COVID-19 na Região de Campinas

Informativo Covid-19 Campinas  – V2|N31|Semana 31 (01/08 a 07/08) 

Equipe:

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Jacqueline dos Santos Oliveira [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4] Beatriz Panciera [5] Giuliano Polli [6]

Até o dia 07/08, o Brasil notificou 20,1 milhões de casos e 562,7 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa absoluta média de 33,4 mil novos casos e 0,9 mil novas mortes por dia 7.

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 01/08 e encerrada em 07/08 – semana epidemiológica de número 31, no calendário das autoridades de saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana) 

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo.   

O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, da Grande São Paulo. Até 07/08, foram notificados 462,6 mil casos e 13,4 mil mortes, no DRS-Campinas – letalidade de 2,91%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC8), foram 322,6 mil casos e 9,8 mil óbitos, até o momento – letalidade de 3,04%. Por fim, o município de Campinas registrou 104,9 mil casos até o momento, com 4,1 mil óbitos – letalidade de 3,96% — ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.  

Nesta semana, 15 dos 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos em relação ao número de novos casos no Estado de São Paulo da semana passada. As novas mortes apresentaram taxas decrescentes em 13 dos 17 departamentos do Estado. Em relação à semana anterior, o ritmo de avanço da pandemia continua desacelerando no DRS-Campinas. O número de novos casos e de novas mortes continua diminuindo, como mostram a Tabela 1 e as Figuras 1 e 2.

Figura 1. Curva Epidemiológica Casos Região de Campinas 

Figura 2. Curva Epidemiológica Óbitos Região de Campinas.

Foram registrados, nesta semana, 8,7 mil casos no DRS-Campinas (variação de 3,69%, em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes, 5,6 mil foram registrados na RMC (var. -3,32%) e 1,8 mil em Campinas (var. 3,22%). Foram 206 mortes no DRS-Campinas (var. -4,19%, em relação às mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 151 ocorreram na RMC (var. -10,12%) e 57 em Campinas (var. 3,64%).

As Figuras 2 e 3 mostram os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes por municípios. 

Figura 3. Mapa de Casos da Covid-19 nos Municípios do DRS-Campinas e Engenheiro Coelho.

Neste momento, os municípios com maior incidência são Paulínia, Holambra e Santo Antônio de Posse, com 14.432,0, 13.654,8 e 13.606,7 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. É válido lembrar que a incidência é fortemente influenciada pela amplitude da testagem em cada município. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de incidência, no estado de São Paulo, com corte em 12.639 casos por 100 mil habitantes.   

Figura 4.  Mapa da Mortalidade pela Covid-19 no DRS-Campinas e Engenheiro Coelho.

Além disso, Santa Bárbara d’Oeste, Jundiaí e Campinas continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 402,1, 369,2 e 353,3 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 353 mortes por 100 mil habitantes.  

Análise dos especialistas 

Dando continuidade ao que foi decretado pelo Governo do Estado no dia 07/07/2021, todos os departamentos regionais de saúde continuam em fase de transição do Plano São Paulo, que, segundo o Governo, deve garantir a retomada consciente e segura. No mês de julho, as regras de combate à pandemia já haviam sofrido consideráveis flexibilizações e, após seis semanas com tendências de queda nos números de casos e mortes por COVID-19, o mês de agosto dá seguimento às flexibilizações. A partir do dia 1o até 16/08, os estabelecimentos comerciais podem operar com 80% da capacidade máxima, entre as 6h e 24h, sendo que, a partir das 23h, a entrada de novos clientes já não é permitida. O toque de recolher, antes determinado entre as 23h e 5h, foi revogado. É recomendado teletrabalho para atividades administrativas não essenciais e escalonamento de horários de entrada e saída dos funcionários.

Dados da fundação SEADE¹ apontam para uma mudança de cenário no DRS-Campinas. As internações que vinham caindo de forma expressiva nas últimas 5 semanas, agora permanecem praticamente estáveis, com queda de 3% em relação à semana anterior. Foram 837 internações contra 863 na semana anterior. Apesar disso, a pressão sobre o sistema permaneceu estável em relação à semana anterior. No dia 06/08, a ocupação dos leitos públicos de UTI-COVID era de 79%, enquanto nos leitos privados era de 74%, com média geral de 75,7% de ocupação no município, valor mais baixo desde o mês de dezembro/2020².   

Em relação à campanha de vacinação, no dia 06/08, o município chegou a 59,5% da população imunizada com primeira dose e 23,2% da população completamente imunizada (2 doses ou dose única) ³. Se a previsão de chegada de imunizantes se mantiver conforme cronograma divulgado pelo estado, muito provavelmente será possível contemplar com pelo menos uma dose todas as pessoas acima de 18 anos na nova data prevista de 16/08/2021. 

