transporte coletivo de passageiros apresentou o menor crescimento, com 103,3% de crescimento acumulado de 2001 a 2018.

A Tabela 13 apresenta a variação na frota total de veículos por regiões administrativas. Os resultados chamam a atenção para o fato de que as regiões com menores frotas de veículos, como são os casos das Regiões de Itapeva e de Registro, apresentaram as maiores taxas de crescimento, com 243% e 267%, respectivamente, de crescimento acumulado de 2001 a 2018. Por outro lado, a região Administrativa da Capital, que tem a maior frota de veículos do Estado, apresentou a menor taxa de crescimento, com 136% de crescimento acumulado de 2001 a 2018. Como consequência, como mostram as duas últimas colunas da Tabela 13, a Região Administrativa da Capital perdeu participação na frota estadual de veículos, de 49,77 para 46%, e as demais regiões aumentaram as suas participações.

As Tabelas 14 e 15 apresentam, respectivamente, o crescimento das frotas de veículos de passageiros (automóveis e camionetas) e dos veículos de duas rodas (motocicletas e motonetas) no Estado de São Paulo, por regiões administrativas. O crescimento dos veículos de passageiros também foi maior nas regiões com as menores frotas (Regiões de Itapeva e de Registro), e a Região da Capital teve um crescimento inferior à média do Estado, resultando em diminuição da sua participação estadual na frota de automóveis, embora em 2018 esta participação ainda fosse acima de 50%. A Região de Campinas apresentou um crescimento 124,57%, superior, portanto, à média do Estado, o que resultou no aumento da sua participação de 15,62 para 16,44% na frota de veículos de passageiros do Estado de São Paulo.

No caso dos veículos de duas rodas (Tabela 15), as Regiões de Itapeva e de Registro também apresentaram os maiores crescimentos da frota, com crescimento acumulado de, respectivamente, 548,8% e 582,5%. A Região da Capital apresentou um crescimento acima da média estadual e, portanto, aumentou a sua participação de 32% para 35% na frota estadual, e a Região de Campinas, com um crescimento abaixo da média estadual, reduziu a participação de 20% para 18,5% na frota estadual de veículos de duas rodas.

A Tabela 16 apresenta o crescimento acumulado da frota de veículos de carga, por regiões administrativas. A Região de São José dos Campos apresentou o maior crescimento: a frota de veículos de carga aumentou de 23,7 mil para 144,1 mil veículos de 2001 a 2018, o que representou um crescimento acumulado de 505,75%. A Região de Franca foi a segunda com maior crescimento, com um crescimento acumulado de 485%. A Região da Capital teve um crescimento de 403,4%, e a Região de Campinas, um crescimento de 426,5%.

A Tabela 17 apresenta o crescimento acumulado da frota de veículos de transporte coletivo de passageiros (ônibus e micro-ônibus). Este grupo de veículos apresentou o menor crescimento acumulado em comparação aos demais grupos. As Regiões de Itapeva e de Registro apresentaram as maiores taxas de crescimento, enquanto as Regiões de Santos e de São Paulo Capital as menores taxas. A frota de veículos de transporte coletivo na Região da Capital teve um crescimento acumulado de apenas 79,5%, bem inferior à média do Estado, que foi de 103,3%. A Região Administrativa de Campinas apresentou um crescimento de 121,4%, acima, portanto, da média do Estado e, assim, a sua participação na frota total do Estado aumentou de 14,6 para 15,9%.

3.2.2 A Evolução da Taxa de Motorização

De 2001 a 2018, o crescimento acumulado da frota de automóveis foi sete vezes maior que o crescimento acumulado da população total, como pode-se observar no Gráfico 15. Enquanto a frota de veículos aumentou 156%, a população total aumentou 21,02%. Portanto, o crescimento da frota de veículos maior que do que o crescimento da população total resultou no aumento da taxa de motorização, como se observa na Tabela 18. De 2001 a 2018, a taxa de motorização no Estado de São Paulo, medida pelo número de veículos para cada 1.000 pessoas, aumentou de 301,5 para 638 veículos para cada 1.000 pessoas, representando um aumento de 111,6%.

