COVID-19 na Região de Campinas

Informativo Covid-19 Campinas  – V2|N34|Semana 34 (22/08 a 28/08) 

Equipe:

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Jacqueline dos Santos Oliveira [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4] Beatriz Panciera [5] Giuliano Polli [6]

Até o dia 28/08, o Brasil notificou 20,7 milhões de casos e 579,0 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa absoluta média de 24,5 mil novos casos e 0,6 mil novas mortes por dia 7.

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 22/08 e encerrada em 28/08 – semana epidemiológica de número 34, no calendário das autoridades de saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana) 

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo.   

O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, da Grande São Paulo. Até 28/08, foram notificados 481,9 mil casos e 13,9 mil mortes, no DRS-Campinas – letalidade de 2,90%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC8), foram 335,3 mil casos e 10,2 mil óbitos, até o momento – letalidade de 3,04%. Por fim, o município de Campinas registrou 109,2 mil casos até o momento, com 4,3 mil óbitos – letalidade de 3,96% — ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.  

Nesta semana, 13 dos 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos em relação ao número de novos casos no Estado de São Paulo na semana passada. As novas mortes apresentaram taxas decrescentes em 10 dos 17 departamentos do Estado. Em relação à semana anterior, o ritmo de avanço da pandemia segue desacelerando no DRS-Campinas, o número de novos casos e de novas mortes continuam diminuindo, como mostram a Tabela 1 e as Figuras 1 e 2.

Figura 1. Curva Epidemiológica Casos Região de Campinas 

Figura 2. Curva Epidemiológica Óbitos Região de Campinas 

Foram registrados, nesta semana, 5,5 mil casos no DRS-Campinas (variação de -1,91%, em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes, 3,7 mil casos foram registrados na RMC (var. -3,53%) e 1,4 mil casos em Campinas (var. 12,94%). Foram 136 mortes no DRS-Campinas (var. -18,07%, em relação às mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 106 ocorreram na RMC (var. -27,40%) e 54 em Campinas (var. 1,89%).

As Figuras 2 e 3 mostram os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes por municípios. 

Figura 3. Mapa de Casos da Covid-19 nos Municípios do DRS-Campinas e Engenheiro Coelho.

Neste momento, os municípios com maior incidência são Paulínia, Holambra e Santo Antônio de Posse, com 14.750,0, 14.075,7 e 13.825,5 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. É válido lembrar que a incidência é fortemente influenciada pela amplitude da testagem em cada município. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de incidência, no estado de São Paulo, com corte em 13.093 casos por 100 mil habitantes. 

Figura 4.  Mapa da Mortalidade pela Covid-19 no DRS-Campinas e Engenheiro Coelho.

Além disso, Santa Bárbara d’Oeste, Jundiaí e Campinas continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 414,8, 375,9 e 368,0 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 371 mortes por 100 mil habitantes.  

Análise dos especialistas

Dando continuidade ao que foi decretado pelo Governo do Estado no dia 07/07/2021, todos os departamentos regionais de saúde não têm mais restrições de horários e capacidade desde o dia 17/08. É a segunda semana em que, por parte do Governo do Estado, restam apenas as regras do protocolo de higienização, utilização máscaras e distanciamento de no mínimo 1 metro em ambientes públicos. Eventos com público em pé, como shows e torcidas em estádios estão previstos para retorno no mês de novembro. Cabem às prefeituras dos municípios determinar qualquer regra ou restrição de acordo com as necessidades da região, como são os exemplos de Bauru, São Carlos e 6 das 7 cidades que compõem o ABC paulista9, que não flexibilizaram totalmente.

Do ponto de vista da saúde, dados da fundação SEADE10 evidenciaram queda de 16,2% nas novas internações em UTI COVID no DRS-Campinas. Foram 612 internações contra 731 na semana anterior. Felizmente, a pressão sobre o sistema de saúde de Campinas segue em diminuição. No dia 27/08, a ocupação dos leitos de UTI-COVID na cidade era de 60,2%11.   

Em relação à campanha de vacinação, no dia 27/08, após mais um bem-sucedido “dia D” para segunda dose12, o município chegou a 67,4% da população imunizada com primeira dose e 36,5% da população completamente imunizada (2 doses ou dose única). Cerca de 11% dos indivíduos acima de 18 anos ainda não receberam nenhuma dose de vacina13

Apesar do cenário favorável desenhado pelos números da evolução da pandemia na região, a variante segue se espalhando por todo o Brasil. De acordo com a Rede Genômica Fiocruz14, dados atualizados em 23/08 apontam que 59% das últimas amostras sequenciadas no Brasil correspondem à variante delta. No estado de São Paulo, 83% das amostras sequenciadas no mês de agosto correspondem a essa variante. No mês de julho esse número foi de 52%. 

