Covid-19 na Região Metropolitana de Campinas

Paulo Ricardo S. Oliveira
Felipe Pedroso de Lima

Informativo Covid-19 RMC – V1|N01|Maio20

Nesta semana (18/05/20), o Brasil atingiu a triste marca dos 1.000 mortos/dia pela covid-19, indicando que a pandemia avança no território nacional em ritmo acelerado. O recorde ocorre, mesmo diante da notória subnotificação de contágios, até mesmo de mortes , sobretudo pela falta de testes. Nesta nota, apresentamos os casos e mortes por 100 mil habitantes para os municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e estabelecemos uma comparação com o que ocorre nos demais municípios brasileiros.
Os mapas de casos e mortes pela covid-19 no Brasil evidenciam, sobretudo, que a pandemia apresenta comportamento heterogêneo nos municípios nacionais, seja pelas especificidades regionais, seja pelo assincronismo nas fases de contágio.

¹Professor extensionista e Economista do Observatório PUC-Campinas
²Graduando em Geografia e extensionista da PUC-Campinas

Em termos de casos confirmados, apesar dos números absolutos indicarem maior incidência nos estados do sudeste, neste momento a região norte tem os piores indicadores em termos relativos (casos por 100 mil habitantes). A incidência de casos é maior, também, nas regiões de maior densidade geográfica, mais próximas ao litoral brasileiro. No entanto, no sudeste, já se verifica a alta ocorrência de casos no interior dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, como tem sido amplamente divulgado pelos canais de comunicação. Fora do sudeste, destaca-se, também, a alta incidência de casos nos municípios do interior dos estados do nordeste.

Em relação às mortes, a maior incidência se dá principalmente nos municípios com maior número de casos, mas é possível identificar municípios ou regiões onde a mortalidade se descola do padrão de contágio, como em municípios da região norte, indicando não linearidade entre número de casos e mortes.
Tal heterogeneidade entre os municípios e a existência de epicentros da doença faz com que a média nacional, cerca de 65,3 casos por 100 mil habitantes, não seja um bom indicador para se pensar a gravidade da pandemia – a taxa de mortes média dos municípios brasileiros é de 3,31 por 100 mil habitantes. Ao mesmo tempo que cerca de 50% dos municípios brasileiros têm menos de 30 casos, há um número considerável de municípios importantes com mais de 150 casos confirmados por 100 mil habitantes. O mesmo padrão se verifica com o número de mortes.

Na RMC, os municípios com menor taxa de casos por 100 mil habitantes são Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste e Arthur Nogueira, na faixa dos 6 a 15 casos por 100 mil habitantes. Na outra ponta, Morungaba , Campinas e Vinhedo são os municípios com maior número de casos notificados. Em relação aos demais municípios brasileiros, estes números são, neste momento, baixos. A média da RMC é de 42,69 casos por 100 mil habitantes, colocando a região no patamar dos 25% dos municípios com menor taxa de incidência no Brasil.

Em relação à taxa de mortes, verifica-se a não linearidade entre casos e mortes. Hortolândia, Indaiatuba, Monte Mor, Nova Odessa e Valinhos são, neste momento, os municípios da região com maiores taxas de mortalidade por 100 mil habitantes. No entanto, em comparação aos demais municípios brasileiros, a RMC ainda está entre os 20% de menor taxa de mortalidade, com média de 1,5 mortes por 100 mil habitantes.
É importante destacar que várias medidas regionais de contenção foram tomadas de maneira precoce, como a suspensão das aulas presenciais, o trabalho remoto para uma parcela importante dos trabalhadores formais, decretos para o uso de máscaras, fechamento das atividades não essenciais, entre outras. Esses fatores, entre outras características socioeconômicas e demográficas, podem explicar o estado atual da pandemia na região.
É importante considerar que os especialistas afirmam que a pandemia ainda está em fase de expansão para os municípios do interior do país, de forma que os números podem mudar drasticamente nas próximas semanas. A manutenção do quadro positivo em relação à pandemia vai depender, necessariamente, da capacidade da estrutura de saúde regional, da conscientização da população e da eficácia e eficiência das medidas de isolamento social.


Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Oliveira

Graduado em Ciências Econômicas e Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou professor extensionistas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), onde desenvolvo um projeto de desenvolvimento e acompanhamento de indicadores da produção industrial, agrícola e da inserção internacional da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paralelamente, desenvolvo pesquisas nas áreas de economia internacional e industrial, mais especificamente em temas ligados aos impactos da inovação tecnológica e da regulação nos fluxos internacionais de comércio. (Fonte: Currículo Lattes)


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