Investimentos confirmados na Região Metropolitana de Campinas (2019/2020)

Elaboração técnica:

Dr. Cristiano Monteiro da Silva – Docente Extensionista da PUC-Campinas

Alunos Extensionistas:

Guilherme de Menezes Carloni

Gabriela Leal Paes

Gabriela Martos de Oliveira

Laura diLacio Aboud

Luana Bueno Ortolan

Luana Nicole Gulicz Vial

Nathália Falsetti

Pedro Henrique de Carolis Sodré

Rafaela Afonso Santos

Rozelelpane Eliazama Bernardo Silva

Tiago Casagrande Ferrari

Introdução

            A crise complexa que envolve a pandemia de Covid-19 piora os indicadores da macroeconomia do produto, emprego e renda do país, evidentemente, provocando efeitos de agravos sociais para muitas famílias e pessoas.  Um ponto dessa trajetória declinante do desempenho econômico está muito relacionado aos investimentos público e privado. Sabe-se que o Setor Público vem diminuindo acentuadamente seus dispêndios de longo prazo. No mesmo sentido, o processo decisório dos investidores privados que se volta para a construção e a formação bruta de capital fixo atingiu os níveis mais baixos da série histórica. A Região Metropolitana de Campinas, que é caracterizada como um centro dinâmico do país, não conseguiu ficar longe dessa situação marcada por instabilidades macroeconômicas.

Este informativo assume o principal objetivo de pôr à vista uma análise coerente sobre a variabilidade dos investimentos confirmados na Região Metropolitana de Campinas, dando atenção especial para a comparação entre as etapas do biênio 2019/2020, ademais para alguns atributos de valor que expressam as relações entre a decisão de investimentos e a dinâmica econômica regional.

            O conjunto temático deste informativo engloba um painel dos investimentos confirmados na Região Metropolitana de Campinas. Inicialmente, o exploratório analítico sobre a evolução dos investimentos, no período que vai do primeiro trimestre de 2019 até o mesmo período de 2020. Na sequência, o olhar mais atento para a distribuição dos investimentos em setores produtivos da economia regional. Finalmente, a mostra sobre o posicionamento das cidades frente a essa decisão de gasto de longo prazo. A conclusão dedica-se ao trabalho de síntese desta autoria.

1. Trajetória dos investimentos confirmados na RMC

Esta primeira seção do texto cuida do analítico sobre a variabilidade dos investimentos confirmados na Região Metropolitana de Campinas, no biênio de 2019/2020, a partir de uma leitura que classifica os trimestres desse período. O gráfico 01 mostra a variabilidade negativa dos investimentos confirmados, desde o primeiro trimestre de 2019, momento no qual o número de investimentos confirmados foi igual a 15. De lá para cá, as quedas, e o primeiro trimestre deste ano com o número de apenas 4 investimentos.

O gráfico 2 revela uma estimativa de valores associados[1] aos investimentos confirmados na Região Metropolitana de Campinas, sendo que mais uma vez, na mesma linha do analítico feito no último parágrafo, fica demonstrado que o valor dos investimentos, no primeiro trimestre de 2020, ficou bem abaixo do que o mesmo período do último ano.

Enfim, a trajetória dos investimentos seguiu declinante, assumindo esse processo regressivo o ponto mais crítico neste inicial de 2020. Diga-se de passagem, essa mencionada regressão guarda nexos com os elementos contraditórios da crise social que envolve a pandemia de Covid-19, inclusive os fatores críticos ligados à dinâmica econômica.

2. Investimentos confirmados em setores econômicos da RMC

A segunda seção deste texto apresenta a destinação dos investimentos aos setores econômicos, com enfoque para a classificação das atividades do Comércio, Serviços e Indústria, na preocupação com a localidade da Região Metropolitana de Campinas. O setor de Serviços possui a maior expressividade deste indicador de gastos produtivos, no período em pauta, pois obteve o número de 37 investimentos, seguidos de 8 do Comércio e 7 da Indústria.

O setor de Serviços pode ser classificado a partir de seus segmentos de serviços destinados às famílias e às atividades ligadas aos serviços de valor, neste último caso relacionado ao consumo das empresas, na maioria das vezes para efeitos da inovação tecnológica. Assim, o desempenho corporativo, portanto, cabe à classificação de serviços intensivos em tecnologias e conhecimentos. As atividades de Serviços de Saúde Humana foram as que mais promoveram os investimentos, com o total de 7 projetos. Enfim, fica a percepção que a Região Metropolitana de Campinas não está impulsionando fortemente os serviços de valor. Esses dados podem ser observados no gráfico 4, que segue.

