COVID-19 na Região de Campinas

Informativo Covid-19 Campinas – V2|N16|Semana 16 (18/04 a 24/04) 

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Felipe Pedroso de Lima [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4] Beatriz Panciera [5] Giuliano Polli [6] 

Até o dia 24/04, o Brasil notificou 14,3 milhões de casos e 389,4 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa absoluta média de 58,3 mil novos casos e 2,5 mil novas mortes por dia 7.  

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 18/04 e encerrada em 24/04 – semana epidemiológica de número 16, no calendário das autoridades de saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.  

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana) 

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo. 

O DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, da Grande São Paulo. Até 24/04, foram notificados 305,7 mil casos e 8,7 mil mortes, no DRS Campinas – letalidade de 2,86%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC8), foram 217 mil casos e 6,5 mil óbitos até o momento – letalidade de 3%. Por fim, o município de Campinas registrou 75,2 mil casos até o momento, com 2,9 mil óbitos – letalidade de 3,88% — ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.  

Nesta semana, todos os 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos, evidenciando uma redução generalizada de novos casos no estado de São Paulo, por data de notificação. As novas mortes, ainda em níveis elevados, também apresentaram taxas descrentes em quase todos os departamentos do estado. Em relação à semana anterior, quando o ritmo de avanço da pandemia estava em queda no DRS-Campinas, os novos casos e mortes tiveram uma redução, como mostram a Tabela 1 e as Figuras 1 e 2.   

Figura 1. Curva Epidemiológica Casos Região de Campinas

Figura 2. Curva Epidemiológica Óbitos Região de Campinas 

Foram registrados, nesta semana, 9,58 mil casos no DRS-Campinas (variação de -10,3%, em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes, 6,08 mil foram registrados na RMC (var. -16,9%) e 2,07 mil em Campinas (var. -12,05%). Foram 409 mortes no DRS-Campinas (var. -19,5%, em relação às mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 325 ocorreram na RMC (var. -15,8%) e 102 em Campinas (var. -39,29%). 

As Figuras 2 e 3 mostram os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes por municípios. 

Figura 3. Mapa de Casos da Covid-19 nos Municípios do DRS-Campinas e Engenheiro Coelho  

Neste momento, os municípios com maior incidência são Paulínia e Holambra, com 10.711 e 9.156 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. É válido lembrar que a incidência é fortemente influenciada pela amplitude da testagem em cada município. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de incidência, no estado de São Paulo, com corte em 7.679 casos por 100 mil habitantes. 

Figura 4.  Mapa da Mortalidade pela Covid-19 no DRS-Campinas e Engenheiro Coelho 

Além disso, Campinas e Jundiaí continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 248 e 246 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 211 mortes por 100 mil habitantes.  

Análise dos especialistas 

Dando continuidade ao que foi decretado pelo Governo do Estado, no dia 09/04/2021, todos os departamentos regionais de saúde estão em fase de transição, da fase vermelha para a laranja, do Plano São Paulo, desde o dia 18/04/2021. Até então, apenas atividades comerciais, com funcionamento das 11h às 19h, e religiosas, com restrições, estavam sendo permitidas. Em 24/04, um novo pacote de flexibilizações entrou em vigor, atingindo também os serviços gerais, restaurantes, bares, salões de beleza, barbearias e atividades culturais, que também poderão operar das 11h às 19h. Atividades de lazer também estão liberadas entre 6h e 18h, com a reabertura dos parques estaduais e municipais. O toque de recolher permanece entre as 20h e as 5h, assim como a obrigação de teletrabalho para todas as atividades administrativas e recomendação de escalonamento na entrada e saída da indústria, serviços e comércio. No dia 01/05, será feita uma nova reavaliação por parte do Governo Estadual, em que as medidas de combate à COVID-19 poderão continuar sendo flexibilizadas ou, ao contrário, enrijecidas.

Da perspectiva da saúde, o número de novas internações segue em queda na região de Campinas. Houve redução de 13% na última semana e cerca de 40% nas últimas 3 semanas9. A procura por serviços de saúde do SUS municipal também segue em redução, com queda importante entre as semanas 12 e 13, e relativa estabilização desde então (mas com dados ainda não finalizados da semana 15 em diante10).  

Os registros de casos e óbitos começam a apresentar reduções consistentes em Campinas e RMC, refletindo a tendência de queda nos números iniciada há cerca de 3 semanas.  

