Investimentos confirmados na região de Campinas durante a pandemia de Covid-19

Docente extensionista

Dr. Cristiano Monteiro da Silva

Alunos:

Ana Laura Basílio

Beatriz Malavasi Baccan

Heloisa Borella Zamboim

Gabriela leal Paes

Luana Bueno Ortolan

Luana Nicole Gulicz Vial

Pedro Henrique de Carolis Sodre

Rozelelpane Eliazama Bernardo Silva

Vitória Santos Bertouza

Introdução

            A capacidade analítica da situação social de famílias e pessoas precisa ficar atenta às questões eminentes vinculadas à dinâmica de investimentos em localidades regionais, sendo que isso se monta como uma obrigação ligada ao rigor analítico. A razão principal deste argumento considera que a dinâmica de investimentos é fator essencial da construção de relações sociais de produção, inclusive as formas de geração e distribuição de valor, formando-se, assim, como questão basilar para leituras sobre o status da vida social de famílias e pessoas.  

            O contexto da pandemia de Covid-19 agrava a vida social de famílias e pessoas, na medida em que aflige o viver humano, mexe na sua capacidade de interação social, altera ainda sua condição de filiação ao trabalho, bem como a sua busca pelo viver baseado em cultura, lazer, esportes, enfim, a forma saudável da vida social humana. Convém a ênfase de que o contexto pandêmico está influindo de forma contraditória sobre esses múltiplos aspectos do viver social do ser humano.

            Este trabalho objetiva a socialização de uma análise exploratória que evidencia questões pertinentes à dinâmica de investimentos confirmados na Região de Campinas, sem perder de vista o quadro comparativo com outras regiões do estado de São Paulo, tudo em função de um sentido maior que é favorável ao poder analítico dedicado ao desenvolvimento social.

            A proposta metodológica inclui o olhar sobre a reprodução sistêmica, a partir de um nível de abstração teórica, sempre preocupada com as vivências de questões sociais pertinentes às famílias e pessoas. A maior parte do analítico exploratório, feito a partir de dados secundários, está baseada em dados obtidos da fonte SEADE/SP. Em função deste processo de coleta de dados, o trabalho analítico opta pelo uso de agrupamento composto por “regiões administrativas”, no tempo do ano de 2020. Cabe observar o que está descrito nas notas de rodapé, por meio das quais se informa sobre a caracterização de regiões administrativas. A dimensão metodológica ainda preocupa-se com a constituição de saberes sobre a dinâmica de serviços especializados, neste caso, como a forma complementar ao assunto dos investimentos, por meio de dados e do nível de abstração teórica.

            O trabalho está divido duas partes, afora os elementos conclusivos. No primeiro momento, a discussão é sobre a situação panorâmica do estado de São Paulo, vista a partir da amostra de regiões administrativas desta localidade. Na segunda parte, o texto incorpora os assuntos da situação da Região de Campinas, neste caso, dando destaque ao processo de investimentos de alta densidade dinâmica à reprodução social. Finalmente, apresentam-se as observações pertinentes ao conjunto temático, bem como alguns apelos propositivos de ações e políticas públicas que podem apoiar o desenvolvimento social.

1. Investimentos confirmados em regiões do estado de São Paulo

A região de Campinas[1] perdeu apenas para a localidade de São José do Rio Preto, no que diz respeito ao número de projetos de investimentos confirmados relativos ao ano de 2020, ou seja, o ano em que emergiu o contexto pandêmico. Assim, na região de São José do Rio Preto, o número de projetos foi 28, seguido pelo número de 26 projetos pertinentes à região de Campinas. Na sequência desta lista, aparece a região de Sorocaba (15), depois a região de Presidente Prudente (12) e a região de Santos (11), e, finalmente, as demais regiões com o número abaixo de 10 projetos de investimentos confirmados.

O texto leva em conta a definição de Região Administrativa de Campinas, tal como ela é apresentada pelo SEADE/SP, que se apresenta como a fonte dos dados. Portanto, a composição de cidades é diferente do que se vê na Região Metropolitana de Campinas. A opção por este caminho é favorável ao analítico que busca a comparação entre as distintas regiões do estado de São Paulo, em outras palavras, todas as regiões levadas em conta respeitam esse formato. Contudo, na segunda parte do texto, pelo fato de ser uma análise provocada sobre questões específicas da realidade regional de Campinas, então o texto evidencia apenas aspectos de municípios componentes da Região Metropolitana de Campinas.

