Informativo Mensal: Informativo Mensal Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas, V.1, N.5, 2018

PROFESSOR EXTENSIONISTA (PUC-Campinas):

Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Sumário Executivo

O Observatório PUC-Campinas tem como missão compartilhar com a comunidade interna e externa conhecimentos gerados a partir do acompanhamento de dados e indicadores que refletem a realidade socioeconômica da Região Metropolitana de Campinas (RMC).  Esta ação é importante, pois os primeiros passos para discussão e formulação de políticas de desenvolvimento regional passam, necessariamente, pela compreensão da realidade socioeconômica regional por parte dos diversos atores da sociedade.

Neste sentido, este informativo apresenta e discute em linhas gerais os principais dados da balança comercial da RMC para o mês de novembro/2018 e para o acumulado do ano. Os dados utilizados nas análises são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços[1].

Além da apresentação dos dados da balança comercial agregados e desagregados por municípios apresenta-se, também, a qualificação da pauta de exportação e importação da RMC a partir de cruzamentos dos dados de comércio com os Índices de Complexidade Econômica de Produtos, calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Media Lab[2].

Dentre as informações analisadas, destaca-se:

  1. Em relação a novembro de 2017, as exportações da RMC decresceram 3,73%, enquanto as importações cresceram 8,98%, resultando em crescimento de 16,85% no déficit da balança comercial;
  2. Em relação a novembro de 2017, e considerando os principais produtos da pauta comercial, houve aumento considerável da exportação de veículos de passageiros (média-alta complexidade), enquanto houve queda na exportação partes de motores à combustão, polímeros de propilenos e etilenos e pneus. Do lado das importações, destaca-se o crescimento das compras externas de agroquímicos e cirucuitos eletrônicos integrados (média-alta) e compostos heterocíclicos de heteroátomos de nitrogênio (média-alta). As importações de telefones (média-média complexidade) e partes de acessórios de veículos tiveram queda (média-alta);
  3. No acumulado do ano de 2018, a RMC já importou 11,8 bilhões de dólares, enquanto exportou pouco mais de um terço deste valor (4,29 bilhões), acumulando déficit comercial no montante de 7,54 bilhões de dólares;
  4. Em relação a 2017, as exportações de automóveis de passageiros, autopeças e medicamentos, seguem em alta, enquanto a exportação de polímeros segue em queda. As importações de circuitos eletrônicos integrados e peças de tratores e veículos especiais seguem em alta, enquanto a importação de aparelhos telefônicos teve queda.

Em suma, embora os meses de agosto e setembro foram de alta para as exportações, o mês de novembro teve resultado mais condizente com o problema estrutural da dependência externa regional.

Para o desenvolvimento econômico sustentado, é desejável a redução da dependência externa, e aumento da competitividade externa (exportações), sobretudo em produtos de maior complexidade econômica. 

Balança Comercial e Complexidade em Novembro/2018

A Tabela 1 traz os dados da balança comercial da RMC para os meses de novembro (2008-2018).

A partir dos dados da Tabela 1, é possível verificar que as exportações de novembro/2018 – 379,04 milhões de dólares – apresentou queda em relação ao mesmo período de 2017, e a participação nas exportações do estado (7,76%) figura dentre as mais baixas da série histórica. As importações totalizaram 1,12 bilhão de dólares, o segundo maior valor da série. A participação da RMC nas importações do estado (22,72%), foi a maior da década para o mês de novembro. Note que o variação do valor das exportações em relação a novembro de 2017 foi de (-3,73%), enquanto as importações cresceram (8,98%) e o déficit comercial (16,85%).

A Tabela 2 mostra as exportações da RMC para o mês de novembro de 2017 e 2018, de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos exportados. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países com maior grau de sofisticação tecnológica das estruturas produtivas[3], portanto com maiores níveis de produtividade e renda.  Esses produtos demandam mais conhecimento para serem produzidos, e estão associados à demanda por mão-de-obra mais qualificada e maiores salários.

Nota-se que o decrescimento de 3,73% do valor exportado esteve ligado ao decrescimento das exportações de produtos de quase todas as categorias de complexidade, com a importante exceção de produtos de média-alta complexidade – crescimento de 7,43%. O decrescimento das exportações de produtos de média-média complexidade – representando 27,43% do valor exportado em novembro de 2018 — foi de 14,59%.