A ocupação dos leitos de terapia intensiva no município de Campinas, entretanto, segue ainda elevada, sobretudo na rede pública, mantendo quase 100% de ocupação no SUS municipal e mais de 80% no HC – UNICAMP.  

Novas flexibilizações já entraram em vigor neste último fim de semana no estado de São Paulo e é possível que, nas próximas semanas, o movimento de reaberturas continue. 

Apesar da tendência de queda consistente, a sobrecarga no sistema de saúde ainda é alta. A baixa adesão às medidas de prevenção por parte da população, ausência de estratégia de rastreamento e testagem de contatos e baixa cobertura vacinal fazem com que um novo aumento de casos seja absolutamente plausível e até provável. 

Do ponto de vista econômico e social, é importante ressaltar que aberturas precoces podem dar início a movimentos de “abre-e-fecha”, também prejudiciais à administração dos negócios. Além disso, uma taxa de desemprego alta, combinada com a drástica redução e atrasos na liberação dos auxílios federais, para atenuar os impactos negativos da crise sanitária, devem tornar a queda da demanda agregada o principal problema a ser enfrentado em 2021.  

Os últimos dados da PNAD-Contínua, para os meses de novembro/2020 a janeiro/2021, estimam uma taxa de desocupação no Brasil de 14,2%, patamar que era de 10,5% na primeira semana de maio/2020. Em relação ao trimestre móvel anterior, a taxa de desemprego se mantém estável, isto é, sem sinais de melhoras. A população desalentada (quando as pessoas desistem de procurar emprego) chegou a 5,9 milhões de pessoas, 25,6% acima do verificado no mesmo período de 20201

As pesquisas de atividade do IBGE apontam para queda de -0,7% na produção industrial, crescimento de 0,6% na atividade do comércio, e 3,7% na atividade de serviço em fevereiro de 2021. O IB-Br, considerado uma prévia do PIB, teve alta de 1,7% em fevereiro/2021, gerando alguma expectativa de que o crescimento do PIB seja ligeiramente positivo no 1T/2021. Segundo a Carta de Conjuntura do IPEA2, no entanto, o PIB brasileiro deve sofrer queda de -0,5% no 1T/2021 e crescer 3% no ano, o que significa decrescimento dinâmico, descontando-se a herança estatística de 2020.  

A PEC Emergencial (186/2019), que regulamenta o novo auxílio emergencial, permitiu o pagamento de 4 parcelas, com valor médio de R$ 250,00 por família, desde o dia 06/04 – o auxílio impactou o consumo, sobretudo, nos municípios onde o montante do auxílio representa maior parcela da renda total do município. A novidade, nesta semana,é que o Congresso Nacional destravou a Lei de Diretrizes do Orçamento (LDO, 2021), que permite a retomada do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm). Este último, apesar do forte impacto negativo na manutenção da renda de indivíduos com salários mais elevados, mostrou-se eficaz na sustentação do nível de emprego em 2020. A expectativa do governo é destinar 15 bilhões de reais para os dois programas.  

O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, atingiu 31,1% em 12 meses, em março/2021. Esse índice captura, também, aumentos nos custos de insumos que podem ser repassados para o consumidor final em algum momento. O IPCA acumulado de 12 meses atingiu 6,10% em março, puxado, sobretudo, pelo aumento continuado do preço da gasolina.   

No Departamento Regional de Saúde de Campinas, aproximadamente 13,9% da população recebeu a primeira dose da vacina, enquanto 7,9% receberam a segunda dose. Seguimos afirmando que, sem medidas realmente efetivas de proteção da renda e do emprego e sem a aceleração na taxa de vacinação, a retomada da atividade econômica nacional e regional vai ser lenta. E, flexibilizações precoces, que exijam novas restrições em prazos muito curtos, não contribuem para retomada sustentada das atividades econômicas.  

ANEXOS

Covid-19 nos DRS-São Paulo

[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro

[3] Graduando em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Graduanda em Administração pela PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[6] Graduando em Economia PUC-Campinas (atualização de dados semanais)

[7] Dados do Ministério da Saúde

[8] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[9] https://www.seade.gov.br/coronavirus/#

[10] https://covid-19.campinas.sp.gov.br/boletim-epidemiologico


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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