Informativo Mensal: Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas

Volume. 3| N.09 | setembro-2020 

Responsável:

Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Assistente:

Pedro Henrique Fidelis

Sumário Executivo

Este informativo apresenta e discute os principais dados da balança comercial da RMC para o mês de agosto/2020. Os dados utilizados nas análises são da base do Ministério da Economia[1]. Além dos dados quantitativos, agregados e desagregados por município, apresenta-se a qualificação da pauta de exportação e importação da RMC a partir de cruzamentos dos dados de comércio com os Índices de Complexidade Produtos, calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Média Lab[2].

Dentre as informações analisadas, destaca-se:

  1. queda -28,27% nas exportações e -11,80% nas importações da RMC, resultando em queda de -2,57% no déficit regional, para o mês de agosto;
  2. participação nas exportações do Estado, que caíram para o patamar de 7,52%, o segundo pior em 10 anos;
  3. quedas generalizadas nas exportações, com destaque para agroquímicos, pneus, peças para motores de ignição por combustão interna, peças e acessórios para veículos e polímeros de propileno;
  4. aumento de 358,18% nas exportações de automóveis no mês de agosto, após vários meses de queda expressiva na exportação no setor; nos últimos dois meses vem apresentando recuperação.
  5. quedas generalizadas das importações com destaque para aparelhos elétrico, compostos heterocíclicos de nitrogênio, Ácidos nucléicos e seus sais, peças e acessórios para veículos.
  6. Aumento das transações comerciais de produtos de mais baixa complexidade (ex. algodão).
  7. Desde janeiro, as importações somaram 7,79 bilhões de dólares, enquanto as exportações representam aproximadamente um terço deste valor, 2,17 bilhões de dólares.
  8. No acumulado do ano, há sinais de queda de atividade para maioria dos segmentos da indústria, com destaque para aparelhos telefônicos, eletrônicos e automobilística.  
  9. Queda drástica das exportações e importações em relação a praticamente todos os parceiros comerciais, exceto China (exportação), Índia (importação) e Reino Unido (importação).

Em suma, para além dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência da importação de insumos externos industriais, a conjuntura evidencia que a RMC passa pela pior crise externa da história recente. No acumulado do ano, o estado de São Paulo registrou queda de 18,5% nas exportações e 21,9% nas importações. No Brasil, houve queda de 7,3% nas exportações e queda de 12,9% nas importações.

Balança Comercial agosto

A Tabela 1 traz os dados da balança comercial da RMC para os meses de agosto entre 2010 e 2020.


A partir dos dados daTabela 1, é possível verificar que as exportações de agosto/2020 – 305,85 milhões dólares – apresentaram decrescimento de -28,27% em relação ao mesmo período de 2019. Este é o pior desempenho das exportações para o mês de agosto em 10 anos. Além disto, a participação nas exportações do Estado de São Paulo, de 7,52%, corresponde ao segundo pior nos patamares históricos, indicando que a RMC perdeu participação relativa nas exportações do Estado. As importações totalizaram 1.047,24 milhões de dólares, no mesmo período, um decrescimento de -11,80% em comparação a julho de 2019. A participação da RMC nas importações do Estado 27,39% foi a maior da década. O saldo da balança comercial, -741,39 milhões de dólares, teve queda de -2,57%. É preciso destacar que, com os movimentos de queda relativa das exportações e aumento da participação nas importações estaduais, a RMC impediu que o superávit estadual fosse maior, no período.

As principais quedas nas exportações foram de agroquímicos (-16,20%), pneus (-18,67%), peças para motores de ignição por combustão interna (-30,77%), peças e acessórios para veículos (-49,39%), polímeros de propileno (-58,92%). A queda nas exportações só não foi maior devido ao aumento das exportações de medicamentos (+30,85%), algodão (+154,99%), automóveis (+358,18%), outras carnes preparadas ou conservadas, miudezas ou sangue (+7,22%), açúcar (+9,61%).

