Transição Demográfica na Região Metropolitana de Campinas: Notas Sobre Alterações na Estrutura Etária da População Idosa
Dr. Cristiano Monteiro da Silva
Docente extensionista – Observatório PUC-Campinas
Davi Machado P. Amaral
Aluno Voluntário de Extensão – Faculdade de Ciências Econômicas
Giovana Silva
Aluna Bolsista de Extensão – Faculdade de Direito
Lívia Maria Tibúrcio Bulhman
Aluna Bolsista de Extensão – Faculdade de Ciências Econômicas
Matheus Constante Costa
Aluno Voluntário de Extensão – Faculdade de Ciências Econômicas
Introdução
O poder decisório de ações solidárias e políticas públicas cumpre ser vigilante social de agravos marcantes ao viver das pessoas com deficiência, das crianças, adolescentes e jovens, das pessoas adultas que estão sem afiliações ao mercado do trabalho, a proteção social que se manifesta no combate ao racismo, o enfrentamento das diversas formas de violências contra as mulheres, os olhares solidários e fraternos às pessoas em situação de rua, os cuidados com o meio ambiente, enfim, tudo que se enquadra nos planos da defesa de direitos e na proteção social de agrupamentos, famílias e pessoas, em especial, a situação vivente em vulnerabilidade social.
A fenomenologia da transição demográfica, constatada em diversas localidades do mundo, também se vê no Brasil, em suas diversas localidades regionais e municipais, segue provocando novos aspectos ao viver social, especificamente, conta-se uma situação nova que diz respeito a estrutura etária da população idosa. Sem dúvida, esta nova fenomenologia gera inusitados desafios aos condutos de ações solidárias e políticas públicas preocupadas com aspectos do viver social de agrupamentos, famílias e pessoas.
Este trabalho dedica-se a construção analítica acerca da emergência do que a priori se caracteriza como um agrupamento da população idosa, constituído por pessoas com 75 anos e Mais. Evidentemente, certo número de pessoas inscritas nesta faixa etária já é constatado em vida social, desde longa data, porém, o que se levanta neste texto é que esse processo social está assumindo a mais alta expressividade, determinando novos significados ao viver das famílias e pessoas. Assim sendo, este trabalho também ensaia argumentos pertinentes ao pensar estratégico de ações solidárias e políticas públicas coerentes com a nova estrutura etária da população idosa, considerando as peculiaridades do viver social em localidades regionais e municipais urbanas.
O objetivo central deste texto é analisar os aspectos marcantes da estrutura etária da população idosa, diante do contexto da transição demográfica que impacta o viver social em municípios da Região Metropolitana de Campinas.
Os procedimentos metodológicos consideram uma pesquisa bibliográfica que ampara leituras acerca do viver social de idosos nos planos do desenvolvimento urbano e regional, especialmente, os assuntos relacionados a transição demográfica. Ademais, uma análise exploratória de dados pertinente a caracterização da população idosa, sobretudo, a população idosa inscrita na faixa etária de 75 e Mais, sendo que esta análise exploratória de dados considera a distribuição etária desta população, bem como o uso de indicadores analíticos preocupados com aspectos do viver social desta mencionada população idosa na espacialidade regional de Campinas.
O texto oferece uma linguagem objetiva para promover saberes acerca dos assuntos relacionados ao temático da estrutura etária da população idosa. Na primeira parte, o leitor se depara com notas sobre a transição demográfica na Região Metropolitana de Campinas. Em seguida, a construção analítica exploratória de dados que assegura uma caracterização da população idosa nesta mencionada localidade regional. A abordagem conclusiva ensaia uma discussão acerca dos caminhos para o fortalecimento do sistema de proteção social ligado a população idosa, sem perder de vista a defesa de direitos e a proteção social dedicada ao conjunto da sociedade.
- Aspectos da transição demográfica na Região Metropolitana de Campinas
Esta parte do texto levanta alguns pontos pertinentes para se revisitar leituras do fenômeno da transição demográfica na Região Metropolitana de Campinas. O ponto destacado é a estrutura etária da população, abordando as suas diferentes faixas etárias, tanto para o estado atual como para as projeções relativas as próximas décadas.
O gráfico 1 mostra a evolução da população de municípios da Região Metropolitana de Campinas, levando-se em conta as distribuições desta população em três faixas etárias, sendo que uma é mais representativa de crianças, adolescentes e jovens, a segunda faixa expressiva de jovens, adultos e o que se pode considerar como população adulta madura, e a terceira e última faixa pertinente a população idosa, ou seja, as pessoas inscritas na faixa etária de 60 anos e Mais.
Gráfico 1 – Estrutura etária da população na Região Metropolitana de Campinas (2000 – 2040)
Fonte: SEADE (2023)
Em síntese, conclui-se que a transição demográfica em municípios da Região Metropolitana de Campinas está caminhando com o envelhecimento da estrutura etária da população, o que, por sua vez, combina-se com a vida social urbana que requer o fortalecimento de laços familiares e novas formas de afiliações ao trabalho social (SILVA; ROSANDISKI; OLIVEIRA, 2022).
- Caracterização da população idosa
Esta parte do texto levanta alguns pontos que apoiam uma leitura dos novos traços da população idosa vivente em municípios da Região Metropolitana de Campinas, destacadamente, que a transição demográfica está consolidando uma nova estrutura etária da população idosa, agora também composta por número expressivo de pessoas inscritas nas faixas etárias de 75 anos e Mais.
O próximo gráfico cuida da situação atual e a projeção da distribuição etária da população idosa na Região Metropolitana de Campinas. Nota-se que a faixa etária de 75 anos e Mais, a partir de 2040, vai expressar números acima das demais faixas etárias consideradas no gráfico. Contudo, levando-se em conta o conjunto das faixas etárias, reitera-se a conclusão de que a transição demográfica está demonstrando os sinais de envelhecimento da estrutura etária da população residente em municípios da Região Metropolitana de Campinas.