No dia 28/07, o governo do Estado de São Paulo anunciou novas flexibilizações4, permitindo o funcionamento de atividades econômicas até 0h, fim do toque de recolher e ampliação da capacidade dos estabelecimentos para 80%. Há ainda a previsão de ampliação das flexibilizações a partir de 17/08, inclusive com a retomada de eventos presenciais com público. Observando o cenário externo, com aumento de número de casos e de óbitos devido à introdução da variante Delta em diversos países5, tais medidas aparentam ser precipitadas e desprovidas de cautela. Já há dados brasileiros preocupantes sobre a dispersão da variante Delta no país. No dia 01/08, o Instituto Adolfo Lutz divulgou um relatório de seu monitoramento das linhagens no estado6. Chamam bastante a atenção os dados do DRS I – Grande SP – e do DRS IV – Baixada Santista, locais em que, respectivamente, 23,5% e 21,7% das amostras sequenciadas são a variante Delta (B.1.617.2). Já a plataforma outbreak.info7 traz que, nos últimos 30 dias, 49% das amostras sequenciadas registradas seriam da variante Delta. São dados muito preocupantes, pois podemos vir a enfrentar situação semelhante à de outros países em algumas semanas.  

A sensação de normalidade provocada pelas flexibilizações e a baixa adesão às medidas de prevenção, sobretudo pelos mais jovens (muitos ainda sem nenhuma dose de vacina), podem provocar um retrocesso nos dados e mais casos e mortes evitáveis. Será que estamos no momento adequado para seguir com as flexibilizações? 

Do ponto de vista econômico e social, a taxa de desemprego brasileira do segundo trimestre ainda não foi divulgada – o último dado contabilizou uma taxa de desemprego recorde de 14,7% para o primeiro trimestre.   

 Os índices de atividade do IBGE mostram que, para junho/2021, não houve alteração na atividade industrial – a pesquisa de comércio e de serviços ainda não foi divulgada. Os dados do setor externo da RMC continuam indicando que a economia regional segue se recuperando, com crescimento de 30,5% das exportações e 30,0% das importações, em julho/2021. Também, de acordo com dados do Observatório PUC-Campinas, a criação de novos postos de trabalho continua em alta. O salto até junho/2021 é de 38,06 mil vagas, embora a rotatividade continue gerando um alto contingente de desempregados e as vagas para pessoas com mais idade e menor escolaridade continuem em queda ou ritmo baixo de crescimento.  

Em relação aos preços, O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, continua em alta, atingindo 35,75% em 12 meses, em junho/2021. Esse índice captura, também, aumentos nos custos de insumos que podem ser repassados para o consumidor final em algum momento. O IPCA acumulado de 12 meses atingiu 8,35% em junho/21, quando o centro da meta de inflação para o ano é de 3,75%.  A subida do IPCA foi puxada, sobretudo, pelo aumento da energia elétrica, mas os alimentos, gás de cozinha e combustíveis continuam em alta, comprometendo a renda, sobretudo, dos mais pobres.  

Por fim, o avanço na vacinação e a aparente melhora na capacidade de controle da crise sanitária estavam melhorando as expectativas de retomada para boa parte dos analistas. Atualmente, no DRS-Campinas, aproximadamente 58,5% da população recebeu a primeira dose da vacina, enquanto 19,8% receberam a segunda dose ou a vacina de dose única. A ameaça da variante delta, no entanto, já tem causado preocupações visíveis no mercado financeiro, e deve piorar as expectativas de crescimento da demanda por bens e serviços. O aumento recente da taxa básica de juros, para 5,25% com viés para novos aumentos, deve segurar ainda mais a atividade econômica, na esperança de controlar os índices de inflação.   

Portanto, o possível aumento da circulação da variante delta e mudanças recentes na política econômica comprometem a retomada do crescimento neste momento, postergando a redução da taxa de desemprego e o crescimento da renda.   

ANEXOS

Covid-19 nos DRS-São Paulo

[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro.

[3] Graduanda em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Graduanda em Administração pela PUC-Campinas e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[6] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[7] Dados do Ministério da Saúde

[8] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[9] – https://www.seade.gov.br/coronavirus/#

[10] – https://covid-19.campinas.sp.gov.br/epidemiologico/diario 

[11] – https://vacina.campinas.sp.gov.br/vacinas/covid-19

[12] – https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/07/31/variante-delta-da-covid-19-ganha-forca-e-causa-endurecimento-das-restricoes-pelo-mundo.ghtml 

[13] – http://www.ial.sp.gov.br/ial/perfil/homepage/destaque/monitoramento-das-linhagens-do-sars-cov-2-nas-drs-do-estado-de-sao-paulo 

[14] – São Paulo, Brazil Mutation Report. Alaa Abdel Latif, Julia L. Mullen, Manar Alkuzweny, Ginger Tsueng, Marco Cano, Emily Haag, Jerry Zhou, Mark Zeller, Emory Hufbauer, Nate Matteson, Chunlei Wu, Kristian G. Andersen, Andrew I. Su, Karthik Gangavarapu, Laura D. Hughes, and the Center for Viral Systems Biology. outbreak.info, (available at https://outbreak.info/location-reports?loc=BRA_BR-SP). Accessed 9 August 2021. 


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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