O hiato entre o crescimento da frota de veículos e o crescimento da população pode ser observado em todas as Regiões Administrativas do Estado, como mostra o Gráfico 16. Observa-se que o hiato é maior nas Regiões com menor frota de veículos, caso das Regiões de Itapeva e Registro, e menor nas Regiões com maior frota, caso da Região da Capital.

A Tabela 19 apresenta a evolução da taxa de motorização no Estado de São Paulo, por Regiões Administrativas. As regiões que tinham as menores taxas em 2001, Registro e Itapeva, foram as que apresentaram o maior crescimento. Cabe ressaltar que a Região Administrativa da Capital foi a região que apresentou o menor crescimento da taxa de motorização. A Região Administrativa de Campinas apresentou um crescimento de 109% na taxa de motorização, que ficou um pouco abaixo da média do Estado, que foi de 111,6%.

As Tabelas 20 e 21 apresentam, respectivamente, o crescimento da frota per capita dos veículos de transporte individual de passageiros (automóveis e camionetas) e dos veículos de duas rodas (motocicletas e motonetas). Para a frota per capita de automóveis, as regiões de Registro e de Itapeva também apresentaram o maior crescimento e a região de Araçatuba apresentou o menor crescimento.

No caso dos veículos de duas rodas, a frota para cada 1.000 pessoas cresceu 270% no Estado de São Paulo. As regiões de Registro e de Itapeva apresentaram os maiores crescimentos, com, respectivamente, 557% e 510% de crescimento de 2001 a 2018.

4.      Frota de Veículos na Região Metropolitana de Campinas

4.1        Perfil da Frota de Veículos em 2018

A Tabela 22 apresenta o perfil da frota de veículos na Região Metropolitana de Campinas (RMC) em 2018. Observa-se que os veículos de transporte individual de passageiros (automóveis e camionetas) constituem quase 70% da frota total de veículos na região. Os veículos de duas rodas (motocicletas e motonetas) representam 17,8%, e os veículos de carga (caminhões, caminhonetes e utilitários) representam 11%. Os veículos de transporte coletivo (ônibus e micro-ônibus) representam apenas 1% da frota total.

A Tabela 23 apresenta a frota total de veículos nos municípios da RMC. O município de Campinas tinha a maior frota, com quase 900 mil veículos, seguido por Indaiatuba, com 187,5 mil veículos, Americana, com 179,23 mil veículos, e Sumaré, com 165,16 mil. Os municípios com a menor frota de veículos da RMC em 2018 foram Engenheiro Coelho, Morungaba e Holambra, todos os três com aproximadamente 10 mil veículos cada.

Em comparação às demais regiões metropolitanas e aglomerados urbanos do Estado de São Paulo, a RMC é a segunda região com maior número de veículos, superada apenas pela Região Metropolitana de São Paulo. A RMC tinha em 2018 cerca de 8% da frota total de veículos do Estado de São Paulo (Tabela 24).

A RMC é a segunda região metropolitana do Estado de São Paulo em números totais de veículos, mas é a primeira do Estado em taxa de motorização (veículos para cada 1.000 pessoas). O Gráfico 17 apresenta o número de veículos para cada 1.000 pessoas nas regiões metropolitanas de São Paulo em 2018. A RMC tinha 705,48 veículos para cada 1.000 pessoas em 2018. A Região Metropolitana de São Paulo, que é maior região em número absoluto de veículos, é a quarta região com maior taxa de motorização, com 619,38 veículos para cada 1.000 pessoas. A Região Metropolitana da Baixada Santista foi a região com menor taxa de motorização, com 474,87 veículos para cada 1.000 pessoas.

