Volume. 3 N.06 | junho-2020
[1] Paulo Ricardo S. Oliveira
[2] Pedro Henrique Fidélis
Sumário Executivo
Este informativo apresenta e discute os principais dados da balança comercial da Região Metropolitana de Campinas (RMC) para o mês de maio/2020. Os dados utilizados nas análises são da base do Ministério da Economia[1]. Além dos dados quantitativos, agregados e desagregados por município, apresenta-se a qualificação da pauta de exportação e importação da RMC a partir de cruzamentos dos dados de comércio com os Índices de Complexidade de Produtos, calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Média Lab[2]
Dentre as informações analisadas, destacam-se:
- A queda de -39,20% nas exportações e -20,02% nas importações da RMC, resultando em queda de -26,13% do déficit regional, para o mês de maio.
; - A queda na participação das exportações regionais no total do estado para o patamar de 4,87%, a pior em 10 anos.
- As quedas generalizadas nas exportações, com destaque para preparações de carnes e miúdos, agroquímicos, polímeros de etileno, peças e acessórios para veículos.
- As quedas generalizadas das importações com destaque para aparelhos elétricos, peças e acessórios para veículos, circuitos eletrônicos integrados, ácidos nucleicos e seus sais.
- Aumento das transações comerciais de produtos de mais baixa complexidade (ex. soja).
- Desde janeiro, as importações somaram 4,72 bilhões de dólares, enquanto as exportações representaram menos de um terço deste valor, 1,33 bilhão de dólares.
- No acumulado do ano, há sinais de queda de atividade para todos os segmentos da indústria, dentre eles as indústrias química, farmoquímica, agroquímica, de aparelhos telefônicos, de eletrônicos e automobilística.
- Exportações e importações, caíram drasticamente em relação a praticamente todos os parceiros comerciais.
Em suma, para além dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência da importação de insumos externos industriais, a conjuntura evidencia que a RMC passa pela pior crise externa da história recente, assim como outras regiões mais industrializadas do país. No acumulado do ano, o estado de São Paulo registrou queda de -21,3% nas exportações e -10,5% nas importações, com déficits comerciais acumulados no valor de -2,4 bilhões. No Brasil, houve queda de 7,2% nas exportações e 2,5% nas importações, resultando em superávit de 15,5 bilhões.
Balança Comercial de Maio
A tabela 1 traz os dados da balança comercial da RMC e do estado de São Paulo para os meses de maio entre 2010 e 2020.
A partir dos dados da Tabela 1, é possível verificar que as exportações de maio/2020 – 223,33 milhões de
dólares – apresentaram decrescimento de -39,20% em relação ao
mesmo período de 2019. Este é o pior desempenho das exportações para o mês de maio
em 10 anos. No mesmo sentido, a participação nas exportações do estado de São
Paulo (4,87%), também corresponde ao pior patamar
da série, indicando que a crise atual fez com que a RMC perdesse participação
relativa nas exportações do estado. As importações totalizaram 862,67 milhões
de dólares, no mesmo período, um decrescimento de -30,02% em comparação a maio de
2019. A participação da RMC nas importações do estado (24,28%),
foi a maior da década. O saldo da balança comercial, -639,34 milhões de
dólares, teve redução de -26,13%. É preciso destacar que, com os movimentos de
queda relativa das exportações e aumento da participação nas importações
estaduais, a RMC impediu que o superávit estadual fosse maior, no período.
As principais quedas nas exportações foram de carne preparada ou conservada, miudezas ou sangue (-19,24%), agroquímicos (-30,50%), polímeros de etileno, em formas primárias (-53,69%), peças exclusivas ou principalmente destinadas aos motores (-70,56%), peças e acessórios para veículos (-64,98%). A queda nas exportações só não foi maior devido ao aumento das exportações de medicamentos (+9,84%), polímeros de propileno ou de outras olefinas, em formas primárias (+0,40%), papel (+16,88%), sabonete (+26,04%).
Nas importações, as principais
quedas foram de aparelhos telefônicos (-62,39%), peças e
acessórios para veículos (-46,03%), circuitos eletrônicos
integrados (-54,81%), ácidos nucleicos e seus sais (-0,64%), peças e acessórios em máquinas (-26,48%)
e, medicamentos (-15,51%). A queda nas
importações só não foi maior devido ao aumento das importações de agroquímicos (+1,88%), compostos heterocíclicos de
nitrogênio (+19,56%), outros
compostos orgânicos e inorgânicos (+3,22%), máquinas de processamento automático de dados (+4,93%) e,
compostos de função nitrila (+72,14%).
