Informativo. Mensal: Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas

Volume. 3| No 12 | dezembro-2020 

Responsável:

Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Assistente:

Pedro Henrique Fidelis

Sumário Executivo

Este informativo apresenta e discute os principais dados da balança comercial da RMC para o mês de novembro/2020. Os dados utilizados nas análises são da base do Ministério da Economia[1]. Além dos dados quantitativos, agregados e desagregados por município, apresenta-se a qualificação da pauta de exportação e importação da RMC a partir de cruzamentos dos dados de comércio com os Índices de Complexidade de Produtos, calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Média Lab[2].

Dentre as informações analisadas, destaca-se:

  1. queda de 7,41% nas exportações e aumento de 4,43% nas importações da RMC, resultando em aumento de 10,55% no déficit regional, para o mês de novembro;
  2. participação nas exportações do Estado, que caíram para o patamar de 7,89%, o segundo pior em 10 anos para o mês de novembro;
  3. quedas generalizadas nas exportações, com destaque para peças e acessórios para veículos, polímeros de propileno, agroquímicos, algodão, papel;
  4. aumento de 161,24% nas exportações de automóveis no mês de novembro, que vem, nos últimos cinco meses seguidos, apresentando recuperação;
  5. quedas generalizadas das importações com destaque para agroquímicos, aparelhos elétricos, peças e acessórios para veículos, compostos heterocíclicos, peças para motores de ignição por combustão interna;
  6. aumento das transações comerciais de produtos de mais baixa complexidade (ex. algodão);
  7.  desde janeiro, as importações somaram 11,15 bilhões de dólares, enquanto as exportações representam aproximadamente um terço desse valor, ou seja, 3,12 bilhões de dólares;
  8. No acumulado do ano, há sinais de queda de atividade para maioria dos segmentos da indústria, com destaque para indústria de aparelhos telefônicos e eletrônicos e automobilística;
  9. queda drástica das exportações e importações em relação a praticamente todos os parceiros comerciais, exceto China (exportação), Índia (importação).

Em suma, para além dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência da importação de insumos externos industriais, a conjuntura evidencia que a RMC passa pela pior crise externa da história recente. No acumulado do ano, o estado de São Paulo registrou queda de 14,9% nas exportações e 15,1% nas importações. No Brasil, houve queda de 7,4% nas exportações e queda de 14,7% nas importações.

Balança Comercial novembro

A Tabela 1 traz os dados da balança comercial da RMC para os meses de novembro entre 2010 e 2020.


A partir dos dados daTabela 1, é possível verificar que as exportações de novembro/2020 – 339,66 milhões dólares – apresentaram decrescimento de 7,41% em relação ao mesmo período de 2019. Este é o pior desempenho das exportações para o mês de outubro em 10 anos. Além disto, a participação nas exportações do estado de São Paulo, de 7,89%, corresponde ao segundo pior nos patamares históricos, indicando que a RMC perdeu participação relativa nas exportações do estado. As importações totalizaram 1,12604 bilhão de dólares, no mesmo período, um crescimento de 4,43% em comparação a outubro de 2019. A participação da RMC nas importações do estado, de 23,84%, foi a maior da década. O saldo da balança comercial, -786,34 milhões de dólares, teve aumento de 10,55%. É preciso destacar que, com os movimentos de queda relativa das exportações e aumento da participação nas importações estaduais, a RMC impediu que o superávit estadual fosse maior, no período.

As principais quedas nas exportações foram de peças e acessórios para veículos (-6,92%), polímeros de propileno (-36,38%), agroquímicos (-23,70%), algodão (-19,73%), papel (-5,79%). A queda nas exportações só não foi maior devido ao aumento das exportações de automóveis (+161,24%), medicamentos (46,00%), pneus (44,73%), peças para motores de ignição por combustão interna (+6,03%).

