COVID-19 na Região de Campinas – Informativo Covid-19 Campinas V1|N13|Semana 32 (02/08 a 08/08)

Equipe:

Paulo Ricardo S. Oliveira (Coordenador) [1]
André Giglio Bueno [2]
Felipe Pedroso de Lima [3]
Nicholas Rodrigues Neves Le Petit Ramos [4]

Até o dia 08/08, o Brasil notificou 3,03 milhões de casos e 100,4 mil mortes pela covid-19, com uma taxa absoluta média de 43,5 mil novos casos e 987 novas mortes por dia. Infelizmente, embora as mortes por milhão figurem entre as mais baixas, o país ainda é o primeiro no ranking mundial da covid-19, em relação à taxa de crescimento diária do número de mortos.

Este levantamento apresenta as estatísticas de casos e mortes por 100 mil habitantes, bem como o comportamento das curvas de contágio e óbitos para a semana iniciada em 02/08 e encerrada em 08/08 – semana epidemiológica de número 32, no calendário das autoridades de Saúde. A última parte do documento apresenta considerações sobre as questões socioeconômicas e de saúde por parte dos especialistas.

Números da Covid-19 em Campinas (DRS e Região Metropolitana)

A Tabela 1 apresenta as estatísticas semanais de casos e óbitos para os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo.  

Neste momento, o DRS-Campinas é o segundo em número de casos e óbitos. Também em relação ao número absoluto de casos e óbitos por semana, o DRS-Campinas ficou atrás, apenas, da Grande São Paulo.  Até 08/08, foram notificados 63,2 mil casos e 2,1 mil mortes, na região de Campinas – letalidade de 3,35%. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC[1]), foram 47,3 mil casos e 1,5 mil óbitos, até o momento – letalidade de 3,17%. Por fim, o município de Campinas registrou 20,5 mil casos até o momento, com 797 óbitos – letalidade de 3,86% (ver https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/).



Em linhas gerais, 7 dos 17 Departamentos Regionais de Saúde apresentaram taxas decrescentes de novos casos. É importante ressaltar que as autoridades de Saúde do estado de São Paulo alegam que o aumento expressivo se deu pela testagem de casos mais leves da doença, recomendada desde 02/07, mas ainda em implementação por alguns municípios do estado.

Em relação à semana anterior, quando o ritmo de avanço da pandemia estava em queda no DRS-Campinas, os casos e mortes cresceram a ritmo maior, como mostram a Tabela 1 e a Figura 1

A variação do DRS-Campinas em termos de novos casos foi de 9,03 mil casos (-3,4%); RMC, 7,1 mil casos (-4,40%); e Campinas, 2,5 mil casos (+8,8%). Em relação à semana passada, as novas mortes aumentaram no DRS-Campinas, contabilizando 242 óbitos (+4,76%); na RMC, 203 (+19,4%); já em Campinas houve um decréscimo, com 75 óbitos (-14,7%).

Como mostram as Figuras 2 e 3, os coeficientes de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes aumentaram consideravelmente em alguns municípios em relação aos níveis verificados nos últimos informativos divulgados pelo Observatório da PUC-Campinas (https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19-na-regiao-de-campinas-v1n08semana-27-28-06-a-04-07/).[1]


Neste momento, os municípios com menor incidência são Monte Alegre do Sul e Serra Negra, com 296 e 324 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. Na outra ponta, Paulínia, Jundiaí e Itupeva são os municípios com maior incidência, todos com mais de 1.400 casos por 100 mil habitantes. Em relação aos demais municípios paulistas, 11 dos 42 municípios do DRS-Campinas e nove dos 20 municípios da RMC estão entre os 25% de maior incidência – corte em 1207,2  casos por 100 mil habitantes


Até o momento, 5 dos 42 municípios do DRS-Campinas não declararam mortes pela covid-19.  Por outro lado, Jundiaí e Campinas continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 78 e 67 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente.

Na RMC, Campinas e Nova Odessa são, neste momento, os municípios com os mais altos coeficientes de mortalidade – 67 e 55, respectivamente, sempre por 100 mil habitantes. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 36 mortes por 100 mil habitantes.

Análise dos especialistas

As últimas semanas foram marcadas pela reversão das iniciativas de flexibilização das medidas de isolamento social, baseadas no anúncio da “quarentena inteligente” do estado de São Paulo.

Nesta semana que se inicia, a reclassificação do DRS de Campinas para a fase “amarela” permitiu que os municípios da região reabrissem o comércio e demais atividades previstas. De acordo com último relatório do Governo do estado, publicado no dia 07/08, apenas as regiões de Franca e Registro estão na fase vermelha. Os demais departamentos estão na fase amarela, com exceção dos DRS de Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Barretos e as regiões norte e oeste da Grande São Paulo, que se encontram na fase laranja. É importante ressaltar que as prefeituras podem estabelecer maiores restrições ao funcionamento das atividades econômicas do que as previstas pelo plano de flexibilização do estado.

