Informativo Mensal: Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas

Volume. 4| N. 05 | maio-2021 

Responsável:

Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Assistente:

Pedro Henrique Fidelis

Sumário Executivo

Este informativo apresenta e discute os principais dados da balança comercial da RMC para o mês de abril/2020. Os dados utilizados nas análises são da base do Ministério da Economia. Além dos dados quantitativos, agregados e desagregados por município, apresenta-se a qualificação da pauta de exportação e importação da RMC a partir de cruzamentos dos dados de comércio com os Índices de Complexidade de Produtos, calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Media Lab[1].

Dentre as informações analisadas, destacam-se:

  1. aumento de 57,18% nas exportações e aumento de 18,14% nas importações da RMC, resultando em aumento de 3,47% no déficit regional, para o mês de abril;
  2. queda da participação nas exportações do estado de SP, que atingiram o patamar de 6,75%, o segundo pior em 10 anos para o mês de abril;
  3. dentre os produtos exportados, destaca-se o crescimento dos medicamentos, partes para motores, pneus, carne preparada ou conservada, miudezas ou sangue, peças e acessórios para veículos e automóveis;
  4. dentre os importados, destaca-se o aumento das importações de circuitos eletrônicos integrados, aparelhos telefônicos, compostos heterocíclicos (hetero ácido nitrogênio), peças e acessórios para máquinas de escritório;
  5. no mês, houve aumento da exportação de todas as categorias de complexidade de produtos, assim como para as categorias de complexidade nas importações;
  6. no acumulado do ano, há sinais de retomada do crescimento da atividade para alguns dos segmentos da indústria, com destaque para indústria automobilística;
  7. há sinais de queda da atividade para alguns dos segmentos da indústria (alguns segmentos da química e aparelhos telefônicos) e sinais de aumento para outros (setores que utilizam circuitos eletrônicos integrados);
  8. houve pequena retomada das exportações e importações em relação a quase todos os parceiros comerciais.

Em suma, para além dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência da importação de insumos externos industriais, a conjuntura evidencia retomada da atividade do setor externo da RMC. No acumulado do ano de 2021, o estado de São Paulo registrou alta de 17,3% nas exportações e 12,3% nas importações. No Brasil, houve aumento de 25% nas exportações e 12,6% nas importações. É importante ressaltar que as estatísticas de volume de comércio, baseadas em valores monetários, sofrem efeitos inflacionários e de alta do dólar no período.

Balança Comercial Abril

A Tabela 1 traz os dados da balança comercial da RMC para os meses de abril entre 2011 e 2021.


A partir dos dados daTabela 1, é possível verificar que as exportações de abril/2021, 376,04 milhões de dólares, apresentaram crescimento de 57,18% em relação ao mesmo período de 2020. Este valor corresponde, ainda, ao terceiro pior desempenho das exportações para o mês de abril em 10 anos, evidenciando que boa parte do crescimento pode ser atribuída à base de comparação (mar/20).  Além disso, a participação nas exportações do estado de São Paulo, 6,75%, corresponde ao segundo pior nos patamares históricos, indicando que a RMC continua  perdendo participação relativa nas exportações do estado.

As importações totalizaram 1,0 bilhão de dólares, no mesmo período, um crescimento de 18,14% em comparação a abril de 2020. A participação da RMC nas importações do estado, 19,57%, representa a mediana da série. O saldo negativo da balança comercial, -659,28 milhões de dólares, teve aumento de 3,47%.

Os principais produtos responsáveis pelo aumento das exportações foram medicamentos (+28,03%), partes para motores (+78,39%), pneus (+64,70%), carne preparada ou conservada, miudezas ou sangue (+139,45%), peças e acessórios para veículos (+56,52%) e automóveis (+101,19%). Dentre as quedas, destacam-se agroquímicos (-32,70%), bombas para líquidos (-0,62%), polímeros de etileno (-12,11%), dentre outros.

Nas importações, as principais altas deram-se para circuitos eletrônicos integrados (+95,11%), aparelhos telefônicos (+9,18%), compostos heterocíclicos (hetero ácido nitrogênio) (+108,72%), peças e acessórios para máquinas de escritório (+92,37%), dentre outros.  Destaca-se, porém, queda no valor importado de agroquímicos (-27,80%), peças e acessórios para veículos (-5,73%) e ácido nucleico e seus sais (-11,76%), entre outros.

A Tabela 2 mostra as exportações da RMC para o mês de abril, agregados de acordo com o grau de complexidade dos produtos. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países com maior grau de sofisticação tecnológica das estruturas produtivas[1], portanto com maiores níveis de produtividade e renda. 

Houve aumento das exportações em todas as categorias de complexidade, a de baixa complexidade, com 15,77%; a de média-baixa complexidade, com 142,26%; a de média-alta complexidade, a qual teve aumento de 46,85%; e a de alta complexidade, com aumento de 57,75%. Contudo, mais de 86% das exportações da região se concentram em produtos de média-alta e alta complexidade.

A Tabela 3 mostra as importações da RMC para o mês abril de 2021, agregados de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos importados.

Houve aumento das importações em todas as categorias de complexidade. As importações de bens de média-alta e alta complexidade representam mais de 95% de todos os produtos importados. Essas categorias tiveram alta de 21,82% e 14,13%, respectivamente.

Balança Comercial 2021

A Tabela 4 traz os dados da balança comercial da RMC para o ano de 2021.

Em 2021, as importações atingiram a marca dos 4,3 bilhões de dólares, enquanto as exportações somaram 1,3 bilhão. O desequilíbrio entre importações e exportações já rendeu um déficit comercial regional de 3,0 bilhões de dólares próximo  ao déficit estadual, de 3,49 bilhões de dólares.

 A Tabela 5 traz os principais produtos exportados em 2021.

Os produtos da Tabela 5 totalizam aproximadamente 40% das exportações totais do acumulado do ano. Nota-se que, nesse início do ano, há sinais de crescimento das vendas externas para alguns setores da indústria automobilística e máquinas para construção civil, mas há sinais de retração nas indústrias químicas e agroquímicos, sempre em relação ao mesmo período do ano passado.

A Tabela 6 traz os principais produtos importados em 2021.

Os produtos listados na Tabela 6 totalizam aproximadamente 43% das importações realizadas pela RMC em 2021. Houve aumento nas importações em quase todos os produtos, exceto agroquímicos, aparelhos telefônicos e ácidos nucleicos e seus sais. Assumindo que as importações estão relacionadas às atividades econômicas das cadeias à frente dos produtos considerados, há indícios de aumento da atividade para todos os setores, exceto para aparelhos telefônicos, os que utilizam ácidos nucleicos como matéria-prima e os da indústria agroquímica.

A Tabela 7 traz as exportações para os 10 principais destinos da RMC, acumulado para 2021, bem como a variação das exportações por destino em relação a 2020.

A Tabela 8 traz os dados para as 10 principais origens das importações da RMC, acumulado para 2021, bem como a variação das importações por origem em relação a 2020.

Houve aumento das importações em quase todos principais parceiros, porém houve queda das importações do Vietnã. No entanto, o aumento dos nove principais parceiros demonstra um reaquecimento da economia global.

Por fim, a Tabela 9 traz os dados da balança comercial para os municípios da RMC, para o ano de 2021.


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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