Informativo Mensal

Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas

Volume 6 | N. 01 | 2024

Responsável:

Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Assistente técnico:

João Lucas Alves da Silva

Sumário Executivo

Este informativo apresenta e discute os principais dados da balança comercial da RMC para o mês 12/2023. Os dados utilizados nas análises são da base do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Além dos dados quantitativos, agregados e desagregados por município, apresenta-se a qualificação da pauta de exportação e importação da RMC a partir de cruzamentos dos dados de comércio com os Índices de Complexidade de Produtos (PCI), calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Media Lab. Por fim, este informativo é concluído com uma previsão do comportamento da balança comercial para o ano de 2023.

Dentre as informações analisadas, destacam-se:

Em 12/2023:

1. Diminuição de -0,09% nas exportações e diminuição de -13,4% nas importações da RMC, resultando em queda de -19,62% no déficit comercial regional;
2. As participações nas importações e exportações do estado de São Paulo (SP) foram de 21,17% e 5,67%, respectivamente, a maior desde 2021 e a menor da última década;

Em 12 meses:

1. Diminuição de -2,49% nas exportações e diminuição de -19,7% nas importações da RMC, resultando em queda de -27,24% no déficit comercial regional;
2. Destaca-se o crescimento do valor das exportações de óleos de petróleo ou de minerais betuminosos e de coque de petróleo, betume de petróleo e outros resíduos de petróleo;
3. Destaca-se a queda do valor importado de agroquímicos, compostos heterocíclicos de nitrogênio e ácidos nucleicos e seus sais;
4. Houve aumento relativo das exportações para apenas 4 de todos os principais destinos, com destaque positivo para Estados Unidos e Países Baixos, e queda relativa das exportações para a China;
5. Houve queda relativa das importações de praticamente todas as principais origens, com destaque para China e Estados Unidos, além de crescimento significativo das importações russas.

Em suma, para além dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência das importações de insumos externos, as exportações mostram piora da atividade do setor externo da RMC, em 12/2023, em relação ao mesmo período do ano anterior.

É importante ressaltar que as estatísticas de volume de comércio, baseadas em valores monetários, podem sofrer impactos inflacionários relevantes no período.

Balança Comercial 12/2023

A Tabela 1 traz os dados da balança comercial da RMC para os meses de dezembro entre 2013 e 2023.

O mês de dezembro é tradicionalmente um mês de baixíssima volatilidade nos valores históricos das exportações, além de apresentar a menor mediana histórica dos valores importados. A partir dos dados da Tabela 1, é possível verificar que as exportações de 12/2023 foram de 413,43 milhões de dólares, apresentando um decrescimento de -0,09% em relação ao mesmo período de 2023. Esse valor corresponde ao quarto maior valor para o mês em 10 anos, embora representa uma leve queda em comparação aos dois anos anteriores. Além disso, a participação nas exportações do estado de São Paulo foi de 5,67%, indicando que a RMC diminuiu consideravelmente sua participação nas exportações do estado quando comparado com o mesmo período em 2023, sendo esta a menor participação desde 2013.

As importações totalizaram 1,12 bilhões de dólares, no mesmo período, representando um decrescimento de -13,4% em comparação a 12/2022. A participação da RMC nas importações do estado foi de 21,17%, a segunda maior em 10 anos, atrás apenas dos valores para o mês em 2021. O saldo negativo da balança comercial, -712,3 milhões de dólares, sofreu queda de -19,62% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Os principais produtos responsáveis pela redução do valor exportado foram óleos de petróleo ou de minerais betuminosos (var. -49,79%) – cenário drasticamente diferente do visto anteriormente, tratores (var. -41,06%) e partes de motores (var. -2,18%). Dentre as altas, destaca-se medicamentos (var. 3,05%), automóveis de passageiros (var. 6,15%) e partes e acessórios de veículos (var. 4,40%).

Nas importações, as principais quedas deram-se para agroquímicos (var. -17,03%), medicamentos (var. -10,57%) e compostos heterocíclicos de nitrogênio (var. -66,61%). Destaca-se, porém, alta no valor de circuitos eletrônicos (var. 7,40%), óleos de petróleo ou de minerais betuminosos (var. 4450,20%) e sangue humano e animal para uso terapêutico e vacinas (var. 52,96%). Os produtos aqui apresentados estão ordenados por valor em dólares movimentado.

A Tabela 2 mostra as exportações da RMC para 12/2023, agregadas de acordo com o grau de complexidade dos produtos. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países com maior grau de sofisticação tecnológica das estruturas produtivas, portanto, com maiores níveis de produtividade e renda.