A Tabela 2 mostra as exportações da RMC para o mês de maio, agregadas de acordo com o grau de complexidade dos produtos. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países com maior grau de sofisticação tecnológica das estruturas produtivas[1], portanto com maiores níveis de produtividade e renda. Esses produtos demandam mais conhecimento para serem produzidos, e estão associados à demanda por mão–de–obra mais qualificada e maiores salários.
Houve queda nas exportações em três categorias: média-alta (-36,72%), alta (-49,23%), média-baixa (-22,79%). No entanto, houve alta na categoria de baixa complexidade (+20,48%).
A Tabela 3 mostra as importações da RMC para o mês maio de 2020, agregadas de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos importados.
Houve quedas nas importações de todas as categorias de complexidade ––
média-alta (-29,37%), alta (-31,12%), média-baixa (-30,64%) e baixa (-29,02%)
Balança Comercial de Janeiro-Maio
A Tabela 4, traz os dados da balança comercial da RMC para
os cinco primeiros meses de 2020.

Em 2020, as importações atingiram a marca dos 4,72 bilhões de dólares,
enquanto as exportações somaram 1,33 bilhão, isto é, 3,54 vezes menos do que o
valor importado. O desequilíbrio entre
importações e exportações já rendeu um déficit comercial regional de 3,39
bilhões de dólares – maior que o déficit estadual, i.e.,
.São
Paulo teria logrado um superávit se não fosse pelo déficit da RMC.
A Tabela 5 traz os principais produtos exportados em 2020, pela RMC, bem como a variação das exportações na comparação com o mesmo período do ano de 2019.
Os produtos da Tabela 5, totalizam aproximadamente 37,29% das exportações totais do acumulado do ano. Houve queda em todos principais produtos de exportação, exceto soja (óleo e outros resíduos), em relação ao mesmo período do ano passado.
Os produtos listados na Tabela 6 totalizam aproximadamente 46,84% das importações realizadas pela RMC em 2020. Houve queda nas importações em todos os produtos, exceto outros compostos orgânicos e inorgânicos. Esses produtos são, sobretudo, da indústria química e farmoquímica (agroquímicos, compostos heterocíclicos, e antissoros e vacinas). Fora da indústria química, houve queda na importação de aparelhos telefônicos, e produtos relacionados a indústria automobilística.
Via de regra, a queda nas importações destes insumos representa desaquecimento das atividades a frente na cadeia produtiva, assim como o aumento das importações representa aquecimento. Neste sentido, houve queda nas atividades de todos os setores, com destaques para a atividade da indústria química, farmoquímica e automobilística, sempre em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, os setores da química ligados a outros compostos orgânicos e inorgânicos apresentam alta.
A Tabela 7 traz as exportações para os 10 principais destinos da RMC, acumulado para os meses de 2020, bem como a variação das exportações por destino em relação ao mesmo período do ano passado.
A Tabela 7 traz as exportações para os 10 principais destinos da RMC, acumuladas para os meses de 2020, bem como a variação das exportações por destino em relação ao mesmo período do ano passado.
O valor das exportações caiu expressivamente para todos os principais parceiros, exceto China e Países Baixos, grandes importadores de commodities agrícolas. Tais quedas resultam, claramente, do desaquecimento da economia global, diante da crise do Corona vírus.
A Tabela 8 traz os dados para as 10 principais origens das importações da RMC, acumulado para os meses de 2020, bem como a variação das importações por origem em relação ao mesmo período de 2019.
A queda praticamente generalizada das importações também ocorre frente a desaceleração das economias globais, como efeito da crise sanitária atual.
A Tabela 9, por fim, traz os dados da balança comercial para os municípios da RMC, para maio de 2020.

[1] Professor extensionista, eEconomista do Observatório PUC-Campinas
[2] Graduando em Economia, aluno extensionista do Observatório PUC-Campinas
[3] http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior
[4] https://atlas.média.mit.edu/en/resources/about/
[5] Mais detalhes sobre o Índice de Complexidade de Produtos (PCI, em inglês) podem ser encontrados em https://atlas.média.mit.edu/en/. Nossa classificação em 5 categorias (Baixa, Média-baixa, Média, Média-alta e Alta complexidade) é resultado de aplicação metodológica original.