Informativo Mensal: Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas

Volume. 4| N.03 | março-2021 

Responsável:

Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Assistente:

Pedro Henrique Fidelis

Sumário Executivo

Este informativo apresenta e discute os principais dados da balança comercial da RMC para o mês fevereiro/2021. Os dados utilizados nas análises são da base do Ministério da Economia. Além dos dados quantitativos, agregados e desagregados por município, apresenta-se a qualificação da pauta de exportação e importação da RMC a partir de cruzamentos dos dados de comércio com os Índices de Complexidade de Produtos, calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Média Lab[1].

Dentre as informações analisadas, destacam-se:

  1. aumento de 2,7% nas exportações e aumento de 11,6% nas importações da RMC, resultando em aumento de 18,5% no déficit regional, para o mês de fevereiro;
  2. queda da participação nas exportações do Estado, que atingiram o patamar de 7,96%, o segundo pior em 10 anos para o mês de fevereiro;
  3. dentre os produtos exportados, destaca-se o crescimento dos automóveis (+147,08%), peças para motores (+35,29%) e máquinas para construção civil (+353,01%);
  4. dentre os importados, destaca-se o aumento das importações de circuitos eletrônicos integrados, aparelhos telefônicos (+22,68%) e peças e acessórios para veículos (+7,22%).
  5. no mês, houve aumento da exportação de produtos de média-alta e alta complexidade, assim como houve aumento da importação de produtos de todas as categorias de complexidade;
  6. no acumulado do ano, há sinais de retomada da atividade para alguns dos segmentos da indústria, com destaque para indústria automobilística;
  7. há sinais de queda da atividade para alguns dos segmentos da indústria (alguns segmentos da química e farmoquímica) e sinais de aumento para outros (setores que utilizam circuitos eletrônicos integrados e produtores de aparelhos telefônicos).
  8. houve pequena retomada das exportações e importações em relação a quase todos os parceiros comerciais.

Em suma, para além dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência da importação de insumos externos industriais, a conjuntura evidencia que a RMC ainda sofre os efeitos da crise sanitária. No acumulado do ano de 2021, o estado de São Paulo registrou queda de 2,5% nas exportações e 2,1% nas importações. No Brasil, houve aumento de 3,5% nas exportações e aumento de 5,2% nas importações.

Balança Comercial Fevereiro

A Tabela 1 traz os dados da balança comercial da RMC para os meses de fevereiro entre 2011 e 2021.

A partir dos dados daTabela 1, é possível verificar que as exportações de fevereiro/2021, 298,68 milhões dólares, apresentaram crescimento de 2,7% em relação ao mesmo período de 2020. Esse valor corresponde ao segundo pior desempenho das exportações para o mês de fevereiro em 10 anos. Além disso, a participação nas exportações do estado de São Paulo, 7,96%, corresponde ao segundo pior nos patamares históricos, indicando que a RMC perdeu participação relativa nas exportações do estado.

As importações totalizaram 986,05 milhões de dólares, no mesmo período, um crescimento de 11,6% em comparação a fevereiro de 2020. A participação da RMC nas importações do estado, 22,34%, foi a maior da década. O saldo negativo da balança comercial, -687,37 milhões de dólares, teve aumento de 18,5%. É preciso destacar que, com os movimentos de queda relativa das exportações e aumento da participação nas importações estaduais, a RMC contribuiu para que o déficit estadual fosse maior no período.

Os principais aumentos nas exportações foram de automóveis (+147,08%), peças para motores (+35,29%) e máquinas para construção civil (+353,01%). Dentre as quedas, destacam-se medicamentos (-14,35%), peças e acessórios para veículos (-13,88%), polímeros de propileno e outras olefinas (-47,65%), entre outros.

Nas importações, as principais altas deram-se para circuitos eletrônicos integrados (+22,06%), aparelhos telefônicos (+22,68%), peças e acessórios para veículos (+7,22%), entre outros.  Destaca-se, porém, queda no valor importado de agroquímicos (-6,71%), ácido nucleico e seus sais (-16,39%) e outros compostos orgânicos e inorgânicos (-46,27%).