Gráfico 2 – Estrutura etária da população idosa na Região Metropolitana de Campinas (2000 – 2040)
Fonte: SEADE (2023)
Os dois próximos gráficos estão dedicados a caracterização da população idosa, considerando a sua composição entre homens e mulheres. No que diz respeito a faixa etária de 75 anos e Mais, percebe-se que a projeção mais alta está na participação das mulheres. No início da série, em 2000, o número de 27.389 mulheres, e a projeção para 2040 é de 166.599 mulheres com 75 anos e Mais. No ano de 2000, os homens com o número de 18.613, mais a frente, no final da série que consta no gráfico, equivalente a 108.730. Portanto, a leitura acerca dos novos traços da população idosa, sobretudo, o crescimento da participação relativa do seu agrupamento de 75 anos e Mais, permite a compreensão de que este agrupamento está constituído pela participação mais alta das mulheres.
Gráfico 3 – Estrutura etária da população idosa na Região Metropolitana de Campinas (Mulheres)
Fonte: SEADE (2023)
Gráfico 4 – Estrutura etária da população idosa na Região Metropolitana de Campinas (Homens)
Fonte: SEADE (2023)
A seguinte tabela contém dados relativos aos municípios da Região Metropolitana de Campinas, ou seja, mostra as especificidades da evolução da população idosa inscrita na faixa etária de 75 anos e Mais em localidades municipais.
Tabela 1 – Idosos com idade de 75 e Mais em municípios da Região Metropolitana de Campinas (2000 – 2040)
2000 | 2010 | 2020 | 2030 | 2040 | |
Americana | 4.278 | 7.428 | 9.549 | 15.058 | 23.368 |
Artur Nogueira | 477 | 1.109 | 1.569 | 2.536 | 4.050 |
Campinas | 22.473 | 36.545 | 47.304 | 72.796 | 105.070 |
Cosmópolis | 799 | 1.340 | 1.954 | 3.229 | 5.392 |
Engenheiro Coelho | 112 | 289 | 446 | 695 | 1.207 |
Holambra | 114 | 256 | 371 | 706 | 1.178 |
Hortolândia | 1.672 | 3.378 | 4.956 | 9.379 | 16.655 |
Indaiatuba | 2.716 | 5.107 | 7.609 | 12.845 | 20.673 |
Itatiba | 1.693 | 3.007 | 3.999 | 6.386 | 9.969 |
Jaguariúna | 577 | 1.210 | 1.748 | 2.757 | 4.361 |
Monte Mor | 575 | 1.045 | 1.514 | 2.604 | 4.019 |
Morungaba | 188 | 328 | 469 | 717 | 1.017 |
Nova Odessa | 736 | 1.352 | 1.882 | 3.210 | 5.072 |
Paulínia | 824 | 1.594 | 2.486 | 4.792 | 8.341 |
Pedreira | 739 | 1.338 | 1.709 | 2.581 | 4.072 |
Santa Bárbara d’Oeste | 2.689 | 4.927 | 6.664 | 11.460 | 18.540 |
Santo Antônio de Posse | 390 | 609 | 759 | 1.136 | 1.738 |
Sumaré | 2.602 | 4.595 | 6.763 | 12.844 | 21.156 |
Valinhos | 1.766 | 3.402 | 4.715 | 7.615 | 12.315 |
Vinhedo | 1.032 | 1.999 | 2.678 | 4.441 | 7.136 |
Fonte: SEADE (2023)
Em suma, reconhece-se a expressividade do agrupamento de idosos da faixa etária de 75 e Mais na vida social dos municípios da Região Metropolitana de Campinas.
Conclusão
Este texto busca contribuir para uma construção analítica acerca do crescimento da participação relativa de idosos da faixa etária de 75 anos e Mais em vivências sociais de municípios da Região Metropolitana de Campinas. Neste sentido, o texto oferece uma visualização de alguns atributos que permitem a caracterização deste agrupamento social. Sem dúvida, uma leitura que chama a atenção para este processo social, tendo em vista contribuir com a construção reflexiva e crítica para novos estudos e ações voltadas para essa fenomenologia social.
O propósito deste texto também implica em chamar a atenção para situações problemas do viver social deste novo agrupamento social. À primeira vista, os níveis de serviços dedicados a proteção social precisam da vigilância aos novos laços familiares, as novas configurações do sistema de saúde voltado para este agrupamento, enfim, essas e tantas outras possíveis adaptações do sistema de proteção social frente a nova estrutura etária da população idosa.
Finalmente, este texto encerra suas atividades com o ensaio de que o poder decisório de ações sociais solidárias e políticas públicas pode se valer do incentivo aos projetos de estudos e pesquisas pertinentes a configuração dos novos serviços públicos, devidamente dotados da intensidade tecnológica e dos conhecimentos de fatores específicos do viver social, no sentido de favorecer os impactos de bem-estar ao viver dos idosos, sendo a população idosa compreendida na extensão da estrutura etária discutida neste texto.
Referências bibliográficas
JANNUZZI, Paulo Martinho. Indicadores Sociais no Brasil. São Paulo: Editora Alínea. 2009.
SEADE. População. Disponível em: https://populacao.seade.gov.br/. Acesso em: 10/08/2023.
SILVA, Cristiano Monteiro; ROSANDISKI, Eliane Navarro; OLIVEIRA, Paulo Ricardo. A transição demográfica na Região Metropolitana de Campinas. Disponível em: https://observatorio.puc-campinas.edu.br/a-transicao-demografica-na-regiao-metropolitana-de-campinas/. Acesso em: 01/02/2023.