Informativo Mensal: Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas / Volume. 5| N. 02 | Fev-2022

Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Sumário Executivo

Este informativo apresenta e discute os principais dados da balança comercial da RMC para o mês de janeiro de 2022. Os dados utilizados nas análises são da base do Ministério da Economia. Além dos dados quantitativos, agregados e desagregados por município, apresenta-se a qualificação da pauta de exportação e importação da RMC a partir de cruzamentos dos dados de comércio com classes de complexidade a partir dos Índices de Complexidade de Produtos, calculados pelo Observatório de Complexidade Econômica do MIT Media Lab[1].

No contexto estadual e nacional, em janeiro de 2022, o estado de São Paulo registrou alta de 25,3% nas exportações e 10,6% nas importações. No Brasil, houve aumento de 32,0% nas exportações e 30,9% nas importações. Dentre as informações regionais analisadas, destacam-se:

  1. aumento de 18,7% nas exportações e aumento de 14,2% nas importações da RMC, resultando em aumento de 12,7% no déficit regional, para o mês de jan/22;
  2. a participação nas importações do estado de SP foi a maior em 10 anos (22,7%);
  3. queda da participação nas exportações do estado de SP, que atingiram o patamar de 7,5%, o segundo menor em 10 anos;
  4. dentre os produtos exportados, destaca-se o crescimento do valor das exportações de medicamentos, máquinas para construção civil e  pneus;
  5. dentre os importados, destaca-se o aumento do valor importado de circuitos eletrônicos integrados e partes de aparelhos telefônicos;
  6. houve queda das exportações para México e China, ao mesmo tempo que a região aumentou consideravelmente as importações da China.

Em suma, apesar dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência da importação de insumos externos industriais, os dados mensais evidenciam melhora da atividade do setor externo da RMC, em relação ao mesmo período do ano anterior. É importante ressaltar que as estatísticas de volume de comércio, baseadas em valores monetários, sofrem efeitos inflacionários importantes no período.

Balança Comercial Mensal

A Tabela 1 traz os dados da balança comercial da RMC para os meses de janeiro entre 2011 e 2021.

Tabela 1 – Balança Comercial da RMC para os meses de setembro (valores em milhões

de USD/FOB).

Período Valor Exp. % Exp. SP Valor Imp. % Imp. SP Saldo RMC Saldo SP
Janeiro/12 374,62 9,00% 958,75 15,10% -584,13 -2211,47
Janeiro/13 383,81 8,60% 1170,04 16,00% -786,23 -2817,52
Janeiro/14 309,23 7,70% 1247,47 16,10% -938,24 -3703,02
Janeiro/15 242,27 7,20% 1001,96 17,70% -759,69 -2277,12
Janeiro/16 222,94 7,90% 841,44 21,20% -618,49 -1148,41
Janeiro/17 313,35 7,60% 857,79 19,60% -544,44 -243,53
Janeiro/18 365,67 8,10% 1042,06 18,90% -676,39 -1012,1
Janeiro/19 305,42 8,30% 1157,49 20,70% -852,07 -1910,54
Janeiro/20 268,46 8,30% 1113,13 20,90% -844,67 -2078,94
Janeiro/21 270,24 8,30% 1054,66 22,00% -784,41 -1554,62
Janeiro/22 320,66 7,50% 1204,36 22,70% -883,7 -1041,11

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ministério da Economia.

A partir dos dados daTabela 1, é possível verificar que as exportações de jan/22, 320,6 milhões de dólares, apresentaram crescimento de 18,7% em relação ao mesmo período de 2020. Além disso, a participação nas exportações do estado de São Paulo, 7,5%, caiu 0,8 pontos percentuais e corresponde ao segundo menor nos patamares históricos, indicando que a RMC perdeu participação relativa nas exportações do estado.

As importações totalizaram 1,2 bilhão  de dólares, no mesmo período, um crescimento de 14,2%, sempre em comparação com o mesmo mês do ano anterior. A participação da RMC nas importações do estado, 22,7%,  subiu 0,70 pontos percentuais e foi a maior da década. O saldo negativo da balança comercial, 778 milhões de dólares, teve aumento de 12,7%.