Na RMC, o município de Vinhedo é o que apresentou a maior taxa de motorização em 2018, com cerca de 800 veículos para cada 1.000 pessoas. O Município de Campinas, que é o que tinha a maior frota total de veículos na RMC, é o quinto no ranking da taxa de motorização, com 751 veículos para cada 1.000 pessoas. O Município de Engenheiro Coelho tinha menor taxa, com 496 veículos para cada 1.000 pessoas. Chama a atenção nos dados do Gráfico 18 o fato de todos os municípios da RMC terem uma taxa de motorização superior à média nacional, que era de 483 veículos para cada 1.000 pessoas em 2018 (Gráfico 4).

4.2 A Evolução da Frota de Veículos nos Municípios da RMC, de 2001 a 2018

4.2.1    Evolução da Frota Total

De acordo com o Gráfico 19, a frota total de veículos aumentou de 857 mil para 2,275 milhões de veículos entre 2001 e 2018. O comportamento da taxa de crescimento da frota de veículos na RMC no período foi bastante parecido com o comportamento da frota nacional e da frota estadual de veículos, conforme apresentado nas seções 3 e 4. Primeiro, a frota de veículos apresentou crescimento positivo em todos anos entre 2001 e 2018, conforme Gráficos 19 e  20. Segundo, a taxa de crescimento atingiu maior valor em 2007, quando a frota cresceu 10,43% em relação ao ano anterior. Terceiro, é decrescente de 2010 a 2016. E quarto, os dados mostram um aumento nas taxas de crescimento anual em 2017 e em 2018.  

Em termos acumulados, a frota total de veículos na RMC cresceu 165,4% entre 2001 e 2018. Como mostra o Gráfico 22, o crescimento acumulado na frota de veículos na RMC foi inferior à média nacional, de 215,7%, mas superior à média estadual, de 156,1%.

O crescimento da frota de veículos na RMC foi diferente para os diferentes tipos de veículos, como mostra a Tabela 25. Os veículos de carga, que incluem os caminhões, caminhonetes e os utilitários, foram os que apresentaram o maior crescimento acumulado, pois de 2001 a 2018, a frota destes veículos aumentou 481%. A segunda categoria com maior crescimento foi a dos veículos de duas rodas, que incluem as motocicletas e as motonetas, que apresentou um crescimento acumulado de 310%. A frota de veículos de passageiros teve um crescimento acumulado de 125%; e a dos veículos de transporte coletivo, um crescimento acumulado de 114,7%. Assim, repetindo um padrão da média nacional e estadual, a frota de veículos de transporte coletivo (ônibus e micro-ônibus) apresentou no período analisado um crescimento inferior ao crescimento da frota de veículos de transporte individual de passageiros (automóveis, motocicleta e motonetas).

A Tabela 26 apresenta o crescimento acumulado, absoluto e relativo, da frota total de veículos nos municípios da RMC. O município de Campinas foi o que apresentou o maior crescimento absoluto da frota total de veículos: entre 2001 e 2018, a frota teve um crescimento acumulado de 490 mil unidades. Em termos relativos, Hortolândia foi o município com o maior crescimento: entre 2001 e 2018, a frota total de veículos teve um crescimento acumulado de 375%, como mostra a Tabela 24.

A Tabela 27 apresenta o crescimento acumulado, absoluto e relativo, da frota de veículos de passageiros (automóveis e camionetas) nos municípios da RMC. O município de Campinas apresentou o maior crescimento absoluto da frota de veículos de passageiros: entre 2001 e 2018, a frota aumentou de 343 mil para 645 mil veículos, um crescimento acumulado de aproximadamente 302 mil unidades. Em termos relativos, Hortolândia foi o município com o maior crescimento: entre 2001 e 2018, a frota total de veículos teve um crescimento acumulado de 305%. O município de Campinas, apesar do maior crescimento de termos absolutos, apresentou o menor crescimento em termos relativos dentre os municípios da RMC: um crescimento acumulado de apenas 88%.