Da perspectiva da saúde, foi possível observar a queda nos registros de óbitos por duas semanas consecutivas no município de Campinas, com redução consistente no número de pessoas internadas por covid-19 em leitos intensivos, assim como nas taxas de ocupação desses leitos[1]. É possível afirmar que esses números refletem a diminuição progressiva da circulação do vírus no município desde o início do mês de julho.

Por conta principalmente desse “respiro” na situação de Campinas, os números da região como um todo permitiram a adequação aos critérios para progressão à fase amarela do plano São Paulo. Vale ressaltar a heterogeneidade da epidemia na região e o momento diferente vivido ainda por boa parte dos municípios. Quando se observam os dados da Região Metropolitana de Campinas, excluindo justamente o município de Campinas da análise, percebe-se um aumento de cerca de 56% no registro de óbitos em relação à semana anterior, refletindo claramente esses diferentes momentos da epidemia dentro da mesma região.

Com as medidas de flexibilização sendo implantadas, é imprescindível que a população entenda que a epidemia ainda não está perto de acabar e que a responsabilidade dos indivíduos aumenta, na medida em que passa a ser uma opção de cada um frequentar determinados locais ou não.

Do ponto de vista econômico e social, esta foi a segunda semana da reabertura do comércio e demais atividades permitidas na fase laranja, nos municípios da região de Campinas. A progressão para a fase amarela vai flexibilizar ainda mais o funcionamento das atividades econômicas. Neste momento, podem funcionar, com restrições, bares e restaurantes, salões de beleza, academias, escritórios, cursos livres, aulas práticas de autoescolas, além de relaxamento das restrições ligadas à fase anterior para o comércio e shoppings. A sustentabilidade dos avanços na flexibilização vai depender da eficácia dos protocolos na contenção da crise sanitária, mas a recuperação econômica, infelizmente, vai depender de outros fatores para além das reaberturas.

Os dados mais recentes da produção industrial mostram segunda alta consecutiva na variação mensal. A produção física na indústria cresceu 8,9% na comparação entre maio e junho/2020. No entanto, o setor ainda acumula perdas em relação ao mesmo período do ano passado, de -22,2%, sempre para o recorte nacional, visto que os dados estaduais devem sair nas próximas semanas.

A alta na indústria de transformação foi ainda maior na comparação mês a mês, registrando 9,9%. Em relação aos principais setores de atividade na RMC, a boa notícia é que o setor de fabricação de veículos cresceu 70%, enquanto outros produtos químicos cresceram 7,1%; fabricação de máquinas e equipamentos, 10,6%; produtos de borracha e material plástico, 17,3%; e têxteis, 34,2%, na comparação mensal. Juntos, esses setores respondem por aproximadamente 57% da massa salarial da indústria de transformação regional.

Por outro lado, os dados da PNAD-Covid para o mercado de trabalho preocupam, já que contrastam com os resultados relativamente positivos da indústria. Após aumento a partir do final de maio, a  taxa de desocupação tem ficado estável em torno de 13%, para o Brasil. Embora o número pareça baixo para a dimensão da crise, as reduções de carga e salários bem como o desalento camuflam a alta subutilização do trabalho na economia brasileira – 18,6 milhões de pessoas não procuram trabalho devido à pandemia ou à falta de trabalho em suas regiões, e 35,9% dos trabalhadores tiveram rendimento menor do que o normalmente recebido em junho de 2020. Nesse mesmo mês, aproximadamente 1/3 dos domicílios paulistas receberam o auxílio emergencial, média de R$881,00 por domicílio.

De forma pragmática, a sustentabilidade da retomada econômica vai depender significativamente da retomada da capacidade de consumo das famílias, sobretudo em um contexto de políticas econômicas avessas à ampliação do gasto público. Os dados do mercado de trabalho mostram que as reduções de salários, o desalento e o empobrecimento da população atingiram níveis bastantes altos, o que pode prejudicar a retomada do consumo nos próximos meses.


[1] Professor Extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas, e-mail: paulo.oliveira@puc-campinas.edu.br

[2] Professor e médico infectologista da PUC-Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro

[3] Graduando em Geografia e Extensionista da PUC-Campinas (mapas)

[4] Graduando em Economia e Extensionista da PUC-Campinas (curva epidemiológica)

[5] Recorte menor do Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 19 municípios do DRS-Campinas mais Engenheiro Coelho.

[6] Houve alterações na amplitude das faixas de incidência para comportar o crescimento generalizado dos casos no interior de São Paulo.

[7] https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/08/08/coronavirus-campinas-registra-ocupacao-de-773percent-dos-leitos-de-uti-neste-sabado.ghtml


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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