Informativo Mensal Mercado de Trabalho na Região Metropolitana de Campinas agosto/2020

PROFESSORA EXTENSIONISTA

Profa. Dra. Eliane Navarro Rosandiski

Alunos:

Gabriel Villalba Nunes

Gabriela Duarte Pereira

Tomas Portásio Mainieri

Pedro de Brino de Oliveira

Introdução:

Dando sequência aos informativos anteriores, este informativo irá apresentar alguns indicadores do mercado de trabalho da Região Metropolitana de Campinas (RMC) em julho de 2020. O Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgado pela Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia (ST/ME), constitui-se na principal fonte de dados para a construção dos indicadores do mercado de trabalho regional.

Os indicadores fornecidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios /Covid-19 (IBGE) permitem contextualizar a situação da RMC frente ao mercado de trabalho nacional.

As informações disponibilizadas no Painel de Informações sobre o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), permitem acompanhar a adesão à flexibilização dos Contratos de Trabalho proposta pelo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, instituído pela Medida Provisória 936, convertida na Lei 14.020, de 6 de julho de 2020.

E, por fim, os dados do portal da transparência permitiram a elaboração de um conjunto de informações para estimar o impacto do auxílio emergencial na RMC.

  1. Destaques em julho de 2020
  2. Em julho, a RMC, seguindo as tendências nacional e paulista, apresentou um saldo positivo de 871 novos postos de trabalho. Porém, no acumulado do ano, a Região apresenta saldo negativo de 33,2 mil postos de trabalho.
  3. A maior parte dos municípios da RMC apresentou saldo positivo na geração de emprego. Os maiores destaques foram: Paulínia (714 vagas), Sumaré (347 vagas), Hortolândia (210 vagas) e Pedreira (188 vagas). Cabe destacar que esse saldo positivo observado no município de Sumaré se soma ao iniciado em junho.
  4. No entanto, contrariando a tendência à reversão, o município de Campinas apresentou uma redução de 994 postos de trabalho.
  5. Por escolaridade, o destaque foi a criação de 1.459 vagas para Ensino Médio e, por faixa etária, a criação de 1.667 vagas na faixa de 18 a 24 anos. Chama atenção o elevado saldo negativo de 1.088 vagas na faixa etária de 50 a 64 anos.
  6. Por setor de atividade, cabem algumas considerações:
    1. Seguindo a tendência nacional, e seguindo a tendência já apontada em junho, registra-se, em julho, um saldo positivo de 824 vagas na Construção Civil.
    1. A Indústria de transformação, depois do intenso ajuste negativo do emprego, inicia um processo de reversão com a geração de 598 vagas.
    1. O saldo de 539 vagas no Comércio também aponta para uma recuperação.
    1. Dentre os serviços, o destaque foi para os de Informação, Comunicação e Financeiros com 467 novos postos de trabalho. Infelizmente as atividades de alojamento e alimentação continuam perdendo postos de trabalho com muita intensidade na RMC, o mesmo acontecendo com as atividades de transporte e armazenagem.
  7. Por gênero, cabe destacar o saldo negativo de 103 postos de trabalho no emprego feminino.
  8. As informações detalhadas da adesão das empresas à flexibilização do Contrato de Trabalho (Lei 12.040) mostram na RMC:
    1. Informações coletadas em 21 de agosto mostram que mais 40 mil acordos foram realizados, perfazendo um total de 419,4 mil acordos – que equivale a 46,7% do emprego formal na RMC.
    1. Dentre os acordos realizados, 42% são de suspensão do contrato e 20% são de flexibilização de 25% da jornada. O setor de serviços concentra 43% dos acordos, seguido pela indústria de transformação (32%) e pelo setor de comércio com 23%.
    1. Por município, em termos absolutos, Campinas permanece com 41% dos acordos seguida por Americana, com 8%. Porém, em termos relativos, observa-se que 63,4% do emprego formal no município de Pedreira está vinculado ao programa.
  9. No que diz respeito ao Auxílio Emergencial, estima-se que 757,7 mil pessoas estão recebendo o benefício na RMC.
  10. Desse total, 37% estão concentrados no município de Campinas, seguido por 10% em Sumaré e 8% em Hortolândia.
  11. Estima-se que o Auxílio esteja contemplando 23% para população residente da RMC. Esse percentual observado na RMC é menor que o verificado para São Paulo (27%) e para o Brasil (31%).
  12. Segundo as informações divulgadas no Portal da Transparência, o Governo Federal, até julho, já repassou 1,2 bilhão para RMC atender aos beneficiários do programa.
  13. Por fim, os dados da PNAD-COVID19/IBGE ampliaram as informações para a compreensão do impacto da pandemia sobre mercado de trabalho nacional para o período de maio e junho de 2020:
  14. Em julho o índice de participação de pessoas no mercado de trabalho caiu de 56% para 55,1% e a proxy da informalidade ficou em torno 33,6%.
  15. Estima-se que, em julho, mais 438 mil pessoas estavam numa situação de desemprego aberto[1], que atinge o patamar de 13,1% da PEA.
  16. Mais uma vez população ocupada sofreu queda de 1,9 milhão pessoas. A despeito da ampliação do emprego assalariado, ainda chama atenção a intensidade da redução do trabalho por conta própria (1,4 milhão), do trabalho doméstico (menos 285 mil) e empregado sem carteira (menos 209 mil).

Comentários

  • Os dados de julho sinalizam uma tímida recuperação do emprego depois de um intenso ajuste no primeiro semestre. Essa recuperação está sendo puxada pelas atividades de Construção Civil, Comércio e Indústria de Transformação. Jovens entre 18 e 24 anos, profissionais de Ensino Médio e homens foram os grupos mais beneficiados pela geração de emprego na RMC.
  • Avaliar essa recuperação pressupõe também compreender o impacto das medidas emergenciais adotadas: auxílio emergencial e flexibilização de Contratos de Trabalho no mercado de trabalho formal.  Estima-se que, em julho, 757 mil pessoas receberam o auxílio emergencial na RMC; e, das 897 mil pessoas empregadas formalmente, 47% estão com contratos flexibilizados e, nesse total, 175,3 mil são contratos suspensos. Diante disso, o desafio que se coloca é saber se a economia irá se recuperar na intensidade necessária para evitar um movimento de ajuste no momento em que se cesse o período de flexibilização e/ou termine a transferência do auxílio.
  • Em nível nacional, a despeito do volume de recursos financeiros destinados ao suporte ao programa de flexibilização dos Contratos de Trabalho e para o pagamento do auxílio emergencial, a baixa taxa de participação no mercado de trabalho e a continuidade da queda absoluta do número de ocupados apontada pela PNAD-Covid19 mostram a fragilidade deste momento econômico.
  • Por fim, o quadro atual oferece indícios de que programas de manutenção do emprego devem ser combinados com programas/estratégias de desenvolvimento econômico capazes de fortalecer vocações regionais de geração de trabalho e renda.



[1] Procura efetiva de trabalho na semana de referência. Esse total não considera as pessoas que desejam trabalhar, mas não procuraram emprego na semana.




Profa. Dra. Eliane Navarro Rosandiski

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas (1992), mestrado em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (1996) e doutorado em Economia Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (2002).É professora-extensionista da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, com vínculo integral de 40 horas semanais. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia dos Recursos Humanos, atuando principalmente nos seguintes temas: mercado de trabalho, política pública e economia solidária. (Fonte: Currículo Lattes)


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