A Tabela 28 mostra o crescimento da frota de veículos de duas rodas (motocicletas e motonetas) nos municípios da RMC. No município de Campinas, a frota de veículos de duas rodas aumentou de 34 mil para 130 mil veículos de 2001 a 2018: um crescimento de 96,2 mil unidades, em termos absolutos, e um crescimento de 282,1% em termos relativos. Assim, o crescimento da frota de veículos de duas rodas em Campinas foi inferior ao crescimento médio da RMC, que foi de 310%. O maior crescimento relativo da frota desta categoria de veículos ocorreu no município de Engenheiro Coelho: de 2001 a 2018, a frota teve um crescimento acumulado de 908%. O município de Hortolândia apresentou o segundo maior crescimento, com 668%. 

A Tabela 29 apresenta o crescimento da frota de veículos de transporte coletivo (ônibus e micro-ônibus) nos municípios da RMC. De 2001 a 2018, a frota desta categoria de veículos apresentou um crescimento acumulado de 114,7% na RMC. Portanto, um crescimento acumulado muito inferior ao crescimento das frotas das demais categorias de veículos. O município de Hortolândia foi o que apresentou o maior crescimento, com 386% de crescimento acumulado entre 2001 e 2018. Chama a atenção o município de Americana, que, no mesmo período, apresentou um crescimento de apenas 5,3% na frota de veículos de transporte coletivo.

Em relação aos veículos de carga, o município de Hortolândia também foi o principal destaque: de 2001 a 2018, o somatório da frota de caminhões, caminhonetes e veículos utilitários teve um crescimento acumulado de 1.060% (Tabela 30).

4.2.2 Evolução da Frota Per Capita de Veículos

O Gráfico 23 apresenta o crescimento acumulado da população total e da frota total de veículos nos municípios da RMC. Observa-se que em todos os municípios, de 2001 a 2018, o crescimento acumulado da frota de veículos foi muito maior que o crescimento acumulado da população. Na RMC com um todo, enquanto a população total teve um crescimento acumulado de 34,3% de 2001 a 2018, a frota de veículos teve um crescimento de 165% no mesmo período. Assim, o crescimento da frota maior que o crescimento da população significa que, no período analisado, a taxa de motorização aumentou na RMC, como mostra o Gráfico 24. A taxa aumentou de 357 para 705 veículos para cada 1.000 pessoas, e a frota de automóveis aumentou de 257 para 453,3 automóveis para cada 1.000 pessoas. Ou seja, em 2018, na RMC existia quase um automóvel para cada duas pessoas.

O crescimento da frota per capita de veículos foi diferente para os diferentes tipos de veículos, conforme se observa na Tabela 31. Os veículos de carga apresentaram o maior crescimento da frota per capita. Entre 2001 e 2018, a frota per capita destes veículos apresentou um crescimento acumulado de 332%. Os veículos de transporte coletivo apresentaram o menor crescimento da frota per capita: de 2001 a 2018, a frota per capita teve um aumento acumulado de aproximadamente 60%. Os veículos de duas rodas tiveram um crescimento acumulado de 205,8% na frota per capita.

Na RMC, o município com maior frota per capita de veículos é Vinhedo, que, em 2018, tinha cerca de 802 veículos para cada 1.000 pessoas. De 2001 a 2018, o maior crescimento na frota per capita de veículos ocorreu em Hortolândia, como mostra a Tabela 32. No município de Campinas, a frota per capita de veículos aumentou de 413 para 751 veículos para cada 1.000 pessoas, o que representou um aumento de 82%.

