Informativo Mensal: Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas, V.1, N.1, 2018

PROFESSOR EXTENSIONISTA (PUC-Campinas):

Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Sumário Executivo

O Observatório PUC-Campinas tem como missão compartilhar com a comunidade interna e externa conhecimentos gerados a partir do acompanhamento de dados e indicadores que refletem a realidade socioeconômica da Região Metropolitana de Campinas (RMC).  Esta ação é importante, pois os primeiros passos para discussão e formulação de políticas de desenvolvimento regional passam, necessariamente, pela compreensão da realidade socioeconômica regional por parte dos diversos atores da sociedade.

Neste sentido, este informativo apresenta e discute em linhas gerais os principais dados da balança comercial da RMC para os meses de janeiro a julho de 2018. Os dados utilizados nas análises são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços[1].

Nesta edição além da apresentação dos dados da balança comercial agregados e desagregados por municípios será apresentada, também, a qualificação da pauta de exportação e importação da RMC a partir de cruzamentos dos dados de comércio com os Índices de Complexidade Econômica de Produtos, calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Media Lab[2]. Este cruzamento é inédito para os dados da balança comercial da Região Metropolitana de Campinas.

Dentre os principais resultados observados neste informativo, destacam-se:

  1. RMC exportou mais de 2,59 bilhões de USD, enquanto importou mais de 7,07 bilhões de USD no acumulado do ano de 2018;
  2. A comparação entre julho/2018 e julho/2017 mostra que as exportações da RMC cresceram aproximadamente 5%, enquanto as importações cresceram mais de 12%;
  3.  O deficit da balança comercial em julho/2018, atingiu o seu maior valor no ano, resultado das expressivas importações no mês que superaram os 7 bilhões de USD;
  4. Houve diminuição das exportações da RMC de produtos de baixa (-74,26%), média (-15,66%) e alta (-8,84%) complexidade, e aumento de produtos de média-baixa (3,71%) e sobretudo, de média-alta (11,06%);
  5. Houve diminuição das importações da RMC de produtos de baixa (-16,47%) e alta (-14,51%) complexidade;

Balança Comercial dos Municípios da RMC

Tabela 1 mostra os dados da balança comercial para os municípios da Região Metropolitana de Campinas, acumulados entre janeiro e julho de 2018.

A partir da Tabela 1 é possível verificar que a RMC exportou mais de 2,59 bilhões de USD, enquanto importou mais de 7,07 bilhões de USD no acumulado do ano de 2018. Como resultado, o deficit da balança comercial acumulado no ano já atingiu mais de 4,47 bilhões de USD.  Como apontado por um  estudo temático publicado pelo Observatório da PUC-Campinas sobre o tema[3], os deficits da balança comercial da RMC, assim como de outras regiões brasileiras industrializadas, são estruturais e demandam ações de politica comercial e industrial articuladas.

Como esperado, as cidades que mais transacionaram com exterior no período, são aquelas que também representam maior parcela da atividade econômica da RMC. Dentre os municípios que mais exportaram, destacam-se os municípios de Sumaré e Indaiatuba, produtores de materiais de transporte (ex. montadoras), que apresentaram saldos mais equilibrados no período. Dentre os municípios com menores valores exportados, destacam-se Hortolândia e Jaguariúna pelos altos volumes importados.  Estes municípios são, respectivamente, sede de grandes empresas multinacionais produtoras de máquinas automáticas para processamento de dados (ex. computadores) e de aparelhos de telefonia (ex. celulares), que importam grande volumes de partes e componentes e exportam pequenos volumes de produtos acabados.

A Tabela 2 apresenta a variação percentual das exportações e importações municipais, comparando os meses de julho/17 e julho/18.

A partir dos dados da Tabela 2 é possível observar que em julho de 2018, em relação a julho de 2017, as exportações da RMC cresceram aproximadamente 5%, enquanto as importações cresceram mais de 12%, no mesmo período. 

O destaque do crescimento das exportações fica com Engenheiro Coelho (1552,84%), que teve aumento expressivo na exportação de resíduos vegetais para alimentação animal e de frutas no período. Artur Nogueira (58,66%) também se destaca pelo crescimento da exportação da fruticultura, enquanto Nova Odessa (39,55%) destaca-se pelo crescimento das exportações de partes de motores a combustão.  Dentre os municípios que apresentaram maiores quedas nas exportações, destacam-se Cosmópolis e Jaguariúna. A queda das exportações em Cosmópolis está associada, sobretudo, à queda das exportações de açúcar de cana. No caso de Jaguariúna, no entanto, houve significativa mudança na composição da pauta de exportação no período analisado, em decorrência da queda expressiva de exportações de bombas de ar e de vácuo, compressores e similares (NCM 8414), materiais de construção em plástico (NCM 3925), e espelhos (ex. retrovisores, NCM 7009).