O primeiro gráfico permite a pergunta sobre a destinação setorial dos projetos de investimentos, ou seja, se esses projetos foram aplicados na Indústria, Serviços ou Comércio. O traço mais interessante que envolve as regiões líderes no número de projetos de investimentos (São José do Rio Preto e Campinas) é que a região de São José do Rio Preto consolidou 14 projetos associados ao setor de Serviços, inclusive o subsetor de Serviços Especializados, enquanto a região de Campinas consolidou 11 projetos. Por outro lado, a região de Campinas possui mais investimentos confirmados em infraestrutura e indústria. Sabe-se que a infraestrutura também pode ser relacionada ao setor de serviços, porém o texto dedica-se ao entendimento de questões inerentes aos serviços especializados.

Diante deste contexto, faz-se o acrescento de duas observações. A primeira observação é que, na região de São José do Rio Preto, os investimentos confirmados estão associados aos CNAES de Atendimento Hospitalar e Atividades Complementares de Diagnósticos. A segunda observação é que a região de Campinas e, especialmente, a cidade de Campinas, neste caso, por ser a mais desenvolvida economicamente, possuem uma condição de estrutura de sistema econômico, na qual é mais forte a posição relativa dos serviços perante o PIB local. Porém vê-se por meio deste indicador que essa capacidade dinâmica do setor de serviços, sobretudo, os serviços especializados, não se manifestou no contexto pandêmico que marca o ano de 2020. Na região de Campinas, os investimentos confirmados ligados ao setor de Serviços, no contexto pandêmico, estão associados aos segmentos de Imobiliárias e Alimentação.

No que diz respeito aos investimentos associados à Indústria, a região de São José do Rio Preto perde da região de Campinas. Porém, no caso da região de Campinas, cabe a observância de que o número mais expressivo está circunscrito à cidade de Indaiatuba, que envolve o setor de máquinas e equipamentos, mais forte para a conexão deste setor com a Agricultura, destinado à ampliação de capacidade. Portanto, não reflete o processo decisório do conjunto de setores dinâmicos da Indústria nesta localidade regional.   

Evidentemente, a discussão sobre a região de São Paulo[2] não constou nesta primeira parte do trabalho. A análise dos aspectos desta região é demonstrada por meio do gráfico 2. Neste caso, a situação é estruturalmente complexa, o que, por sua vez, leva ao número de projetos bem diferente da média. No ano de 2020, o número de investimentos confirmados na Região Metropolitana de São Paulo foi distribuído em 37 projetos ligados ao setor de Serviços, sucedido por 11 no Comércio, depois a Indústria e a Infraestrutura com menor participação relativa. Deduz-se que esse resultado reflete a dinâmica da economia de serviços na localidade em pauta.

Enfim, cabe ver que este número total de 61 projetos de investimentos, que diz respeito ao ano de 2020, é bem menor do que o número relacionado ao ano de 2019, antes do contexto pandêmico, quando se contou com o total de 177 investimentos confirmados. A crise social do contexto pandêmico impactou de forma negativa os investimentos na Região Metropolitana de São Paulo.

2. Investimentos na Região Metropolitana de Campinas

O gráfico 03 abre um espaço do texto que é dedicado a uma análise sobre as especificidades da Região Metropolitana de Campinas[3], colocando à vista um quadro comparativo entre o ano mais perto da precedência do contexto pandêmico e o ano de 2020. O número de projetos de investimentos confirmados caiu bastante, tendo, no primeiro momento, o total de 55 projetos, seguido por um total de 24 investimentos confirmados. Contudo chama a atenção o valor envolvido nesses projetos.

O gráfico 03 ainda permite a vista sobre a destinação setorial dos investimentos confirmados na Região Metropolitana de Campinas. Em primeiro lugar, observa-se que a infraestrutura perdeu o número de 20 projetos de investimentos confirmados, se comparado com o biênio em pauta.  No tocante ao setor de Serviços, cabe notar que o primeiro momento contou com 15 projetos de investimentos confirmados, sendo 04 envoltos às atividades de saúde humana, havendo, no ano de 2020, no qual o contexto pandêmico tomou conta da vida social, os investimentos expressivos na infraestrutura (transportes, energia e gás).  

Essas observâncias sobre a destinação setorial de investimentos confirmados na região de Campinas, no que diz respeito ao ano de 2020, são mais bem explicitadas na tabela 01.

Este propósito do analítico sobre projetos de investimentos confirmados na Região Metropolitana de Campinas é encerrado por meio do gráfico 04, que demonstra a força do primeiro trimestre do ano do triênio de 2019 a 2021. O primeiro trimestre de 2019 trouxe o número de 23 investimentos confirmados, que expressa o percentual de 66% deste total apurado. O ano seguinte, por sua vez, contou com apenas 05 projetos de investimentos (14%). Cabe observar que o primeiro trimestre deste atual ano, mesmo diante do contexto pandêmico, que é diferente do que foi o período anterior, ainda não trouxe a pujança dos investimentos, tendo o total de 07 projetos, um percentual de 20%.