A frota de veículos de passageiros (automóveis e camionetas) aumentou de 287 para 480 veículos na RMC entre 2001 a 2018, como mostra a Tabela 33. Em 2018, Vinhedo era o município com maior frota per capita de veículos de passageiros, com 550 veículos para cada 1.000 pessoas. Campinas era o terceiro município da região com a maior frota per capita, com 540 veículos de passageiros para cada 1.000 pessoas em 2018. O município de Hortolândia apresentou o maior crescimento na frota per capita de veículos de passageiros. De 2001 a 2018, a frota aumento de 127 para 361 veículos para cada 1.000 pessoas, o que representou um aumento de 184,2%.

A frota per capita de veículos de duas rodas (motocicletas e motonetas) na RMC aumentou de 41 para 125,8 veículos para cada 1.000 pessoas, entre 2001 e 2018. O município de Pedreira tinha a maior frota per capita de veículos de duas rodas em 2018, com 277 veículos para cada 1.000 pessoas (Tabela 34). O município de Campinas tinha, em 2018, uma frota per capita de veículos de duas rodas de 109 veículos para cada 1.000 pessoas, uma quantidade, portanto, inferior à média da região metropolitana. O município com maior crescimento foi Hortolândia, pois, de 2001 a 2018, a frota per capita aumentou de 16 para 86,4 veículos para cada 1.000 pessoas. Apesar do maior crescimento no período, Hortolândia apresentava em 2018 a menor frota per capita de veículos de duas rodas na RMC.

A frota per capita de veículos de transporte coletivo (ônibus e micro-ônibus) na RMC aumentou de 4,3 para 6,77 veículos para cada 1.000 pessoas, entre 2001 e 2018. O município de Valinhos tinha a maior frota per capita de veículos de transporte coletivo em 2018, com 20,12 veículos para cada 1.000 pessoas (Tabela 35). O município de Campinas tinha em 2018 uma frota per capita de veículos de transporte coletivo de 7,86 veículos para cada 1.000 pessoas. Com relação ao crescimento da frota per capita de veículos de transporte coletivo, o município com maior crescimento foi Hortolândia, pois, de 2001 a 2018, a frota per capita aumentou de 1,55 para 5,31 veículos para cada 1.000 pessoas. Chama a atenção os dados para o município de Americana, que foi um único município da região que apresentou uma diminuição da frota per capita de veículos de transporte coletivo, pois, entre 2001 e 2018, a frota diminuiu de 5,55 para 4,57 veículos para cada 1.000 pessoas.

4.3        A Evolução da Frota de Veículos na RMC em comparação a outras Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo

Como mostra a Tabela 36, a RMC é a segunda região metropolitana do Estado de São Paulo em número de veículos, com 2,274 milhões de veículos em 2018. De 2001 a 2018, em termos absolutos, a RMC apresentou o segundo maior crescimento acumulado em números de veículos. De 2001 a 2018, a frota total de veículos na RMC aumentou 1,417 milhão de veículos. Em termos relativos, a região com maior crescimento acumulado na frota total de veículos foi a Região Metropolitana de Sorocaba, que apresentou um crescimento acumulado de 201% entre 2001 a 2018.

A Tabela 37 apresenta a evolução da taxa de motorização na Região Metropolitana de Campinas em comparação com as demais regiões metropolitanas do Estado de São Paulo. Embora tenha sido a região metropolitana com o menor crescimento acumulado, 97,6%, em 2018, a RMC tinha a maior taxa de motorização, com 705,5 veículos para cada 1.000 pessoas, dentre as regiões metropolitanas do estado. A Região Metropolitana de Sorocaba foi a região que apresentou o maior crescimento na taxa de motorização, pois a taxa aumentou de 275 para 643 veículos para cada 1.000 pessoas.

A Região Metropolitana de Campinas também tem a maior frota de veículos por pessoas nas categorias veículos de passageiros (automóveis e camionetas) e veículos de transporte coletivo (ônibus e micro-ônibus). Em 2018, na RMC havia 480 veículos de passageiros para cada 1.000 pessoas, ou quase um veículo para cada 2 pessoas. No caso de veículos de transporte coletivo, em 2018, havia na RMC 6,8 veículos para cada 1.000 pessoas.