Dentre os produtos de média-média complexidade, destaca-se o a queda nas exportações de produtos da indústria química – polímeros de etileno (-24%), polímeros de propileno e outras oleofinas (-12,6%) – e de pneus (-34,91%). Dentre os produtos de média-alta complexidade, destaca-se o crescimento das exportações de medicamentos (5,8%) e veículos automotores (26,26%). Dentre os produtos de alta complexidade é notável o decrescimento das exportações de aparelhos e instrumentos para análise física e química (-37,15%). Por fim, a queda nas exportações de produtos de baixa complexidade esteve ligada ao decrescimento das exportações de mandioca e outros tubérculos (-24,41%) e a não exportação de borracha natural. A Tabela 3 mostra as importações da RMC de novembro de 2017 e 2018, de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos. Nota-se que o crescimento de 8,98% das importações em relação a novembro de 2017 deu-se em todas as categorias de bens, exceto em produtos de baixa e média-baixa complexidade.

Dada as categorias de maior participação na pauta de importação, destaca-se o crescimento expressivo das importações de bens de média-média complexidade (31,24%). Os principais produtos responsáveis por este crescimento foram inseticidas, fungicidas e herbicidas (72%), fertilizantes (48,02%) e fios e cabos de fibra-ótica (21,52%).  O pequeno aumento na importação de bens de média-alta complexidade deu-se pelo aumento das importações de circuitos integrados eletrônicos (9,46%) e produtos da indústria química como compostos heterocíclicos de heteroátomos de nitrogênio (98%). Por fim, o aumento das importações de produtos de alta complexidade ocorreu, sobretudo, pelo crescimento das importações de equipamentos para análise física e química (43,09%) e máquinas para trabalhar metais (centro de usinagem, máquinas de sistema monoestático e estações múltiplas) (2993%).

Balança Comercial e Complexidade no Acumulado do Ano de 2018

A Tabela 4 apresenta os dados da balança comercial da RMC, desagregados para os onze primeiros meses do ano de 2018.

Até o momento a RMC já importou 11,84 bilhões de dólares, enquanto exportou aproximadamente um terço deste valor, 4,29 bilhões. O desequilíbrio entre importações e exportações já rendeu um déficit comercial de 7,54 bilhões de dólares, na contramão dos resultados para o estado de São Paulo que acumulou superávits no montante de 3,85 bilhões de dólares no mesmo período.  Isto significa que se não fosse pelas importações da RMC, o superávit do estado seria de 11,40 bilhões de dólares.

A Tabela 5 apresenta os principais produtos exportados no acumulado do ano de 2018.

Os produtos listados na Tabela 5, totalizam mais de 51% das exportações totais do ano de 2018 realizadas pela RMC. Nota-se que as exportações do complexo automotivo (automóveis e peças, capítulo 87) seguem em alta em relação ao ano passado.  Destaca-se também o crescimento das exportações de medicamentos, parte de motores de propulsão, máquinas para construção civil, aparelhos para regulação e controle automático, barras e ligas de aço e bombas para líquidos. A exportação de polímeros, pneus, preparações de carnes e miudezas e agroquímicos, no entanto, tem apresentado queda em relação a 2017.

A Tabela 6 apresenta os principais produtos importados no acumulado do ano de 2018, pela RMC.

Os produtos listados na Tabela 6 totalizam mais de 51% das importações totais do ano de 2018 realizadas pela RMC. Nota-se crescimento da importação de partes e insumos elétricos (capítulo 85) e de medicamentos e insumos (capítulos 29 e 30). Apenas a importação de aparelhos telefônicos e borracha sintética diminuíram em relação a 2017, dentre os principais produtos importados.

A Tabela 7 traz os dados da balança comercial para os municípios da RMC, acumulada para os meses entre janeiro e novembro de 2018.

Dentre os municípios que mais exportaram, Sumaré e Indaiatuba, onde operam grandes produtores de materiais de transporte (ex. montadoras), continuam se destacando pelos menores impactos que causam no agravamento do déficit da balança comercial regional.

 Dentre os municípios que exportaram menos, destacam-se os casos de Hortolândia e Jaguariúna, dado o alto volume de importação de empresas localizadas nestes municípios.  Estes municípios são sede de grandes empresas multinacionais produtoras de máquinas automáticas para processamento de dados (ex. computadores) e de aparelhos de telefonia (ex. celulares), que importam grande volumes de partes e componentes e exportam pequenos volumes de produtos acabados.


[1] http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior

[2] https://atlas.media.mit.edu/en/resources/about/

[3] Mais detalhes sobre o Índice de Complexidade de Produtos (PCI, em inglês) podem ser encontrados em https://atlas.media.mit.edu/en/. Nossa classificação em 5 categorias (Baixa, Média-baixa, Média, Média-alta e Alta complexidade) é resultado de aplicação metodológica original, a ser apresentada em estudo temático do Observatório da PUC-Campinas.


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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