PROFESSOR EXTENSIONISTA
Profa. Dra. Eliane Navarro Rosandiski
Introdução:
As informações disponibilizadas neste mês de janeiro seguem o mesmo formato dos demais informativos mensais. Tal proposta tem como objetivo disponibilizar uma base de informações que permita monitorar a evolução do emprego segundo as mesmas variáveis. As bases de dados utilizadas nesse informativo são os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência (MTP). Em função da defasagem no calendário, o Ministério do Trabalho nesse informativo de janeiro serão apresentados os indicadores acumulados para o ano de 2021.
Sempre importante destacar em 2020, o Cadastro Geral passou por uma importante alteração: passou a ter como fonte primária de informação o e-Social. O maior efeito dessa mudança é o comprometimento da comparação com dados dos anos anteriores, pois um conjunto de trabalhadores, antes não obrigatoriamente declarados nas bases como emprego formal, agora passam a ser considerados. É seguro afirmar que a atual base primária abarca um conjunto mais amplo e heterogêneo de trabalhos formais: associado aos formatos de contrato de trabalho com maior grau de flexibilidade, tais como temporários ou intermitentes. Vale destacar que no antigo CAGED era facultativo declarar esse tipo de contrato, o que tornava a base mais restrita ao vínculo de contrato de trabalho por tempo indeterminado.
Os dados da PNAD-Contínua/IBGE apresentados no final do informativo ajudam a contextualizar evolução do mercado de trabalho local.
I. Destaques
- Apesar da redução de 7.603 contratos de trabalho no mês dezembro, a RMC encerra o ano de 2021 com a geração com 64.703 novos empregos.
- Em termos absolutos o município de Campinas apresentou a maior redução de postos (-1.887). Paulínia e Sumaré apresentam reduções de 972 e 963 vagas, respectivamente. Ainda que em termos absolutos apresentem menores, esse saldo de dezembro representou 23% do emprego gerado até novembro em Sumaré e 21% em Paulínia, enquanto em Campinas apenas 8%.
- Apesar de no mês de dezembro, 48% das reduções do emprego terem atingido as mulheres, 52% das vagas criadas no ano de 2021 foram preenchidas por homens.
- Por escolaridade, o padrão, tanto das demissões em dezembro como do saldo anual, destacado nos demais informativos divulgados ao longo desse ano: o ensino médio continua sendo o perfil mais atingindo: no ano 72% dos trabalhadores selecionados tinha esse nível de escolaridade e apenas 9% dos contratos gerados foi preenchido por empregados com superior completo. Dentre os desligados em dezembro 52% tinha ensino médio e 34% com nível superior completo.
- Como apontado nos demais informativos, o padrão de contratação privilegiou a contratação de jovens com 18 a 24 anos. No ano de 2021, 54% dos contratados tinham entre 18 e 24 anos e 2.849 pessoas desligadas tinham mais de 50 anos. Vale destacar que dentre os desligamentos de dezembro, 59% tinham mais de 30 anos e apenas 11% estavam na faixa de 18 a 24 anos.Por setor de atividade, o ano de 2021 apresentou as seguintes especificidades:
- Por setor de atividade, o ano de 2021 apresentou as seguintes especificidades:
- As atividades do setor de serviços foram responsáveis pela geração de 48% do emprego, com destaque para as oportunidades geradas nas atividades de informação, comunicação e atividades financeiras: 18,3 mil vagas.
- Em segundo destaque foi o setor industrial com a geração de 13.163 novos contratos, ou seja 20% do saldo gerado.
- Também as atividades de comércio se destacaram com a geração de 12.675 vagas
- A construção civil gerou 11%, do emprego.
- Contudo cabe destacar que, por setor de atividade, o processo de desligamentos apresentou as seguintes especificidades: 29% nas atividades industriais; 28% nos serviços de educação; 16% em atividades administrativas e 14% nos serviços de informação, comunicação e atividades financeiras.
Comentários
- Os dados desse informativo devem ser complementados com os gerais do mercado trabalho disponibilizados pelo IBGE, que apontam para as seguintes características: ampliação para 94,9 milhões pessoas ocupadas, mas ainda 12,4 milhões de desempregados. Apesar de sinalizarem para a redução do desalento e a recomposição da ocupação, a taxa de crescimento do emprego formal ainda está menor do que o crescimento da ocupação informal. Mais especificamente o crescimento das ocupações foi mais intenso no emprego doméstico e nos empregados sem carteira. Em função dessa baixa qualidade do emprego gerado, dados gerais apontam para queda de 4,5% do valor das remunerações.
- Na RMC, a recuperação/recomposição do emprego no mercado formal de trabalho pós crise sanitária, teve as seguintes características: seleção de trabalhadores mais jovens e de trabalhadores com níveis de escolaridade compatível como o ensino médio. AS atividades mais dinâmicas de indústria, serviços de TI e de atenção à saúde foram compatíveis com o movimento de distanciamento social imposto pela pandemia, que alterou a forma de organização do trabalho: home Office e e-commerce. Apenas no final do ano, com a flexibilização das medidas de distanciamento, comércio e atividades de alojamento e alimentação recompuseram o emprego perdido em 2020.
- Vale destacar que o perfil de profissionais escolhidos se adequa ao cenário de incerteza que permeou todo ano de 2021, pois seu custo hora de trabalho tende a ser mais baixo.
- Infelizmente, os dados acerca do ajuste de dezembro confirmam a manutenção desse perfil de trabalhadores na estrutura do emprego formal na RMC e apontam a situação de incerteza que permeia o cenário econômico. O ajuste negativo do emprego no final do ano, concentrado em atividades industriais e de serviços de TI, à despeito do crescimento do emprego regional verificado em 2021, confirma esse cenário de cautela por parte dos empregadores.
- Ou seja, o crescimento da taxa de informalidade, a queda nas remunerações, o processo inflacionário, a expectativa de alta na taxa de juros e a desorganização das cadeias de globais de produção colocam em xeque a confiança dos empregadores quanto à potência da demanda doméstica na sustentação do crescimento econômico; quanto aos possíveis vetores de desenvolvimento regionais; ou mesmo quanto à estratégia macroeconômica de recuperação da atividade, controle inflacionário e adoção de políticas de suporte à manutenção do emprego e da renda. Vale dizer, esse cenário de instabilidade das expectativas faz com que organismos internacionais e nacionais projetem a estagnação do PIB brasileiro.
- Ainda num cenário incerto, continua desafiador qualquer prognóstico quanto à sustentação da recuperação. Seguimos acompanhando.
II. Quadros, gráficos e tabelas de desempenho do mercado de trabalho