A Tabela 2 mostra as exportações da RMC para o mês de fevereiro, agregados de acordo com o grau de complexidade dos produtos. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países com maior grau de sofisticação tecnológica das estruturas produtivas[1], portanto com maiores níveis de produtividade e renda. 

Houve aumento das exportações em duas categorias de complexidade, a de média-alta complexidade, a qual teve aumento de 8,97%, e a de alta complexidade, com aumento de 12,45%. Porém, houve queda em duas categorias: a de baixa complexidade, com queda de 45,97%, e a de média-baixa complexidade, com -29,48%. Assim, mais de 87% das exportações da região se concentraram em produtos de média-alta e alta complexidade.

A Tabela 3 mostra as importações da RMC para o mês fevereiro de 2021, agregados de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos importados.

Houve aumento das importações em todas as categorias de complexidade. As importações de bens de média-alta e alta complexidade representam mais de 95% de todos os produtos importados. Essas categorias tiveram alta de 13,22% e 12,20%, respectivamente.

Balança Comercial 2021

A Tabela 4 traz os dados da balança comercial da RMC para o ano de 2021.

Em 2021, as importações atingiram a marca dos 2 bilhões de dólares, enquanto as exportações somaram 568,6 milhões. O desequilíbrio entre importações e exportações rendeu um déficit comercial regional de 1,4 bilhões de dólares relativamente próximo ao déficit estadual, de 1,8 bilhões de dólares.

 A Tabela 5 traz os principais produtos exportados em 2021.

Os produtos da Tabela 5 totalizam aproximadamente 40% das exportações totais do acumulado do ano. Nota-se que, neste início de ano, há sinais de crescimento das vendas externas para alguns setores da indústria automobilística, mas há sinais de retração na indústria química e farmacêutica, sempre em relação ao mesmo período do ano passado.

A Tabela 6 traz os principais produtos importados em 2021.

Os produtos listados na Tabela 6 totalizam aproximadamente 44% das importações realizadas pela RMC em 2021. Assumindo que as importações estão relacionadas às atividades econômicas das cadeias à frente dos produtos considerados, há indícios de retração na atividade da indústria química dependente dos compostos heterocíclicos de nitrogênio (indústria farmacêutica), na indústria local de produção de aparelhos telefônicos. O aumento na importação de sulfanomidas (para produção de medicamentos), no entanto, indica que pode ter ocorrido reajustes produtivos na indústria farmacêutica regional. Destacam-se sinais de aumento da atividade produtiva nos setores que utilizam circuitos eletrônicos integrados e peças de máquinas para escritório.

A Tabela 7 traz as exportações para os 10 principais destinos da RMC, acumulado para 2021, bem como a variação das exportações por destino em relação a 2020.

A Tabela 8 traz os dados para as 10 principais origens das importações da RMC, acumulado para 2021, bem como a variação das importações por origem em relação a 2020.

Houve aumento das importações em quase todos os principais parceiros, porém houve queda das importações dos Estados Unidos, Japão e Vietnã, sobretudo, efeitos diante da crise econômica atual. No entanto, o aumento dos sete principais parceiros demonstra um reaquecimento da economia nacional.

Por fim, a Tabela 9 traz os dados da balança comercial para os municípios da RMC, para o ano de 2021.


[1] https://atlas.média.mit.edu/en/resources/about/

[2] Mais detalhes sobre o Índice de Complexidade de Produtos (PCI, em inglês) podem ser encontrados em https://atlas.média.mit.edu/en/. Nossa classificação em 5 categorias (Baixa, Média-baixa, Média, Média-alta e Alta complexidade) é resultado de aplicação metodológica original.


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


Estudo Anterior

Próximo Estudo

Boletim Observatório

Assine nosso boletim e receba no seu e-mail atualizações semanais