OBSERVATÓRIO PUC-CAMPINAS
Informativo Trimestral do Emprego na RMC (Jan-Mar/2024)
(volume 1 – maio – 2024)
Professora responsável: Profa. Dra. Eliane Navarro Rosandiski
(assessora da reitoria)
Assistente Técnico: Matheus Augusto de Souza Alexandre
Apresentação
Este informativo inaugura a nova série de divulgação de indicadores para o monitoramento do mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Campinas. (RMC). Entre 2018 e 2023 o diálogo com a sociedade sobre este tema se deu através de informativos mensais, divulgados no site do Observatório.
Neste ano de 2024, optou-se pela mudança na periodicidade do informativo. Tal mudança está associada à disponibilização de uma nova ferramenta de acesso aos dados mensais: o Painel de Informações do Novo CAGED Região Metropolitana de Campinas. Por sua flexibilidade e agilidade, este Painel permite consultas com maior nível de detalhes para os 20 municípios da RMC. Como as informações do Painel são atualizadas e disponibilizadas mensalmente, optou-se pela elaboração de uma análise trimestral capaz de mostrar a tendência do emprego.
Metodologicamente, o informativo continua sendo elaborado partir de duas fontes secundárias: os registros administrativos do Ministério do Trabalho (MT) e a Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD- contínua) do IBGE.
O Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo CAGED) do MT disponibiliza um conjunto de dados que permite o acompanhamento dos fluxos mensais de admitidos e de desligados com contrato de trabalho. Vale destacar que a divulgação dos dados pelo MT ocorre de maneira defasada, em 25 de abril foram divulgados os dados de março, possibilitando assim a elaboração desse informativo trimestral.
Com o objetivo de padronizar, facilitar a compreensão e monitorar os movimentos do mercado de trabalho, que refletem as estratégias de alocação da força de trabalho, as informações serão disponibilizadas sempre no mesmo padrão: inicialmente serão apresentados os destaques; em seguida virão os gráficos e tabelas na seguinte sequência (i) os indicadores gerais que descrevem a dinâmica mercado de trabalho na RMC; depois (ii) os atributos dos indivíduos selecionados: sexo, faixa etária e nível de escolaridade; em seguida, (ii) são organizadas as informações dos demandantes: atividade econômica, remuneração média dos contratados e ocupações; e, por fim, (iv) serão apresentados os indicadores gerais de mercado de trabalho nacional.
Principais resultados e comentários
- Cerca de 7,5% do estoque dos contratos de trabalho paulistas e aproximadamente 2,5% dos contratos nacionais estão na Região Metropolitana de Campinas (RMC).
- Neste primeiro trimestre de 2024, a RMC acumulou um saldo positivo de 20,3 mil novos contratos. Este resultado representa 9,5% do fluxo paulista, que por estar acima da média histórica de participação no estoque indica importante dinamismo da RMC na geração de novos postos de trabalho.
- Este saldo é 20% superior ao observado no primeiro trimestre de 2023 e 14% superior ao mesmo período em 2022, só ficou abaixo ao ano de 2021, em que se verificou a retomada pós-pandemia. Esta boa recuperação do mercado de trabalho da RMC vem sendo acompanhada pela recuperação dos valores de remuneração dos admitidos, que neste trimestre ficou em torno de R$ 2.323,96 – aproximadamente 4,6% superior à média das remunerações pagas em igual período em 2023, percentual que pela primeira vez repõe a inflação do período e garante, ao mesmo a manutenção do poder de compra.
- Quanto aos atributos dos indivíduos selecionados cabem alguns destaques neste trimestre:
- A menor participação relativa de mulheres no saldo de emprego (47,2%) acompanhada por um padrão de remuneração das admitidas equivalente a 83,9% do valor pago aos homens.
- Com relação à faixa etária e escolaridade, neste primeiro trimestre chama atenção: (i) os saldo positivos de novos contratos para trabalhadores nas faixas etárias de 18 a 24 anos (44,0%) e na faixa de 25 a 39 anos (25,1%) ; e (ii) do ponto de vista da escolaridade a elevada participação dos trabalhadores com ensino médio no saldo, cerca de 72%.
- Quando se observa o padrão de remuneração dos admitidos cabe destacar que a remuneração média dos jovens (18 a 24 anos) admitidos com ensino médio fica em torno de R$ 1,9 mil, que representa cerca de 81% da média dos admitidos, enquanto os remuneração média dos jovens adultos (25 a 39 anos) sua remuneração se aproxima da média, fica em torno de 93%.