O caso da Indústria revela uma distribuição igualitária de investimentos entre todos os segmentos produtivos.  Contudo, cabe a ponderação sobre os valores dos investimentos, que se mostra superior aos gastos dos serviços, destacando-se que essas atividades possuem efeitos dinâmicos para a economia regional.

No Comércio varejista e atacadista, chama a atenção a superioridade de investimentos para o varejo, que representou em torno de 87,5% do total, versus 12,5% do comércio atacadista. As quantidades absolutas encontram-se no gráfico 6.

3. Investimentos confirmados em cidades da RMC

Por fim, nesta terceira seção, a classificação dos dados leva em conta as cidades da Região Metropolitana de Campinas, que envolve Americana, Campinas, Cosmópolis, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Nova Odessa, Paulínia, Sumaré e Vinhedo. Dentre essas 11 cidades, a que obteve o maior número de investimento foi Campinas, com  59,6 % do número total.  

Em relação aos investimentos confirmados na Região Metropolitana de Campinas, é possível classificá-los em dois tipos: implantação de uma nova estrutura produtiva e ampliação ou modernização de uma estrutura anterior ao investimento. Dentre esses dois tipos, a ampliação/modernização de uma estrutura preexistente representou a maior parte dos investimentos, conforme mostra o gráfico 8.

Enfim, vê-se que os gastos produtivos estão concentrados na cidade de Campinas, diga-se, de passagem, muito em função da condição estrutural desta cidade, que é maior do que as demais localidades da região. Além disso, serve o parâmetro da força do setor de serviços.

4. Considerações finais 

Nota-se uma trajetória declinante dos investimentos confirmados na Região Metropolitana de Campinas, de 73,3%, se comparado o primeiro trimestre deste ano com o mesmo período do ano de 2019. A leitura do contexto mostra que esses resultados foram muito influenciados pela crise ocasionada pela pandemia da Covid-19.

No que diz respeito à destinação dos investimentos aos setores produtivos da economia regional, cabe realçar o crescimento da participação dos Serviços versus a Indústria. Porém, esse processo é permeado de alguns elementos específicos. Por exemplo, os segmentos de serviços que obtiveram esses investimentos são classificados como serviços destinados às famílias, menos intensivos em tecnologias e conhecimento. Além disso, o maior volume dos investimentos foi destinado para a cidade de Campinas. Assim, pode-se deduzir que as demais de atividades de serviços das outras cidades vizinhas reservam oportunidades de negócios.

Relativamente ao setor do comércio, os investimentos confirmados concentraram-se no segmento varejista, com a quase a totalidade desse setor, como foi ilustrado pelo gráfico 6. Ainda, na RMC, identificamos dois tipos de investimento: o primeiro é de implantação de uma nova estrutura produtiva; o segundo é de ampliação ou modernização de uma estrutura anterior ao investimento.

            Finalmente, cabe dizer que os investimentos confirmados se caracterizam como um indicador da expressividade e dinâmica da economia regional, tendo alcances na vida social e no nível de serviços públicos. Nota-se que o contexto marcado pela crise decorrente da pandemia da Covid-19 trouxe novos agravos sociais. Diante desta realidade, fica o desafio da construção de pensamento estratégico, no sentido de alimentar as decisões de gastos de longo prazo.

[1] A fonte da pesquisa dos dados apresenta a informação dos valores dos investimentos para alguns projetos. Assim, cabe realçar que são estimativas as cifras apresentadas no Gráfico 02.  


Prof. Dr. Cristiano Monteiro da Silva

Pós Doutorado em Economia (2013,UNICAMP). Doutorado em Ciências Sociais (2010/PUC-SP), áreas de concentração: relações internacionais e ciência política. Mestrado em Economia (2002/PUC-SP). Graduação em Economia (2000/USF). Pós-graduação em Ciências de Dados. Pós-graduação em Marketing. Pós-graduação em Políticas Publicas. Inúmeros cursos de curta duração: linguagem R, gestão de vendas, marketing digital, finanças corporativas, gestão de custos, contabilidade básica e econometria aplicada, matemática, educação, gestão de negócios. Docente Extensionista da PUC/Campinas; Faculdades de Direito e Ciências Econômicas. (Fonte: Currículo Lattes).


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