Informativo Mensal Mercado de Trabalho na Região Metropolitana de Campinas Janeiro/ 2022

PROFESSOR EXTENSIONISTA

Profa. Dra. Eliane Navarro Rosandiski

Introdução:

As informações disponibilizadas neste mês de janeiro seguem o mesmo formato dos demais informativos mensais. Tal proposta tem como objetivo disponibilizar uma base de informações que permita monitorar a evolução do emprego segundo as mesmas variáveis. As bases de dados utilizadas nesse informativo são os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência (MTP). Em função da defasagem no calendário, o Ministério do Trabalho nesse informativo de janeiro serão apresentados os indicadores acumulados para o ano de 2021.

Sempre importante destacar em 2020, o Cadastro Geral passou por uma importante alteração: passou a ter como fonte primária de informação o e-Social. O maior efeito dessa mudança é o comprometimento da comparação com dados dos anos anteriores, pois um conjunto de trabalhadores, antes não obrigatoriamente declarados nas bases como emprego formal, agora passam a ser considerados. É seguro afirmar que a atual base primária abarca um conjunto mais amplo e heterogêneo de trabalhos formais: associado aos formatos de contrato de trabalho com maior grau de flexibilidade, tais como temporários ou intermitentes. Vale destacar que no antigo CAGED era facultativo declarar esse tipo de contrato, o que tornava a base mais restrita ao vínculo de contrato de trabalho por tempo indeterminado.

Os dados da PNAD-Contínua/IBGE apresentados no final do informativo ajudam a contextualizar evolução do mercado de trabalho local.

I. Destaques

  1. Apesar da redução de 7.603 contratos de trabalho no mês dezembro, a RMC encerra o ano de 2021 com a geração com 64.703 novos empregos.  
  2. Em termos absolutos o município de Campinas apresentou a maior redução de postos (-1.887). Paulínia e Sumaré apresentam reduções de 972 e 963 vagas, respectivamente. Ainda que em termos absolutos apresentem menores, esse saldo de dezembro representou 23% do emprego gerado até novembro em Sumaré e 21% em Paulínia, enquanto em Campinas apenas 8%.
  3. Apesar de no mês de dezembro, 48% das reduções do emprego terem atingido as mulheres, 52% das vagas criadas no ano de 2021 foram preenchidas por homens.
  4. Por escolaridade, o padrão, tanto das demissões em dezembro como do saldo anual, destacado nos demais informativos divulgados ao longo desse ano: o ensino médio continua sendo o perfil mais atingindo:  no ano 72% dos trabalhadores selecionados tinha esse nível de escolaridade e apenas 9% dos contratos gerados foi preenchido por empregados com superior completo. Dentre os desligados em dezembro 52% tinha ensino médio e 34% com nível superior completo.
  5. Como apontado nos demais informativos, o padrão de contratação privilegiou a contratação de jovens com 18 a 24 anos. No ano de 2021, 54% dos contratados tinham entre 18 e 24 anos e 2.849 pessoas desligadas tinham mais de 50 anos. Vale destacar que dentre os desligamentos de dezembro, 59% tinham mais de 30 anos e apenas 11% estavam na faixa de 18 a 24 anos.Por setor de atividade, o ano de 2021 apresentou as seguintes especificidades:
  6. Por setor de atividade, o ano de 2021 apresentou as seguintes especificidades:
    • As atividades do setor de serviços foram responsáveis pela geração de 48% do emprego, com destaque para as oportunidades geradas nas atividades de informação, comunicação e atividades financeiras: 18,3 mil vagas.
    • Em segundo destaque foi o setor industrial com a geração de 13.163 novos contratos, ou seja 20% do saldo gerado.
    • Também as atividades de comércio se destacaram com a geração de 12.675 vagas
    • A construção civil gerou 11%, do emprego.
  7. Contudo cabe destacar que, por setor de atividade, o processo de desligamentos apresentou as seguintes especificidades: 29% nas atividades industriais; 28% nos serviços de educação; 16% em atividades administrativas e 14% nos serviços de informação, comunicação e atividades financeiras.

Comentários

  • Os dados desse informativo devem ser complementados com os gerais do mercado trabalho disponibilizados pelo IBGE, que apontam para as seguintes características: ampliação para 94,9 milhões pessoas ocupadas, mas ainda 12,4 milhões de desempregados. Apesar de sinalizarem para a redução do desalento e a recomposição da ocupação, a taxa de crescimento do emprego formal ainda está menor do que o crescimento da ocupação informal. Mais especificamente o crescimento das ocupações foi mais intenso no emprego doméstico e nos empregados sem carteira. Em função dessa baixa qualidade do emprego gerado, dados gerais apontam para queda de 4,5% do valor das remunerações.
  • Na RMC, a recuperação/recomposição do emprego no mercado formal de trabalho pós crise sanitária, teve as seguintes características: seleção de trabalhadores mais jovens e de trabalhadores com níveis de escolaridade compatível como o ensino médio. AS atividades mais dinâmicas de indústria, serviços de TI e de atenção à saúde foram compatíveis com o movimento de distanciamento social imposto pela pandemia, que alterou a forma de organização do trabalho: home Office e e-commerce. Apenas no final do ano, com a flexibilização das medidas de distanciamento, comércio e atividades de alojamento e alimentação recompuseram o emprego perdido em 2020.
  • Vale destacar que o perfil de profissionais escolhidos se adequa ao cenário de incerteza que permeou todo ano de 2021, pois seu custo hora de trabalho tende a ser mais baixo.
  • Infelizmente, os dados acerca do ajuste de dezembro confirmam a manutenção desse perfil de trabalhadores na estrutura do emprego formal na RMC e apontam a situação de incerteza que permeia o cenário econômico. O ajuste negativo do emprego no final do ano, concentrado em atividades industriais e de serviços de TI, à despeito do crescimento do emprego regional verificado em 2021, confirma esse cenário de cautela por parte dos empregadores.
  • Ou seja, o crescimento da taxa de informalidade, a queda nas remunerações, o processo inflacionário, a expectativa de alta na taxa de juros e a desorganização das cadeias de globais de produção colocam em xeque a confiança dos empregadores quanto à potência da demanda doméstica na sustentação do crescimento econômico; quanto aos possíveis vetores de desenvolvimento regionais; ou mesmo quanto à estratégia macroeconômica de recuperação da atividade, controle inflacionário e adoção de políticas de suporte à manutenção do emprego e da renda. Vale dizer, esse cenário de instabilidade das expectativas faz com que organismos internacionais e nacionais projetem a estagnação do PIB brasileiro.
  • Ainda num cenário incerto, continua desafiador qualquer prognóstico quanto à sustentação da recuperação. Seguimos acompanhando.

II. Quadros, gráficos e tabelas de desempenho do mercado de trabalho


Profa. Dra. Eliane Navarro Rosandiski

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas (1992), mestrado em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (1996) e doutorado em Economia Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (2002).É professora-extensionista da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, com vínculo integral de 40 horas semanais. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia dos Recursos Humanos, atuando principalmente nos seguintes temas: mercado de trabalho, política pública e economia solidária. (Fonte: Currículo Lattes)


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