Nas importações, as principais quedas foram de agroquímicos (-4,88%), aparelhos elétricos (-35,16%), peças e acessórios para veículos (-10,56%), compostos heterocíclicos (-23,62%), peças para motores de ignição por combustão interna (-1,56%). A queda nas importações só não foi maior devido ao aumento das importações de circuitos eletrônicos integrados (+6,61%), peças e acessórios para máquinas de escritório (+22,58%), antissoros e vacina (+88,20%), máquinas de processamento automático (+65,89%), compostos de heterocíclicos (hetero ácido nitrogênio) (+0,24%), medicamentos (+56,76%).

A Tabela 2 mostra as exportações da RMC para o mês de novembro, agregadas de acordo com o grau de complexidade dos produtos. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países com maior grau de sofisticação tecnológica das estruturas produtivas[1], portanto com maiores níveis de produtividade e renda.  Esses produtos demandam mais conhecimento para serem produzidos, e estão associados à demanda por mão-de-obra mais qualificada e maiores salários.

Houve queda nas exportações em duas categorias: baixa complexidade, -13,44%; e alta complexidade, -34,49%. No entanto, houve aumento nas categorias média-baixa, +9,48%,e média-alta, +10,24%.

A Tabela 3 mostra as importações da RMC para o mês novembro de 2020, agregadas de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos importados.

Houve queda nas importações em duas categorias: baixa complexidade, -38,88%; e média-baixa, -14,58%. No entanto, houve aumento nas categorias média-alta, +4,92%, e alta complexidade, +7,00%.

Balança Comercial janeiro-novembro

A  Tabela 4 traz os dados da balança comercial da RMC para os onze primeiros meses de 2020.

Em 2020, as importações atingiram a marca dos 11,15 bilhões de dólares, enquanto as exportações somaram 3,12 bilhões, isto é, 3,6 vezes menor do que o valor importado. O desequilíbrio entre importações e exportações já rendeu um déficit comercial regional de 8,02 bilhões de dólares maior que o déficit estadual, de 4,65 bilhões de dólares. O estado de São Paulo teria logrado um superávit se não fosse pelo déficit da RMC.

A Tabela 5 traz os principais produtos exportados em 2020.

Os produtos da Tabela 5 totalizam aproximadamente 38,74% das exportações totais do acumulado do ano. Houve, em relação ao mesmo período do ano passado, queda em todos os principais produtos de exportação, exceto algodão.

A Tabela 6 traz os principais produtos exportados em 2020.

Os produtos listados na Tabela 6 totalizam aproximadamente 51,58% das importações realizadas pela RMC em 2020. Houve queda nas importações em seis dos produtos da lista. Esses produtos são, sobretudo, da indústria química e farmoquímica, eletrônicos e automobilística. No entanto, destaca-se que alguns segmentos da indústria química seguem em alta, como agroquímicos e outros compostos orgânicos e inorgânicos.

Geralmente, a queda nas importações desses insumos representa desaquecimento das atividades à frente na cadeia produtiva, assim como o aumento das importações representa aquecimento.  Nesse sentido, houve queda nas atividades de parte dos setores, exceto alguns segmentos da indústria química.

A Tabela 7 traz as exportações para os 10 principais destinos da RMC, acumulado para os meses de 2020, bem como a variação das exportações por destino em relação ao mesmo período do ano passado.

O valor das exportações caiu expressivamente para todos os principais parceiros, exceto a China. Tais quedas resultam, claramente, do desaquecimento da economia global, diante da crise do Coronavírus.

A Tabela 8 traz os dados para as 10 principais origens das importações da RMC, acumulado para os meses de 2020, bem como a variação das importações por origem em relação ao mesmo período de 2019.

A queda das importações em quase todos principais parceiros também indica efeitos de desaceleração da economia global pela crise sanitária atual. No entanto, houve aumento nas importações apenas da Índia.

A Tabela 9 traz os dados da balança comercial para os municípios da RMC, para outubro de 2020.



[1] http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior

[2] https://atlas.média.mit.edu/en/resources/about/

[3] Mais detalhes sobre o Índice de Complexidade de Produtos (PCI, em inglês) podem ser encontrados em https://atlas.média.mit.edu/en/. Nossa classificação em 5 categorias (Baixa, Média-baixa, Média, Média-alta e Alta complexidade) é resultado de aplicação metodológica original




Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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