Houve aumento das exportações para a maior parte das categorias de complexidade. A de baixa complexidade, teve aumento de 55,64%; a média-baixa complexidade teve queda de -33,62%; média-alta complexidade teve aumento de 8,45%; e a de alta complexidade teve aumento de 15,72%. Contudo, mais de 79% das exportações da região se concentraram em produtos de média-alta e alta complexidade.

A Tabela 3 mostra as importações da RMC em 12/2023, agregadas de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos importados.

Houve aumento e queda dos valores importados em diferentes categorias de complexidade. A categoria de baixa complexidade apresentou crescimento de 21,17%; a de média-baixa, crescimento de 86,05%; a de média-alta, decrescimento de -20,72%; e a de alta apresentou queda de -19,46%. As importações de bens de média-alta e alta complexidade representaram mais de 84% do valor de todos os produtos importados

Balança Comercial 12 meses

A Tabela 4 traz os dados da balança comercial da RMC para os últimos 12 meses.

As importações atingiram a marca dos 14,72 bilhões de dólares, enquanto as exportações somaram 5,44 bilhões. O desequilíbrio entre importações e exportações rendeu um déficit comercial regional de -9,27 bilhões de dólares – o saldo estadual foi de 4,41 bilhões no mesmo período.

A Tabela 5 traz o valor exportado dos principais produtos da pauta regional, em 12 meses, bem como a variação em relação aos 12 meses anteriores. Esses produtos totalizam aproximadamente 38,57% das exportações totais no período. Nota-se que a maior parte dos produtos apresentou crescimento das suas exportações. O destaque vai para óleos de petróleo ou de minerais betuminosos, que cresceu 13,67% e coque de petróleo, betume de petróleo e outros resíduos de petróleo, que cresceu 203634,85% no período (devido à base de cálculo pequena do período anterior de 12 meses). Pneus e partes de motores, entretanto, foram os destaques negativos, com quedas de -18,07% e 17,24% nos últimos 12 meses, respectivamente.

A Tabela 6 traz o valor importado dos principais produtos da pauta regional, em 12 meses, bem como a variação em relação ao mesmo período do ano anterior.

Os produtos listados na Tabela 6 totalizam aproximadamente 45,57% das importações realizadas pela RMC no período. Houve queda nas importações em quase todos os produtos, com exceção de sangue humano e animal para uso terapêutico e vacinas, óleos de petróleo ou de minerais betuminosos e medicamentos. Em relação aos produtos que apresentaram crescimento das importações o destaque vai para óleos de petróleo ou de minerais betuminosos, que cresceu 2629,54% no período. Já nos destaques negativos, compostos heterocíclicos de nitrogênio e agroquímicos recuaram -41,61% e -33,25%, respectivamente.

Assumindo que as importações estão relacionadas às atividades econômicas das cadeias à frente dos produtos considerados, há indícios de desaceleração nas indústrias ligadas a esses insumos. É importante ressaltar que nesse período pode ter tido algum aumento de preços dos insumos importados, podendo elevar o valor das importações também pelo efeito preço.

A Tabela 7 traz as exportações para os 10 principais destinos da RMC, em 12 meses, bem como a variação das exportações por destino em relação aos 12 meses anteriores.

Houve queda do valor exportado para 6 dos 10 principais destinos da RMC. Argentina, México, Chile, Alemanha, Colômbia e China apresentaram variação negativa do seu valor exportado (da RMC) nos últimos 12 meses. A China mantém uma queda expressiva que persiste há meses. É notável também o crescimento das exportações para os Estados Unidos e Países Baixos, que cresceram 16,18% e 20,68%, respectivamente, nos últimos 12 meses.

A Tabela 8 traz os dados para as 10 principais origens das importações da RMC, em 12 meses, bem como a variação das importações por origem em relação aos 12 meses anteriores.

À exceção da Rússia e Suíça as importações com origem em todos os 10 principais países da pauta apresentaram uma variação negativa no período. As importações da China e dos EUA caíram respectivamente -40,36% e -20,09%, enquanto as importações russas apresentaram um crescimento de 319,89%.

A Tabela 9 traz os dados da balança comercial para os municípios da RMC, em 12 meses.

Previsões e perspectivas para 2023

As análises mais recentes do Observatório PUC-Campinas para 2024, a partir dos dados da série histórica, apontam para um ano de leve aumento nas importações (var. 2,24%) e queda das exportações (var. -6,56%). A última previsão para o ano de 2023, apresentada no informativo anterior, apontara para um ano de queda expressiva nas importações (var. -20,35%) e leve queda das exportações (var. -2,20%). Efetivamente, considerando por fim os dados de comércio internacional de dezembro/2023, observou-se uma queda nas importações de -19,70% e uma queda das exportações de -2,48%. A redução das importações pode estar relacionada a queda no valor importado tanto de bens acabados como bens intermediários. Reduções expressivas na importação de bens intermediários indicam, em geral, queda do ritmo da produção industrial.