Nas importações, as principais quedas foram de aparelhos elétricos (-1,55%), compostos heterocíclicos de nitrogênio (-19,36%), ácidos nucleicos e seus sais (-32,70%), peças e acessórios para veículos (-75,73%). A queda nas importações só não foi maior devido ao aumento das importações de agroquímicos (+20,46%), circuitos eletrônicos integrados (+1,96%), peças e acessórios para máquinas de escritório (+51,20%), máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades (+37,40%), antissoros e vacina (+119,40%),  outros compostos orgânicos e inorgânicos (+5,68%).

A Tabela 2 mostra as exportações da RMC para o mês de agosto, agregados de acordo com o grau de complexidade dos produtos. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países com maior grau de sofisticação tecnológica das estruturas produtivas[3], portanto com maiores níveis de produtividade e renda.  Esses produtos demandam mais conhecimento para serem produzidos e estão associados à demanda por mão-de-obra mais qualificada e maiores salários.

Houve queda nas exportações em três categorias: média-baixa -24,04%, média-alta -17,39% e alta (-53,47%). No entanto, houve alta na categoria de baixa complexidade (+120,80%)

A Tabela 3 mostra as importações da RMC para o mês agosto de 2020, agregados de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos importados.

Houve queda nas importações em todas as categorias: baixa complexidade (-25,00%), média-baixa (-4,73%), média-alta (-3,39%) e alta complexidade (-26,41%).

Balança Comercial janeiro-agosto

A  Tabela 4 traz os dados da balança comercial da RMC para os oito primeiros meses de 2020.

Em 2020, as importações atingiram a marca dos 7,79 bilhões de dólares, enquanto as exportações somaram 2,17 bilhões, isto é, 3,6 vezes menor do que o valor importado. O desequilíbrio entre importações e exportações já rendeu um déficit comercial regional de 5,61 bilhões de dólares maior que o déficit estadual, de -3,61 bilhões de dólares. O Estado de São Paulo teria logrado um superávit se não fosse pelo déficit da RMC.

A Tabela 5 traz os principais produtos exportados em 2020.

Os produtos da Tabela 5 perfazem aproximadamente 37,41% das exportações totais do acumulado do ano. Houve queda em todos os principais produtos de exportação, exceto algodão, em relação ao mesmo período do ano passado.

A Tabela 6 traz os principais produtos exportados em 2020

Os produtos listados na Tabela 6 totalizam aproximadamente 51,33% das importações realizadas pela RMC em 2020. Houve queda nas importações em seis dos produtos da lista. Esses produtos são, sobretudo, da indústria química e farmoquímica, eletrônica e automobilística. No entanto, destaca-se que alguns segmentos da indústria química seguem em alta, como outros compostos orgânicos e inorgânicos e agroquímicos.

Geralmente, a queda nas importações desses insumos representa desaquecimento das atividades à frente na cadeia produtiva, assim como o aumento das importações representa aquecimento.  Nesse sentido, houve queda nas atividades da maior parte dos setores, exceto alguns segmentos da indústria química.   

A Tabela 7 traz as exportações para os 10 principais destinos da RMC, acumulado para os meses de 2020, bem como a variação das exportações por destino em relação ao mesmo período do ano passado.

O valor das exportações caiu expressivamente para todos os principais parceiros, exceto a China. Tais quedas resultam, claramente, do desaquecimento da economia global, diante da crise do Coronavírus. A Tabela 8 traz os dados para as 10 principais origens das importações da RMC, acumulado para os meses de 2020, bem como a variação das importações por origem em relação ao mesmo período de 2019.

A queda das importações em quase todos os principais parceiros também indica efeitos de desaceleração da economia global pela crise sanitária atual. Houve aumento nas importações apenas da Índia e Reino Unido.

A Tabela 9, por fim, traz os dados da balança comercial para os municípios da RMC, para 2020.



[1] http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior

[2] https://atlas.média.mit.edu/en/resources/about/

[3] Mais detalhes sobre o Índice de Complexidade de Produtos (PCI, em inglês) podem ser encontrados em https://atlas.média.mit.edu/en/. Nossa classificação em 5 categorias (Baixa, Média-baixa, Média, Média-alta e Alta complexidade) é resultado de aplicação metodológica original.




Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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