- Quanto ao perfil da demanda por trabalho chama atenção:
- Do ponto de vista municipal, em Campinas foi responsável pela geração de 30% dos novos contratos de trabalho na RMC, com destaque para o setor de serviços. Em segundo lugar está o município de Paulínia, com 15% do saldo, mais concentrado nas atividades de construção civil. Por fim, Sumaré e Indaiatuba ficam empatados na terceira posição, com cerca de 11% de participação no saldo, em ambos os municípios o setor de serviços apresenta maior participação relativa na composição da geração de novos contratos de trabalho.
- Quando se analisa a composição do saldo por subsetor de atividade observa-se que 29% dos novos contratos de trabalho foram gerados no setor da Construção Civil, seguido por 21% na Indústria de Transformação e em terceiro lugar destaca-se o setor de Educação com a participação de 16%. Contudo, dois segmentos chamam atenção por sua elevada rotatividade: (i) o setor de comércio com cerca de 20% nas participações nos fluxos de admitidos e desligados e apenas 2% de participação no saldo; e (ii) as atividades administrativas e serviços complementares, com cerca de 20% de participação no fluxo.
- Por fim, é possível avaliar dentre os setores mais dinâmicos, quais ocupações mais demandadas e seu padrão de remuneração. No subsetor da construção civil as ocupações mais demandas foram os ajudantes de obras, os trabalhadores da construção civil e trabalhadores de montagem de tubulações e estruturas metálicas, cabe destacar que nestas últimas, por sua especialização o padrão de remuneração ficou em torno de R$ 3.229. No segundo lugar destacam-se as ocupações demandadas pela indústria de transformação, que apesar de tendencialmente apresentar uma melhor estrutura de remunerações, a ocupação mais demandada foi embaladores e alimentadores de produção, que gerou 1,9 mil novos contratos com um valor médio de R$ 1.971. Por fim, em terceiro lugar encontra-se a dinâmica do setor de educação, que sazonalmente contrata grupo de profissionais mais bem remunerados, em especial os professores de nível superior, cuja média de remuneração dos contratados fica em torno de R$ 3.780.
- Por fim, neste primeiro trimestre de 2024, quando comparado ao mesmo período no ano passado, quatro aspectos chamam atenção na dinâmica no mercado de trabalho nacional: (i) a queda da taxa de desemprego de 8,8% para 7,9%, na prática menos 1 milhão de pessoas buscando trabalho; (ii) a ampliação em 2,5 milhões de pessoas ocupadas; (iii) a redução da informalidade; e (iii) a ampliação do valor de remuneração média da população ocupada, e, em menor intensidade, dos empregados.
Comentários
Considerando o mercado de trabalho um reflexo da dinâmica econômica, os resultados apresentados mostram a reação positiva às medidas de políticas macroeconômicas adotadas pelo governo federal. Depois do crescimento inesperado de 3% do PIB no ano de 2023; o alinhamento das políticas fiscais e monetárias e seus impactos sobre a demanda; e as projeções de redução nas taxas de juros, o ano de 2024 começa com maior grau de confiança na economia. Esse cenário mais otimista favorece a retomada das contratações, consequentemente, a redução do desemprego vem acompanhada pela ampliação das remunerações. Felizmente, mais pessoas inseridas no mercado de trabalho leva a recomposição da renda familiar o que retroalimenta expectativas de mercado consumidor mais consistente.
A dinâmica do emprego na Região Metropolitana de Campinas neste primeiro trimestre confirma que o cenário de maior confiança. As atividades de construção civil, impulsionadas pela queda nos juros e pela retomada de programas de governamentais de aceleração do crescimento (PAC) geram efeitos multiplicadores importantes, sobre a cadeia produtiva e o emprego. O setor industrial, confirmando esta melhora de confiança, também sinaliza para retomada de contratação. Além disso, as atividades de serviços, que em conjunto tiveram maior destaque, por serem muito heterogêneas, devem ser avaliadas a partir de sua segmentação. Neste caso, a sazonalidade da atividade de educação justifica seu destaque no volume de contratações neste primeiro trimestre. No entanto, cabe destacar que os serviços de saúde humana e de atividades complementares quase empataram na quarta posição na geração de postos de trabalho, e que este último segmento merece destaque na medida em que sua dinâmica está totalmente imbricada às necessidades de outras empresas.
