Informativo Mensal: Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas

Volume. 3| N.11 | novembro-2020 

Responsável:

Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Assistente:

Pedro Henrique Fidelis

Sumário Executivo

Este informativo apresenta e discute os principais dados da balança comercial da RMC para o mês de outubro/2020. Os dados utilizados nas análises são da base do Ministério da Economia[1]. Além dos dados quantitativos, agregados e desagregados por município, apresenta-se a qualificação da pauta de exportação e importação da RMC a partir de cruzamentos dos dados de comércio com os Índices de Complexidade de Produtos, calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Média Lab[2].

Dentre as informações analisadas, destacam-se:

  1. queda de -16,27% nas exportações e de -18,43% nas importações da RMC, resultando em queda de -19,27% no déficit regional para o mês de outubro;
  2. participação nas exportações do Estado, que caíram para o patamar de 7,28%, o pior em 10 anos para o mês de outubro;
  3. quedas generalizadas nas exportações, com destaque para medicamentos, peças para motores de ignição por combustão interna, pneus, peças e acessórios para veículos, polímeros de propileno;
  4. aumento de 176,61% nas exportações de automóveis no mês de outubro, setor que vem, nos últimos quatro meses seguidos, apresentando recuperação;
  5. quedas generalizadas das importações com destaque para agroquímicos, aparelhos elétricos, circuitos eletrônicos integrados, compostos heterocíclicos de nitrogênio, peças e acessórios para veículos, compostos heterocíclicos;
  6. aumento das transações comerciais de produtos de mais baixa complexidade (ex. algodão);
  7.  desde janeiro, as importações somaram 10,02 bilhões de dólares, enquanto as exportações representam aproximadamente um terço deste valor, 2,79 bilhões de dólares;
  8. no acumulado do ano, há sinais de queda de atividade para maioria dos segmentos da indústria, com destaque para indústria de aparelhos telefônicos, de eletrônicos e automobilística;
  9. queda drástica das exportações e importações em relação a praticamente todos os parceiros comerciais, exceto China (exportação) e Índia (importação).

Em suma, para além dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência da importação de insumos externos industriais, a conjuntura evidencia que a RMC passa pela pior crise externa da história recente. No acumulado do ano, o estado de São Paulo registrou queda de 15,5% nas exportações e 16,6% nas importações. No Brasil, houve queda de 7,9% nas exportações e queda de 15,9% nas importações.

Balança Comercial de outubro

A Tabela 1 traz os dados da balança comercial da RMC para os meses de outubro entre 2010 e 2020.


A partir dos dados daTabela 1, é possível verificar que as exportações de outubro/2020 – 317,52 milhões de dólares – apresentaram decrescimento de -16,27% em relação ao mesmo período de 2019. Esse é o pior desempenho das exportações para o mês de outubro em 10 anos. Além disso, a participação nas exportações do estado de São Paulo, 7,28%, corresponde ao pior nos patamares históricos, indicando que a RMC perdeu participação relativa nas exportações do estado. As importações totalizaram 1,10 bilhão de dólares, no mesmo período, um decrescimento de -18,43% em comparação a outubro de 2019. A participação da RMC nas importações do estado, 25,59%, foi a maior da década. O saldo da balança comercial, -786,51 milhões de dólares, teve queda de -19,27%. É preciso destacar que, com os movimentos de queda relativa das exportações e aumento da participação nas importações estaduais, a RMC impediu que o superávit estadual fosse maior, no período.

As principais quedas nas exportações foram de medicamentos (-21,16%), peças para motores de ignição por combustão interna (-0,87%), pneus (-0,75%), peças e acessórios para veículos (-37,43%), polímeros de propileno (-59,53%). A queda nas exportações só não foi maior devido ao aumento das exportações de automóveis (+176,61%), carne preparada ou conservada, miudezas ou sangue (+48,02%), agroquímicos (+4,79%), fios, cabos (incluídos os coaxiais) e cabos de fibras ópticas (+21,22%) e açúcar (+130,43%).

