COVID-19 na Região de Campinas

Informativo Covid-19 Campinas  V2|N27|Semana 27 (04/07 a 10/07)

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Jacqueline dos Santos Oliveira [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4] Beatriz Panciera [5] Giuliano Polli [6]

Até o dia 10/07, o Brasil notificou 19,06 milhões de casos e 532,89 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa absoluta média de 46,7 mil novos casos e 1,3 mil novas mortes por dia 7.

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 04/07 e encerrada em 10/07 – semana epidemiológica de número 27, no calendário das autoridades de saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana) 

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo.   

O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, da Grande São Paulo. Até 10/07, foram notificados 425,87 mil casos e 12,42 mil mortes, no DRS-Campinas – letalidade de 2,92%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC8), foram 298,26 mil casos e 9,02 mil óbitos até o momento – letalidade de 3,97%. Por fim, o município de Campinas registrou 97,50 mil casos até o momento, com 3,86 mil óbitos – letalidade de 3,97% — ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.  

Nesta semana, 14 dos 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos em relação ao número de novos casos no Estado de São Paulo da semana passada. As novas mortes apresentaram taxas decrescentes em 12 dos 17 departamentos do Estado. Em relação à semana anterior, o ritmo de avanço da pandemia continua desacelerando no DRS-Campinas, já que os novos casos apresentaram uma diminuição considerável, e o número de novos óbitos também está diminuindo, como mostram a Tabela 1 e as Figuras 1 e 2.

Tabela 1 – Casos e Óbitos nos Departamentos Regionais de Saúde do Estado de São Paulo

Figura 1. Curva Epidemiológica Casos Região de Campinas 

Figura 2. Curva Epidemiológica Óbitos Região de Campinas 

Foram registrados, nesta semana, 11,56 mil casos no DRS-Campinas (variação de -8,99% em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes, 8,07 mil foram registrados na RMC (var. -12,53%) e 1,84 mil em Campinas (var. -22,97%). Foram 356 mortes no DRS-Campinas (var. -16,24%, em relação às mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 258 ocorreram na RMC (var. -24,78%) e 81 em Campinas (var. -19,00%).

As Figuras 2 e 3 mostram os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes por municípios. 

Figura 3. Mapa de Casos da Covid-19 nos Municípios do DRS-Campinas e Engenheiro Coelho  

Neste momento, os municípios com maior incidência são Paulínia, Santo Antônio de Posse e Holambra, com 13.637,09, 12.827,69 e 12.764,78 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. É válido lembrar que a incidência é fortemente influenciada pela amplitude da testagem em cada município. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% daqueles com maiores taxas de incidência, no estado de São Paulo, com corte em 11.827 casos por 100 mil habitantes. 

Figura 4.  Mapa da Mortalidade pela Covid-19 no DRS-Campinas e Engenheiro Coelho 

Além disso, Santa Bárbara d’Oeste, Jundiaí e Campinas continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 367,16, 350,35 e 329,13 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% daqueles com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 324 mortes por 100 mil habitantes.  

Análise dos especialistas 

O Governo do Estado publicou um novo decreto no dia 07/07/2021, definindo que todos os departamentos regionais de saúde continuam em fase de transição do Plano São Paulo, que, segundo o Governo, deve garantir a retomada consciente e segura. O decreto anterior estabelecia regras de combate à pandemia que permitiam aos estabelecimentos operarem com ocupação máxima de 40% entre as 6h e 21h, com toque de recolher entre as 21h e 5h, manutenção da obrigação de teletrabalho para todas as atividades administrativas e escalonamento na entrada e saída da indústria, serviços e comércio. Este novo decreto flexibiliza as regras de combate à pandemia a partir do dia 09/07, permitindo aos estabelecimentos operarem com 60% da capacidade máxima, entre as 6h e 23h, sendo que, a partir das 22h, a entrada de novos clientes já não será permitida. O toque de recolher, portanto, fica entre as 23h e 5h. É recomendado teletrabalho para atividades administrativas não essenciais e escalonamento de horários de entrada e saída dos funcionários.

Do ponto de vista da saúde, os dados da fundação SEADE9 revelam nova queda expressiva no número de novas internações no DRS-Campinas. Foram 1.321 internações contra 1.537 na semana anterior, uma queda de 14%. Ainda assim, vale ressaltar, seguimos em um patamar bastante elevado, acima do pico da primeira onda na região, quando foram registradas 1.220 novas internações na semana 30/2020, finalizada em 25/07/2020. A pressão sobre o sistema de saúde segue elevada, sobretudo no serviço público. No dia 08/07, a ocupação dos leitos públicos de UTI-COVID era de 98%, enquanto a dos leitos privados era de 78%10.   