No caso dos veículos de duas rodas (motocicletas e motonetas), a RMC é a quarta região metropolitana em veículos por pessoas. Em 2018, na RMC havia 125 veículos de duas rodas para cada 1.000 pessoas. A Região Metropolitana de Ribeirão Preto é a região com maior número de veículos de duas rodas por pessoas em 2018, e a Região Metropolitana de São Paulo foi a região que apresentou o maior crescimento acumulado, pois o número de veículos de duas rodas por pessoa cresceu 310% de 2001 a 2018.

Para os veículos de carga, A RMC possui a segunda maior frota per capita, com 77,7 veículos para cada 1.000 pessoas, atrás apenas da Região Metropolitana de Ribeiro Preto, que tinha 82,3 veículos para cada 1.000 pessoas em 2018. De 2001 a 2018, a frota per capita de veículos de carga apresentou um crescimento de 332,7%, portanto, acima da média do Estado, que foi de 321,4%.

5.      Considerações Finais

Dois fenômenos chamaram a atenção na evolução da frota de veículos no Brasil e na RMC no período de 2001 a 2018. O primeiro refere-se ao aumento significativo na taxa de motorização. O número de veículos para cada 1.000 pessoas aumentou, de 2001 a 2018, de 185 para 483 no Brasil; de 301,5 para 638 no Estado de São Paulo; e de 357 para 705 na Região Metropolitana de Campinas.

O segundo fenômeno, observado em todas as localidades analisadas, foi o crescimento da frota de veículos de transporte individual – automóvel, motocicletas e motonetas – maior do que o crescimento da frota de veículos de transporte coletivo. Como mostra o Gráfico 25, o crescimento acumulado da frota de veículos de duas rodas (motocicletas e motonetas) e dos automóveis superou o crescimento acumulado da frota de ônibus e de micro-ônibus. Esse fenômeno reforça uma distorção histórica do modelo de transporte urbano de passageiros no Brasil, que é a priorização do meio de transporte individual e privado em detrimento do meio de transporte coletivo e público.

Além dos dois fenômenos citados acima, cabe destacar duas particularidades da Região Metropolitana de Campinas. A primeira é a elevada taxa de motorização, em comparação à média nacional e à média do Estado de São Paulo, como se pode observar no Gráfico 26. De 2001 a 2018, a taxa de motorização na RMC quase duplicou, passando de 357 para 705 veículos para cada 1.000 pessoas.

Outra particularidade da RMC é a grande participação dos automóveis na quantidade total de veículos. Embora esta seja uma característica também das demais regiões do Estado de São Paulo e do Brasil, a participação da frota de automóvel, um veículo de transporte individual, é superior à média nacional e à média estadual, como se observa no Gráfico 27. A participação dos automóveis na frota total de veículos era de 54,3% no Brasil; 62,7% no Estado de São Paulo; e 64,3% na Região Metropolitana de Campinas.

Uma questão importante é o entendimento do que significa o crescimento da frota de veículos observado no período analisado, sobretudo dos veículos de transporte individual de passageiros. Entender o que significou esse crescimento, tanto as causas quanto as consequências para o bem-estar social, é uma tarefa difícil e está fora do escopo deste trabalho. Mas é possível formular algumas hipóteses, representadas de forma sintética na Figura 1, tanto em relação às causas quanto em relação aos efeitos sobre a qualidade de vida da população. Quanto às causas, o crescimento econômico, da renda per capita e da renda média no período analisado, junto com a expansão e o barateamento do crédito para o financiamento de automóveis, são fatores que podem ter impulsionado o crescimento da frota muito acima do crescimento da população. Mas a falta de um transporte público coletivo de qualidade e de baixo custo também é um fator que não pode ser descartado, podendo ter contribuído para o crescimento da frota, sobretudo o da frota de motocicletas e de motonetas.  Vale ressaltar que a frota de veículos continuou a crescer mesmo no período de recessão, embora em taxas menores, o que significa que somente o crescimento econômico não é capaz de explicar o crescimento da frota de veículos no período.

