PROFESSOR EXTENSIONISTA
Profa. Dra. Eliane Navarro Rosandiski
Introdução:
Para monitorar a evolução do emprego segundo as mesmas variáveis, as informações disponibilizadas seguem o mesmo formato dos demais informativos mensais. As bases de dados utilizadas neste informativo são os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência (MTP). Em função da defasagem no calendário, neste informativo de fevereiro-março serão apresentados os os dados de janeiro de 2022.
Seguindo o mesmo padrão, os dados da PNAD-Contínua/IBGE apresentados no final do informativo ajudam a contextualizar evolução do mercado de trabalho local.
I. Destaques
- Estima-se que o estoque de emprego formal no início de 2022 seja de 944.717 trabalhadores na RMC. O saldo positivo de 3.852 vagas se soma a esse estoque.
- Vale destacar que o estoque de contratos formais de trabalho na RMC é 7,5% do total gerado no Estado de São Paulo. No entanto, o saldo gerado na RMC é equivalente a 8% do total gerado no Estado.
- Em termos absolutos, com um saldo de 1.137 novos contratos, o município de Campinas manteve a liderança. Paulínia, com 408, Santa Bárbara d’Oeste, com 306, e Sumaré, com 266, também se destacam na geração de novos contratos de trabalho.
- Do total de contratos, 49% foram preenchidos por mulheres.
- Seguindo o padrão do ano de 2021, por escolaridade, o ensino médio continua sendo o perfil mais demandado, ocupando 61% dos postos. Porém, também 28% dos postos gerados em janeiro foram preenchidos por empregados com superior completo.
- Ainda seguindo o padrão, por faixa etária, 42% das contratações se concentraram na faixa etária de 18 a 24 anos, apesar de ter chamado atenção a contração nas faixas de 30 e 49 anos, com cerca de 29%.
- Em janeiro, por setor de atividade, o ajuste de emprego apresentou as seguintes especificidades:
- O grande destaque foram as atividades do setor de serviços nas atividades de informação, comunicação e atividades financeiras: 2 mil contratos equivalem a 50% deles.
- O segundo destaque foi o setor industrial, com a geração de 1,6 mil novos contratos (42%).
- A construção civil gerou 11% dos contratos.
- No entanto, as atividades de comércio e serviços de alojamento e alimentação, juntas, apresentaram um saldo negativo de mais de 1,6 mil contratos.
Comentários
- A taxa de crescimento dos contratos formais de trabalho se insere no contexto de redução do desemprego e recuperação da taxa de participação. Os dados do IBGE confirmam o crescimento do nível de ocupação. No entanto, também segundo as informações disponibilizadas pelo IBGE, a queda do desemprego vem foi acompanhada pelo aumento da informalidade.
- Esse quadro pouco favorável à geração de empregos formais leva a uma redução no valor de remuneração média. Uma queda acumulada no ano de 10% no valor da remuneração dos ocupados e de mais de 8% no valor dos salários (empregados formais) coloca em xeque a potência dos mecanismos de recuperação da demanda a partir do consumo das famílias.
- Na RMC, a recuperação/recomposição do emprego no mercado formal de trabalho pós-crise sanitária confirmam a continuidade da estratégia de seleção de trabalhadores mais jovens e de trabalhadores com níveis de escolaridade compatíveis como o ensino médio. As atividades mais dinâmicas, como serviços de TI, sinalizam o impacto da pandemia na organização do trabalho: home office e e-commerce.
- A queda de emprego gerada nas atividades de comércio e serviços de alimentação pode estar associada ao efeito inflacionário sobre o padrão /composição dos gastos das famílias.
- Por fim, importante ficar atento que estes dados refletem o ajuste do mercado de trabalho, formulados com base nas expectativas de janeiro. Em 24 de fevereiro de 2022, a invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções econômicas impostas à Rússia colocam o mundo num novo patamar de incertezas, que, por certo, terá fortes efeitos sobre a economia brasileira. Em especial, ajuste nos preços de combustíveis, trigo e fertilizantes. Seguimos acompanhando.
II. Quadros, gráficos e tabelas de desempenho do mercado de trabalho