Esse bom momento para o mercado de trabalho é corroborado também pela ampliação da remuneração dos contratados, que no mínimo garante o poder de compra dos salários e da menor queda dos desligamentos das pessoas com mais de 50 anos. A recuperação do padrão de renda tende a impactar positivamente a capacidade de consumo da região e atuar como um mecanismo virtuoso de estímulo à demanda local.
Seguimos acompanhando.
Tabelas e Gráficos
- Indicadores Gerais
Tabela 1: Saldo de movimentações da RMC comparado ao estado de São Paulo e ao Brasil no primeiro trimestre de 2024.
Janeiro | Fevereiro | Março | Saldo Acumulado | Estoque | |
RMC | 3.587 | 9.399 | 7.344 | 20.330 | 1.048.425 |
São Paulo | 35.635 | 100.927 | 76.941 | 213.503 | 14.075.637 |
Brasil | 168.010 | 396.708 | 244.315 | 809.033 | 46.236.308 |
RMC/SP | 10,07% | 9,31% | 9,54% | 9,52% | 7,45% |
RMC/Brasil | 2,13% | 2,37% | 3,01% | 2,51% | 2,27% |
Fonte: Observatório PUC-Campinas. Elaborado a partir do Novo CAGED.
Gráfico 2: Remuneração dos Admitidos e Saldo de movimentações nos 1º. Trimestre, RMC (2021-2024)
Fonte: Observatório PUC-Campinas. Elaborado a partir do Novo CAGED.
- Perfil dos contratados
Figura 1: Saldo de movimentações por escolaridade, faixa etária e sexo, RMC, 1º. Trimestre de 2024
Fonte: Painel de Emprego do Observatório PUC-Campinas. Elaborado a partir do Novo CAGED.
Figura 2: Perfil de remuneração por escolaridade, faixa etária e sexo, RMC, 1º. Trimestre de 2024
Fonte: Painel de Emprego do Observatório PUC-Campinas. Elaborado a partir do Novo CAGED.
Tabela 2: Saldo e Remuneração Média por faixa de idade e escolaridade RMC, 1º. TRIM 2024
Fund Incompleto | Fund Completo | Ensino Médio | Superior | Total Geral | |
Saldo de movimentações | |||||
18 a 24 | 274 | -53 | 7.898 | 832 | 8.951 |
25 a 39 | 554 | 193 | 3.027 | 1.335 | 5.109 |
40 a 49 | 327 | 126 | 1.888 | 375 | 2.716 |
50 a 65 | 119 | 33 | 665 | 44 | 861 |
65+ | -38 | -55 | -32 | -26 | -151 |
Total | 1.286 | 1.836 | 14.645 | 2.563 | 20.330 |
Perfil de remuneração dos Admitidos | |||||
18 a 24 | R$ 1.183,80 | R$ 1.378,54 | R$ 1.582,88 | R$ 1.530,89 | R$ 1.450,08 |
25 a 39 | R$ 1.804,21 | R$ 1.810,33 | R$ 1.893,84 | R$ 3.016,81 | R$ 1.932,52 |
40 a 49 | R$ 1.935,39 | R$ 1.997,68 | R$ 2.164,42 | R$ 4.381,16 | R$ 2.463,69 |
50 a 65 | R$ 1.901,77 | R$ 2.079,81 | R$ 2.316,40 | R$ 5.117,50 | R$ 2.651,66 |
65+ | R$ 1.938,46 | R$ 2.075,53 | R$ 2.309,73 | R$ 5.133,71 | R$ 2.513,38 |
Total | R$ 1.902,29 | R$ 1.891,83 | R$ 2.104,05 | R$ 4.460,63 | R$ 2.323,97 |
Fonte: Observatório PUC-Campinas. Elaborado a partir do Novo CAGED.
- Perfil dos demandantes
Figura 3: Perfil da demanda por setor, RMC, 1º. Trimestre de 2024
Fonte: Painel de Emprego do Observatório PUC-Campinas. Elaborado a partir do Novo CAGED.
Tabela 3: Saldo de movimentações por município e setor RMC, 1º. TRIM 2024
Fonte: Observatório PUC-Campinas. Elaborado a partir do Novo CAGED.