Nas importações, as principais quedas foram de agroquímicos (-26,87%), aparelhos elétricos (-25,65%), circuitos eletrônicos integrados (-20,32%), compostos heterocíclicos de nitrogênio (-33,22%), peças e acessórios para veículos (-41,25%), compostos heterocíclicos (-12,84%). A queda nas importações só não foi maior devido ao aumento das importações de máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades (+25,88%), compostos de função carboxiamida (+368,09%), bombas de ar ou vácuo, compressores de ar ou outros gases e ventiladores (+135,98%), medicamentos (+28,85%).

A Tabela 2 mostra as exportações da RMC para o mês de outubro, agregados de acordo com o grau de complexidade dos produtos. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países com maior grau de sofisticação tecnológica das estruturas produtivas[1], portanto com maiores níveis de produtividade e renda. Esses produtos demandam mais conhecimento para serem produzidos, e estão associados à demanda por mão de obra mais qualificada e maiores salários.


Houve queda nas exportações em três categorias: baixa complexidade, -54,33%; média-alta, -13,44%; e alta complexidade, -25,96%. No entanto, houve aumento na categoria média-baixa, +19,36%.

A Tabela 3 mostra as importações da RMC para o mês de outubro de 2020, agregados de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos importados.

Houve queda nas importações em todas as categorias: baixa complexidade, -61,92%; média-baixa, -36,55%; média-alta complexidade, -18,95%; e alta complexidade, -14,09%.

Balança Comercial janeiro-outubro

A Tabela 4 traz os dados da balança comercial da RMC para os dez primeiros meses de 2020.

Em 2020, as importações atingiram a marca dos 10,02 bilhões de dólares, enquanto as exportações somaram 2,79 bilhões, isto é, 3,6 vezes menor do que o valor importado. O desequilíbrio entre importações e exportações já rendeu um déficitcomercial regional de 7,23 bilhões de dólares maior que o déficit estadual, de 4,08 bilhões de dólares. O estado de São Paulo teria logrado um superávitse não fosse pelo déficit da RMC.

A Tabela 5 traz os principais produtos exportados em 2020.

Os produtos da Tabela 5 totalizam aproximadamente 38,41% das exportações totais do acumulado do ano. Houve queda em todos principais produtos de exportação, exceto algodão, em relação ao mesmo período do ano passado.

A Tabela 6 traz os principais produtos exportados em 2020.

Os produtos listados na Tabela 6 totalizam aproximadamente 51,98% das importações realizadas pela RMC em 2020. Houve queda nas importações em oito dos produtos da lista. Esses produtos são, sobretudo, da indústria química e farmoquímica, eletrônica e automobilística. No entanto, destaca-se que alguns segmentos da indústria química seguem em alta, como agroquímicos e outros compostos orgânicos e inorgânicos.

Geralmente, a queda nas importações desses insumos representa desaquecimento das atividades à frente na cadeia produtiva, assim como o aumento das importações representa aquecimento. Nesse sentido, houve queda nas atividades de parte dos setores, exceto alguns segmentos da indústria química.

A Tabela 7 traz as exportações para os 10 principais destinos da RMC, acumulado para os meses de 2020, bem como a variação das exportações por destino em relação ao mesmo período do ano passado.

O valor das exportações caiu expressivamente para todos os principais parceiros, exceto a China. Tais quedas resultam, claramente, do desaquecimento da economia global, diante da crise do novo coronavírus. A Tabela 8 traz os dados para as 10 principais origens das importações da RMC, acumulado para os meses de 2020, bem como a variação das importações por origem em relação ao mesmo período de 2019.

A queda das importações em quase todos os principais parceiros também indica efeitos de desaceleração da economia global pela crise sanitária atual. No entanto, houve aumento nas importações apenas da Índia. A Tabela 9 traz os dados da balança comercial para os municípios da RMC, para outubro de 2020.

[1] http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior

[2] https://atlas.média.mit.edu/en/resources/about/

[3] Mais detalhes sobre o Índice de Complexidade de Produtos (PCI, em inglês) podem ser encontrados em https://atlas.média.mit.edu/en/. Nossa classificação em 5 categorias (Baixa, Média-baixa, Média, Média-alta e Alta complexidade) é resultado de aplicação metodológica original.


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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