Os principais produtos responsáveis pelo aumento do valor exportado foram medicamentos (var. 33,6%), máquinas para construção civil (var. 103%) e pneus  (var. 19,2%). Dentre as quedas, destaca-se veículos (var. -14,2).

Nas importações, as principais altas deram-se para circuitos eletrônicos integrados (var. 29,4%), aparelhos telefônicos e partes (var. 24,2%), entre outros.  Destacam-se, porém, queda no valor importado de defensivos agrícolas (var. -28,0%) e peças e assessórios para veículos (var. -23,1%).

A Tabela 2 mostra as exportações da RMC para o mês de jan/2021, agregados de acordo com o grau de complexidade dos produtos. Produtos considerados mais complexos são produzidos em países com maior grau de sofisticação tecnológica das estruturas produtivas[2], portanto com maiores níveis de produtividade e renda. 

Tabela 2 – Grau de Complexidade das Exportações – comparação entre jan/22 e jan/21 (valores em milhões de USD).

jan/21 jan/22
Grau de Complexidade Valor das Exp. 20 % do Total 20 Valor das Exp. 21 % do Total 21 Var. % 20/21
Baixa 7,69 2,8% 3,36 1,1% -56,3%
Média-baixa 41,34 15,3% 43,06 13,4% 4,2%
Média-alta 195,15 72,2% 249,58 77,8% 27,9%
Alta 25,88 9,6% 24,19 7,5% -6,5%
Total 270,06* 320,19*

*Exclusive produtos sem classificação.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ministério da Economia e Índice de Complexidade Econômica de Produtos.

Houve queda e alta das exportações em diferentes categorias de complexidade.  A de baixa complexidade, teve queda de -56,3%; a média-baixa complexidade teve aumento de 4,2%; média-alta complexidade teve aumento de 27,4%; e a de alta complexidade teve queda de -6,5%. Contudo, mais de 85% das exportações da região se concentraram em produtos de média-alta e alta complexidade.

A Tabela 3 mostra as importações da RMC para o mês de jan/22, agregados de acordo com o grau de complexidade econômica dos produtos importados.

Tabela 3 – Grau de Complexidade das Importações – comparação entre jan/22 e jan/21, valores em milhões de USD.

Jan/20 Jan/21
Grau de Complexidade Valor das Imp. 20 % do Total 20 Valor das Imp. 21 % do Total 21 Var. % 20/21
Baixa 5,15 0,5% 11,71 1,0% 127,4%
Média-baixa 69,14 6,6% 63,63 5,3% -8,0%
Média-alta 747,66 70,9% 850,59 70,6% 13,8%
Alta 230,62 21,9% 275,88 22,9% 19,6%
Total 1052,6* 1201,8*

*Exclusive produtos sem classificação.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ministério da Economia e Índice de Complexidade Econômica de Produtos.

Houve aumento e queda dos valores importados  em diferentes categorias de complexidade. A categoria de baixa complexidade apresentou alta de 127,4%, a de média-baixa queda de -8,0%, a de média-alta aumento de 13,8% e a de alta  crescimento de 19,6%. As importações de bens de média-alta e alta complexidade representaram mais de 93% de todos os produtos importados.

Balança Comercial 2021

A  Tabela 4 traz os dados da balança comercial da RMC para os últimos 12 meses.

Tabela 4 – Balança Comercial Regional doze meses – valores em milhões de USD/FOB.

Mês Valor das Exp. % EXP RMC/SP Valor das Imp. % IMP RMC/SP Saldo RMC Saldo SP
jan/22 320,66 0,0751 1204,36 0,2267 -883,7 -1041,11
fev/21 298,48 0,0814 1007,4 0,2089 -708,92 -1154,91
mar/21 367,9 0,0762 1279,05 0,2101 -911,14 -1263,13
abr/21 376,37 0,0787 1035,19 0,1957 -658,82 -504,93
mai/21 453,05 0,082 1257,71 0,2197 -804,66 -202,29
jun/21 384,1 0,0735 1254,21 0,2232 -870,11 -390,69
jul/21 408,68 0,0904 1394,07 0,2358 -985,39 -1390,74
ago/21 447,77 0,0927 1440,67 0,2415 -992,9 -1136,84
set/21 459,52 0,0829 1412,22 0,2374 -952,69 -402,91
out/21 406,32 0,0861 1341,16 0,2419 -934,84 -826,23
nov/21 405,5 0,0827 1357,1 0,234 -951,6 -896,58
dez/21 432,41 0,0768 1210,56 0,2123 -778,15 -71,18

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ministério da Economia.