Figura 4: Perfil da demanda por setor e ocupação, RMC, 1º. Trimestre de 2024
Fonte: Painel de Emprego do Observatório PUC-Campinas. Elaborado a partir do Novo CAGED.
Tabela 4: Movimentação e Remuneração por setor de atividade, RMC, 1º. TRIM de 2024
Fonte: Observatório PUC-Campinas. Elaborado a partir do Novo CAGED.
Tabela 5: Movimentação e Remuneração por principais ocupações dos três setores de atividade mais dinâmicos, RMC, 1º. TRIM de 2024
Fonte: Observatório PUC-Campinas. Elaborado a partir do Novo CAGED.
- Mercado de Trabalho Nacional
Quadro 1: Indicadores do mercado de trabalho nacional
Indicadores – Brasil | jan-fev-mar 2023 | out-nov-dez 2023 | jan-fev-mar 2024 |
Taxa de Participação | 61,6% | 62,2% | 61,9% |
Taxa de Desemprego | 8,8% | 7,4% | 7,9% |
Proxy Informalidade | 35,4% | 35,2% | 34,8% |
Fonte: PNAD-Contínua/ IBGE, 2024.
Quadro 2: Agregados populacionais do mercado de trabalho nacional
Brasil | jan-fev-mar 2023 | out-nov-dez 2023 | jan-fev-mar 2024 | Variação ano | Variação trimestre |
População Economicamente Ativa (PEA) (milhares) | 107.257 | 109.066 | 108.826 | 1,5% | -0,2% |
População Ocupada (milhares) | 97.825 | 100.985 | 100.203 | 2,4% | -0,8% |
População Fora da Força de Trabalho | 66.972 | 66.286 | 66.893 | -0,1% | 0,9% |
População Desempregada (milhares) | 9.432 | 8.082 | 8.623 | -8,6% | 6,7% |
Remuneração Média dos Ocupados | R$ 3.004 | R$ 3.077 | R$ 3.123 | 4,0% | 1,5% |
Remuneração Média dos Empregados | R$ 2.820 | R$ 2.883 | R$ 2.896 | 2,7% | 0,5% |
Fonte: PNAD-Contínua/ IBGE, 2024.
Quadro 3: Posição na Ocupação do mercado de trabalho nacional
Brasil / Posição Ocupação | jan-fev-mar 2023 | out-nov-dez 2023 | jan-fev-mar 2024 | Variação ano | Variação trimestre |
Empregado no setor privado com carteira de trabalho assinada | 36.688 | 37.973 | 37.984 | 3,5% | 0,0% |
Empregado no setor privado sem carteira de trabalho assinada | 12.806 | 13.527 | 13.387 | 4,5% | -1,0% |
Trabalhador doméstico | 5.698 | 6.037 | 5.896 | 3,5% | -2,3% |
Empregado no setor público | 11.785 | 12.202 | 12.018 | 2,0% | -1,5% |
Empregador | 4.158 | 4.221 | 4.130 | -0,7% | -2,2% |
Conta-própria | 25.193 | 25.615 | 25.406 | 0,8% | -0,8% |
Fonte: PNAD-Contínua/ IBGE, 2024.
Quadro 4: Setor de Atividade no mercado de trabalho nacional
Brasil / Setores de Atividade | jan-fev-mar 2023 | out-nov-dez 2023 | jan-fev-mar 2024 | Variação ano | Variação trimestre |
Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura | 8.287 | 7.986 | 7.998 | -3,5% | 0,2% |
Indústria geral | 12.584 | 12.958 | 12.897 | 2,5% | -0,5% |
Construção | 7.153 | 7.439 | 7.367 | 3,0% | -1,0% |
Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas | 18.892 | 19.123 | 18.983 | 0,5% | -0,7% |
Transporte, armazenagem e correio | 5.372 | 5.697 | 5.694 | 6,0% | -0,1% |
Alojamento e alimentação | 5.396 | 5.516 | 5.487 | 1,7% | -0,5% |
Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas | 12.015 | 12.580 | 12.676 | 5,5% | 0,8% |
Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais | 17.171 | 18.041 | 17.721 | 3,2% | -1,8% |
Serviços Domésticos | 5.740 | 6.080 | 5.939 | 3,5% | -2,3% |
Outros Serviços | 5.176 | 5.522 | 5.414 | 4,6% | -2,0% |
Fonte: PNAD-Contínua/ IBGE, 2024.