Em relação aos efeitos do crescimento da frota de veículos, pode-se dizer que ela tem um efeito positivo e um negativo sobre o bem-estar social. Por um lado, a expansão da frota de veículos tem efeito positivo na geração de emprego e de renda, tanto na indústria automobilística quanto no setor de comércio e de serviços. Pelas suas características, a indústria automobilística tem um efeito multiplicador importante no crescimento econômico. Mas, por outro lado, é importante destacar que o crescimento da frota também está associado a efeitos negativos sobre o bem-estar. O crescimento da frota de veículos de transporte individual (automóveis e motocicletas) maior do que o crescimento dos veículos de transporte coletivo (ônibus e micro-ônibus) pode contribuir para a deterioração das condições de mobilidade urbana, principalmente nas regiões metropolitanas de alta densidade demográfica, como são os casos das regiões metropolitanas de São Paulo e de Campinas. Três fatores de deterioração das condições de mobilidade estão associados à expansão dos veículos de transporte individual: o crescimento dos acidentes de trânsito, os congestionamentos urbanos e o aumento dos poluentes veiculares.

Assim, conclui-se que o crescimento da frota de veículos observado no período, que se caracterizou pelo crescimento significativo da taxa de motorização e pela priorização dos veículos de transporte individual de passageiros, pode ser um grande obstáculo ao alcance das metas, tanto da Agenda 2030 quanto do Acordo de Paris, e cria um grande desafio para os formuladores de políticas públicas voltadas para minimização dos efeitos negativos dessa expansão, tanto no que se refere à segurança do trânsito quanto no que se refere à qualidade ambiental, sobretudo nos grandes centros urbanos com elevada densidade demográfica, como é o caso da Região Metropolitana de Campinas.

Considerando que, por ano, os acidentes de trânsito provocam 47 mil mortes e deixam cerca de 400 mil pessoas com alguma sequela (Datasus, 2017), será um grande desafio conciliar o crescimento da frota de automóveis e de motocicletas com, por exemplo, a Meta 3.6 da Agenda 2030, que propõe “até 2020, reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por acidentes nas estradas” (ONU, 2015).

Da mesma forma, considerando que os automóveis, além do monóxido de carbono (CO) e do dióxido de carbono (CO2), emitem também óxidos de nitrogênio (NOx), hicrocarbonetos (HC), metano (CH4), aldeídos (CHO) e material particulado (MP), será desafiador para as políticas públicas conciliar o crescimento do número de automóveis per capita com, por exemplo, a Meta 3.9, que propõe “até 2030, reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos perigosos, contaminação e poluição do ar, água e solo”. 

6. Referências Bibliográficas e Fontes de Dados

DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito. Estatísticas de Frotas de Veículos (vários anos). Disponível em: https://infraestrutura.gov.br/component/content/article/115-portal-denatran/8552-estat%C3%ADsticas-frota-de-ve%C3%ADculos-denatran.html

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativas da População (vários anos). Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9103-estimativas-de-populacao.html?=&t=o-que-e

MMA – Ministério do Meio Ambiente. Mobilidade Sustentável. Disponível em: https://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/mobilidade-sustent%C3%A1vel.html


Prof. Dr. Izaias de Carvalho Borges

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Viçosa (2000), mestrado em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (2003) e doutorado em Doutorado em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (2010). Atualmente é diretor da faculdade de Ciencias Economicas e professor permanete da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia, atuando principalmente nos seguintes temas: biotecnologia agrícola, mobilidade urbana, percepção de riscos, biossegurança, cultivos geneticamente modificados e metodologia multricritério.


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