As importações atingiram a marca dos 15,2 bilhões de dólares, enquanto as exportações somaram 4,7 bilhões. O desequilíbrio entre importações e exportações rendeu um déficitcomercial regional de 10,4 bilhões de dólares – o déficit estadual foi de 9,2 bilhões no mesmo período.

 A Tabela 5 traz o valor exportado dos principais produtos da pauta regional, no acumulado do ano de 2022, bem como a variação em relação a igual período do ano anterior. 

Tabela 5 – Principais produtos exportados pela RMC para os meses de 2022 (valores em milhões de USD/FOB).

Ranque NCM Produto Valor Exp./22 Var. % 21/22 Complexidade
1 3004 Medicamentos 18,94 33,7% Média-alta
2 8429 Máquinas Construção Civil 17,42 103,8% Média-alta
3 8703 Veículos 14,45 -14,2% Média-alta
4 4011 Pneus 13,78 19,1% Média-alta
5 8708 Partes e Acessórios de Veículos 13,67 44,1% Média-alta
6 8409 Partes de Motores 13,38 1,9% Média-alta
7 3902 Polímeros de Propileno e outras olefinas  11,19 30,2% Média-alta
8 3808 Defensivos agrícolas 9,72 206,1% Média-alta
9 5402 Fios de Filamentos Sintéticos 7,71 143,9% Média-alta
10 3901 Polímeros de Etileno 7,57 67,0% Média-alta

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ministério da Economia.

Os produtos da Tabela 5 totalizam aproximadamente 30,0% das exportações totais do acumulado do ano. Nota-se que houve aumento do valor exportado para praticamente todos os principais setores de atividade regionais, exceto para automobilística. A cadeia da produção de veículos tem sofrido com a escassez de insumos em níveis globais.

A Tabela 6 traz o valor importado dos principais produtos da pauta regional, no acumulado do ano, bem como a variação em relação a igual período do ano anterior. 

Tabela 6 – Principais produtos importados pela RMC em 2021 (valores em milhões de USD/FOB).

Ranque NCM Produto Valor Imp./22 Var. % 21/22 Complexidade
1 8542 Circuitos eletrônicos integrados 105,7 29,5% Alta
2 8517 Aparelhos telefônicos 88,04 24,2% Média-alta
3 3808 Defensivos Agrícolas 83,27 -28,0% Média-alta
4 8473 Peças e acessórios para máquinas de escritório 46,95 26,8% Alta
5 8708 Peças e acessórios para veículos 41,13 -23,1% Média-alta
6 2931 Outros compostos organo-inorgânicos 40,27 252,3% Média-alta
7 2933 Compostos de Heterocíclicos (hetero ácido nitrogênio) 33,16 17,9% Média-alta
8 3002 Antissoros e Vacinas 32,72 7,6% Média-alta
9 2941 Antibióticos 29,74 246,4% Média-alta
10 8471 Máquinas de Processamento Automático 25,94 14,7% Média-alta

 Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ministério da Economia.

Os produtos listados na Tabela 6 totalizam aproximadamente 43,5% das importações realizadas pela RMC em 2022. Houve aumento nas importações em quase todos os produtos, exceto defensivos agrícolas e partes e acessórios de veículos automotores.

Assumindo que as importações estão relacionadas às atividades econômicas das cadeias à frente dos produtos considerados, há indícios de aumento da atividade para todos os setores, exceto para agricultura e para automobilístia. É importante ressaltar que nesse período houve grande aumento de preços de muitos insumos importados, elevando o valor das importações pelo efeito preço, e não pelo efeito quantidade.

A Tabela 7 traz as exportações para os 10 principais destinos da RMC, acumulado para 2022, bem como a variação das exportações por destino em relação ao ano de 2020.

