Informativo Mensal Mercado de Trabalho na Região Metropolitana de Campinas Setembro/ 2021

PROFESSOR EXTENSIONISTA

Profa. Dra. Eliane Navarro Rosandiski

Introdução:

Seguindo a sequência, neste mês de setembro, estão sendo divulgadas as informações que permitem acompanhar a evolução do emprego na RMC. As bases de dados utilizadas neste informativo são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência (MTP), e da PNAD-Contínua/IBGE, que ajudam a contextualizar a evolução do mercado de trabalho local.

Como vem sendo apresentado nos informativos anteriores, é importante sublinhar que o Novo CAGED, desde 2020, por ter como base primária de informação o e-Social, pode ser considerada uma nova base de registro de contratos formais. Esse aspecto dificulta muito a comparação com dados dos anos anteriores, visto que um conjunto de trabalhadores, antes não captados nas bases como emprego formal, agora passam a ser considerados, visto que possuem vínculo tributário. Diante disso, é seguro afirmar que a atual base primária abarca um conjunto mais amplo e heterogêneo de trabalhos formais, associado aos formatos mais flexíveis, temporários de uso do trabalho (agora definido pelo vínculo tributário).

I. Destaques

  1. Mantendo a sequência de saldos positivos, com a geração de 9.669 contratos, a RMC já acumula 56.056 novos postos. Agosto, desde então, apresenta a segunda maior alta de 2021. O mês de fevereiro, até então, foi o que apresentou melhor desempenho.
  2. O município de Campinas segue mantendo a liderança da geração de postos de trabalho (3.229 postos) na RMC, seguido pelos municípios de Indaiatuba (965 postos) e Americana (909 postos).
  3. Por sexo, cerca de 53% do saldo de vagas foi preenchido por mulheres.
  4. Por escolaridade, a RMC segue o comportamento padrão, já destacado nos demais informativos divulgados ao longo deste ano: o ensino médio continua sendo o perfil mais demandado. Neste mês, 71% dos trabalhadores selecionados tinham esse nível de escolaridade.
  5. Por fim, por faixa etária, mantém-se o padrão:  há preferência por jovens de 18 a 24 anos (44% do saldo de contratados). Neste mês, saldo negativo foi observado apenas na faixa acima de 65 anos.
  6. Por setor de atividade, a geração de emprego em agosto apresentou algumas especificidades:
    • Chamou atenção a persistência do dinamismo dos serviços de informação, comunicação e atividades financeiras: responsáveis por 23% das vagas geradas ou 2.209 postos. Também as atividades de comércio exerceram impacto positivo: 2.209 novos contratos.
    •  O setor industrial perdeu um pouco de dinamismo se comparado ao mês anterior: 1,209 vagas geradas representam 13% dos novos postos.
    • As atividades de alojamento e alimentação contribuíram com 11% dos contratos gerados na RMC.

Comentários

  • Considerando que alguns indicadores seguros e confiáveis mostram que a pandemia está mais controlada, a recuperação do emprego formal na RMC vem sendo compatível com esse cenário de retorno à normalidade de funcionamento das atividades terciárias. Serviços de alojamento e de alimentação e de Comércio, desde então, vêm apresentando uma recuperação consistente, visto que tais atividades demandam aglomeração.
  • Além disso, dentre as atividades de serviços, vem sendo destacada a geração de contratos de trabalho nos serviços de tecnologia de informação, típico para atendimento às novas demandas associadas às estratégias de atuação remota.
  • Trabalhadores mais jovens e trabalhadores com níveis de escolaridade medianos é o perfil mais encontrado nesse movimento de recuperação. Como destacado nos informativos anteriores, esse padrão de trabalho por, historicamente, ter menor valor-hora, sua contratação é compatível com estratégias de redução de custos. Dados preliminares apontam inclusive para participação de trabalho contratos intermitentes e aprendizes: cerca de 7,4% dos contratos em agosto de 2021.
  • Os dados gerais apontam para uma ligeira redução de 1 ponto percentual do desemprego aberto, agora 13,7% da força de trabalho. Apesar disso, no Brasil, ainda há mais de 14 milhões de desempregados. Além disso, a despeito do crescimento do volume de trabalhadores com carteira de trabalho assinado, a recuperação mais intensa do mercado de trabalho nacional vem ocorrendo por meio dos conta-próprias, trabalhadores domésticos e trabalhadores sem contrato de trabalho. Diante disso, há uma ampliação da informalidade na economia.
  • Esse padrão de recuperação do emprego, infelizmente, aponta para uma queda na renda média, que diante de um quadro inflacionário, implicam perda de poder de compra e comprometem a virtuosidade da recuperação econômica do ponto vista da demanda doméstica.
  • Por fim, a economia brasileira ainda passa por um conjunto de incertezas quanto à disponibilidade energética, preços de combustíveis e quanto à trajetória de demanda dos nossos principais parceiros comerciais externos.
  • A combinação desses elementos revela a grande incerteza e vulnerabilidade, tanto do ponto de vista doméstico como internacional, tornado desafiador qualquer prognóstico quanto à sustentação da recuperação. Seguimos acompanhando.

II. Quadros, gráficos e tabelas de desempenho do mercado de trabalho


Profa. Dra. Eliane Navarro Rosandiski

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas (1992), mestrado em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (1996) e doutorado em Economia Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (2002).É professora-extensionista da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, com vínculo integral de 40 horas semanais. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia dos Recursos Humanos, atuando principalmente nos seguintes temas: mercado de trabalho, política pública e economia solidária. (Fonte: Currículo Lattes)


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