Balança Comercial da RMC

A Tabela 3 apresenta os dados da balança comercial da RMC, desagregados para os sete primeiros meses do ano de 2018. A tabela traz, também, a participação relativa das exportações e importações da RMC no estado de São Paulo, e o saldo da balança comercial estadual para o mesmo período.

A partir dos dados da Tabela 3 é possível observar que a participação das exportações e importações da RMC nos totais do estado de São Paulo, esteve próxima das taxas estruturais encontradas em estudo do Observatório da PUC-Campinas[4]. De maneira geral, a participação nas importações do estado foi bem maior do que a participação nas exportações, durante o ano de 2018. Destaca-se que o deficit da balança comercial em julho, atingiu o seu maior valor no ano, resultado do expressivo valor importado no mês que superou os 7 bilhões de USD. Ainda em julho, o saldo da balança comercial do estado foi positivo, 212,28 milhões, enquanto o saldo da RMC foi negativo, totalizando 824,55 milhões.

A Tabela 4 mostra o resultado da balança comercial da RMC para o mês de julho entre 2008-2018, apresentando, também, a participação das exportações e importações nos totais do estado e o saldo da balança comercial estadual no mesmo período.  O Gráfico I apresenta os dados da balança comercial da RMC de maneira visual.

A partir dos dados da  Tabela 4 e do Gráfico I, de maneira mais geral, é possível verificar que a crise financeira internacional de 2008 impacta de forma negativa as exportações em julho/2009.  A recuperação pode ser verificada já em julho/2010 e dura até julho/2014, quando o país passa a sofrer de forma mais aguda os efeitos da crise política e econômica atual.

O resultado de julho/2018 é melhor dos últimos 3 anos para as exportações da RMC, embora a participação nas exportações do estado (6,43%) tenha sido a pior da década para o mês de julho.  

Da perspectiva das importações, a recuperação econômica, combinada com a dependência de partes e insumos importados da Região, resulta no aumento das importações. A participação da RMC nas importações do estado em julho de 2018 (22,30%), foi a segunda maior da série de julho, ficando atrás, apenas, da participação em julho de 2017 (22,50%).

Complexidade da Pauta da RMC

 A Tabela 5 mostra as exportações de julho para os anos de 2017 e 2018, de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos exportados pela RMC, bem como a variação das exportações de cada categoria no período. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países considerados mais economicamente complexos, isto é, aqueles com maior sofisticação tecnológica das estruturas produtivas[5].  Esses produtos demandam mais conhecimento para serem produzidos.

De maneira geral, a  Tabela 5 corrobora a característica estrutural da pauta de exportação da RMC, concentrada em produtos de média e média-alta complexidade  (>90%). No entanto, a comparação de julho para os anos de 2017 e 2018 apontam para mudança na composição da pauta, quando considerada a participação das categorias no total exportado. Houve diminuição da participação de produtos de baixa (-74,26%), média (-15,66%) e alta (-8,84%) complexidade, e aumento de produtos de média-baixa (3,71%) e sobretudo, de média-alta (11,06%). Com a exceção da queda das exportações de produtos de alta complexidade, as demais mudanças indicam melhora na complexidade da pauta, mas não podem ser entendidas, ainda, como uma mudança estrutural ou permanente.

A Tabela 6 mostra as importações de julho para os anos de 2017 e 2018, de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos importados pela RMC.

De maneira geral, a Tabela 6
https://pt.calameo.com/read/0028127059dbc6de7ab31 também corrobora a característica estrutural da pauta de importação da RMC, concentrada em produtos de média e média-alta complexidade econômica (>90%). No entanto, a comparação de julho para os anos de 2017 e 2018 apontam para mudança sútil na composição da pauta de importação. As mudanças mais evidentes estão na diminuição da importação de produtos de baixa (-16,47%) e alta (-14,51%) complexidade.  As demais categorias se mostraram bastante estáveis, quando considerada a participação das mesmas no total importado. Isto aponta para menor dependência de importação de produtos de baixa e de alta complexidade, mas não pode ser entendida, ainda, como uma mudança estrutural ou permanente.


[1] http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior

[2] https://atlas.media.mit.edu/en/resources/about/

[3] Estudo Temático 3: Produção e Comércio – disponível em https://www.puc-campinas.edu.br/observatorio-puc-campinas/

[4] Estudo Temático 3: Produção e Comércio – disponível em https://www.puc-campinas.edu.br/observatorio-puc-campinas/

[5] Mais detalhes sobre o Índice de Complexidade de Produtos (PCI, em inglês) podem ser encontrados em https://atlas.media.mit.edu/en/. Nossa classificação em 5 categorias (Baixa, Média-baixa, Média, Média-alta e Alta complexidade) é resultado de aplicação metodológica original, a ser apresentada em estudo temático do Observatório da PUC-Campinas.


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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