Tabela 7 – Destinos de exportação RMC – valores em milhões de dólares FOB, acumulado 2022

País Exp./21 Part. Exp./21 Var. 20/21
Argentina 68,92 21,5% 12,7%
Estados Unidos 45,79 14,3% 22,0%
Chile 24,4 7,6% 17,6%
México 21,55 6,7% -6,7%
Colômbia 16,73 5,2% 76,6%
Bélgica 13,73 4,3% 16,0%
Peru 13,11 4,1% 9,7%
Paraguai 10,63 3,3% 27,9%
China 10,57 3,3% -2,4%
Alemanha 10,49 3,3% 22,5%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ministério da Economia.

Houve aumento das exportações para todos os principais destinos, com exceção e México e China. Destaca-se o crescimento expressivo das exportações para a Colômbia e Paraguai. Ressalva-se, porém, que o desempenho ruim do ano base favorece o resultado positivo.

A Tabela 8 traz os dados para as 10 principais origens das importações da RMC, acumulado para 2021, bem como a variação das importações por origem em relação ao ano de 2020.

Tabela 8 – Origem das Importações da RMC (valores em milhões de dólares FOB acumulado 2021).

País Imp./21 Part. Imp./21 Var. 20/21
China 379,39 31,5% 43,8%
Estados Unidos 130,89 10,9% -17,4%
Alemanha 76,74 6,4% 16,1%
Vietnã 73,06 6,1% 100,2%
Índia 65,6 5,5% -8,9%
Coreia do Sul 58,27 4,8% 22,7%
Japão 55,09 4,6% 2,5%
Taiwan (Formosa) 38,6 3,2% 26,5%
Suíça 27,58 2,3% -18,7%
México 25,74 2,1% -9,9%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ministério da Economia.

Destaca-se o aumento das importações da China e as reduções das importações dos Estados Unidos.

Por fim, a Tabela 9 traz os dados da balança comercial para os municípios da RMC, para os últimos 12 meses.  

Tabela 9 – Balança Comercial dos Munícipios da RMC , últimos 12 meses (valores em milhões de USD/FOB.)

Município Valor Exportado % Exp. RMC Valor Importado % Imp. RMC Saldo
PAULINIA 818,99 17,2% 4444,39 29,3% -3625,4
CAMPINAS 818,24 17,2% 3024,96 19,9% -2206,72
INDAIATUBA 690,57 14,5% 1418,35 9,3% -727,78
AMERICANA 566,24 11,9% 404,45 2,7% 161,79
SUMARE 376,59 7,9% 1210,94 8,0% -834,35
VINHEDO 332,13 7,0% 873,82 5,8% -541,69
SANTA BARBARA D’OESTE 220,25 4,6% 212,51 1,4% 7,74
COSMOPOLIS 169,36 3,6% 97,48 0,6% 71,88
SANTO ANTONIO DE POSSE 151,12 3,2% 147,81 1,0% 3,31
ITATIBA 145,5 3,1% 372,68 2,5% -227,18
VALINHOS 127,42 2,7% 483,13 3,2% -355,71
NOVA ODESSA 89,94 1,9% 89,11 0,6% 0,83
MONTE MOR 87,21 1,8% 143,86 1,0% -56,65
HORTOLANDIA 64,29 1,4% 1035,92 6,8% -971,63
JAGUARIUNA 45,19 1,0% 1105,56 7,3% -1060,37
PEDREIRA 36,12 0,8% 7,89 0,1% 28,23
ARTUR NOGUEIRA 16,67 0,4% 60,19 0,4% -43,52
HOLAMBRA 2,9 0,1% 45,9 0,3% -43
MORUNGABA 1,87 <0,1% 8,98 0,1% -7,11
ENGENHEIRO COELHO 0,16 <0,1% 5,77 <0,1% -5,61

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ministério da Economia.


[1] https://atlas.média.mit.edu/en/resources/about/

[2] Mais detalhes sobre o Índice de Complexidade de Produtos (PCI, em inglês) podem ser encontrados em https://atlas.media.mit.edu/en/. Nossa classificação em 5 categorias (Baixa, Média-baixa, Média, Média-alta e Alta complexidade) é resultado de aplicação metodológica original.


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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