No dia 25/08, o Ministério da Saúde anunciou15 que iniciará as aplicações de uma terceira dose de vacina, a partir de 15/09, para pacientes com mais de 70 anos e imunossuprimidos. O objetivo é aumentar a proteção desses grupos diante de uma possível redução na eficácia das vacinas com o passar do tempo, e ainda mais em pessoas que naturalmente têm uma chance maior de não apresentar uma boa resposta a qualquer vacina. Outros países já vêm adotando tal estratégia. Existem, entretanto, algumas incertezas sobre a melhor forma de realizar este reforço, como o momento ideal para essa aplicação, intervalos ideais e, principalmente, se seria com a mesma vacina aplicada inicialmente ou com vacinas de outras plataformas. No informe do Ministério da Saúde, a recomendação é para priorizar a vacina da Pfizer para a terceira dose, podendo utilizar as vacinas de vetor viral (Oxford/Astrazeneca e Janssen) em caso de falta da vacina de RNA. Já no estado de São Paulo a orientação é para utilizar a vacina que estiver disponível no momento para a aplicação da terceira dose, podendo, inclusive, utilizar a própria Coronavac. Há estudos apontando potencial de benefício tanto com esquemas homólogos16 (mesma vacina para todas as doses) como para esquema heterólogos17 (combinação de vacinas diferentes), ainda que, aparentemente, haja uma resposta melhor com esquemas heterólogos. 

Entretanto, o que parece estar ficando mais claro é que dificilmente a pandemia será controlada apenas com as vacinas. As medidas restritivas coletivas e medidas individuais de proteção são fundamentais. E, no cenário atual, em que há uma grande desigualdade na aplicação de vacinas no mundo (“Menos de 2% da população dos países pobres está protegida”18), há sempre o risco de emergência de novas variantes com potencial de escape imune.   

Do ponto de vista econômico e social, apesar de ainda positivos, os indicadores de atividade e de emprego dão sinais de desaceleração para economia regional e nacional. Preocupa o aumento dos preços num contexto ainda de elevada taxa de desemprego, e a ameaça da disseminação da variante delta no Brasil e nos principais parceiros comerciais regionais – Argentina, Estados Unidos e China, esta última especialmente importante como fornecedora de insumos industriais. No momento, a confiança e o desempenho das pequenas indústrias continuam positivos, ao mesmo tempo que o número de vacinados tem atingido patamares mais elevados. No departamento regional de saúde de Campinas, 72,2% da população recebeu a primeira dose e 36,7% completaram o processo de vacinação.  

 O PIB paulista cresceu 0,5% no 2T/2021, na comparação com o PIB do 1 T/2021, de acordo com o Seade. O PIB industrial cresceu 20% e o PIB de serviços 13,3%, em relação ao 2T/2020. É esperado que a economia da RMC tenha resultados também positivos.  Apesar da desaceleração, o saldo do emprego ainda é bastante positivo na região, com 46.725  postos criados até julho/2021, de acordo com os dados do novo Caged. O Índice de Desempenho das Pequenas Indústrias (IDPI – CNI) exibiu melhora tanto em relação ao primeiro trimestre deste ano, como em relação ao segundo trimestre de 2021 – o índice atingiu 46,5 pontos no 2T/21, 43,9 1T/21 e 34,1 2T/20, quando os efeitos da crise sanitária se mostraram mais graves.  No entanto o alto custo das matérias-primas prejudica a retomada deste segmento, estando ligado, ainda, a efeitos da crise sanitária.  

Em relação aos preços, O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, continua em alta, apesar de ter desacelerado, atingindo 33,83% em 12 meses, em julho/2021. Esse índice captura, também, aumentos nos custos de insumos que podem ser repassados para o consumidor final em algum momento. O IPCA, acumulado de 12 meses, atingiu 8,99% em julho/21, quando o centro da meta de inflação para o ano é de 3,75%.  A subida do IPCA foi puxada, sobretudo, pelo aumento da energia elétrica, mas os alimentos, gás de cozinha e combustíveis continuam em alta, comprometendo a renda, sobretudo, dos mais pobres. O aumento recente da taxa básica de juros, para 5,25%, buscando conter o aumento dos preços, deve segurar ainda mais a recuperação da atividade econômica.   A ameaça da variante delta configura-se como o principal fator sanitário no radar do mercado, piorando as expectativas de crescimento da demanda por bens e serviços no Brasil e no mundo.

[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro

[3] Graduanda em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Graduanda em Administração pela PUC-Campinas e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[6] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[7] Dados do Ministério da Saúde

[8] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[9] – https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/08/26/cidades-do-abc-paulista-decidem-manter-quarentena-ate-15-de-setembro.ghtml

[10] – https://www.seade.gov.br/coronavirus/#

[11] – https://covid-19.campinas.sp.gov.br/epidemiologico/diario 

[12] – https://novo.campinas.sp.gov.br/noticia/41690

[13] –https://vacina.campinas.sp.gov.br/vacinas/covid-19

[14] – http://www.genomahcov.fiocruz.br/dashboard/

[15] –https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/ministerio-da-saude-anuncia-dose-de-reforco-para-vacinacao-contra-a-covid-19-na-segunda-quinzena-de-setembro 

[16] – Immunogenicity and safety of a third dose, and immune persistence of CoronaVac vaccine in healthy adults aged 18-59 years: interim results from a double-blind, randomized, placebo-controlled phase 2 clinical trial. Hongxing Pan, Qianhui Wu, Gang Zeng, Juan Yang, Deyu Jiang, Xiaowei Deng, Kai Chu, Wen Zheng, Fengcai Zhu, Hongjie Yu, Weidong Yin. medRxiv 2021.07.23.21261026; doi: https://doi.org/10.1101/2021.07.23.2126102.

[17] – Deming, M.E., Lyke, K.E. A ‘mix and match’ approach to SARS-CoV-2 vaccination. Nat Med (2021). https://doi.org/10.1038/s41591-021-01463-x 


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


Estudo Anterior

Próximo Estudo

Boletim Observatório

Assine nosso boletim e receba no seu e-mail atualizações semanais