Em suma, pode-se argumentar que a condição estrutural da dinâmica econômica regional, à primeira vista, não está se manifestando na situação de investimentos confirmados. Os setores mais intensivos em valor, como é o caso de serviços especializados, que tanto estão influenciando a situação regional, desde os últimos anos, no contexto pandêmico, não mostram a sua força.  

3. Considerações finais

Esta nota técnica desvela alguns aspectos do processo decisório de investimentos em regiões do estado de São Paulo, sendo mais forte o olhar sobre a Região Metropolitana de Campinas. Em síntese, pode-se dizer que esta última aparece com o segundo lugar na lista de número de projetos de investimentos confirmados em regiões do estado de São Paulo. Todavia o contexto pandêmico, especialmente, o ano de 2020, trouxe a retração do número de projetos de investimentos. Além disso, no que diz respeito à destinação setorial econômica, o fato é que o ano de 2019 contou com  investimentos confirmados em Serviços Especializados, como, por exemplo, os gastos envoltos aos subsetores de Informação e Comunicação, Atenção à Saúde Humana, Contabilidade e Atividades Jurídicas. Porém o ano seguinte (2020) não evidenciou os investimentos confirmados nesses subsetores dinâmicos.

Nesta parte da conclusão, cabe o nível reflexivo sobre predições que estão ao alcance do que se pode atribuir como economia política de serviços na Região Metropolitana de Campinas. Ademais, essa situação mencionada de economia política se combina com o desenvolvimento social favorável às famílias e pessoas. Na dimensão de filiações às atividades de trabalho, embora haja a menção de que os setores de serviços especializados estão demonstrando uma fenomenologia muito nova, em diversos lugares do mundo, sobretudo, em países mais desenvolvidos, na Região Metropolitana de Campinas, que se trata de um polo dinâmico econômico do país, essa tal fenomenologia ainda está com temporalidade atrasada frente às melhores práticas do mundo. Sem dúvida, essa é uma questão estratégica.

Finalmente, há a possibilidade de que essas questões relacionadas aos investimentos confirmados na Região Metropolitana de Campinas possam ser mais bem exploradas via estudos analíticos baseados em dados primários, mediados por recursos digitais. Este será o esforço mediador dos próximos trabalhos.

4. Referências

[1] O texto leva em conta a definição de Região Administrativa de Campinas, tal como ela é apresentada pelo SEADE/SP, que se apresenta como a fonte dos dados. Portanto, a composição de cidades é diferente do que se vê na Região Metropolitana de Campinas. A opção por este caminho é favorável ao analítico que busca a comparação entre as distintas regiões do estado de São Paulo, em outras palavras, todas as regiões levadas em conta respeitam esse formato. Contudo, na segunda parte do texto, pelo fato de ser uma análise provocada sobre questões específicas da realidade regional de Campinas, então o texto evidencia apenas aspectos de municípios componentes da Região Metropolitana de Campinas.

[2] O SEADE atribui a situação de São Paulo considerando essa localidade como Região Metropolitana de São Paulo, portanto, é diferente do que consta para demais regiões administrativas em pauta. Sendo assim, fez-se a opção por analisar o caso de São Paulo de forma específica.

[3] Nesta parte do texto, a análise considera projetos de investimentos que são atribuídos pela fonte da pesquisa como “inter-regionais”, por exemplo, os investimentos confirmados em infraestrutura envoltos às cidades da região em pauta.

DATA VIVA. Oportunidades econômicas. Disponível em: http://www.dataviva.info. Acesso em: 05 de julho de 2021.

JANNUZZI, Paulo Martinho. Indicadores Sociais no Brasil. São Paulo: Editora Alínea. 2009.

SEADE. Pesquisa de investimentos anunciados no Estado de São Paulo. Disponível em: http://www.piesp.seade.gov.br/. Acesso em: 26 de julho de 2021.


Prof. Dr. Cristiano Monteiro da Silva

Pós Doutorado em Economia (2013,UNICAMP). Doutorado em Ciências Sociais (2010/PUC-SP), áreas de concentração: relações internacionais e ciência política. Mestrado em Economia (2002/PUC-SP). Graduação em Economia (2000/USF). Pós-graduação em Ciências de Dados. Pós-graduação em Marketing. Pós-graduação em Políticas Publicas. Inúmeros cursos de curta duração: linguagem R, gestão de vendas, marketing digital, finanças corporativas, gestão de custos, contabilidade básica e econometria aplicada, matemática, educação, gestão de negócios. Docente Extensionista da PUC/Campinas; Faculdades de Direito e Ciências Econômicas. (Fonte: Currículo Lattes).


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