No último dia 09/07, foi realizado o quinto “dia D” de vacinação contra a COVID-19 em Campinas e, novamente, o evento foi extremamente bem-sucedido, com mais de 31.000 doses aplicadas, valor recorde no município para um único dia11. Contabilizando essas doses, o município chegou a 46,7% da população imunizada com a primeira dose e 14,6% da população completamente imunizada (2 doses ou dose única). Neste fim de semana, o governo do Estado de São Paulo divulgou que foi realizada uma compra adicional de 30 milhões de doses da vacina Coronavac, exclusivas para o estado, o que permitirá vacinar todos os adultos com primeira dose de vacina até 20/0812. Para essa previsão ser viabilizada, o município de Campinas precisará vacinar cerca de 11.500 pessoas diariamente até lá (desconsiderando os domingos e levando em conta os dados populacionais divulgados pela Prefeitura de Campinas). Um valor acima da atual média diária de aplicações no município, cerca de 5.000 doses. Entretanto, não há dúvida que, havendo vacinas à disposição, o município tem plena capacidade de acelerar a campanha. 

É necessário, todavia, muita cautela ainda. Na semana passada, foi identificado o primeiro caso de COVID-19 pela variante Delta na cidade de São Paulo em um indivíduo sem histórico de deslocamento internacional ou contato com viajantes, indicando, portanto, já a circulação local desta variante13. Como a capacidade nacional de detecção de variantes ainda é muito limitada, é difícil prever o impacto desta introdução e se haverá uma substituição de cepa predominante, como ocorreu após a introdução da variante gama no estado. Países como o Reino Unido, já com a campanha de vacinação bastante avançada, estão observando um aumento expressivo no número de casos novos após a substituição da cepa. Esse fato, aliado às flexibilizações que já começaram a ocorrer, gera uma preocupação adicional quanto ao cenário dos próximos meses, ainda sem um percentual elevado de pessoas já completamente imunizadas (2 doses de vacina ou dose única da Janssen). Está sendo estudada a possibilidade, inclusive, de se abreviar o intervalo de aplicação das vacinas da Astrazeneca e Pfizer para que mais pessoas estejam completamente imunizadas o mais rapidamente possível (o intervalo atual de administração destas vacinas é de 3 meses)12

Do ponto de vista econômico e social, a taxa de desemprego do primeiro trimestre (14,7%, 1T/2021) contrasta com o saldo de emprego positivo do Caged (+25,84 mil postos na RMC até abril/2021). A queda nos casos e mortes pode sustentar, em patamares menos pessimistas, os indicadores econômicos regionais e nacionais no segundo trimestre.   

Houve crescimento do PIB brasileiro no 1T/2021, de 1,2%. No entanto, a taxa de desemprego alta reforça a tese de ilusão contábil, causada pela reposição de estoques das empresas. Em outras palavras, as empresas não “investiram” na produção e, sim, na reposição de estoques, levando ao crescimento acima do esperado. Sem crescimento na demanda, o crescimento do 1T/2021 não deve se repetir no 2T/2021. 

 Os índices de atividade do IBGE mostram, para maio/2021, alta na indústria e no comércio de 1,4% para ambos os setores. Os dados do setor externo da RMC continuam indicando que a economia regional segue se recuperando, com crescimento de 60,9% das exportações e 15,8% das importações, em junho/2021. Em relação ao emprego, os últimos dados da PNAD-Contínua, para os meses entre jan/2020 e mar/2021, estimam uma taxa de desocupação recorde no Brasil de 14,7% (alta de 0.3 pontos percentuais no trimestre), patamar que era de 10,5% na primeira semana de maio/2020. Na RMC, de acordo com dados do Observatório PUC-Campinas, a criação de novos postos de trabalho tem desacelerado desde abril, mas continua crescente.  

Em relação aos preços, O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, atingiu 37,04% em 12 meses, em maio/2021.  Esse índice captura, também, aumentos nos custos de insumos que podem ser repassados para o consumidor final em algum momento. O IPCA acumulado de 12 meses atingiu 8,06% em maio/21, quando o centro da meta de inflação para o ano de 2021 é de 3,75%.  A subida do IPCA foi puxada, sobretudo, pelo aumento da energia elétrica.  

Por fim, o avanço na vacinação tem melhorado as expectativas de retomada para boa parte dos analistas. Até o momento, no DRS-Campinas, aproximadamente 45,9% (var. semanal de +3,9 p.p.) da população recebeu a primeira dose da vacina, enquanto 13,5 (var. semanal de +0,6 p.p.)  recebeu a segunda dose ou a vacina de dose única. É preciso observar, no entanto, que qualquer crescimento sustentado e de longo prazo precisa ser acompanhado pelo crescimento efetivo do emprego e da renda. 

[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro

[3] Graduanda em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Graduanda em Administração pela PUC-Campinas e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[6] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[7] Dados do Ministério da Saúde

[8] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[9] – https://www.seade.gov.br/coronavirus/#

[10] – https://covid-19.campinas.sp.gov.br/epidemiologico/diario 

[11] –https://www.campinas.sp.gov.br/noticias-integra.php?id=41120 

[12] –https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/sp-confirma-30-milhoes-de-doses-extras-e-vacinacao-antecipada-de-adultos/

[13] –https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/07/07/governo-de-sp-confirma-que-variante-delta-da-covid-19-circula-no-estado-e-avalia-reduzir-intervalo-de-2a-dose-de-vacinas.ghtml


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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